Dead Whisper escrita por NicotineBB, Haniel Godoi


Capítulo 3
Rompendo barreiras... Literalmente.


Notas iniciais do capítulo

Voltamos, mas com algumas alterações ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/397955/chapter/3

POV Dante

Fiquei alguns segundos desconfiado observando as pessoas que estavam na frente da casa, era difícil distingui-los por causa da distancia, mas após um tempo pude perceber que eram um homem e uma mulher, o homem estava se apoiando na garota e parecia estar ferido, os dois caminharam lentamente até adentrar o portão e se aproximar da porta, quando chegaram até a porta ela se abriu antes que pudessem bater, não foi possível ver quem estava dentro da casa. Os dois discutiram um pouco com a pessoa que abriu a porta, mas logo entraram.

Eu me sentei na grama em frente a Zoe e segurei suas mãos, ela parecia estar agitada por causa da novidade.

– Dan! Vamos lá, tem gente! – A ingenuidade dela me encantava.

– Meu amor, vamos esperar um pouco mais, não podemos nos precipitar. Aquele homem estava ferido, e se ele foi mordido? – Falei com pesar no coração por ter que acabar com aquele momento de felicidade.

Levantei-me fazendo sinal para que ela esperasse ali, fui até onde estava nossa comida e agarrei duas maçãs, entreguei uma para Zoe e me sentei ao seu lado novamente para observar a casa, comi minha fruta com vontade, mas Zoe pareceu não se interessar muito, pois deu apenas algumas mordiscadas e logo a deixou de lado para continuar de olhos vidrados na direção da casa. Passaram-se duas horas e tudo parecia quieto lá, se aquele homem tivesse sido infectado já teria se transformado, então decidi que era seguro. Reuni nossas coisas, coloquei tudo na mochila e segurei Zoe pela mão para descermos a colina em direção a casa.

O caminho até o enorme portão durou em torno de quinze minutos, ele era composto por uma grade de metal maleável e barras de ferro para segurar a grade, em uma das partes estava pendurado um enorme cadeado destrancado, então não tivemos dificuldade para entrar no pátio. Logo em frente ao portão começava uma estrada de pedra ladeada por flores coloridas que se estendia até a escada da varanda que era feita de madeira assim como todo o resto da casa, era possível ver um brilho incrível no olhar de Zoe enquanto ela observava aquelas flores, por um segundo até paramos para que ela retirasse do solo uma pequena flor violeta que ela ofereceu a mim. Continuamos o caminho até a varanda, quando começávamos a subir a escada pude perceber um movimento perto da porta, então agarrei Zoe e a segurei em meus braços até que a porta se abriu.

De dentro da casa saiu uma garota, pude ver de relance que ela segurava uma arma grande com as duas mãos, mas ao nos notar ela rapidamente voltou para dentro da casa e fechou a porta, ouvi vozes altas e barulhos de passos vindo de dentro do lugar, percebi que Zoe ficou um tanto apreensiva e nervosa. Dois pares de olhos esverdeados observaram a mim e Zoe por alguns minutos os quais fiquei sem reação alguma, até que uma voz feminina, jovem e enérgica emanou de trás da porta.

– Quem é você e o que faz aqui?!

– Meu nome é Dante e essa é Zoe, estamos... Estamos apenas em busca de abrigo! – Eu disse vacilando um pouco.

O silêncio predominou por alguns segundos até que a porta abriu alguns centímetros e pelo vão saiu o cano duplo de uma escopeta, Zoe se assustou e escondeu o rosto em meu peito ao ver a arma.

– Você tem alguma arma? – Indagou a garota que segurava a escopeta, ainda sem mostrar o rosto.

– Apenas uma faca. – Eu disse me desvencilhando de Zoe, tirando o objeto da mochila e o jogando no chão a frente.

– A mochila também!

Eu obedeci e joguei a mochila perto de onde estava a faca. A garota abriu a porta por completo revelando a si mesma e a uma mulher mais velha que se encontrava logo atrás dela, as duas saíram lentamente de dentro da casa nos observando com olhares desconfiados.

– Por favor, nos deixe entrar, estamos vagando há dias tentando sobreviver e não sei por quanto tempo mais consigo mantê-la a salvo. – Disse fazendo menção a Zoe que segurou minha mão novamente. – Se não fizer por mim, faça por ela.

– Eu não posso, já temos muitas pessoas e a comida está escassa, preciso pensar nos meus antes de ajudar os outros.

Eu não podia culpa-la, eu sabia mais do que ninguém como estava difícil arrumar comida ultimamente, mas era minha obrigação fazer com que ela nos deixasse entrar, precisava manter Zoe segura.

– Eu posso ajudar a caçar ou a cultivar alimentos, também ajudo em qualquer outra tarefa que for preciso, faço qualquer coisa!

A mulher mais nova ficou em silencio por um instante como se estivesse ponderando minha oferta, então voltou o olhar para a mais velha que fez um sinal de aprovação com a cabeça.

– Tudo bem, vocês podem ficar, mas teremos que estocar comida em dobro. Eu estava prestes a sair para caçar, você vem comigo. – Disse ela tirando uma pistola das costas e jogando para mim.

Eu agarrei a pistola, uma sensação de alívio tomou conta de mim, mas Zoe não parecia sentir o mesmo, pois ela começou e puxar minha camiseta enquanto sacudia a cabeça dizendo não. Eu me agachei e segurei suas mãos como sempre fazia.

– Zoe, não precisa se preocupar você vai ficar segura aqui na casa. Eu só vou ir caçar com a...

– Hazel, meu nome é Hazel.

– Só vou sair para caçar com a Hazel e logo volto pra você, tá me entendendo? – Os olhos dela estavam vermelhos e cheios de lágrimas, mas ela não disse nenhuma palavra, apenas me abraçou apertado, correu em direção a casa e parou ao lado da mulher mais velha que colocou a mão no ombro de Zoe.

– Meu nome é Andrômeda, eu sou a mãe da Hazel. Eu cuido dela enquanto vocês estiverem caçando.

Eu apenas confirmei com a cabeça e mandei um beijo para Zoe, ela retribuiu e ficou observando enquanto Hazel e eu saíamos portão afora em direção à floresta.

POV Hazel

Aquele dia estava tão agitado e eu não posso mentir, ter pessoas ao meu redor me faz bem, é como se eu estivesse viva novamente. Conheci Alice e notei o modo em que Jake olhava pra ela, de um modo tão lindo e especial, senti inveja por um momento, porém, foi passageiro. Respirei fundo e observei Dante, ele tinha um bom físico e parecia ser bom em combate, acho que ele será útil para nosso "grupo". Senti meu punhal arranhar um pouco a minha perna, mas não me importei, não me machucaria tanto. Tínhamos acabado de sair pelo portão e novamente eu estava enfrentando o mundo, eu havia abandonado a minha zona segura e estava andando pelo inferno, e sabia que qualquer coisa poderia acontecer a qualquer momento. Olhei para o homem ao meu lado e virei de volta para o horizonte, eu precisava confiar nas pessoas...

– Sua filha é bonita, e parece se importar muito com você. - Quebrei o silêncio.

– Obrigado, nós não temos laços de sangue, mas eu já sinto como se fosse minha filha de verdade. A Zoe é uma menina durona, até agora não sei como ela ainda não enlouqueceu com tudo que tem acontecido.- Dante falou em um tom calmo.

– Eu fico pensando nas crianças que precisam viver nesse mundo, elas são obrigadas a amadurecerem muito rápido, perdem toda a alegria de brincar e curtir a infância. Zoe te traz orgulho, eu vejo isso. E sei que ela pode sobreviver a esse inferno que virou o mundo... - Murmurei estalando os dedos. - Ela parece ser uma criança maravilhosa.

Adentramos a floresta e me senti insegura, mas logo afastei os pensamentos e me concentrei na caça. Estava com a escopeta em mãos e eu já havia me acostumando com o peso, alguns galhos se quebravam sob os meus pés e eu prestava atenção em tudo. Fazia tempo que eu não caçava, mas a caça é como andar de bicicleta, uma vez que se aprende nunca mais se esquece, é o que dizem pelo menos. Ouvi vários galhos se quebrarem ao mesmo tempo.

Meu coração se acelerou.

Virei rapidamente já preparando a escopeta, minha mão estava soada e meu coração se acelerou mais ainda o ver o que estava na minha frente. Um búfalo! Em meio a um apocalipse zumbi eu me deparo com um búfalo. O que mais me assustou foi o tamanho e os chifres, eles poderiam fazer um estrago grande, eu não iria morrer por culpa de um búfalo idiota, pensei. Mirei a escopeta nele e me praguejei por estar tremendo, minhas mãos estavam suando e eu mirei na primeira coisa que vi. Ao apertar o gatilho um barulho alto quebrou o silêncio da floresta.

– Não Hazel! - Ouvi a voz de Dante me chamar.

O búfalo estava com o chifre cheio de sangue, e por pouco o tiro não pegou em seu olho, o animal me fitou com ódio e partiu em minha direção. Senti a escopeta deslizar da minha mão e cair no chão, corri ainda atordoada. O animal era rápido e eu estava com tanto medo. Olhei de relance e notei que Dante estava preparado para dar um tiro, virei novamente me concentrando em sobreviver. Corri mais rápido e tive vontade de demolir várias árvores ao notar que eu havia ficado sem saída, o local onde eu estava possuía uma fileira de árvores, e as passagens eras estreitas, se eu passasse poderia encontrar algo pior. Virei e notei que o animal estava mais enfurecido e parecia me matar com os olhos. Encostei em uma árvore e fechei os olhos, então era isso, aquele era o meu fim. Ouvi mais um tiro e reconheci a arma que havia causado o barulho, a escopeta, olhei pra frente e observei o búfalo quase morto, a respiração acelerada, ele ainda parecia bravo, porém, agora estava inofensivo e isso era bom, corri na direção de Dante e me apavorei ao ouvir vários gemidos de zumbis.

– Dante... - Chamei-o. - Muitos zumbis.

– Eu ouvi, precisamos voltar!

Olhei em volta e ouvi o som dos zumbis ficarem mais forte, segui o caminho de volta e vi o que mais temia, vários zumbis cercavam os portões de casa, o inferno estava seguindo para o meu lar. Observei com raiva e puxei o punhal do meu sapato, apunhalei com ódio alguns zumbis que estava por perto. Eu odiava mata-los em uma distancia pequena, mas era necessário pelo bem de tudo que eu havia lutado, o que seria algumas gotas de sangue em minha face? Notei que daria pra tentar entrar em segurança, abri o portão e sai correndo em direção à casa.

– Mãe! Jake! Preparem todas as armas! - Tentei manter a calma.

Dante estava lutando com alguns walkers e eu agradeci por estar acompanhada, ele havia salvado minha vida, e eu deveria retribuir ao máximo tentando salvar a dele, ele fechou o portão e correu na mesma direção que eu. Mamãe abriu a porta e seus olhos estavam apavorados.

– Muitos... - Murmurei ofegante. - Zumbis...

Zoe correu para os braços de Dante e o abraçou, eu sabia que ele faria o possível para salvar a pequena Zoe, e eu o ajudarei o máximo que puder, Jake veio com Alice e eles olharam em direção ao portão.

POV Alice

Não posso dizer que eu estou feliz, além do mais, como alguém ficaria feliz vivendo durante um apocalipse zumbi? Eu vivia cada dia com medo, mas ao contrário do que muitos pensam o medo não é uma coisa ruim, foi ele que me manteve viva todo esse tempo, mesmo sem ter pelo o que viver.

Sacudi a cabeça tentando afastar os pensamentos depressivos e segui em direção ao banheiro para tomar uma ducha e tentar relaxar um pouco. Hazel estava sendo bem receptiva, ela parecia ser uma pessoa forte, daquele tipo que enfrenta todos os problemas sozinha para que os outros ao seu redor não precisem sofrer.

Tomar banho pareceu se tornar a coisa mais normal que eu fazia agora, então fiz de tudo para prolongar aquele momento ao máximo, o som da água corrente parecia clarear minha mente, então aproveitei para amadurecer algumas ideias antes de sair dali. Pus minha roupa e logo voltei ao quarto, me deitei na cama e fitei o teto de madeira, foi quando eu percebi o quão cansada eu estava, minhas pálpebras começaram a pesar e rapidamente caí no sono.


Acordei assustada com a porta sendo aberta.


– Olá Alice – Disse Jake sorrindo com uma tigela de frutas na mão.


Eu apenas abri um sorriso, mas logo depois meu estomago emitiu um som esquisito que me fez ficar envergonhada.


– É, parece que eu acertei ao trazer essas frutas. – Disse ele soltando uma gargalhada.


Ele pediu licença, sentou ao meu lado e me entregou a tigela, devorei as frutas extremamente rápido e quando terminei percebi que Jake estava me encarando.


– O que foi ? - disse confusa


– Nada, só gosto de te observar.


Peguei-me constrangida demais pra falar algo, tudo ficou em quieto por algum tempo até que o silencio foi quebrado por algumas vozes agitadas que vinham do andar de baixo. Jake se levantou e foi até a porta e a abriu colocando a cabeça para fora como se estivesse tentando ouvir o que estava acontecendo.


– E então, o que está acontecendo? – Perguntei curiosa.


– Não sei, as vozes pararam. – Ele respondeu tranquilo.


Um silêncio constrangedor pairou entre nós por mais algum tempo, até que decidi acabar com isso.


– Vamos descer e ver o que está acontecendo? – Eu disse já saindo pela porta.


Desci as escadas com Jake logo atrás de mim, olhei pelas janelas e de relance pude observar Hazel caminhando junto de um homem desconhecido em direção à saída do pátio da casa. Chegando ao primeiro andar encontrei Andrômeda de mãos dadas com uma garotinha de cabelos negros e olhos claros.


– O que aconteceu Dona Andrômeda?


– Apareceram mais dois sobreviventes, essa é Zoe e o pai dela saiu para caçar com Hazel.


– O Dan não é meu papai, ele me salvou dos monstros que levaram meu papai e minha mamãe, ele é meu anjo da guarda. – Zoe estava com os olhos cheios de lágrimas e soluçava enquanto abraçava um pequeno leão de pelúcia.


Andrômeda deu um sorriso pesaroso quando ouviu as palavras de Zoe, então a levou até um sofá onde colocou a garota deitada para descansar.

Fui até a cozinha com Jake onde Andrômeda nos serviu uma xícara de café, passamos em torno de uma hora sentados à mesa conversando sobre diversos assuntos enquanto a pequena Zoe dormia no sofá, nosso assunto foi interrompido quando pensei ter ouvido gritos ao longe, então me levantei e corri até a porta da frente acompanhada por Jake e Andrômeda, quando olhei pela janela tive uma visão tão terrível que meu corpo todo congelou, Hazel e o homem que deveria ser “Dan” corriam desesperados em meio a um mar de zumbis, fugindo daqueles que conseguiam e matando aqueles que os encurralavam. Com o barulho a pequena Zoe acordou e antes que eu percebesse ela se pendurou na janela bem a tempo de ver Hazel passando pelo portão seguida de Dan que trancou o mesmo. Hazel entrou em casa gritando ordens que eu não consegui distinguir, o mundo todo parecia estar em câmera lenta. Durante alguns segundos tive uma visão panorâmica da situação na qual vi Dan ajoelhado abraçando Zoe, Jake e Hazel preparando armas extremamente desesperados, Andrômeda de olhos arregalados segurando as mãos contra o peito e ao fundo o portão de ferro balançando e bambeando que estava prestes a ceder.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dead Whisper" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.