Doce Ilusória escrita por RoBerTA


Capítulo 19
A noite da euforia


Notas iniciais do capítulo

Geeente linda!! Então, amei os reviews meninas >< (muito mesmo)
Capítulo curtinho por que não faz muito que eu postei o outro, e até o final da semana eu posto um que não vai ser curtinho ^^
Espero que gostem ! :*



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Eu disse quente? Troque por escaldante e talvez você tenha uma ideia do que estou sentindo agora. Sim, praticamente sinto a minha pele se desgrudar do meu pobre e indefeso corpinho. E quem disser que estou exagerando, merecerá uma morte lenta e dolorosa.

Talvez eu deva mencionar superficialmente os eventos que me levaram até essa situação trágica.

Lá estava eu, de mãos dadas com o inimigo, pensando em como eram lindas as estrelas que engrandeciam o céu. E como eu gostaria de poder tocá-las. Quando Pedro perguntou o que se passava em minha mente, disse a verdade sem pestanejar. Foi instintivo.

No minuto seguinte estava imersa na escuridão, quando suas mãos cobriram meus olhos. E é claro que não posso deixar de mencionar o modo como o seu corpo se aconchegou ao meu, com a sua frente tocando cada pedacinho das minhas costas. Ou como eu podia jurar que ele estava me cutucando, exceto que as suas duas mãos estavam ocupadas. Hum, muito intrigante.

— Você quer tocá-las? — Havia perguntado sussurrando contra meu ouvido.

— Sim. — Minha voz saiu entre um ofegar e um estremecimento. É, não me orgulho desse momento de fraqueza.

— Então imagine-as. Pense que elas estão bem na sua frente.

Tentei fazer o que ele pedia, por qual motivo, isso eu não sei. Imaginei esferas pequenas e delicadas, que emanavam um brilho tão sereno quanto ofuscante. Queria me deleitar nessa contradição.

Mas não foram tais esferas que a minha mente imaginou diante de mim.

Seu corpo se aproximou ainda mais, quase empurrando o meu.

— Estão aqui, e são majestosas, — voz de veludo — são pequenos sonhos flutuantes, — voz de rouquidão — e são lindas...— voz de tentação —...como você.

Voz de perdição.

Ainda assim não conseguia vê-las, por que era um rosto diante de mim que eu imaginara.

E era ele que eu queria tocar.

E assim o fiz.

Toquei-o em carícias e com meus lábios. E se eu fosse um pouco mais romântica, diria que o tinha tocado com a minha alma. Exceto que eu não acreditava nesse tipo de coisa.

Afastei-me de súbito, sentindo calor correr pelo meu corpo. Estava na hora de os jogos começarem.

Acendi aquela vela que havia roubado. A chama dançava entre nós, refletindo desejo em seus olhos, e provavelmente nos meus também.

— Que tal uma pequena aposta? Se você me pegar, pode fazer o que quiser comigo.

Tão logo terminei minha brilhante frase saí correndo. E tinha certeza de que ele estava correndo atrás de mim. Só espero que fosse pelos motivos certos, segundo o meu ponto de vista, é claro.

E foi assim que as coisas realmente começaram a esquentar. Figurativamente e literalmente.

Pedro me alcançou mais rápido do que eu havia previsto. Praticamente se jogou sobre mim, caindo sobre meu corpo e me fazendo arquejar sob o seu peso. A vela voou longe, mas ela era a última coisa em que eu poderia pensar naquele momento.

A coisa número um na minha lista de prioridades era o seu corpo — ainda — sobre o meu. Em segundo, as suas mãos explorando a minha pele sob o tecido fino da minha regata. Terceiro lugar, a sua boca sobre meu ombro, sugando e mordiscando e me levando à loucura.

Naquela hora eu só pude pensar em como havia sido boba. Por que tocar as estrelas se eu podia vê-las tão intimamente, uma explosão delas cada vez que sentia o seu toque?

Havia praticamente uma família de constelações só para mim.

— Está tão quente. — Balbucio. — Estou ardendo.

Pedro soltou um grunhido e me mordeu um pouco forte demais. Provavelmente deixaria uma marca. Acho que estávamos quites.

— Pedro, tem alguma coisa errada. Fumaça.

Seus movimentos cessaram e meus olhos quase caíram de tanto que os arregalei. Seu calor me deixou, e então percebi que aquela ardência não era apenas desejo. Um pequeno incêndio ganhava vida à nossa frente.

Ai, meus Deus, a vela...

— Acho melhor chamarmos alguém. Não vamos conseguir controlar o incêndio.

E foi assim que me meti nessa situação ridícula, e a qualquer ponto perderia a minha pele e a minha sanidade.

Puxei uma grande porção de ar. Grande, estúpido erro. Todo o caminho que essa fumaça percorreu causou ardência. Isso não estava certo, tinha algo... errado...

Uma risada explodiu atrás de mim.

Pedro estava com as mãos apoiadas contra os joelhos, e quase se viam lágrimas em seus olhos agora vermelhos.

Vampiro.

Sim, ele era, me dei conta, enquanto tocava o ponto onde ele havia mordido e sentia o sangue. Isso sem mencionar as enormes presas que me cumprimentavam alegremente de sua boca beijável.

— Vampiro! — Gritei histericamente e corri em direção contrária a dele. Quase me joguei voluntariamente no fogo. E então o pânico foi substituído por uma euforia imensa. Comecei a rir — sim, histericamente também — para dar vida à minha alegria.

— Eu quase morri... Queimada... — Mais risadas estrondosas. — E eu gosto de um vampiro dentuço.

De repente uma mão cobriu o meu ombro.

— Quero te mostrar uma coisa, vem!

E eu fui. O mundo era um lugar lindo demais para não ir.

Pedro vampiro apontou para a lua.

— Sol. De noite. Não é o máximo?

— Isso não é nada. — Apontei para umas manchas coloridas a poucos metros de nós. — Gnomos. Isso sim é impressionante.

Então caímos na gargalhada.

— Sam. — Seu semblante ficou sério. — Quero ter bebês com você.

Bati palmas alegremente.

— Eles podem se chamar Bele e Zura?

— O quê? Não... Inferno, sim!

Então me ergueu em seus braços e eu comecei a gritar loucamente. Por que eu nunca tinha percebido que a vida era tão incrível?

— Pedro, só vou te dar bebês se você me der um pato. Sempre quis um pato.

— Te dou um galinheiro inteiro, o céu, as estrelas, o mar...

E nós caímos, dessa vez eu por cima dele.

— Pode me morder para selar nosso acordo. Te aceito, mesmo sendo um mosquito gigante com genes de morcego.

Algo espeço parecia nos rodear, nos fazendo tossir, enquanto eu podia jurar que escutei uma voz familiar chamando o meu nome.

A última coisa que vi antes de apagar foi a confusão e o desejo naqueles olhos tão negros. E mesmo na inconsciência aquela euforia espessa não me abandonou.


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