No meio da Guerra escrita por Camyarsie


Capítulo 1
Fim do meu exílio


Notas iniciais do capítulo

" Sem muita sutileza, o meu ajudante me largou no asfalto, fazendo minha perna latejar um pouco a mais. Quando fui falar para terem mais cuidado, deparei com uma ponta de espada na minha garganta, com o dono dela me encarando friamente."



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ALEX

Lentamente, cheguei ao destino planejado. Entrei no mato e segui uns duzentos metros para encontrar uma tenda toda rasgada. Um pouco escuro, mas nada demais. Mais adentro um saco de pano cheio de latinhas de carne. Ora, era alguma coisa, pelo menos. Peguei minha faca que sempre carregava comigo e furei a latinha, devorando tudo o que tinha dentro.

Se você está pensando “Caramba! Por que você ficaria com uma faca o tempo todo?”. Resumindo, creio que você faria o mesmo se fosse perseguido por aberrações sobrenaturais mitológicas gregas.

Ainda estava entretida na latinha vazia, pensando se abriria outra, quando ouvi um galho se quebrando mais adiante. Permaneci imóvel, olhando curiosamente na mesma direção ao mesmo tempo em que colocava a latinha vazia no chão. O que quer que fosse estava bem camuflado entre poucas árvores (uma façanha interessante).

Apertei os olhos, tentando enxergar melhor. Nada mais que a uns dez metros, a criatura se traiu, seguindo mais um passo para pegar a sua presa. Vi o que era. Engoli em seco.

Tinha facilmente uns três metros. A pele era escamosa, mas o que mais chamava a atenção era as sete cabeças sibilando pra mim. Peguei minha faca, como defesa. Ela tinha uns trinta centímetros de comprimento, mas duvidava que assustasse a... A... Hidra – pelo menos, era parecida com a imagem que eu tinha visto na biblioteca quando fui pesquisar um pouco mais sobre mitologia grega.

Assim como eu, ela hesitava em sair de seu posto. Não sei pra que a hidra hesitava, já que era muito maior e provavelmente mais forte que uma adolescente magricela (tá, quem sabe não tão magricela assim).

Se eu resolvesse correr, com certeza seria seguida e alcançada facilmente. A não ser que... A não ser que criasse uma distração. Olhei para a lanterna apagada. Hum...

O monstro desistiu de esperar (sei lá o que) e partiu para o ataque. Rapidamente, me levantando, acendi a lanterna e a joguei o mais longe que pude.

Funcionou, serviu como uma luminária distraindo a criatura. Sem esperar mais, corri o mais rápido que pude em direção às árvores mais aglomeradas. sim, teria alguma chance de me esconder. O problema é que não estavam muito perto.

Corri à velocidade máxima que minhas pernas permitiam.

Meu plano quase imediatamente falhou, pois o ser de sete cabeças percebeu o que estava acontecendo e começou a acelerar o passo também. Nota mental: Nunca tente apostar uma corrida com uma hidra. A velocidade daquela coisa era bem superior à minha. Eu tinha que partir para o plano B.

Ah... Como seria bom ter um.

Minha fuga não daria certo. Eu ia morrer e ser devorada por aquela criatura asquerosa. Até já sentia seu hálito infernal... Opa. Olhei para trás rapidamente e quase caí de susto. Ela já estava a cinco metros de distância! E pior, preparava-se para lançar um cuspe em mim. Aí já era demais.

Subitamente, mudei de direção, virando para a direita. Bem no lugar que estava, surgiu uma linha de ácido, que ao cair no mato o mesmo chiou com o contato. E eu achando que era só um cuspe...

Mesmo confundindo o monstro, sabia que em questão de segundos ele iria me alcançar. Já estava extremamente cansada e assustada. Meu coração batia a mil.

Senti mais uma mira de ácido a caminho. Pulei para a direita... Porém não consegui escapar por completo. O líquido jorrou na minha perna esquerda, me fazendo cair, derrotada, no chão. A dor que sentia era indescritível, tinha a sensação que minha perna estava queimando, com o fogo cada vez mais intenso.

Sentada ainda, me virei, encarando os dentes mais próximos de meu rosto – menos de um metro de distância. Pareciam que estavam rindo da minha cara. Eles atacaram, e como minha última defesa, enfiei a faca que tinha no nariz da hidra, que recuou imediatamente.

Acho que a irritei. Ela deu um uivo ensurdecedor de dor e me encarou novamente, com muita, muita raiva. Ali sim, era o fim.

Mas, de repente, veio uma flecha sei-lá-de-onde que a atingiu no pescoço. Mas não era uma daquelas flechas comuns – ela estava em chamas. Prontamente, a hidra olhou na direção de onde a arma foi atirada, com eu fazendo o mesmo. Tinha um garoto a uns cem metros de distância encarando a adversária. Estava de armadura completa de bronze e com um arco na mão, preparando a próxima munição.

Sibilando, o monstro saiu correndo na sua direção. Sim, simplesmente desistiu de mim, mesmo sabendo que eu já estava derrotada – não que eu esteja reclamando.

O adolescente atirou mais uma flecha, dessa vez no peito da criatura, e nem assim ela parou de correr. Eu já estava pensando que o cara iria virar geleia. Ele tinha que correr! Não ficar atirando flechas!

Porém, parecia que ele tinha um plano em ação. Em um arbusto perto do jovem, o seu parceiro pulou pra fora do mato carregando um frasco com uma matéria esverdeada dentro.

– PROTEJAM-SE! – Ele gritou antes de jogar o pote na hidra e se jogar no chão, com o seu amigo seguindo o exemplo. Sem nem pensar, me deitei de bruços, protegendo a cabeça com os braços e esperando não sei o quê.

Ouvi uma explosão que fez o chão vibrar. Resolvi dar uma espiadinha para descobrir se o monstro tinha morrido ou não e vi o que estava acontecendo. Fogo verde a queimava, fazendo-a berrar de agonia (um som muito desagradável), no fim, ela desabou na grama, derrotada, e se desfez em pó.

Mas o problema não parou por ali. As chamas começaram a consumir todo o mato em volta, se alastrando rapidamente, vindo exatamente na minha direção. Desesperadamente, fui me arrastando para o mais longe possível do caos, porém mais uma vez estava perdendo a corrida.

Os meninos ainda permaneciam esparramados no solo, nem se tocando do perigo à volta. A dor não facilitava nadinha a minha situação.

– EI! – gritei, com a minha última esperança.

O parceiro grandão do garoto de arco-e-flecha gemeu e se mexeu. Ele ergueu a cabeça, confuso e finalmente se deu conta que precisava fugir. Pois é... Eu não tinha pensado que eles poderiam estar desmaiados.

Rapidamente, se levantou e arrastou o seu amigo mais para perto da rua, tentando reanimá-lo. Obviamente sem êxito, começou a correr na minha direção pelo caminho livre das chamas cada vez mais densas. Não pude deixar de reparar em sua belíssima e afiada espada de bronze.

Com dificuldade, conseguiu me alcançar, examinando a situação.

– Consegue levantar? – questionou-me.

– Não.

Ele fez uma careta. Me ajudou a levantar – comigo oscilando e precisando de ajuda para permanecer em pé.

– Consegue andar?

– Cara, eu não consigo nem ficar em pé sem ajuda, imagina andar.

Ele revirou os olhos castanhos e foi me ajudando a seguir em frente, o fogo já consumindo o lugar onde estávamos.

Com muito esforço, conseguimos alcançar o seu amigo, que já estava consciente e hesitando em me socorrer. Ele também vestia uma armadura completa e arrumava sua aljava de flechas.

Havíamos conseguido. Tínhamos conseguido escapar da morte.

Bom, pelo menos, eles haviam conseguido. A minha sobrevivência se tornou um pouco complicada ao que veio a seguir.

Sem muita sutileza, o meu ajudante me largou no asfalto, fazendo minha perna latejar um pouco a mais. Quando fui falar para terem mais cuidado, deparei com uma ponta de espada na minha garganta, com o dono dela me encarando friamente.

– Grega ou romana?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! É minha primeira fanfic... então peguem leve... :D E abusem nos comentários! Quero ver se estou me saindo bem...E HEY HEY! O primeiro capítulo está meio repetitivo como sempre encarando monstros... Mas a partir do próximo capítulo as coisas vão ficar mais diferentes!!



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