Chegara o dia 21 de Março, o primeiro dia da primavera. Mal abri os meus olhos na manhã, e sentia um novo ar me rodeando. Na hora que acordei uma luz, do sol, entrava pela janela do quarto, e eu acordava animada. Me levantei e fui tomar um banho. No banheiro tinha uma banheira com água morna destinada para tal. Me despi e entrei na água sentindo uma sensação reconfortante.

Após o banho, me seguei e coloquei um roupão. Fui ao meu quarto e comecei a olhar vários vestidos. Coloquei um simples, branco, que só tinha alguns enfeites em volta. A parte de cima tinha enfeites prateados, e as mangas eram curtas e abertas. Coloquei no pescoço o cordão com a diolgartyr. Eu ainda nunca tinha usado a pedra para algo, relutava em usá – la. Sei lá, eu tinha medo de me transformar em algo e não saber voltar para a minha forma normal. Depois, coloquei uma sandália prateada e branca.

Assim, fui colocar o meu anel, mas ele parecia não estar no lugar que estava antes, em seu lugar, estava um anel igual, porém de outras cores. O anel era dourado em volta, e suas pedras eram de vários tons diferentes, tinham umas verdes, outras escarlates, uma rosa, e algumas azuis. Peguei o anel na minha mão, e percebi que envolta, haviam escrituras élficas em Tengwar, que, infelizmente, eu não sabia ler. Então, coloquei o anel.

Depois separei um vestido que, em cima, na região do peitoral, tinha um tom meio rosa bebê, e a ponta em cima dessa região era prateada, porém nas mangas e na parte de baixo era verde (verde musgo, caso queiram saber), também com detalhes prateados. Esse vestido deixava os ombros um pouco de fora, onde também era levemente prateado.

Ele era fechado até a região do joelho, porém, em tal local, iá se abrindo, e, atrás tinha uma cauda bem longa. Continha alguns raros e pequenos enfeites, e alguns lugares havia variações do tom verde, e até outras cores (como o tal rosa). E a manga ficava presa ao punho, e a ponta desta era também rosa. Parte da cauda do vestido era prendida a essa manga, o que dava um efeito muito interessante ao vestido. Seria aquele vestido que usaria na festa da primavera, que seria à noite. Com ele, separei um par de sapatos verdes de salto, que tinham o desenho de vários arabescos prateados diferentes e uma tiara, que tinha o tom de ouro branco com um bem leve dourado em algumas partes, ela era cheia de pedrinhas coloridas.

Depois disso, saí do quarto.

***

Após o almoço, que havia sido simples, pela espera da grande festa que haveria à noite, fui para os meus aposentos, lá, vi a bola de cristal brilhando, e percebi que Kryn queria falar comigo.

–Então, o que houve?

–Nada, só estou aqui para avisar que, agora, no dia que achar sábio partir, é só me comunicar que, assim, farei o seu teleporte para Camelot.

–No dia que eu achar sábio?!

–Quero dizer, depois do banquete, você terá 5 dias para partir, senão eu terei que fazer você partir eu mesmo!

–Ok, calma. Eu irei te comunicar, tá bom?

–Tá.

–Tchau.

–Tchau.

***

O tempo estava correndo e a noite se aproximava. Nos meus aposentos, coloquei o vestido e o par de sapatos. Escovei os meus cabelos, lisos, e pequei uma mecha de cada lado para fazer uma trança, e o resto deixei solto. Deixei duas mechas onduladas para frente, e a orelha à mostra. Após isso, me maquiei, usando uma pasta (que era tipo um batom) de um tom rosa avermelhado. Passei uma leve sombra branca com um toque de dourado nos olhos e algo que era uma espécie de lápis de olho, que Kryn tinha me arranjado, e depois coloquei a tiara. Coloquei o anel e o cordão com a pedra. Eu era a portadora daquela pedra, então me sentia na obrigação de ficar sempre com ela. Estava quase pronta, e foi nesse momento que alguém bateu na porta.

–Sim?! - falei, quando Lindir abriu a porta.

–O banquete está servido, milady.

–Obrigada. - falei, dando um sorriso. - Estarei lá logo.

Assim, o elfo saiu. Coloquei brincos que combinavam com a tiara. Coloquei também uma gargantilha que combinava com o ambos. Esta tinha uma grande pedra azul e lilás no meio. Para finalizar peguei um “pano” (não é um pano, mas eu não sei que palavra usar para chamar isso...seria um manto?) todo prateado e longo, que coloquei apoiado nos meus braços, como uma capa que cobria da metade das costas para baixo.

Dei uma última respirada. E saí do quarto, rumo ao banquete. Algo dentro de min dizia que não seria simplesmente um banquete.

***

Quando desci todas as escadarias e dei no salão do banquete, uma cena festiva podia ser vista. Havia uma mesa gigante, com vários elfos sentados nela. E também haviam várias outras mesinhas em volta, com mais elfos nelas. Tinham pessoas tocando música, pessoas conversando, comendo, bebendo, dançando. Na mesa principal estavam Elrond, Elladan, outros elfos que desconhecia, e Elrohir. Este último, assim que me viu, se levantou.

–Aqui. - falou, puxando uma cadeira, na qual eu me sentei.

–Obrigada. - falei, e ele se sentou do meu lado.

Observei melhor o ambiente e notei uma mulher alta, uma elfa, de cabelos longos, ondulados e dourados, com olhos profundos e azuis, que vestia um vestido longo, branco e brilhante. No seu cabelo usava uma tiara brilhante e toda ornamentada. Quando me avistou deu um leve sorriso amigável, como se já soubesse quem eu era. Seus olhos pareciam me encarar sem descansar, e parecia que ela podia ler a minha alma só de me olhar, e ler os meus pensamentos também. Na verdade, foi um “jogo” interessante aquele momento, porque, como uma vidente e feiticeira, eu também podia ler mentes (eu ainda não era muito experiente, mas conseguia ler alguma coisa). Nós nos encarávamos, e, quando finalmente li alguma coisa, não consegui descobrir quem ela era (mesmo isso sendo um tanto óbvio), mas consegui descobrir que ela não estava lá só para o banquete, mas não consegui descobrir o que mais ela viria para fazer lá. Ela sentou exatamente no lugar na minha frente.

Com todos sentados em seus lugares, Elrond se levantou, com sua taça na mão, e um silêncio se formou no ambiente:

–'Quel undome! Mae govannen! Queridos amigos, estamos aqui reunidos com um único propósito! Sheelala, o festival da Primavera! Que a festa comece! - assim, Elrond se sentou, os músicos começaram a tocar e todos começaram à festejar.

Eu tentei esquecer aquela estranha mulher que estava na minha frente. Por isso, comecei a comer e beber, feliz, ignorando todo o resto, como se nada ruim tivesse acontecido. Na mesa tinham várias folhas e frutas diferentes, os mais diversos tipos de comidas e bebidas. Tinham vários vinhos, mas eu não bebia, então (eu que esperava estar limitada à só beber água), me ofereceram um suco. Esse suco era muito estranho, mas tinha um gosto e aroma delicioso. O suco tinha gosto de várias frutas, algumas que eu sabia quais eram, e outras que eu nunca tinha provado na vida. E o mais interessante era a cor da bebida, que era quase transparente como água, a única diferença era que tinha uns leves tons rosa nela.

–Qual é o nome desse suco? - perguntei à Elrohir.

–É Hidreymial.

–Hmm. - falei. - Nomezinho complexo para um suco... - murmurei, fazendo ele dar uma leve, e escondida, risada.

Foi nesse momento que eu parei para perceber as roupas que as pessoas estavam usando. Elrond usava uma túnica roxo escura e longa. Elrohir, usava uma armadura élfica prateada toda ornamentada.

Passado um tempo, as pessoas conversando. E alguns elfos se levantaram para dançar e cantar. Elrohir se levantou também e me chamou para dançar. Eu me retirei da cadeira, deixando o manto, e ele segurou a minha mão, me levando para o local onde os outros estavam dançando, cantando e tocando seus instrumentos. Finalmente em nossos locais, começamos a dançar ao som da melodia.

–Afinal, de onde você é? - perguntou Elrohir, enquanto dançávamos.

–Venho de fora da Terra – Média, ainda não sabia?

–Sabia, mais, como você vem de fora da Terra – Média? Você não é de Valinor, se estou certo...

–Não, não sou de Valinor, mas também não sou da Terra – Média. Sou de muito além. Muito além destas terras, muito além deste mundo. Como disse ao seu pai, posso dizer que eu sou de uma terra muito distante, muito além dos confins da Terra - Média. Um lugar onde certas criaturas são somente mitos...um lugar onde não há nada como elfos, orcs ou hobbits. Nossos anões são somente humanos mais baixos e as pessoas de lá são parecidas porém diferentes das que aqui vivem. E, infelizmente, muitos já perderam os valores que aqui ainda existem.

–Então, como foi parar aqui?

–Não sei, eu ainda estou tentando descobrir...

–Hmm, estranho...Então, o que está achando da festa.

–Estou gostando. - falei, quando, de repente, uma imagem de dois olhos azuis veio à minha cabeça, e eu podia ouvir a voz de uma mulher, falando comigo.

–O que veio fazer aqui? - falou a mulher em minha cabeça, que começou a doer.

–Está tudo bem? - perguntou Elrohir.

–Está, só que estou um pouco cansada, acho melhor me retirar. - falei.

–Foi um prazer. - disse, fazendo uma reverencia e me dirigindo aos meus aposentos.

***

Estava subindo as escadarias, olhando para baixo, me encaminhando aos meus aposentos, quando, de repente, ouvi um barulho. Olhei para frente, nada, para trás, nada, Olhei para a esquerda, nada também, quando olhei para direita, parecia que o barulho vinha de lá. Me direcionei na direção do barulho. Fui andando, dando na sala parecida da onde ocorrera o ataque dos orcs, que, no fundo tinha uma pequena elevação. Nessa elevação, havia uma elfa, que usava um manto cinzento por cima de um vestido branco, porém ela estava de costas. Quando percebeu minha presença, ela se virou. Era a elfa que tinha aparecido na minha cabeça. Foi aí que percebi, era Galadriel, lady de Lórien.

Palavras em élfico:

'Quel undome! = Boa noite!

Mae govannen! = Bem vindos!

Sheelala = Festival da Primavera