Doce Ilusória escrita por RoBerTA


Capítulo 13
Grande, grande mentira


Notas iniciais do capítulo

Oooooi!!!
Então, me amem infinitamente huuhhuhuhuhu' Nem eu acredito que postei um capítulo em menos de uma semana :O Acontece que vocês foram tão fofas que eu não resisti >
Novidade: haverá uma "maratona" de capítulos nas minhas férias ^^
Vejamos o que mais... Bom, comentem e façam uma alminha feliz :D
Boa leitura!
P.S. Amanhã tenho prova de matemática, rezem por mim D:



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Apoio os cotovelos sobre a mesa enquanto faço uma cara de quem sabe o que está fazendo. Grande, grande mentira. Olho para o tabuleiro de xadrez enquanto sinto as minhas sobrancelhas se juntarem, absurdamente indignadas. Pedro me observo atento.

Mexo uma peça.

— Hum, xeque?

— Esse é o bispo, Sam, e não o rei.

Suspiro exasperada. A ideia de jogar xadrez com ele surgiu de forma repentina, enquanto jantávamos como uma família feliz. Grande, grande mentira. Por incrível que pareça, permaneci em silêncio, apenas respondendo de forma educada as perguntas que me faziam sobre como eu estava depois do incidente do elevador. Estava ocupada demais fazendo planos diabólicos que me condenariam ao fogo do inferno. Decidi que talvez Pedro fosse um tipo de garoto estranho que ficava excitado jogando xadrez. Provavelmente tinha um fetiche com a rainha.

Pobrezinho, eu sinto que a minha missão de vida se tornou livrá-lo de tanta inocência.

Rolo os olhos para ele.

— Eu sei. Estava apenas te testando.

Pedro suspira audivelmente.

— Acho melhor pararmos de jogar. Você não está levando a sério.

Minha vontade é de pular por cima da mesa e esganá-lo. Mas como sou uma perfeita dama de alta sociedade, me contento em mostrar a língua.

Ele olha fixamente para a minha boca, e em um gesto involuntário molha os lábios com a língua. Inclino-me em sua direção, fazendo-o despertar e se afastar de mim.

Limpa a garganta e olha para os próprios pés.

— É tarde, vou me deitar.

Olho espantada para ele.

— Você está falando sério?

Como resposta vejo as suas costas enquanto se dirige para o próprio quarto.

Levanto da cadeira e resolvo dar-lhe uma trégua. Resolvo ir ver o Calvin, para fortalecer os laços familiares e todas essas coisas.

Quando termino de subir a enorme escada estou praticamente a ponto de cuspir meu pulmão pela boca. Vou até a porta do quarto de Calvin e entro sem bater, ainda tentando respirar direito.

— Ei! — Calvin exclama indignado de cima de sua cama desarrumada. — Você não sabe bater não?

Ergo uma sobrancelha enquanto me jogo ao seu lado, empurrando-o para tentar encontrar uma posição confortável.

— Que pergunta estúpida. É óbvio que eu não sei bater. Quero dizer, quem é que sabe bater? Esse ato exige muito raciocínio e planejamento. Hoje em dia apenas gênios sabem bater nas portas.

A cada palavra minha os seus olhos iam se estreitando, até que se transformaram em duas fendas tão apertadas que era como se ele estivesse de olhos fechados.

— Sammy, minha irmã querida, será que você não aprende nunca que a ironia não cai bem em você?

— Calvin, irmão gentil e amado, será que não te disseram que a ironia faz parte do meu charme?

— Não, mas já especularam que a marca da sua roupa é Chatice, já que você está coberta por ela.

— Há, há, há. Como você é engraçado. Nunca pensou em ser comediante?

Ele finge estar pensando.

— Na verdade já. Você poderia ser a minha assistente de palco.

— Prefiro aquela versão em que eu sou a faxineira e você o lixo, se formos trabalhar juntos. Muito mais real.

Seus olhos faíscam. Mas não há nada de raiva ali, apenas divertimento. Eu jamais teria escolhido outra pessoa no mundo todo para dividir um útero. O da minha mãe, no caso.

— Certo, desembucha, o que você veio fazer aqui?

Dou de ombros.

— Fortalecer os laços familiares, acho.

— Sério Sammy, no que você se meteu dessa vez?

Fico ultrajada, só que não é fingimento.

— O que te faz pensar que eu fiz alguma coisa errada?

Calvin joga as mãos para o alto.

— Ei, não fica braba. Eu não quis te ofender.

Mordo o lábio enquanto olho para os desenhos estranhos na colcha azul.

— Eu sou tão problemática assim?

Sinto os seus braços me envolverem. Fecho os olhos enquanto desfruto do abraço. O Calvin é como uma extensão minha. Não sei o que eu faria se o perdesse.

— Você é perfeitinha, minha irmãzinha perfeitinha e só um pouquinho problemática.

Dou um tapa em sua nuca, mas estou sorrindo.

— Irmãzinha o caramba, não se esquece de que eu sou vinte minutos mais velha.

Faz cara de ofendido e então bagunça os meus cabelos. Rebato com cócegas.

Estamos rindo e sem fôlego quando a porta se abre e mamãe coloca a cabeça para dentro do quarto.

Ela sorri e seus olhos brilham quando nos vê.

— Samara, eu só queria dizer que... Fiquei orgulhosa de você hoje.

Engulo em seco. Se ela soubesse...

­— Obrigada, mãe.

Depois de um último sorriso ela vira e vai embora.

O silêncio enche o quarto.

— O que você está planejando? — Olho para meu irmão e vejo como a sua expressão ficou sério de súbito. Começo a negar, mas então ele me interrompe. — Sammy, eu vi a sua expressão de culpa. Você vai fazer alguma coisa na qual se arrependerá.

Levanto da cama em um pulo enquanto tento tirar os nós do meu cabelo com os dedos.

— Você realmente não me conhece. — Cuspo as palavras. — Se eu fosse fazer algo errado, independente do que fosse, jamais sentiria remorso.

Ao invés de me tratar da mesma forma que o estou tratando, Calvin simplesmente balança a cabeça tristemente enquanto responde em uma voz serena.

— Samara, você não precisa que eu te diga o que você deve ou não fazer. Você já não é mais criança. Sabe que é preciso muito pouco para magoar alguém.

Mordo a língua para não rebater. O que eu menos quero no momento é brigar com Calvin também.

Saio do quarto sem uma única palavra.

Odeio o fato de ele estar certo, e me conhecer tão bem. Queria poder gritar na cara dele que era um mentiroso. Mas então a mentirosa seria eu.

Entro no meu quarto e escorrego pela porta recém fechada, até estar sentada no chão.

Conto as batidas do meu coração por alguns minutos, tentando minguar qualquer tipo de pensamento indesejado da minha mente. Quando percebo que não vai funcionar, levanto em um salto.

Calvin estava errado dessa vez. Eu não estava sentindo remorso, e nem o faria no futuro.

Procurei um roupão no guarda-roupa e um conjunto de roupas íntimas. Saí do quarto e fui até um dos inúmeros banheiros da casa. Depois de entrar tranquei a porta, e então liguei o chuveiro para que a água se aquecesse até eu tirar a roupa.

Primeiro a camisa, depois a calça. O sutiã foi parar junto com as outras roupas atrás da porta, e por último a calcinha rosa pink. Olhei para o meu reflexo no espelho de aspecto caro enquanto o banheiro era preenchido por vapor.

Num passado não muito distante eu era considerada uma perdedora. Rosto infantil, vida social inexistente e sinceridade indesejada. Ok, isso de falar mais do que deveria é algo que vem do berço, de uma época remota em que eu era banguela. Mas o ponto é, os garotos não me reparavam. Para eles eu tinha a função de um poste ou uma árvore: fazê-los desviar de mim, como se eu fosse um obstáculo de um jogo online ruim.

Tudo mudou depois que conheci uma certa pessoa. Ela me fez ver o mundo de uma forma diferente, e parte do que eu sou é obra dela.

Suspiro para o espelho que estava começando a ficar embaçado. Sei que possuo uma aparência aceitável, nenhuma deusa, mas nem um pouco monstruosa também. E quando quero alguém, consigo. Ei, eu sou sincera, por isso não sou modesta.

Talvez o meu interesse por Pedro vá além da minha pequena vingança. Ele me faz lembrar de quem eu era antes. E isso não me agrada nem um pouco. Sorrio para o meu reflexo, um sorriso maligno.

Quando eu disse que ele seria meu e imploraria por mim, não estava brincando.

Entro no chuveiro e tomo um banho demorado e relaxante. Lavo a tensão dos meus ombros e me permito divagar debaixo daquela água morna.

Quase não saio do chuveiro, mas a minha força de vontade pode ser inesgotável quando quero.

Seco os meus cabelos e tento deixá-los com um bom aspecto. Visto o conjunto rendado de roupa íntima e coloco o roupão de ceda por cima, amarrando-o na cintura. Quando saio do banheiro não é para o meu quarto que eu vou.

Não bato dessa vez também. Simplesmente entro e fecho a porta atrás de mim.

A luz da luminária ao lado da cama é a única no quarto. Pedro está deitado na cama, com o caderno de desenhos na mão. Pelo jeito o destino resolveu operar ao meu favor.

Surpreendo-me ao vê-lo só de calça de flanela.

Quando me vê, seus olhos parecem duplicar de tamanho.

— O que você está fazendo aqui?

Sorrio de lado.

— Isso são modos de tratar uma dama, Pedro Parker?

Ele engole em seco, enquanto passa a mão pelos cabelos de forma nervosa.

— Por favor...

— Não me mande sair. — Minha voz soa autoritária. — Hoje não.

— O que você quer?

Dou um pequeno sorriso, enquanto desamarro o roupão e o deixo escorregar pelo meu corpo, em direção ao chão.

— Me desenhe.

— Não. — Sua voz vacila.

Aproximo-me dele, e então subo na cama também, minha cabeça indo de encontro a sua.

— Não? — Ergo a sobrancelha.

— Eu não te quer... Digo, eu não quero te desenhar.

— Grande, grande mentira. — Sussurro contra o seu pescoço. — Você quer sim. Você me quer. E eu vou provar.


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Notas finais do capítulo

Vocês tem um ótimo gosto para livros ^^
Agora me digam, - quem quiser - o que querem fazer quando "crescerem"?
(Pessoa tentando puxar assunto no modo desesperado. Não se surpreendam se da próxima vez eu perguntar sobre o tempo...)



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