Uma garota nos meus sonhos escrita por Saber


Capítulo 10
E eu a beijei


Notas iniciais do capítulo

" I fell in love when I saw her, and she smiled because she knew"



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# E eu a beijei

–E as suas falas? Susanna poderia ajudar você a decorar suas falas, já que como você já sabe essa peça anual carrega o nome do Centro e por décadas vem trazendo...

– emoção e suspiros de todas as famílias de Windville e das cidades vizinhas. – Continuei a frase do meu avô. O que fez com que a Madre Suh levantasse uma das sobrancelhas enquanto colocava um pouco mais de açúcar no seu suco.

Mas sério, até quando eles iam continuar com aquilo. Meu avô agora todo almoço continuava com a mesma ladainha sobre a peça e o quanto ela era importante e agora convidava sempre Madre Largava Facil a Batina Por Você Shakespeare Seu Gato Suh pro almoço. O que me fazia super feliz como você pode imaginar...

– Qualé galera! Eu nasci pronta pra isso. - O “galera” tinha sido um pouco demais porque meu avô começou a engasgar com o suco e Madre Suh teve que dar alguns tapinhas nas costas dele pra melhorar. – Enfim, eu estou atrasada para o meu ensaio, e como sabem, é a prioridade agora.

Me levantei sem nem dar tempo de meu avô recuperar o folego, e assim que cheguei ao corredor comecei a correr, nunca quis tanto estar eu um lugar como queria estar naquele teatro.

Cada dia de ensaio era uma oportunidade para estar perto dela. E cada vez mais eu me surpreendia, ela gostava de coelhos, eles eram pra ela a coisa mais fofa do universo. Seu vestido favorito era o azul, ela gostava da natureza porque cresceu numa fazenda e a saudade de casa era o que a deixava triste de vez em quando.

E eu me prendia a cada detalhe, cada pedaço de histórias que ela me contava eram importantes pra mim.

– O que aconteceu por aqui?- Assim que cheguei ao teatro tudo estava coberto por panos e alguns homens estranhos estavam prendendo algumas coisas no teto. Rony com uma roupa social, (estilo que ele começou a usar sabe Deus porque) estava com uma pasta na mão e orientava as pessoas que estavam carregando as caixas.

– Ah Celine, estamos colocando os cenários hoje pra todos poderem encenar juntos .

– Mas falta muito mais de mês pra peça ainda...

–Sim, só que você não está cansada de ficar só lendo os papéis, as roupas ficaram incríveis e...

E eu comecei a desligar para o que o Rony falava, eu não queria ficar sozinha com Victória. Porque eu simplesmente não pensava direito mais, e eu sabia o que viria depois disso. Eu estava feliz de ouvi-la, de ver o sorriso dela. Eu não queria criar falsas esperanças

– E ai é só você subir as escadas e virar a direita perto da salas de som, ok? Celine...hey! Celine acorda!

– Oi, foi mal porque eu deveria subir as escadas?

– Você não escutou nada do que eu falei? – Rony agora me olhava com tédio, respirou fundo e continuou falando. – Victória está experimentando o vestido na sala superior.

Eu subi correndo de novo. Eu sabia onde era aquela sala. Antes de abrir a porta eu congelei, balancei mais braços e respirei fundo. Eu não ia perder o controle, não era nada demais. Era um ensaio como todos os outros.

Entrei na sala, e logo vi algumas cortinas cobrindo uma parte da sala, geralmente o pessoal usava este local pra aquecer para entrar no teatro, ou mesmo para pequenas apresentações.

– Victória você...

–Só um minuto- Eu prendi a respiração assim que ouvi a voz dela. Por algum motivo ela estava atrás das cortinas – Eu estou acabando de me arrumar. Não espie!

–Ok.

Eu esperei perto da porta.

– Que há num simples nome? O que chamamos de rosa, sob outra designação teria igual perfume. Assim Romeu, se não tivesse seu nome de Romeu, conservara ainda a perfeição que dele é sem esse titulo.

Victória então apareceu diante dos meus olhos. E era a garota mais bonita que eu já tinha visto na minha vida. O vestido de Julieta era perfeito, de um vermelho escuro que acentuava mais a beleza daquela pele clara. Ele era justo ao corpo dela e descia até seus pés, com alguns detalhes próximos ao busto, flores bordadas em preto. Ela era uma princesa.

Demorei um pouco para perceber o que ela estava falando. Victoria mantinha o ritmo da peça.

– Romeu, risca o teu nome, e em troca dele, que não é parte nenhuma de ti, fica comigo inteira. – Vicky agora estava apenas a alguns passos de mim, e seus olhos brilhavam como o dia. Aquele amarelo me atraia para um caminho sem volta, uma mente que eu não conseguia decifrar.

Respondi aquela frase com apenas um sussurro.

– Sim aceito sua palavra. Dá me o nome apenas de amor, e estarei rebatizado. De agora em diante não serei Romeu.

E eu tinha acordado.

Não era encanto, não era só a beleza. Era ela que eu via o tempo todo, era só ela. Victória.

Seus olhos, seus lábios tudo me hipnotizava. Me aproximei enrolando um de seus cachos na minha mão.

Eu me enganei por tanto tempo? Eu sempre soube desde o primeiro dia.

Eu tinha me apaixonado pela garota embaixo daquela arvore. A mesma arvore que era tão importante para o meu avô agora significava o mundo pra mim. Como uma maldição de família.

E eu sabia que não tinha volta, pois já tinha colocado um dos meus braços em volta da sua cintura a puxando para mim. Victória simplesmente me olhou surpresa e antes que pudesse abrir sua boca meus lábios já estavam colados aos dela.

E o mundo tinha sido apagado da minha mente. Ela colocou uma mão no meu ombro me empurrando levemente para trás, eu não me importava. A olhei por mais um segundo, seus olhos estavam fechados. Coloquei minha outra mão na sua nuca e a beijei agora com intensidade, eu a queria perto de mim e ainda não era suficiente.

E ela retribuiu o beijo e eu sentia seu perfume em mim. Até que ela colocou uma de suas mãos no meu rosto e eu me afastei um pouco.

E foi como um soco no meu estomago.

Victória estava com os olhos cheios de água. Ela estava prestes a chorar.

Eu tinha entendido errado? Eu pensei que...

Tentei erguer minhas mãos para alcança-la eu queria pedir desculpas. Se eu soubesse que ela reagiria assim eu nunca...

Mas assim que tentei me aproximar ela deu um passo para trás colocando a mão sobre a boca, tentando suprimir o choro.

E era como se tudo desabasse diante de mim.

– Sinto muito, eu...- Perdi a fala, e me virei para a porta. Eu nunca tinha me odiado tanto desde o dia que soube da morte do Will.

Eu não passava de uma covarde correndo pela porta. Logo depois de passar do portal esbarrei em alguém. Era Jessica, seguida pelo Rony. Eles me olhavam assustados e ela me ignorando foi direto para Victória.

E eu corri. Corri até meus pulmões queimarem. Foi quando eu parei para ver onde eu estava. Era a casa do meu avô, eu tinha corrido até a rodovia e entrado pelo portão que levava a casa do Max.

A luz da sala estava acessa, mas antes que eu batesse na porta ele já estava na varanda.

– Vô eu, eu... - Eu não conseguia continuar, assim que eu o vi eu desmoronei e as lagrimas rolavam sem que eu conseguisse parar.

Ele simplesmente me colocou em seus braços e arrumou meus cabelos.

–Ah minha criança...tudo vai ficar bem.

Ele continuou me abraçando enquanto eu soluçava.

Eu nunca pensei que amar alguém doesse tanto. Eu estava apaixonada pela Victória e agora eu tinha estragado tudo. Não podia ter de volta as migalhas que me mantinham. Não tinha volta, e agora eu não tinha nada.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, não deixem de comentar!



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