Escuridão era isso que via quando abri meus olhos. Meu corpo doía, minha cabeça doía, tudo doía.

Tentei me levantar, foi difícil, mas consegui ficar de pé apoiado nas pedras do lugar. Cambaleante fui em frente, não sabia meu nome, não sabia o que tinha acontecido comigo para estar aqui. Só me lembrava que havia desacordado em frente de uma garota loira. Não sabia minha relação á ela. Não sabia de nada. Só sabia que ela era linda.

Caminhando devagar, ouvi barulhos vindo de minha direita. Minha curiosidade me venceu e caminhei cautelosamente até lá.

A escuridão era muito, tateando as paredes de pedras, segui um caminho estranho, um chão irregular, cheio de pedras e mais algumas coisas fazendo Clak! toda vez que eu pisava em algo duro. Indo em direção aos sons, ouvi outro barulho, uma voz murmurando algo incompreensível, algo que para mim, não fazia coerência nenhuma uma palavra com a outra.

Andei na direção da voz, a voz parecia o chamar. Andando, encontrei uma luz fraca vindo de alguns metros á minha frente, andei mais um pouco e vi uma cena que me deixou um pouco... Intrigado.

Em uma parte um pouco mais iluminada da “caverna” havia um homem acorrentado, sua cabeça baixa, seus cabelos loiros estavam bagunçados, sua pele um pouco pálida e com vários arranhões.

Caminhei com cuidado até o homem, que nem havia me percebido, mas quando me aproximava ele me notou.

- Quer o quê aqui? Já não me torturaram o suficiente? – Perguntou ele, sua voz era como se metal raspasse em metal.

- Quem é você? – Perguntei curioso, tive a leve impressão de conhecê-lo muito bem.

O homem ficou tenso e levantou a cabeça, seus olhos me encaravam com surpresa e tinha ódio neles também.

- Ora! – Disse depois de se recompor – O Herói do Olimpo aqui? No Tártaro? O que faz aqui?

- Não sei... Acordei aqui já... E... Herói do Olimpo? O que quer dizer? – Perguntei desconfiado.

- Hum? Não sabe o que você é? – Disse e afirmei com a cabeça.

- Não, nem sei meu nome... – Murmurei triste.

- Vou falar o que você é... – Falou o encarando – Mas precisará me tirar daqui... Fui condenado à tortura sem motivos.

- Isso é injusto. – Exclamei.

- Então você me libertará? – Perguntou.

- Claro! Isso é muito injusto. Ser mandado pra cá para ser torturado por nada!

Caminhei até ele e fui com a mão no meu bolso, de lá tirei uma caneta. Não sabia o que estava fazendo, parecia que eu já tinha feito esse mesmo movimento muitas vezes. Tirei a tampa e a caneta se transformou em uma espada de bronze. Mirei nas correntes e acertei em cheio. As correntes se desprenderam dos pulsos e pés do homem que caiu de joelhos no chão.

- Oh... Assim melhor! – Murmurou ele aliviado.

- Então... Vai me contar o que sou? – Pergunto.

- Bem... Vamos sair daqui primeiro, antes que alguém nos veja e nos impeça de ir...

- Certo... – Concordou Percy um pouco hesitante.

Caminharam á passos largos pelo “corredor”, viraram esquinas e mais esquinas, os gritos de agonia e dor iam ficando mais fortes. Depois saímos em um local sombrio, várias estacas de madeiras com... Aquilo eram almas? Estavam presas a essas estacas e sendo torturadas por esqueletos, tinha também almas sendo perseguidas por enormes cães de pelagem negra e olhos vermelhos, outros estavam sem roupas e caminhavam em cactos com os espinhos bem afiados. Passamos por eles que nem deram bola para duas pessoas vivas...

Corremos para fora do campo. Sério aquilo era um campo mesmo. Era grande, mas não tão grande quanto ao local onde estávamos. Ele era grande, várias árvores negras estavam pelo caminho, uma névoa fina cobria o chão de gramado preto.

- Vou te falar agora... – Falou de repende o homem que se virou para encarar meus olhos – Você é um semideus.

- Semi o quê? – Perguntei confuso.

- Semideus, metade mortal e metade Deus. – Respondeu impaciente.

- O que tem haver com o... – Disse eu, mas ele me interrompeu.

- Tem tudo haver! Os deuses o mandaram para lá, no tártaro. O lugar mais sombrio e agoniante da face da Terra.

- Por que eles me mandariam para lá e... Espere! Deuses?

- Sim deuses. E sim, eles existem e você é filho de um Deus, mas não qualquer Deus, você é filho de Poseidon, o Deus dos Mares.

Fito ele alguns instantes, digerindo lentamente o que ele falou.

- Sou um... Herói? É isso? – Perguntei mais confuso.

- Sim... Eles o viam como uma arma, para eles te usarem e descartá-lo depois de vencer. – Respondeu friamente – Eles sabiam que você era um semideus muito mais forte que os outros. Eles o viam como uma ameaça á era deles.

- E por isso me jogaram lá? Sem memória e sem nada? E por que eu tenho a impressão de que sou maior de um garotinho de 12 anos...? – Perguntei indignado.

- Sim... É um jeito de eles o manipularem novamente, por isso voltou aos doze... E obrigado por ter me salvado... – Ele sorri para mim.

- Eu só achei injusto o que eles fizeram para você. – Falei com raiva.

- Perseu...

- Oi?

- Seu nome é Perseu Jackson. Você é um meio-sangue, filho de Poseidon.

- Perseu... – Murmurei sorrindo por saber meu nome.

- Temos que sair daqui... – Ele olha em volta nervoso – E rápido olhe! – Ele apontou para trás de mim, me virou e vi. Um exército de guerreiro mortos vivos caminhando em direção á eles – Parece que já nos descobriram.

- Corremos? – Perguntei olhando o homem cujo nome ainda não sabia.

- Corremos. – Confirmou e saíram correndo do campo.

POV autora

No Olimpo

- COMO ASSIM? PERCY FOI SEQUESTRADO? – Perguntou aos gritos Poseidon de seu trono, ele encarava uma garota de cabelos loiros cacheados e os olhos cinzas que estavam vermelhos por causa de lágrimas.

- Eu ouvi barulhos... – Falava a filha de Atena aos soluços – E... Quando cheguei ele quase estava apagado... Ele sangrava muito e parece que o garoto misterioso era muito mais forte que Percy...

- Quem era esse garoto Annabeth? – Perguntou Atena olhando a filha com preocupação, esses anos ela passou a tolerar o garoto, sabia o quanto sua filha o amava.

- Não me lembro, minha visão estava embaçada de lágrimas, eu... Eu... – Ela caiu em choro novamente. Perder seu amor de sua vida, na sua frente e não poder fazer nada. Era doloroso para Annabeth Chase.

- Temos que encontrar Percy. – Disse Deméter.

- Onde o garoto o levou? – Perguntou Apolo preocupado, ele gostava tanto do amigo.

Annabeth não respondeu, continuou chorando, ela continuaria á chorar até encontrar seu amor ou até suas lágrimas secarem.

- Vamos gente, temos que dar um tempo para minha filha... – Disse Atena olhando os outros olimpianos.

- MAS NÓS PRECISAMOS ENCONTRAR MEU FILHO! – Gritou o Deus dos Mares furioso pelo seqüestro de seu filho predileto, afinal ele era único filho do Deus.

- MAS NÂO VÊ QUE ANNABETH TAMBÉM ESTÁ SOFRENDO? – Exaltou a Deusa da sabedoria.

- MAS EU TAMBÉM! EU QUERO ENCONTRÁ-LO LOGO! – Grita ele em reposta.

- TODOS ESTÃO! MAS NÃO VAMOS PERGUNTAR Á ELA ONDE ELE ESTÁ AGORA! ELA PRECISA DE UM TEMPO PARA PENSAR!

- VOCÊ E SUAS LÓGICAS! EU...

- CHEGA! – Grita uma voz feminina alto o bastante para todos na sala se assustarem.

- Hera? – Todos perguntaram assustados.

- Se o garoto foi seqüestrado, deveríamos estar pensando em algo para resgatá-lo e não ficar discutindo entre nós!

- Hera... – Disse Poseidon – Você...

- Eu o tomei como meu campeão em segredo... Ele nem sabe que ele é meu campeão...

- O que? – Perguntou a semideusa com os olhos arregalados.

- Eu não guardo rancor dele, mas você filha de Atena, vai ver por ter me desrespeitado. – Fala a Rainha dos Céus e some em uma fumaça branca.

- O que... Ela sabe que... – Fala confusa Annabeth.

- Por incrível que pareça... Eu concordo com Hera... Precisamos pensar onde o garoto poderia ter levado Percy. – Disse Deméter.

- Onde poderia o esconder de nossos poderes. – Falou Hades.

- Que nós não faríamos idéia onde é. – Héstia continuou o raciocínio de Hades.

- Um lugar onde não poderíamos ir... – Athena falou pensativa.

- O tártaro... – Todos concluíram.

- Tártaro, por que ele iria levá-lo pra lá? – Perguntou Annabeth angustiada.

- O único lugar onde todos temem... Até nós os Deuses... – Falou Zeus.

- Então vamos resgatá-lo! – Falou uma Annabeth eufórica.

- Temos que ver o... – Ia dizendo Poseidon, mas Hades o interrompeu.

- ESPERE! – Gritou o Deus do submundo – Recebi um comunicado do meu reino...

- O que foi? – Perguntou Ares entediado.

- Houve uma fuga... – Falou e ficou um minuto em silêncio.

- Fale logo Hades! Quero salvar meu filho! – Exclama Poseidon nervoso.

- Cronos... Ele escapou do tártaro...

- O QUE? – Perguntaram/gritaram todos da sala.

- E ele teve ajuda... Um garoto de cabelos negros bagunçado... Vestindo uma blusa branca com capuz surrada, calça jeans rasgado e tênis preto...

- Percy... – Murmura Annabeth pensando em algo horrível.

- O que? – Perguntou Poseidon apreensivo.

- Percy estava com essas roupas quando foi capturado...

 - Não pode ser... – Sussurra Apolo abatido.

- PERCY AJUDOU CRONOS Á ESCAPAR? – Grita Zeus e raios caiem no salão.

- Não pode ser com o relatório de meus esqueletos... Ele estava hesitante... – Falou Hades olhando Poseidon com tristeza. O Deus dos Mortos já sabia o que havia acontecido com o sobrinho.

- O que quer dizer com isso Hades? – Perguntou Poseidon confuso. (Bem tal pai, tal filho. Que nesse caso é ao contrario).

- Que Percy foi mergulhado no Rio Lete, ele não iria lembrar que estava salvando Cronos... Ele conseguiu fazer com que Percy o resgata-se... – Concluiu Hades fazendo todos arfarem de surpresa.