Escuridão - O Mundo De Chimaera Giovanni escrita por Débora C Leão


Capítulo 1
I - Encontro


Notas iniciais do capítulo

Apresento-lhes Chimaera Lis Giovanni.



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Faziam onze anos naquele dia.

Por onze anos, ela jamais deixou de sentir, nem mesmo por não entender. Há onze anos atrás, seu pai - e avô - havia sido assassinado. Nem recorrendo ao mais alto governante, o príncipe de Veneza, Paolo Giovanni, ela conseguiu sequer resposta, de como e porquê. Até que enfim ela entendeu.

Nesses onze anos, ela havia estudado, para afastar-se do tempo livro, e para lembrar-se de seu pai. Seu campo de atuação não era a educação, mas Francesco adorava ler. Por esse hábito, sempre fora um homem muito bem-informado. Lia sobre tudo, sem preconceitos. Mas um, que muito interessava a Chimaera, ele sempre evitava.

-Qual era o problema, pai? Sempre pode ser controlado.- Ela disse isso em voz alta, e depois suspirou. A esse assunto, e todas as suas ramificações, Chimaera havia dedicado seu tempo nos últimos onze anos. Ele provavelmente desaprovaria, e diria isso a ela caso habitasse o Mundo Inferior. Infelizmente, Francesco tiver a segunda de suas mortes na condição de vampiro, e portanto não retornaria. Ela já havia aceitado isso, para lhe poupar esforços inúteis.

Chimaera pensou em tudo isso deitada em seu quarto, completamente isolado da luz. Ainda não havia acordado por completo, obviamente. Ainda eram 17h30. O Sol ainda estava a se por em Veneza. Sentou-se e olhou em volta preguiçosamente, como fazia com frequência. A suíte havia sido projetada por e para Francesco, quando de seu Abraço. Ela tinha lembranças engraçadas do lugar. Ora. Como assim, ela... não enxergava, é isso? Tropeçava, enquanto ainda era humana? Ela agora enxergava tudo ali dentro perfeitamente bem, obrigada. Aliás, faziam quase doze anos que ela sequer tropeçava.

17:52. Se ainda não estivesse escuro, ela pelo menos poderia já tomar banho e vestir-se. Ainda nem escolhera a roupa certa a se usar.

Coçou a cabeça, mais por certos hábitos humanos ainda arraigados do que por coceira propriamente dita, e levantou-se bufando. Que bobo. Ela sequer sabia o que realmente acontecia nessas chamadas "reuniões de clã". Era a sua primeira. Usou a desculpa de seus estudos consumirem muito tempo e viagens nas últimas três reuniões, ou "Encontros", como estava na mensagem. Mas infelizmente, apesar de não ser muito sociável, ela não podia esconder-se para sempre, não? (Principalmente quando o "para sempre" existe e é realidade imediata). Para suas futuras pesquisas, seria bom cultivar Contatos ou Aliados, ou pelo menos andar bem-informada sobre as ocorrências do Mundo Vampiro.

Agora já eram 18:09. Ela ainda estava de pé e quase totalmente imóvel, parada em frente ao guarda-roupas. Ali havia... uma mistura de roupas. Ela não ficava na casa desde pouco depois dos acontecimentos com seu pai.Ternos de Francesco, roupas exclusivamente suas, e... o que era aquilo? Chimaera puxou. Num relance azul, ela teria ficado quase sem fôlego, se respirar ainda lhe fosse imperativo. Tudo bem, ela agora havia encontrado o vestido adequado. Sapatos eram efêmeros, sempre tivera um gosto para eles. Não era fanática, mas era frequentemente elogiada por seu bom gosto. 

Ela não deveria perder tempo. Mas ela fez deste um longo banho.

Pronto. Quase 19h, e faltavam poucas daquelas tolices humanas. Penteado de cabelos, o mínimo possível (e aceitável pelos outros tolos Giovanni) de maquiagem. Brincos, os sapatos. Em trinta e dois minutos, ela estava vestida e arrumada. Cabelo penteado e tudo o mais. Olhou pela fresta da porta, para a casa, e decididamente não havia luz. Estava escuro lá fora, e ela já podia sair.

O caminho até o centro de Veneza não foi complicado, mas era longo. Eles - ela - viviam na fronteira. Chimaera ainda mantinha uma mansão na cidade, que continuava desocupada. A casa na fronteira foi construída logo após o Abraço de Francesco, para ajudá-lo a se acostumar com a vida de Membro. Foi onde Chimaera passou toda sua infância, e onde ela ainda ficava sempre que retornava à cidade natal. Nos últimos anos, não havia estado ali; a faculdade em Roma e depois no Canadá lhe fez ter pouco tempo para esse tipo de lazer e luxo.

O local era ridiculamente suntuoso. Eles estão sempre tentando se misturar - embora não com tanto esforço como os tolos da Camarilla - mas reuniam-se todos, quase um clã inteiro de vampiros, em um local assim, e ainda exigindo etiqueta. Ela sorriu. A etiqueta dela seria usada. Talvez eles gostem.

O salão ainda não estava cheio, embora o grande relógio emoldurado em ouro logo acima do palco já marcasse quase 21h. Vampiros Anciões, tsc. Sempre achando que uma noite a mais não faz diferença.

A espera, interrompida apenas com respostas rápidas a alguns cumprimentos, tornou-se mais interessante com a observação. Depois de algum tempo, Chimaera observou os olhares dos outros vampiros. Alguns olhavam com desdém, tomando-a como simples neófita ignorante; alguns olharam curiosos, nunca a tinham visto ali e se perguntavam quem deveria ser seu senhor que não era visto em lugar algum perto de sua cria; talvez muitos poucos devem tê-la reconhecido, e se o fizeram, disfarçaram bem. Mas ela não observou todos.

Ao seu lado, estava um belíssimo homem, de quem Chimaera não pôde desviar o olhar, de tão surpresa. Sua pele morena era quase dourada, seu corpo perfeitamente atlético (o esperado para um homem vaidoso que soubera que tinha sido escolhido para se tornar um Membro, tendo assim tempo para moldar sua forma física imortal), e seus cabelos, que lhe caíam incrivelmente bem no rosto, com poucas mechas de seu cabelo em sua testa. Ele era o que seria considerado... estonteante.

Mas Chimaera não ligava para a beleza do vampiro. E, ainda assim, não parava de encará-lo. Se não soubesse perfeitamente o porquê, ela imaginaria estar sob o efeito de Presença. Mas seus olhos acompanharam a franja do homem, e se ficaram naqueles olhos que não eram parecidos... Eram iguais aos olhos de seu falecido Senhor... e pai. Tanto quanto os seus próprios.

O estranho sorriu.

-Apenas pela sua completa surpresa, eu poderia deduzir quem foi o seu pai, querida. - Chimaera não recuperou a fala. Era como um súbito frenesi... as emoções eram muitas.

-Oras, vamos lá. Tudo bem que nem todos aqui o conheciam tão bem como nós, mas ainda assim, dois terços do salão, inclusive os arrogantes demais para demonstrarem, estão curiosos sobre o Membro que a gerou, sobrinha. Mas creio que deve ser divertido manter o suspense. - Seu "tio" lhe fez uma mesura e lhe beijou a mão. - Oras, mas que grosseiro sou... um estranho que fala primeiro deveria anunciar o seu nome. 

Era como ter um espelho em frente a si. Até os mesmos padrões de cores... em duas gerações. Agora, o tom de verde estava brilhante, como de excitação, quase se divertindo.

-Meu nome é Augusto Paolo Giovanni. Acho que você pode deduzir quem sou


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