feitos de pequenas coisas e gelo.

e as pequenas coisas sempre importaram tão mais.

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Eu sempre detestei com toda a minha pouca força o inverno, talvez por me achar extremamente escroto com todas aquelas roupas me fazendo parecer um pinguim idiota que nasceu no lugar errado. E você dizia que ficava fofo, mas não ficava, você só estava sendo gentil.

Eu era tão fedelho e tão imaturo que simplesmente não entendia porque nossas mães não nos deixavam ficar juntos, só... Brincando. O problema é que elas sabiam, mães sempre sabem. Elas sabiam Artie, que quando virassem as costas eu subiria para sua cama e você me abraçaria por trás e diria ‘é só para esquentar’, mas não era.

Nunca foi.

Elas sabiam de algo que naquela época nem mesmo eu sabia, porque para mim era normal aquela dependência de você, querer andar com os dedos entrelaçados nos seus era normal. Era certo. Por todos os deuses rindo de nossa vida do alto do vale, quando as pessoas começaram a pintar que aquele sentimento não era normal, Artie? Porque elas estavam tão preocupadas em cuidar para que garotos como nós não fossemos felizes que já até se esquecerem do motivo.

O problema era que ninguém achava isso certo, ninguém aceitava, mas não ligávamos. Nunca ligamos, de verdade, porque você sempre me disse que as pessoas eram infelizes e seria babaquice prestar atenção nelas. E eu confiava em você, por Zeus, eu confiava minha vida a você. Mas eu pergunto-me, Artie, se alguém algum dia já não olhou para nós e disse essas mesmas coisas, diziam que éramos babacas, só babacas. Porque éramos felizes, eu sei que éramos, sempre fomos.

Nunca deixamos de ser.

E pra mim ainda era normal. Quando você segurava mais forte a minha mão discretamente para que ninguém notasse e murmurava um tudo bem próximo de mais do meu rosto, era normal quando você me abraçava por trás e beijava minha nuca só para ver minhas bochechas rubras, era normal quando você roçava os lábios nos meus porque achava que eu estava dormindo.

Mas eu não estava.

Não estava justamente porque queria ver, sentir, você fazer isso, porque era rápido, mas lindo. Porque tudo em você é sempre tão lindo, tão feito sobe medidas, como Mona Lisa, ou as composições mais difíceis de Mozart. Tão... Único. Que se as pessoas parassem e prestassem atenção ou só acreditassem em mim elas estariam tão apaixonadas por você quanto eu estou.

E no final éramos normais, esse sentimento era normal, as pessoas que eram babacas de mais para entender isso.

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