Doce Problema escrita por Camila J Pereira


Capítulo 16
Magia




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Edward

Sim, era uma quietude agradável a que nós dois mergulhamos. Era mágico estar aqui com ela admirando o céu estrelado. Era mágico olhar o seu rosto tão relaxado e tranquilo. Aproveitei para embriagar-me da presença dela, olhar seus olhos se fecharem ao aproveitar o frescor da noite. Nessa noite, exatamente hoje seria a reviravolta. No dia seguinte, tudo poderia acabar. A partir do momento que eu falasse o nome que vi escrito no cartão, tinha certeza de que ela lembraria. De repente Bella poderia me olhar e dizer: “Ora, ora! Lembrei-me de minha vida e você não faz parte dela”.

Eu sou realista, sei que os momentos de sonhos devem durar apenas alguns minutos. Bom, o meu durou um pouco mais, exatos dois dias e meio. A realidade logo se intrometeu e os fatos têm de ser enfrentados. Embora eu preferisse ficar olhando para Bella até o sol nascer, sem dizer uma única palavra que quebrasse esse encanto, tinha a obrigação de tratar de assuntos mais prosaicos.

- Bella... - Comecei novamente com esforço. Minha voz saiu um pouco trêmula e ela me olhou com um olhar doce. - Eu encontrei um cartão de visita na sua mochila. Não havia agenda telefônica, nem aparelho celular, nem comprovante de reserva em hotéis. Nada que indicasse seu destino.

- Ou a minha procedência. - Completou parecendo triste.

Pigarreei, estava sem coragem. Era difícil continuar em especial por temer que qualquer detalhe pudesse reavivar as memórias perdidas dela. Eram pensamentos controversos, eu sei. Queria ajudá-la, mas ao mesmo tempo queria conservar esse momento.

- Bem, o cartão de visita tem o código da Califórnia. - Vi sua expressão mudar, ela agora forçava-se a lembrar.

- Não me recordo de nada na Califórnia.

- Você pode ter morado lá ou apenas visitado o lugar. - Bella negou com a cabeça, mas tinha chegado o momento crucial. - Emmet Gilbert pode ser seu amigo ou seu advogado.

Vi um lampejo em seus olhos e ela cruzou os braços parecendo tremer um pouco. Droga! Era o que eu temia, era claro que essa reação indicava algo.

- Advogado?

- É o que está escrito no cartão. Emmet Gilbert, Los Angeles. Isso significa algo? - Eram namorados? Se fosse meu coração despedaçaria com certeza.

Bella

Emmet Gilbert... Advogado. Los Angeles. Califórnia. Emmet Gilbert... Amigo. Eu tentei digeri as informações. De repente, senti um aperto no estômago, muito frio e a dor de cabeça voltou a me incomodar. Emmet Gilbert não significava nada, mas também não me fazia bem. Emmet Gilbert... Havia alguma coisa aí que eu não conseguia identificar. Era algo não muito agradável que a minha memória expulsara.

- Por favor, Edward, não quero mais pensar sobre isso. OK? Não quero! - Implorei. Seus olhos arregalaram com a minha reação.

- Bella, sinto muito. Só estava tentando ajudar. - Ele tocou em meu braço para me acalmar.

- Pode me ajudar a não pensar Xerife.

- Tudo bem, Bella. Acalme-se.

Edward

A expressão dela me assustou. Bella parecia distante, estática. Nem sequer piscava. Na penumbra suas pupilas brilhavam com uma emoção intensa, indescritível. A brisa estava carregada por sentimentos confusos e conflitantes. Era notável que este era um momento que poderia mudar o curso do futuro de qualquer pessoa.

Bella continuou imóvel e eu podia ver uma tempestade silenciosa em seus olhos escuros. Devagar, vi seu olhar pousar nos meus lábios. Sua boca se entreabriu num suspiro silencioso e eu acho que a imitei involuntariamente. Meus sentidos ficaram mais aguçados neste momento poderia ouvir o farfalhar das folhas das árvores ali perto até podia sentir o perfume das flores. Por um momento o tempo pareceu parar. E ficaria muito feliz se parasse agora.

Segurei seu rosto delicadamente entre as minhas mãos, aproximei nossos rostos lentamente e afaguei seus cabelos. Eram muito macios, frios, agradáveis de serem tocados. Um arrepio percorreu o meu corpo e não foi uma reação ao vento frio. Peguei uma mecha ruiva e a beijei, fechando meus olhos por um segundo para sentir melhor aquela sensação única. Foi um gesto inocente, mas o resultado final foi um homem com pensamentos nada puros. O que restou de meu autocontrole foi consumido pelas chamas da paixão.

Tomei seus lábios de assalto e perder-me no beijo foi como perder-me numa fantasia surreal. Para mim foi tudo o que imaginei que seria nesses dois dias. Os lábios dela eram mais suaves do que o toque do luar, entreabertos e ardentes. Apossei-me deles com voracidade. Minha mente recomendava calma e gentileza por causa dos ferimentos dela. Meu corpo, porém, aconselhava outra coisa. “Agora, agora, enquanto você pode. Toque-a, prove do gosto dela e lembre-se de tudo depois.”

Nossos lábios se separaram, respirava forte olhando dentro dos olhos dela. Bella também ofegava e toda ela tremia assim como eu. Suas mãos estavam espalmadas no meu peito e me deliciava com o seu toque. A brisa brincava com seus cabelos espalhados, mechas anelados nos seus ombros e braços. Realmente não estava preparado para a maciez do seu beijo, para a doçura de sua boca úmida. Haveria muitos pormenores para serem lembrados, para serem assimilados.

Eu não disse nada. Apenas a admirava enquanto memorizava cada detalhe: a sua respiração rápida, as formas dos seus lábios carnudos e luminosos, seu olhar confuso. Com toda a ternura que sentia beijei-lhe a ponta do nariz, isso pareceu despertá-la. Bella piscou e cruzou as mãos no colo. Eu apertei-as entre as minhas, entrelaçando os nossos dedos.

- De mãos dadas. - Sussurrei. Não queria que ela sentisse medo da magia que nos envolvia. - Como duas crianças no jardim de infância. Você vê? Muito inocente. - Falei tentando diminuir a tensão sexual que sentia. Os lábios dela se curvaram num sorriso trêmulo.

- Se era assim que se comportava no jardim de infância, deveria sentir vergonha. - Achei graça do comentário feito por ela, pelo menos sabia que ela não me repudiaria. Havia uma esperança.

- Eu bem que deveria, mas não sei se estou arrependido.

Rimos juntos, mas depois novamente o silêncio caiu entre nós dois e era tenso por causa das novas regras e mistérios tentadores. Não era tão embaraçoso quanto era carregado de perplexidade. Desde a adolescência eu nunca perdi a autoconfiança quando o assunto era mulheres. Na realidade, nunca tive tempo para ser humilde. O assédio feminino sempre foi grande.

E agora tinha que raciocinar muito e rápido para encontrar a coisa certa para dizer, a coisa certa para fazer. Quanto mais pensava, mais as respostas me faltavam. Nunca me preocupei muito com isso antes. Bem, na verdade, nunca me preocupei nem um pouco com isso.

- É estranho... Quem esta com amnésia é você, e no entanto, foi a mim que deu branco total. Parece que meu cérebro parou de funcionar. - Ela sorriu.

- Sei bem o que é isso. Talvez seja contagioso. Já imaginou?

- Pode ser que você seja contagiosa.

Ela sorriu mais, porém depois tentou disfarçar um bocejo. Sua euforia transformou-se em letargia. Ela parecia exausta.

- Isso é terrível. Pobre xerife Cullen!Contagiado por mim, uma fora da lei!

Gargalhei quando ela terminou de falar, então levantei de imediato e a peguei novamente nos braços.

- Bella, adorei beijá-la e estou louco para fazer isso outra vez. Mas não hoje.

- Não? - Fingiu ficar triste e vi um biquinho em seus lábios.

- Você não é uma fora da lei e já é hora de uma boa menina desmemoriada ir para a cama. Além do mais, sou responsável por seu bem-estar, esqueceu?

- De maneira alguma. - Sorriu ficando séria em seguida. - E sobre aquele advogado, Emmet Gilbert? O que vamos fazer?

- Deixemos para nos preocupar com Gilbert amanhã, combinado? - Ela assentiu. - Eu deveria ter lhe dito isso mais cedo, mas estive muito ocupado com o trabalho na delegacia. Quase não tive tempo de respirar. Amanhã é feriado na cidade e poderemos nos dedicar a entrar em contato com ele. Poderei também verificar os documentos da Harley, se você quiser.

- Se eu quiser? Não quer livrar-se de mim, xerife?

“Ah se você soubesse o quanto quero que fique ao meu lado!” pensei imediatamente.

- A questão não é o que eu quero.

- O que você quer, xerife? - Sua voz ficou carregada de sensualidade. Ela não sabia que o meu limite poderia ser ultrapassado a qualquer minuto? Tomei fôlego para respondê-la.

- Acredite em mim, Bella, você ainda não esta preparada para ouvir a resposta. - Abri a porta com o pé e entrei em casa com ela nos braços. - Apenas confie em mim.


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