POV's Germán

Não podia acreditar no que estava se sucedendo comigo naquele local , naquele momento, naquele instante, minuto, segundo, milésimo. O que eu fiz? Eu sou um babaca, eu beijei Angie, babá da minha filha, eu só podia ter bebido umas quando negociei com os chineses.

-Não vai me dizer nada Germán? - Seus braços se cruzavam - De repente o gato comeu sua lingua é?

- Maria não é o que você está pensando, ela só caiu e eu segurei...

- E a beijou- Me corotu com sua fúria.

- Não é que o impacto foi muito forte - Já tinha me esquecido da Angie - E acabamos nos beijando.

- Poupe-me das suas desculpas esfarrapadas Germán, pode até ser verdade o que você disse, mas vai negar que gostou? - Poderia estar na cara que ia negar, mas depois de eu pensar bem, não foi um beijo qualquer. Então fiquei em silêncio.

Ela começou a aplaudir e rir em alto e bom som, depois colocou suas mãos na cintura e me encarou seriamente.

- E ainda por cima me traiu com uma mulher que eu nem conheço - Ria diante a situação.

- EU NÃO TE TRAI MARIA! - Não estava nem aí que eu era homem muito respeitado, minhas lágrimas deixava rolar.

- Maria , você está cometendo um grave erro, porque eu sou somente a babá de Violetta! - Angie que até agora se permanecia muda, resolveu se manifestar - Eu trabalho no Studio e namoro com Pablo, o diretor de lá, agora se me der licença eu estou indo - E se retirou.

Eu amo Maria, não gosto da Angie e nem estou dividido, mas porque houve uma angústia dentro de mim ao ouvir: "...namoro com Pablo,..."? Eu me senti duplamente desmoronado.

Fiquei sem fala durante as duas falas. Beijos, brigas, namoro, possível separação, era muito para um homem que realmente não sabe o que quer do amor.

POV's Violetta

Depois que a insuportável da Angie foi embora, fiquei encarando meu quarto por alguns minutos, relembrando o que eu ia fazer antes das duas pessoas infernais invadirem meu quarto.

Possivelmente eu ia mexer no computador , ler ou só ficar de boa deitada, porém meus planos foram interrompidos por provavelmente um escândalo dos meus vizinhos, nunca vi um casal brigar tanto, todavia já me acostumei.

Quando eu fui fechar a janela, percebo que não era da vizinhança a briga e sim dentro de casa.

Comecei a ouvir barulhos estridentes, choros e a porta se batendo. Pela primeira vez meu medo me preocupou.

A voz, o grito, o berro, tudo parecia fazer minhas pernas bambas, meus pelos arrepiarem e meu coração acelerar.

Com cuidado, abri a porta e quanto mais o som aumentava de tom, mais meu medo tomava conta de mim.

Ao olhar pelo vão do corrimão , pude ver roupas conhecidas, cabelos conhecidos, muito bem reconhecidos: Mamãe! Meu corpo por um instinto era sair correr escada à baixo e pular em seu pescoço dizendo o quanto eu a amava.

Entretanto notei que meu pai não tinha o mesmo instinto que o meu. Mesmo eu tendo todo esse gênio forte, uma parte de minha anitga ingenuidade ainda me rondava à fim de me prejudicar, já que só agora avistei uma briga de casal lá em baixo.

- Se você não me quisesse , era só dizer " Não aceito" Não precisava jogar 21 anos de casamentos no LIXO! - Minha mãe não era a mesma pessoa ali.

- COMO? JOGAR FORA? O que eu joguei? Você que está ficando paranoica! Eu só beijei sem querer a Angie - Minha boca se abriu em formato de "O" sendo cobrido por minha pálida mão.

- Só um beijo? SÓ A BEIJEI? Como você pode dizer isso com tranquilidade Germán?

Correndo cautelosa, fui para o meu quarto e quando tranquei a porta, encontei minha testa na mesma e fui escorregando até ficar de joelhos.

Eu não podia conter minhas lágrima, porém tinha que mostrar para mim mesma que era forte o suficiente para enfrentar qualquer situação.

- VOCÊ QUER DIVÓRCIO GERMÁN? Amanhã resolveremos isso no cartório!

- Será com grande prazer!

Os gritos ficaram mudos, a casa não se ouve nem o vento, as portas se batem e minhas lágrimas tiraram a saudade de correr pela minha face.

Agora não podia, agora não devia provar que era forte, meus olhos castanhos pareciam represas segurando litros e litros de água que por um acidente se rachou.

O chão já estava com uma pequena poça e os soluços vieram à tona.

Me levantei e fechei a cortina, tudo o que eu menos queria era luz. Meu corpo não conseguia acompanhar tantas lágrimas, parecia que quatro gotas saiam de uma só vez.

Depois de 20 anos fui entender que cada pessoa, não importa quem, sempre terá seu ponto fraco. E no meu caso , meu ponto fraco era o que eu mais temia nos últimos 3 anos: o amor.

Todavia, minhas conclusões sobre o amor continuam sendo as mesmas , e só aumentam. O AMOR NÃO PRESTA, fez eu virar alguém oposto ao meu eu antigo, fez pensar que eu poderia amar León! E causou a primeira e última briga dos meus pai... EU ODEIO O AMOR!

León... León, LEÓN! Esse nome grita em minha mente. Como fui imbecil! Eu errei muito na decisão com ele.

Sai da rápida depressão que eu estava e decidi ir para outro lugar, o clima dessa casa estava sombrio e pesado. Correndo eu fui para o Studio, sem secar minhas lágrimas sem nada no bolso ou nas mãos, sem pentear o cabelo ou até mesmo trocar de roupa.

On Beat era meu destino que acabei de chegar, não esperei reação de ninguém, fui entrando e a primeira sala vazia que vi eu fui , e dei graças à Deus que os alunos estavam em aula.

Abri a porta e comecei a rodiar o piano que estava em minha primeira vista. Minhas mãos o dedilhavam e lembrei que esse era o instrumento preferido de León e um sorriso brota em meus lábios.

Eu toco algumas teclas para me distrair, e a melodia que surge me lembrou de uma canção que coincidentemente se encaixa certinho em minha situação. E por que não tocar?

( www.youtube.com/watch?v=C0iehV3KwLw)

- É sua? Meus olhos vermelhos se viraram para a porta.

A minha respiração acelerou e meus dedos ficaram presos no piano e lembrei de tudo que fiz para ele, estava pior que uma estátua, sim, eu fiquei tão paralisada que poderia jurar que meu coração parou de bater. Resolvi falar.

-É de uma artista que gosto - Sem sentimento expressei, eu não sei o que ele pensa de mim , eu não sei o que penso dele.

- Muito bonita - Eu abaixei minha cabeça e vi minhas mãos mumificadas nas teclas.

Eu tinha medo de tudo. O mundo era cruel e meu fez assim. Mas eu acho que se o mundo é assim, não preciso seguir suas regras, minha frieza, pode fazer mal a outras pessoas e até mesmo fazer mal a mim, então eu  ... devo ser sincera comigo mesma!

- Perdão León - 2 lágrimas cairam.

Ele continuou na sua mesma posição, mãos no bolso, olhos em mim, ernas levemente afastasdas,  só não podia dizer o mesmo sobre sua cabeça, poderia estar confusa, alivada, com raiva ou felicidade estaria explodindo dentro de si.

- Eu sei que... - É difícil falar com essa respiração e me engasgo com minhas próprias palavras - O modo que agi com você , não foi um dos melhores - E ele não mudara sua posição - E eu admito que fui uma imbecil e não sabia que palavras que estava usando com você. Perdão.

Meu cérebro finalmente se encarregou de lembrar minhas mãos a se retirarem do piano.

Meus passos estavam seguindo o caminho da porta, mas ele me segurou, ele me tocou, ele barrou o caminho trilhado por meus pés. Meu pulso, imóvel. Minha mão, sob seu controle, aliás , meu corpo e mente eram dele.

León me virou para sua frente, ele me puxou e fechou a porta.

- Entendo seu perdão - Sua doce voz ecoava em meus ouvidos - Só não entendo as lágrimas.

Permaneci calada. Ele riu.

- Mesmo com lágrimas, continua sendo persistente - Deu um passo à frente. Queria mostrar à ele que entrei em sua brincadeira. Hora de brincar.

- Mesmo com roupas decentes, continua com seu jeito arrogante. - Meu passo foi à frente.

- Mesmo tendo uma linda voz, continua me criticando - Um passo à frente.

- Mesmo tentando ser meu amigo , tenta me beijar. - Mais um passo.

- Mesmo sendo forte, tenho seu ponto fraco. - Mais um passo e nossos corpos se encostam.

Agora estava na minha vez de jogar.

- Eu te odeio - Espero que ele entenda meu jogo.

- Também te odeio - Ele entendeu.

- Mas - Me aproximei.

- Porém - Ele fala e se aproxima.

- Entretanto - Me aproximo cada vez mais.

- Todavia - E ele mais.

- Contudo - Mais.

- No entanto - E mais.

- Não obstante - E mais.

- Eu te amo.

A respiração acaba em um milésimo de segundo e o ar me corta, a realidade invade meus pensamentos, a verdade dá uma bofetada em minha mente por ser tão frio, e nessa explosão de nervos , seu hálito invade minha boca. Nossos lábios se encostam, um beijo surge. Suas mãos modelam meu corpo dos ombros até a cintura e recordo de como era ter seus cabelos na palma da minha mão. Nos conhecemos a pouco tempo, mas nossas almas gritavam de desespero por esse toque. Nossos lábios aclamavam por esse beijo, agora eu sabia o que queria , o beijei sem arrependimento mais tarde, esse sabor, esse cheiro , eu senti a falta.O beijo se aprofunda e nossas línguas travam uma insana batalha.

 Ele segura minha cintura e eu... Violetta Castillo...  descubro o que é amar.