A delegacia estava escura e vazia, apenas um som era escutado, um choro.Castle acabava de descer do táxi em frente ao 12º distrito, tinha esquecido sua carteira e voltara para pegar. Kate ainda sentia as lágrimas quentes molhando suas bochechas, ela não sabia ao certo porque estava chorando de novo, talvez só precisasse colocar para fora algumas coisas, o fato é que ela não queria voltar para casa, e tinha ficado ali na delegacia mesmo. A gota d'gua do dia foi pela parte da manhã, Laine não tinha podido ir ajuda-la hoje e Kate tentou sozinha lavar os cabelos, mas na primeira tentativa ela caiu sentada dentro da banheira tamanho a dor que sentiu no local da cirurgia. A verdade é que ela não conseguia nem lavar os próprios cabelos sozinha e para uma mulher orgulhosa como ela, isso era demais. Kate não escutou o barulho do elevador abrindo. Castle ficou meio perdido na delegacia por ela esta escura, mas tentou ir em frente e chegar na mesa de Beckett, mas no meio do caminho escutou um soluço angustiado vindo da sala de descanso, ele pensou em quem poderia estar aqui até uma hora dessas, algum policial talvez. Ele escutou o mesmo barulho outra vez e decidiu ir ver o que estava acontecendo. Quando entrou na sala ele paralisou alguns minutos surpreso. Beckett estava sentada no sofá, abraçando as penas junto ao corpo com o rosto escondido entre os joelhos e o corpo tremendo de soluços chorosos. Castle sentiu o coração apertar, ele já tinha visto a chorar, mas não era uma coisa com a qual ele pudesse se acostumar. Ele sabia porém que ela não estava passando por momento fácil. Ele deu mais alguns passos até esta do lado dela e colocou a mão em seu ombro.-Kate?

Ela olhou para cima um pouco assustada, mas quando viu que era ele ali ela ficou surpresa. -O que faz aqui Castle?

-Esqueci minha carteira, vim busca-la e escutei você aqui. - Ele sentou ao lado dela no pequeno sofá.  - Você esta bem?

-Não. - Ela foi sincera. - Eu não estou nada bem. - Fungou.
Ele passou o braço nos ombros dela a fazendo encostar a cabeça no seu ombro. - Quer conversar?

Ela negou com a cabeça.

-Certo. Quer que eu te leve em casa?

-Não quero ir pra casa.

-Você não pode passar a noite aqui Beckett.

-Posso sim. - Fez birra.

-Poder pode, mas não vai. Vamos. - Ele levantou puxando-a pela mão.

-Castle, eu não vou.-Ela soltou a mão da dele.

-Ótimo. - Ele sentou de novo. - Então vou passar a noite aqui também.

-Castle - ela revirou os olhos - vá embora.

-Não vou deixar você aqui chorando sozinha.

-Eu não estou chorando.

-Claro. E isso saindo dos seus olhos são oque? - Ele passou os dedos pela bochecha dela.

Ela suspirou.

-Quer me contar o que houve?

-Meu cabelo esta sujo e eu não posso lava-lo.

-O que? - Ele acho que tinha escutado errado.

-A cirurgia ainda doí muito quando eu tento levantar os braços, mexer o que tem nas panelas, essas coisas simples. E hoje de manhã eu não pude lavar meus cabelos.

-Oh. Entendo. Sinto muito. - Ele ficou desconcertado por ter achado uma bobagem.

-Obrigada.

-Eu acho que tenho uma ideia.

-Qual? - Ele perguntou cansada.

-Vamos. - Ele levantou novamente, mas dessa vez estendendo a mão para ela pegar.

-Castle...

-Confie em mim.

Ela o olhou e pegou a mão dele.

-Castle o que estamos fazendo na sua casa? - Ela perguntou assim que entraram no apartamento dele.

-Espere e verá. Venha. - Ele a levou até o começo das escadas subindo e a puxando com ele.

-Para onde vamos?

-Eu não lembrava de você ser assim tão curiosa.

-Eu não sou.

Castle a olhou.

-Tudo bem... só um pouco.

Eles chegaram ao primeiro andar do apartamento de Castle, ele parou em frente a uma porta.  - Minha mãe teve essa ideia, para os alunos de teatro dela, eu odiei no princípio, mas vai ser muito útil agora. 

Kate não estava entendendo nada, mas preferiu se manter calada.

-Feche os olhos. 

Ela obedeceu e escutou ele abrindo a porta, quando pensou em trapacear e abrir os olhos sentiu a mão dele cobri-los.

-Castle. - Ela reclamou.

-Só ajudando.

Ele acendeu a luz do quarto dando junto com ela alguns passos e tirou a mão dos olhos dela.

-Pode abrir.

Ela analisou o ambiente por alguns segundos até cair a ficha.

-Isso é um mini-salão de beleza? - Perguntou desacreditada.

-Ideia da minha mãe - ele suspirou - mas isso não importa. - Ele andou até o outro lado do local. -  Isso sim importa.

Parou ao lado de uma cadeira das quais ela tinha visto apenas em salões de beleza. E ela entendeu o que ele iria fazer.

-Castle...- ela tentou argumentar - não é preciso...

-É claro que é. - Ele a interrompeu. - Venha até aqui e sente.

Ela ponderou um momento mas mesmo em dúvida se encaminhou para a cadeira e se sentou.

-Ok detetive Beckett, não precisa ter medo porque eu passei longos anos da minhas vida lavando o cabelo da Alexis, e ele é muito bonito hoje em dia. Sei até fazer trança francesa se quiser. - Ele soltou o elástico do cabelo dela o soltando e ligando a mangueirinha.

Ela riu fraquinho. - Posso considerar isso.

-Vou ficar honrado.

Ela sentiu a água quente contra seu couro cabeludo e as mãos dele passando entre seus cabelos.

-Você tem alguma preferencia com shampoo? Eu sempre lavei o cabelo da minha filha mas nunca precisei escolher isso. - Ele franziu a testa.

-Não tenho preferencias Castle. Qualquer um esta bom.

-Certo. Embora prefira o seu de cerejas, não o temos aqui.

-Hey, como sabe que meu shampoo tem cheiro de cerejas? - Ela perguntou surpresa.

-Bom, eu descobri a algum tempo que o cheiro de cerejas que eu sentia quando estava perto de você vinha dos seus cabelos, então descartei hidratante ou algo do tipo, seu cabelo nunca estava molhado então não poderia ser creme, assim só podia ser shampoo.

Beckett ficou surpresa, não imaginava que ele tivesse percebido isso. Mas ela parou de pensar quando sentiu as mãos dele massagearem seu cabelo.

Vários minutos depois Castle e Beckett estavam no quarto dele, no banheiro mais precisamente, ele secava o cabelo dela de frente para um grande espelho.

Quando se deu por satisfeito deixou a toalha de lado e pegou uma escova dentro do armário.

Ele começou a passar a escova nos cabelos dela, quase tão levemente que Beckett quase gemeu de satisfação. Se há uma coisa boa no mundo e que todos merecem experimentar é alguém pentear seus cabelos.

Castle passava a escova sem nenhuma restrição, o cabelo dela além de lindo era bem cuidado. Ele só queria enterrar o rosto entre eles, mas se segurou. Afinal, ela podia estar frágil no momento, mas ela ainda era a Beckett policial e com uma arma a tira colo.

-Pronto, posso fazer aquela trança quando ele secar completamente.

Ela sorriu, rindo um pouco até e girou ficando de frente para ele, levantou um pouco o pescoço e lhe deu um beijo na bochecha. -Obrigada. - Ela disse. - Por fazer isso por mim.

Ele pegou as mãos dela, plantando um beijo em cada uma.
-Sempre.