Jogos Meio-sangrentos escrita por Lord Camaleão


Capítulo 13
Capítulo 13 - Ossos quebrados


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Fui rápido dessa vez, não? Hueheuh

Lembrando que o primeiro que comentar ganhará uma preview de sua roupa no desfile.



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Para os filhos do deus da morte, a novidade dos Jogos Meio-sangrentos era a parte dos “jogos”.

Sem choros ou festas de despedida (como o chalé ao lado). Muito pelo contrário, os filhos de Hades passaram o dia como passavam todos os outros: sem sair do chalé, lendo revistas em quadrinhos ou ouvindo ABBA.

Desde o trato que o filho de Poseidon fez com os olimpianos, o chalé 13 estava em pé, e com ele vieram semideuses tanto do chalé 11 quanto de cantos distantes do mundo e com histórias nada agradáveis. Órfãos, perseguidos e agredidos, todos tinham pequenos traumas que só a personalidade fria vinda do Submundo poderia encobrir.

Caronte, seu representante, chegara de manhã. Ele não dissera nenhuma palavra até então. Devia estar aborrecido por deixar sua função de barqueiro pela primeira vez em sua vida – ou feliz, quem sabe. Seu rosto tornava-se ainda mais enigmático com seus óculos escuros.

Provavelmente a recepção em Los Angeles estava abarrotada de almas. Um verdadeiro caos. Provavelmente Gaia o pagou muito bem com o objetivo de atrapalhar o trânsito do Mundo Inferior, prejudicando Hades. Caronte sinceramente não se importava com aquele bando de mortos vivos ou com seu patrão muquirana.

– Dezesseis horas, começarei o sorteio agora – disse ele, levantando-se. Os semideuses trataram de fechar as revistas e tirar os fones do ouvido. Os que estavam deitados em suas camas apenas sentaram-se nas mesmas.

O chalé estava em silêncio a não ser pelos sapatos italianos de Caronte andando até uma estante onde estavam um copo de milk-shake e um de raspadinha que continham os nomes a serem sorteados. O representante fitou as garotas sob seus óculos, procurando por algum voluntário. Tendo uma resposta negativa, retirou um papel do fundo do copo, sujo pelo líquido vermelho. Abriu-o e declarou pausadamente:

– Callista Hastings. Levante-se, por favor.

Callista – ou Cal, como mais gostava de ser chamada – levantou-se e fitou o barqueiro com seus olhos azuis. Ela franziu os lábios e andou até ele, pondo-se logo em seguida de frente para seus irmãos. Ela mantinha uma expressão calma, apesar de estar ofegando. Talvez ela esteja percebendo que talvez pare de respirar para sempre, Caronte riu mentalmente.

Agora era a hora de sortear o garoto. Nenhum deles tinha cara de Leônidas ou Hércules. Pelo contrário: pálidos, magros e com olheiras; eles pareciam não aguentar sequer o peso de uma espada. Mas músculos e melanina não significavam nada. Todos os tipos de pessoas já haviam cruzado aquele rio: de mendigos a reis. Arma nenhuma vencia o inevitável. E o inevitável chegara para um deles.

– Damon Scamander.

– Não!

– Disse alguma coisa? – perguntou Caronte.

– Não, senhor – respondeu Damon, arrependido. Não queria parecer fraco. Não para Caronte, para Cal ou seus irmãos. Não queria parecer fraco para ninguém. Andou até Callista e fez menção em abraçá-la, mas hesitou.

– Não ouse chorar agora, garoto – disse ela, comprimindo um sorriso.

– Eu não vou, Cal. Eu não vou.

– Ótimo.

– Caham – Caronte limpou a garganta – De acordo com o protocolo, os dois tributos do Chalé 13 após sorteados devem cumprimentar-se diante de seus irmãos.

Callista e Damon apertaram as mãos. Ele olhou fundo nos olhos cor de safira da irmã, buscando cumplicidade vinda da mais velha, fracassando em seguida. O garoto estava desamparado mais uma vez? Ou era apenas o fato de Cal ser tão impenetrável e fria como um iceberg? De toda forma, a culpa quase sempre era do fator repelente de Damon: o seu “dom”.

Dom esse que causava mais problemas do que outra coisa. Fora por causa de sua capacidade de terminar a vida alheia que ele se tornou órfão. Tendo depois a fama de “dedo do diabo”, era tratado como uma aberração. Não conseguia se encaixar em nenhum grupo de crianças do orfanato (nem mesmo o clube dos ursinhos de pelúcia ou dos CardMonsters), restando ter de conversar com as freiras do local, mesmo que elas dissessem na maioria das vezes que “não tinham tempo agora”. Que bela história você tem Damon, pensava ele.

Cal ao terminar de cumprimentar seu irmão e companheiro nos Jogos, virou-se abruptamente para despedir-se dos outros semideuses do chalé. Torcia para que Damon não a procurasse e tentasse algum tipo de aliança. Quanto mais longe estivesse dele, melhor. Ela recebia “boa sorte” de uma garotinha de oito anos quando alguém a cutucou pelas costas. Era Damon. Por causa de sua franja, apenas um olho castanho era visível, mas por meio dele percebia-se que o garoto estava apreensivo.

– Fale, Damon – disse ela com desdém.

– Nós vamos nos aliar, não é?

– Não, não vamos. Não quero estar perto quando você morrer. Nem quero que você se sinta mal se acontecer o contrário. – ela virou-se novamente, agora recebendo congratulações do mais velho do Chalé.

– Cal, por favor.

– Damon, não.

– E-eu sei que eu vou morrer, tá? Eu sei que quando começar eu vou ser apunhalado pelas costas ou levar uma flechada na testa. Você tem chances de vencer. Você... Você é esperta. Disseram-me que quando chegou todos pensavam que era filha de Atena.

– Mas eu sou filha de Hades, o deus solitário. Mais um motivo para não me aliar a você. Eu não sei como é isso de sentir remorso pelas pessoas, mas não quero machucar você.

– Se não quer que eu me sinta mal, atenda ao que lhe peço. Se eu morrer primeiro, morrerei com a esperança de uma vitória sua.

– E se eu morrer primeiro, garoto? Já pensou nisso?

– Eu já vi a pessoa que mais amo morrer por minha causa. Mais uma não vai fazer a diferença.

Callista parou para olhar para o irmão. Nunca imaginara que aquilo poderia sair dele.

– Que seja! Mas saiba que eu não vou ficar sendo babá de um bebezão emo.

– Primeiro: sou apenas um ano mais novo que você. Segundo: minha franja não me faz um emo.

– Certo, bebezão emo. Quero apenas arrumar minhas malas e dar o fora daqui.

– Nada disso, mocinha – interveio Caronte – Gaia suprirá todas as necessidades básicas dos tributos. De comida a vestimenta. Quero apenas que me sigam, pois haverá uma cerimônia de abertura logo mais no anfiteatro – Cal e Damon assentiram e o seguiram até a porta do Chalé 13.

O clima era agradável e o ar cheirava a flores silvestres. Flores que talvez servissem para adornar túmulos.


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Notas finais do capítulo

Eu achei esse capítulo estranho. Não pela ordem dos acontecimentos, mas por... sei lá. Espero que vocês gostem mesmo assim.