My Tiger escrita por Escritora


Capítulo 2
Escola


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, espero que quem esteja lendo goste desse capítulo!Bom, se quiser fazer minha pessoa muito feliz comente com sua opinião sobre o que precisa melhorar!



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Kelsey acordou e por alguns segundos se sentiu perdida. O ambiente com que estava acostumada a ver todas as manhãs era diferente do que o que via agora. Sentiu um vazio no peito como se algo faltasse e teve a ligeira impressão que esse vazio aumentaria mais e mais ao longo do dia.

Colocou a roupa de uniforme, uma saia de pregas com uma meia preta 3/4 e uma camisa branca, penteou o cabelo de tom caramelo e desceu para tomar o café da manhã com seus pais. Entre um passo e outro, estranhou o barulho que seu pai fazia ao tentar colocar um prego na parede para pendurar um quadro. A casa ainda não estava arrumada e parecia que teria que ajudar a sua mãe a arrumá-la após a aula.

― Olá, meu bem. – seu pai falou ao ver que a garota estava ao seu lado observando o que estava fazendo – Que uniforme bonito, muito diferente do da sua antiga escola.

― Muito – Kelsey disse, lembrando que a antiga escola só pedia uma camiseta.

― Sua mãe preparou o café da manhã, vá tomá-lo que vou te levar.

Kelsey se sentia desconfortável no uniforme, nunca usara uma saia tão curta e a camisa era quase transparente. Foi para a cozinha e sentou em um dos bancos que sua mãe colocara perto do balcão. A garota reparou, enquanto Madison fazia o café, que a cozinha era bem maior que a antiga e que agora eles teriam, além da mesa, o balcão para apoiar as refeições.

― Mãe, você escolheu essa casa por causa da cozinha? – perguntou.

― Talvez, querida. Aqui o seu café. – disse colocando um pouco na xícara para a filha.

― Obrigada.

Kelsey bebera o café e comeu alguns biscoitos de chocolate que sua mãe fizera. Por mais que os biscoitos lembrasse da vida na outra cidade, ainda não nutria sentimentos bons pelo futuro que lhe aguardava. Estava deslocada até na própria casa, o lugar que viveria até entrar em uma faculdade e ter dinheiro suficiente para comprar um apartamento.

― Vamos? – interrogou a Sra. Hayes quando viu que Kelsey tinha terminado – Não quero que se atrase.

― Vamos. – concordou.

Entraram no carro Kelsey e seus pais. Ela não estava confiante e como sempre, não queria ir para escola. Era o lugar que seria obrigada a se socializar mesmo contra sua vontade e isso, de acordo com sua intuição, parecia extremamente ruim.

Chegaram a escola em silêncio. Era uma área grande e tinha, também, uma decoração que lembrava o século XIX - porém, com mais fidelidade a época. As alunas estavam com o uniforme similar ao seu e os garotos vestiam calça jeans e camisa branca. O portão de entrada era antigo, mesmo apresentando estar novo. Em compensação existia um jardim ao seu redor e uma fonte com margaridas e orquídeas conduzindo a água.

―Pode descer Kelsey, aquelas pessoas não mordem. – Joshua falou em tom de brincadeira.

― Eu sei – respondeu não achando graça da piada.

Kelsey desceu do carro e deu o primeiro passo rumo à escola. Seus pais foram embora e a deixou ali sem qualquer instrução da sala que estudaria. Pelo visto teria que encontrar a secretária para se localizar, ironizou em seus pensamentos.

Parou em frente ao portão e viu que a escola era ainda maior do que pensou enquanto estava dentro carro. O jardim se estendia por todo o campus escolar e havia um pátio enorme, onde os alunos estavam conversando em bancos debaixo de árvores. Avistou duas quadras que estavam um pouco escondidas atrás do prédio e uma brisa fria percorreu em seus entranhas.

― Garota! Kelsey Hayes – alguém gritou seu nome e instantaneamente se virou para ver quem é.

Deu de cara com um moreno alto, com o corpo definido e olhos castanhos claros. Seu rosto estava estampado com um sorriso e os cabelos jogados para trás de forma natural. Usava o uniforme, só que parecia não ter se preocupado com os detalhes, como fechar a camisa até o pescoço ou engomadas as costuras. A primeira impressão que ele passara deixou Kelsey sem graça e consequentemente, ela não sabia o que responder.

― Meu nome é Sohan Kishan, vou te apresentar a escola. Siga-me, por favor - disse de forma breve e rápida.

― Sim.

A garota o seguiu até a entrada do prédio que vira. De perto podia ver que a porta era de madeira e nela existiam vários desenhos. Inferiu a origem dos traços era indiana, pois reconhecera a deusa Durga com seus inúmeros braços. Imaginou que ter assistido os filmes de Bollywood com Manu servira, pelo menos, para isso.

― Legal, não? Essas portas vieram diretamente da índia para nossa escola – Kishan comentou e tocou as pontas dos dedos na maçaneta.

― São legais – respondeu com timidez.

― Vamos entrar, tenho que te mostrar o prédio antes das aulas começarem.

Segui-o e ouviu tudo o que falara, Kishan parecia atencioso e em certo momento perguntou se Kelsey era tímida ou estava com medo dele. A pergunta soou um pouco estranha para ela e, novamente, não soube responder, continuando em silêncio. Os corredores eram muito parecidos e observou que se não decorasse com cautela alguns pontos de referencia poderia se perder com facilidade. Passaram pela secretária e, por fim, foram para a sala do diretor, lugar onde ela teria que assinar documentos.

― Essa é a sala do Sr. Kadam, ele é o diretor da escola.

Kishan batera na porta e anunciou a sua entrada junto com a aluna nova. Kelsey viu um senhor de barba branca sentado atrás de uma mesa feita de madeira escura nobre; apresentava ter sessenta anos e ao mesmo tempo dava-lhe a impressão de ser um intelectual. Sr. Kadam usava um terno com tom marinho e tinha os olhos cansados, contudo excêntricos e alegres.

― Olá, Kelsey – disse com um tom acolhedor e se levantou para cumprimentar a novata.

― Olá – ela respondera.

― Pode se sentar. Quero que assine alguns documentos para mim.

O senhor pegou alguns papéis dentro de uma pasta e os colocou em cima da mesa. Kelsey assinou um por um o mais rápido que conseguia para poder sair de perto de Kishan. O moreno sentou ao seu lado e mexia, freneticamente, em um relógio de bolso, abrindo e fechando o objeto. Ela não sabia o motivo, mas ficar próximo ao rapaz lhe deixava constrangida de tanta vergonha. Quando iria avisar que terminara de assinar tudo, o telefone da sala tocou e por educação esperou até que a chamada terminasse.

― Um momento, por favor – anunciou Kadam com educação para e atendeu ao telefone. - Kadam. Ren? É você?

― Kadam é o Ren? – perguntou Kishan com um sorriso torto.

Kelsey não entendeu o incidente - preferiu não se meter no assunto ou perguntar o que estava acontecendo -, ficou analisando cada centímetro da sala. Em uma das olhadas, focou-se em uma foto antiga de Kishan e de outro rapaz de olhos azulados e sorriso branco. Percebera que os dois eram muito parecidos e exaltavam uma beleza como a dos modelos que vira em revistas de moda.

― Ren, volte. Seu irmão está preocupado e eu estou preocupado. – Kadam fizera uma pausa no telefone e abrira um enorme sorriso – Espero revê-lo ainda nessa semana. Já está na cidade? Que bom.

Kadam desligou após se despedir da pessoa que ligara, anotou algo em um bloco de papel e voltou-se para Kelsey que estava ali parada sem entender.

―Desculpe-me senhorita Kelsey. Já assinou todos os documentos?

― Sim, senhor - pronunciou empurrando levemente a pilha de papel.

― Kishan irá te levar até a sua sala. Kishan depois da aula vá para casa, pois Ren vai chegar ainda hoje.

― Ele veio para ficar? – perguntou Kishan.

― Não sei.

Kishan se levantou e Kelsey fez o mesmo, seguindo-o por um corredor que tinha decorações indianas mixadas com a mitologia chinesa. A garota não estava conseguindo se localizar, porque a escola era grande. Passaram pelo refeitório e entraram em outro corredor cheio de salas de aula.

― Essa é sua sala – disse Kishan quando parado em frente a uma porta.

― Obrigada – pronunciou Kelsey.

― Tem o seu nome na carteira e se precisar de alguma coisa é só voltar para sala do senhor Kadam que ele providenciará.

O moreno se virou e andou até outra porta. Kelsey entrou na sala e viu uma carteira com uma plaquinha escrita " Srta. Hayes". Sentou na cadeira e colocou os materiais em cima da mesa, esperando a aula começar. Durante o tempo que esperava, viu aos poucos o ambiente se encher com a chegada dos alunos. Muitos ficaram conversando em grupinhos e outros saíram depois de colocarem os objetos nos seus lugares.

Algumas garotas passaram perto de Kelsey e mal notaram sua presença. Ela sabia que seria assim; sempre fora desse jeito antes de conhecer Manu. O único problema agora era que Manu estava a uma distância de aproximadamente 300 km.

Felizmente, o sinal tocou e os alunos que estavam do lado de fora entraram antes do professor. Alguns professores comentaram que tinha uma aluna nova na sala e outros mal perceberam que havia um nome a mais na lista de presença. No recreio Kelsey fora para cantina e se sentou em uma mesa no canto, para não chamar atenção. Apesar da extensão da escola o lugar não apresentava ter tantos alunos. Era um colégio particular e provavelmente, o motivo de ter poucas pessoas estudando ali seria o alto custo da mensalidade.

Kelsey, como estava acostumada a analisar situações para passar o seu tempo, viu que o rapaz que apresentou as instalações escolares estava sentado em uma mesa cheia de garotos e garotas em sua volta. Havia alguns outros alunos em grupos e outros estavam na fila do lanche.

Após ficar trinta minutos sentada sozinha, ouviu o sinal tocar e voltou o mais rápido possível para a sala. Os horários que sucederam passaram rápidos e ela tentou ao máximo acompanhar o que os professores falavam para não perder conteúdo. Ao término da aula, saiu seguindo os alunos, pois esquecerá onde era a saída. Depois que conseguiu diferenciar a porta de entrada, soube que estava chegando realmente ao lugar por onde entrara.

Passou pelo jardim tentando diferenciar as inúmeras flores que estavam plantadas, as únicas espécies que conhecia eram orquídeas e margaridas, as outras aparentavam não ser encontradas naquela região. Chegou ao portão e não achou o carro do seu pai. Como estava um pouco cansada, sentou em um banco que ficava colado ao muro para os alunos descansarem enquanto esperavam ônibus.

Seu pai deveria ter esquecido que nessa escola ela entrava mais cedo e saía, também, mais cedo. Kelsey ficou vendo os alunos se despedirem de seus amigos e entrarem nos carros de seus pais. Reparou que as garotas de sua sala estavam todas juntas conversando do outro lado da rua. Kishan também estava em um grupo de rapazes rindo. Kelsey já estava agoniada e fixou seus olhos na direção que provavelmente seu pai apareceria. Talvez, ele viesse desse lado, pensou.

Avistou carros e carros, e o tédio consumia suas pálpebras. Contudo, quando imaginava já estar "plantada" no cimento quente e úmido, viu uma moto em alta velocidade direcionando toda a ferocidade de seu motor para a calça. O motoqueiro entrou dentro da escola e estacionou no lugar que deveria ser somente para bicicletas. Desceu da motocicleta e buzinou, fazendo um barulho para todo o quarteirão escutar. Não apresentava ser interessante para os padrões da sociedade. Estava vestindo uma jaqueta de couro preta, uma calça jeans surrada e um coturno que o deixava despojado, pois era alto.

Kelsey virou o rosto achando aquela atitude uma falta de respeito com o ambiente escolar, afinal quem quer que fosse deveria respeitar a escola. Olhou novamente para o rapaz e pode ver, como se o mundo estivesse em câmera lenta, ele tirando o capacete. Seu sorriso estampava o rosto, mostrando os dentes brancos e alinhados. Inacreditavelmente, os olhos azuis faziam um contraste perfeito com a pele que era levemente acobreada.

O rapaz jogou o capacete no chão e foi correndo em direção a Kishan que ainda estava escorado no portão conversando com os amigos e desejando poder ignorar o que acontecia. Kelsey se assustou com a cena que viu: o motoqueiro correu muito rápido e em segundos Kishan foi jogado no chão e imobilizado.

― Tudo bem Ren, eu entendi que você chegou! – Kishan gritou em tom de brincadeira e empurrou o corpo do irmão como um lutador profissional de MMA.

―Onde está Kadam? – perguntou Ren, limpando a poeira da roupa. – Preciso conversar com ele.

― Está na sala do diretor. Você já sabe onde é. – Kishan respondeu e deu de ombros como se nada tivesse acontecido.

Kelsey, naquele momento, chegou à conclusão que realmente a foto que vira fora de Kishan e Ren, a pessoa com quem o Sr. Kadam conversava ao telefone quando ela fora assinar os documentos, e que os dois provavelmente seriam irmãos.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Espero que a história não desaponte os fãs da Saga do Tigre. Eu mudei algumas coisas...



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