Jogos Vorazes, 1° Edição. escrita por Yukine


Capítulo 19
Adeus.




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O canhão soa, mas eu não acredito no que acabei de ouvir. A miserável irá nos trair. Olho para Vinn e parece que lemos o pensamento um do outro.

– No três?

– No três.

Tiro minhas facas do bolso e Vinn posiciona seu tridente. Coloco quatro facas entre os espaços da mão esquerda e me posiciono. Contamos em silêncio, apenas movimentando os lábios e então atacamos. Vinn se ergue e com um empulso do braço direito lança seu tridente com toda a força e acerta o peito da garota de cabelos vermelhos. Nataly assustada rapidamente gira o corpo e arremessa sua faca na direção dele, mas eu sou o atirador de facas aqui. Levanto-me e com a mão direita arremesso as várias facas que tinha em minha mão no seu corpo. Uma na barriga, duas no peito e uma no pescoço. Ambas caem ao chão mortas.

– Agora só precisamos ir atrás de Victor. Não acredito que essa vadia nos traiu. – mas percebo que Vinn está sangrando. – O que houve?

– A faca que ela arremessou. Tentei me proteger, mas não consegui. O corte foi profundo. – ele tira a mão de cima do braço esquerdo e posso ver o tamanho do corte.

– E agora? – pergunto sem saber o que fazer. Estamos tão perto de vencer que não posso pensar em desistir.

Vinn anda até o corpo da garota morta e coloca o pé sobre seu peito. Com um puxão do seu braço bom e com a ajuda de sua perna retira o tridente do corpo falecido. Rasga a manga da jaqueta e amarra o corte com a ajuda dos dentes.

– Agora nós ganhamos essa porcaria de jogo.

Vamos caminhando sempre apoiando um ao outro até chegarmos à parte alta da floresta, onde podemos acessar a montanha. Subimos até quase o topo, mas um sentimento ruim percorre sobre meu corpo.

– Acho que você deveria ficar. Eu vou até lá e enfrento Victor sozinho.

– Não. Estamos nessa juntos. Vamos juntos até lá e juntos mataremos ele.

– Eu não acho que seja preciso nós dois para fazer isso. Por favor, fique.

– Já disse que não, porra! – ele me olha com lágrimas e então segue andando.

Não ouso falar mais nada, acompanho seus passos e então subimos o resto que falta para chegar ao topo. Dessa vez tenho o machado de Milene em mãos, e não minhas facas. Mas o local está vazio. Nada de Victor.

– Fizemos as contas corretamente? Todos os outros morreram. Ele deveria estar aqui.

– Mas eu estou.

Ele me chuta nas costas e em seguida chuta Vinn. Caímos de cara no chão, e Victor agarra Vinn pela gola da jaqueta. Ele já um soco em seu rosto e então o arremessa longe. Me levanto e pego o machado que deixei cair e o cravo nas costas de Victor. Ele grita de dor e virando o corpo, balança sua espada em minha direção. Eu recuo antes que ela possa me atingir, mas ele já vem correndo até mim e com outro chute – dessa vez no peito – me derruba novamente. Ele atinge minha perna em cheio com a ponta da espada, mas Vinn pula sobre ele e com uma pedra acerta seu olho direito. Victor abre os braços, jogando Vinn de bunda no chão, o tirando de cima de suas costas. Victor grita com ambas as mãos sobre o olho. Suas costas jogando sangue. Eu não consigo me levantar, minha perna queima e arde. Eu só consigo rolar na grama de tanta dor.

Vinn corre para pegar seu tridente e acabar com tudo, mas logo em seguida, me segurando pela jaqueta Victor vai me arrastando pela grama até chegarmos à ponta do penhasco. Lá ele arranca a jaqueta e a joga lá em baixo. Junto com todas as minhas facas.

– Sabe... Eu nunca imaginei que vocês fossem chegar até o final. Sério mesmo. Eu pensei que vocês fossem mais inteligentes para se separarem antes disso. Afinal, se vocês me matarem aqui, o que farão depois? Não me digam que os melhores amigos do mundo estão pensando em se matar?

Tento me soltar, mas ele está me prendendo pelo pescoço com seu braço, e eu estou sufocando. Meu machado caiu quando ele me chutou, e Vinn segura seu tridente pronto para arremessá-lo. A única coisa que tinha para me defender foi jogada penhasco a baixo e minha força não é suficiente para fazê-lo me largar.

– Mas eu bem que posso dar um jeito nisso, não é mesmo? Desde o começo eu fui predestinado a ganhar essa porcaria de jogo. Eu só usei vocês para me ajudar a chegar até a final. Carreiristas? Essa foi a melhor coisa que eu pude pensar na minha vida. Junte os idiotas mais fortes que você conhecer e faça-os saírem caçando pessoas em uma arena. Genial! Toda vez que aquele canhão soava era um passo a mais para eu chegar à vitória. E a minha sorte foi de chegar justamente com os mais idiotas com quem me juntei. Sabe Gustav, eu realmente achei que você fosse mais inteligente. Eu até te ajudei matando aquela sua namoradinha na caverna, mas você conseguiu arranjar mais um amiguinho para te levar a falência. Você e ele merecem morrer por serem tão estúpidos!

Ambos sem reação. Só conseguimos olhar um para o outro e ouvir o que Victor diz.

– Sabe... – tomo a palavra. - Agora é minha vez de falar algumas verdades. Eu sempre pensei que eu seria sozinho. Nunca tive irmãos. Nunca tive amigos de verdade. Até o momento em que eu fui escolhido para os incríveis Jogos Vorazes. “Que droga”, eu pensei. Eu já me via morto a partir do momento em que anunciaram meu nome naquele palco, mas eu não estava sozinho. Naquele momento, uma pessoa estava comigo, sentindo tudo o que eu senti, ouvindo os lamentos e os pesares que eu ouvi. Foi a primeira e a ultima vez que a vi chorar. Tanto tempo juntos sendo treinamos para matar uns aos outros e mesmo assim, nós nos tornamos amigos. A cada dia mais estávamos próximos um do outro, foi a primeira pessoa com quem eu senti aquele carinho, aquele amor que eu sempre senti falta. E depois que ela morreu, eu pensei que nunca mais conheceria alguém como ela, mas eu conheci. Eu consegui fazer duas amizades, dois irmãos para uma vida. Eles me ensinaram tantas coisas, coisas que eu jamais pensei que eu aprenderia. Eles foram minha família aqui dentro, e eu não os consegui proteger.

Sabe, Victor... Você é um otário, como todos dizem. Você é tão otário quanto eu. Mas a diferença entre mim e você, é que eu tenho amigos. Eu não consegui proteger a Milene, mas agora eu posso proteger o Vinn. Como a Milene uma vez me disse: “Não exite em matá-los quando puder.” E advinha? Eu posso, e eu vou. Obrigado por ter sido meu amigo, Vinn. Espero que me perdoe, mas agora, eu estou sendo um amigo de verdade.

Agarro-me ao pescoço de Victor e então, dou um impulso com as pernas para trás. Nós dois caímos do penhasco sem nenhuma chance de se segurar. A última coisa que vejo é o rosto do meu amigo no alto daquele penhasco, chorando, a me desejar adeus.


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Notas finais do capítulo

Quero agradecer a todos que acompanharam a fic desde o inicio, e também aqueles que chegaram depois. Obrigado a todos os reviews e por me apoiarem tanto. Perdoem-me por ter atrasado tanto a postar alguns capítulos, mas eu nunca imaginei que conseguiria terminar de escrever essa história e agora ela chegou ao fim. Espero que todos tenham gostado de ler, tanto quanto eu gostei de escreve-la. Até uma próxima que eu prometo que será em breve :)



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