É isso pessoal, espero que tenham gostado de mim - Diz Mr. Fitz ao acabar a aula de Historia. Sim, o anjo que vi tem nome e sobrenome: Nicholas Fitz - Bem, vocês vão ser obrigados a gostar, vou estar com vocês até o fim do ano e talvez nos próximos também. -  Sorrio com a ideia de ver aquele rosto todo dia.

Ouço os cochichos no fundo e vejo que não sou a única que derreto com aquele sorriso, prevejo que já estão fazendo apostas sobre quem conquista o professor ou conseguem um beijo dele, dizem apenas “ficar”. As pessoas da minha idade ultimamente são assim. Já eu não tenho muita paciência para “experimentar” cada beijo e por acaso, se acontecer, namorar com alguém. Prefiro o romance antigo, aquele que tudo começa com uma amizade,um dos dois acaba se apaixonando, ficam com vergonha de assumirem e quando um dos dois toma coragem, o outro confessa que se sente assim também. Resolvem namorar e se perguntam por que demoraram tanto tempo para falarem o que sentia um pelo outro, se casam e compram uma casa e um cachorro que vão chamar de Bob. Envelhecem juntos e ficam relembrando cada momento e admirando os seus filhos já crescidos.  

Paro de pensar nessas bobagens e finalmente começo a fazer a tarefa que o Mr. Fitz passou. Nada muito difícil, alguma coisa sobre o que é historia.  Acabo em 5 minutos e o observo, ele parece desajeitado e não sabe muito bem o que fazer. Ele se ajeita na mesa, e finalmente parece achar uma posição confortável . Está sentado com as pernas em cima da mesa e parece estar perdido, envolvido em um pensamento profundo, me pergunto o que será o que está passando na mente dele naquele momento. Ele balança a cabeça, como se quisesse se livrar daquele pensamento. Ezra observa que eu estou olhando para ele, sorri e me faz querer esconder o sorriso bobo que ele causou em mim. “Pare de olhar para mim” torço para que ele adivinhe que aquele momento está me deixando envergonhada. O sinal bate, interrompendo o que imagino ser uma obra de Deus “Finalmente” resmungo. 

- Tchau classe, nos veremos amanhã. Espero que não tenhamos problemas com as tarefas e se lembrem: Estou sempre aqui para tirar qualquer duvida. – Sai da sala com um papel na mão, provavelmente procurando a próxima sala que dará aula.

- Catherine, tive uma ideia! – Faith se vira e começa o assunto.

- Hm, fala – Nunca são confiáveis às ideias de Faith. Na oitava serie ela teve a brilhante ideia de escrever no mura da escola que os lanches eram ruins e que parecia a da prisão.  Tivemos que limpar o muro e trabalhar uma semana na cantina da escola. Até hoje me pergunto como a diretora descobriu que foi a gente, talvez ela usasse forças sobrenaturais, ou alguém contratado por ela para nos espionar tenha visto a nossa brincadeira. 

- Vamos falar com o pessoal e comemorar o nosso primeiro dia de aula!

- Comemorar? Estou chorando por voltar pra isso aqui.

- Comemorar que sobrevivemos ao nosso primeiro dia de aula – Corrigiu

- Tudo bem – Vou ter que arranjar um jeito de convencer a minha mãe a ir.

Ela percebe que pareço desanimada: 

- Olha pelo lado bom Cath, pelo menos essa matéria vai ser divertida.

- Claro, com um professor desses! – Falo alto o suficiente para que o professor que está voltando a sala escute:

- Desculpem... E-eu esqueci o apagad...   – Ele sai da sala com os passos apressados. 

Quero me esconder, ou melhor quero sair correndo daqui e esquecer o que acabou de acontecer. Que merda, isso só podia acontecer comigo.  

Olho para Faith, ela abaixa a cabeça e começa a rir. De mim, é claro.  Fico vermelha imediatamente e todos olham para ver a minha reação. Faith chega a fazer  barulhos estranhos e até parece que vai parar de respirar.

- Acho que depois disso você já sinta vontade de sair, beber muito e esquecer o que aconteceu Cath - Faith diz com o olho cheio de lagrimas de tanto rir. 

- Você tem razão - Olho pra ela e nós começamos a rir ignorando  o fato que eu tinha passado o maior vexame da história daquela escola.