Kono Ame No Hi Wa escrita por Shiroyuki


Capítulo 1
Capitulo Único




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Mitai kao ga aru no

...Kikitai koe ga aru no

Me ga sametara...








Todos os dias, quando acordava, havia um rosto que Nagisa queria ver. Uma voz que ele queria escutar. Apenas esse pensamento já dava a ele energia para pular para fora da cama logo que o despertador tocava. Queria estar com ele o mais rápido possível!

Desde a primeira vez que vira Ryuugazaki Rei, na cerimônia de entrada daquele ano, Nagisa ficou absolutamente encantado. Olhava de relance para aquela figura tão séria e distinta, e tinha a certeza de que queria se aproximar dele. Rei era atraente ao seu próprio modo, e seu comportamento discreto dava margem a muitas especulações. Mesmo sendo inteligente, ele ainda era atlético e gostava de esportes. Nagisa era curioso e determinado, queria desvendar todos esses mistérios por si só. Sentiu que aquela podia ser a sua missão em vida.

Foi então que passou a espiá-lo durante os treinos do clube de atletismo, por vezes, e quando decidiram finalmente formar o clube de natação, ele foi o primeiro que passou pela sua cabeça. E então, a descoberta! O primeiro nome daquele que Nagisa já observava de longe desde o início do ano, e não restaram mais dúvidas. Precisava que Rei estivesse nesse clube! Ele era um deles, um garoto com nome feminino! O destino já tratara de uni-los antes mesmo de se conhecerem.

Nagisa foi inabalável, e cercou Rei ao máximo, até fazê-lo ceder. Insistiu com todos os argumentos possíveis e imagináveis, e não aceitaria uma recusa facilmente. Queria estar perto de Rei, não importava o quê. Apenas observá-lo de longe nos treinos dele ou durante a aula já não era o bastante. Ele queria descobrir mais sobre aquele garoto, sabia que ele deveria esconder muitas coisas por baixo daquele uniforme escolar tão bem arrumadinho. Ele estava certo nas suas suposições…

Rei tinha muitos lados diferentes, assim como ele pensara a príncipio, era um atleta incrível, com um corpo perfeito, e dotado de muita persistência e vontade! Tinha até mesmo um lado um pouco exagerado, que à primeira vista podia passar despercebido, mas que só fazia Nagisa querer conhecê-lo ainda melhor. Ele queria muito estar perto dele, ser seu amigo. Talvez mais do que um amigo. Pois em algum ponto entre aquele momento e finalmente a aquiescência de Rei em se juntar ao clube, Nagisa acabara se apaixonando…

Agora, era com muita satisfação que ele ia para a estação de trem, sabendo que encontraria Rei por lá, e que ainda poderia vê-lo durante a aula, e depois dela, durante os treinos. Sentia vontade de sair saltitando, preenchido por aquele sentimento alegre e espontâneo que se espalhava ia das pontas dos seus pés até o último fio de cabelo, só de pensar em Rei.








E lá estava o alvo dos seus pensamentos, parado como sempre com um livro nas mãos, a mochila verde-limão bem presas nas costas, o uniforme escolar alinhado, os óculos no rosto. Nagisa sorriu, correndo na direção dele e enlaçando sua cintura com força, no seu habitual comprimento matinal.

— Ohayo, Rei-chan… - ele ergueu o rosto, com os olhos escarlates brilhando intensamente. Não conseguia segurar o sorriso que se espalhava tão facilmente pela sua face.

— Nagisa-kun. Ohayou gozaimasu. – Rei cumprimentou, sem levantar os olhos do livro que lia. Nagisa sorriu ainda mais abertamente. Adorava quando ele dizia seu nome. Enquanto esperava o trem, ele deu uma olhada rápida no título do livro, e leu “Técnicas de Mergulho e Natação”. Ele era sempre tão esforçado… Nagisa sorriu. Amava isso também!

O trem deles chegou logo, e eles adentraram, com mais vários outros alunos da Iwatobi que também iam por ali. Nagisa sentou no banco perto da janela, e Rei ficou de pé a frente dele, cedendo o lugar vago para outra garota que estava ali.

— Olha, Rei-chan… o tempo está nublado… - Nagisa comentou distraidamente, olhando pela janela do trem, onde toda a paisagem se transformava em um borrão indistinguível, exceto pelo céu ao longe, que estava repleto de nuvens cinzentas e pesadas. – Se começar a chover, não poderemos usar a piscina...




— Isso será um problema – ele disse, ajeitando os óculos com a palma da mão aberta – Eu queria aperfeiçoar ainda mais o meu estilo de natação!




— Ah, sim! – o loiro bateu palmas, animado – Eu acho que o Rei-chan fica lindo quando nada borboleta!

— Evidentemente que sim! – Rei riu, convencido, embora seu rosto tivesse corado ligeiramente com o elogio. Nagisa adorava quando ele fazia aquele tipo de expressão. Adorava a risada dele, também. E enquanto o observava voltar para a leitura, concentrado, o tempo passou rapidamente, e logo já estavam na estação onde tinham que descer.




E é claro, a chuva não tardou a cair. Quando era a hora de irem para a prática na piscina, ela caia torrencialmente lá fora. As árvores se moviam violentamente com o vento, e a água caía com tanta força que fazia barulhos altos no telhado da escola. Eles tiveram que se reunir na sala do clube, procurando alguma coisa para fazer nesse meio tempo.






— Ah… sem bíceps hoje… - Kou reclamou, sentada no banco azul da sala, abraçando as próprias pernas.

— Não fique desanimada! Amanhã nós vamos poder nadar de novo, Gou-chan! – Nagisa estava ajoelhado no banco bem ao lado de Kou, olhando para fora.

— É Kou. – ela se limitou a dizer, olhando para Nagisa como se pudesse tortura-lo até a morte apenas com isso.

— Hey… - ele se inclinou na direção de Kou, sussurrando no ouvido dela em tom de conspiração – E se nós fizéssemos o Rei-chan vestir de novo a minha sunga? – ele olhou de relance para o garoto de óculos, que estava do outro lado da sala fazendo as suas tarefas ou algo assim, e nem imaginava que estava sendo alvo de um possível ataque. – Seria divertido…

— É uma boa ideia… - ela sonhou por poucos segundos, antes de voltar para a Terra – Mas eu não quero ser repreendida de novo pela sensei por causa dos gritos, como da última vez que nós resolvemos se divertir com uma das suas ótimas ideias, não mesmo! – ela encerrou o assunto, voltando a ficar entediada.

Percebendo que perdera sua aliada, Nagisa voltou a olhar pela janela, e observar Makoto no meio da chuva, munido de apenas um guarda-chuva, tentando parar aquele Haruka que queria a todo custo mergulhar na piscina, mesmo que o mundo estivesse caindo lá fora.

— Ah, a chuva parece que não vai parar. Nós deveríamos ir logo para casa… - ele comentou, aborrecido, escorando o rosto nos braços, no peitoril da janela. – Mas eu não trouxe um guarda-chuva… Você pode dividir o seu comigo, Gou-chan?

— Eu tenho um, mas não vou para a mesma estação que você, então não adianta nada. E meu nome é Kou. – ela completou, pela segunda vez em menos de um minuto.

— Eu posso dividir o meu com você, Nagisa-kun – Rei, que até aquele momento esteve alheio à conversa, ergueu-se. Nagisa virou para ele, com um sorriso radiante formando no rosto. – Você quer ir agora?

— Claro!

Nagisa pulou do banco na mesma hora, e depois de dar tchau para Kou e notar que Haruka havia conseguido pular na piscina, e agora Makoto tentava convencê-lo a sair, os dois foram em direção à saída da escola. Trocaram de sapatos, e Rei armou-se com seu guarda-chuva.

— Hoy, Rei-chan… - no caminho para a estação, a chuva deu uma amenizada, e Nagisa inclinou a cabeça na direção do outro – Você vai fazer alguma coisa amanhã, depois da aula?

— Não tenho planos.

— Então, você me ajuda com matemática? – ele inclinou o rosto, erguendo os olhos enormes e soltou seu braço, inclinando-se ligeiramente para poder enxerga-lo melhor. – Eu não entendi nada daquilo da aula de hoje…

— Tudo bem, eu não me importo de ensiná-lo – Rei concordou sem se importar. Nagisa distribuiu seu melhor sorriso, chapinhando os pés nas poças de água.

Chegando à estação de trem, Rei fechou o guarda-chuva molhado. Os dois pararam na plataforma, esperando pelo trem novamente, como naquela manhã, e ouvindo o barulho de chuva acima de suas cabeças. Nagisa sustentou por alguns minutos uma conversa aleatória sobre os uniformes do clube. Logo o trem chegou à plataforma, e eles tiveram que se calar, enquanto adentravam. Estava parcialmente vazio, já que eles haviam saído mais cedo, e havia lugar para ambos no banco perto da porta.

Discretamente, Nagisa relaxou seu corpo, e fingiu dormir. Deitou a cabeça no ombro de Rei, como se não fosse nada, e aninhou-se a ele, aproveitando para sentir seu cheiro e seu calor. O paletó do uniforme estava um tanto úmido pela chuva, mas ele nem ligava para esse detalhe. Só queria ficar perto de Rei, de uma maneira que ele não pudesse o afastar, sentindo que, ao menos em um breve instante como esse, Rei estava com ele e com ninguém mais.

O tempo passou rapidamente, e Nagisa estava quase dormindo de verdade quando ouviu o chamado de Rei, dizendo que chegaram à parada. Levantou rapidamente, saindo do trem, e seguindo pela saída com ele. A chuva não dava trégua, e os trovões ao longe podiam ser ouvidos ecoando. Será que Haruka ainda estava na piscina?

— Eu levo você até em casa. – Rei informou, abrindo novamente o guarda-chuva para Nagisa, que caminhou ao seu lado, muito mais próximo do que seria necessário.

Ele pensou em talvez dizer que não precisava tanto, mas não abriria mão de uma chance de ficar mais tempo com Rei, não mesmo. Agradeceu pela oferta, e nganchou seu braço no de Rei, de forma quase possessiva, e os dois seguiram pelo caminho juntos. Nagisa pensava que isso os fazia parecer um casal apaixonado de namorados. Ah, seria bom se fosse verdade...

Já Rei parecia absolutamente acostumado com a falta de decoro e a invasão de espaço pessoal permanentes, com Nagisa, e não se incomodava tanto com isso quanto no início, quando o conheceu. Talvez o contato constante fosse a consequência de se aproximar de alguém como Nagisa, no final das contas.

– Nee, Rei-chan… - ele chamou de repente, com a voz baixa, que já era incomum, quase sendo abafada pelo ruído da chuva - Você já teve alguma namorada?

A pergunta pegou o sempre tão preparado Rei desprevenido. Ele disfarçou ajeitando os óculos, e segurou o guarda-chuva com mais força. Nagisa pode sentir os músculos do braço dele se contraindo com o movimento.

— B-bem… eu não sou da opinião de que tais experiências sejam… realmente necessárias… - ele olhou em frente, enquanto falava. – Coisas como… a-amor ou namoros… não possuem fórmulas exatas ou métodos efetivos, que garantam resultados eficazes. A possibilidade de falha é tão grande que não vale o risco. Ciências inexatas como essa não me atraem particularmente, eu prefiro manter-me livre dessas discordâncias, para evitar incômodos maiores.

Aquela falação toda era apenas para dizer que ele tinha medo de relacionamentos, foi o que Nagisa pensou. Apesar de tudo, era um lado fofo dele também.

— E você já recebeu alguma confissão? – ele continuou no interrogatório, fingindo não notar a evidente perturbação de Rei em tratar daquele assunto.

— Durante o fundamental, duas vezes… - ele admitiu, relembrando – mas nunca tive desejo de aceita-las, nem mesmo por consideração às garotas que se esforçavam por isso. Rejeitá-las sempre foi complicado, um esforço desnecessário, além de problemático.

— Ah, Rei-chan é tão frio~ - Nagisa resmungou, dividido entre a solidariedade para com aquelas garotas desconhecidas, e o sentimento de ciúme por elas terem ido tão longe a ponto de se confessar para o seu Rei-chan. – Mas você não teve nem mesmo curiosidade, de saber como é?

— O método de tentativa e erro não está entre os meus mais cotados. Eu só iria em frente com qualquer uma delas se tivesse a garantia de que nenhuma variável fosse falhar. – ele manteve o tom de voz controlado, e continuou a falar – Qualquer coisa incerta e sem evidências concretas e provadas como relacionamentos pessoais a esse nível, não pode ser levada em conta simplesmente por curiosidade.

Nagisa o fitou de canto, suspirando e voltando o olhar para os pés. Juntou as mãos atrás das costas.

— Mas não tem graça se você já souber o final, certo? – ele argumentou – O divertido de estar com pessoas, é por que você nunca consegue prever a maneira como elas vão agir, e elas nunca agem da mesma forma. É sempre uma surpresa! E mais… você diz que não aprova a tentativa e erro… mas quando estávamos tentando fazer você nadar, você aceitou, mesmo não sabendo aonde isso ia dar…

— Bem, era uma situação completamente diferente – Rei ponderou.– Eu queria aprender a nadar. Nadar… tão bonito quanto o Nanase-senpai. – os olhos dele brilharam por um momento, por trás dos óculos, enquanto ele falava. Nagisa o fitou, surpreso.

— Então… você admira mesmo muito o Haru-chan, não é? – ele riu, segurando com os dedos manga do paletó, que estava meio úmida pela chuva – Até mesmo decidiu se juntar ao clube, só em vê-lo nadar. E agora, quer ser como ele…

— Bem, eu tenho que admitir que realmente admiro muito o Nanase-senpai. – ele sorriu contidamente, empurrando os óculos.

— Hm… - Nagisa virou o rosto, se abstendo de fazer qualquer comentário agora. Sabia muito bem que, depois de tudo, fora Haruka o responsável por atrair Rei para o clube, e ainda sabia que os dois possuíam pontos em comum, que os identificavam. Eles se davam bem, para os parâmetros de Haruka, que dificilmente se deixava aproximar-se das pessoas.

Naquele dia em que Rei estava desanimado por não conseguir nadar, fora Haruka, que nem gosta de falar tanto assim, que o motivou novamente, e o ajudou a descobrir seu próprio estilo dentro da natação. Por mais que Nagisa quisesse muito ajudar, em nenhuma das vezes ele conseguiu, ainda que se esforçasse. Ele queria tanto ser alguém importante para Rei, alguém de quem ele dependesse, alguém com quem pudesse contar. Queria ser valorizado por ele. E agora, contrariando as suas próprias expectativas, sentia-se fraco e impotente, tomado pelos ciúmes e pela insegurança, sem nenhuma perspectiva em mente.

Sentia que queria agir, fazer alguma coisa para mudar aquela situação, qualquer coisa. Seu coração pulava no peito, dolorosa e rapidamente, exigindo que alguma atitude fosse tomada. Nagisa sentia que não podia mais se conter. Estavam chegando à rua da sua casa. Ele não tinha mais tempo. Olhou para o céu cinzento, onde pequenos espaços entre as nuvens deixavam passar dourados raios de sol, que faziam brilhar a chuva que caia sem parar. Será que formaria um arco-íris?

— Rei-chan… - Nagisa chamou mais uma vez, e estancou no meio do caminho. Rei parou também, fitando-o com curiosidade. – Rei-chan, o que você acha de mim?

— Ahn?

— Você diz que acha a maneira do Haru-chan nadar muito bela. E você ama coisas belas. Então, o que você acha de mim? – ele insistiu, apoiando-se no peito dele para se impulsionar na ponta dos pés, e chegar ainda mais perto – Eu sou belo?

— Ah… q-que pergunta é essa? – ele se atrapalhou, girando os olhos para todos os lados, sem conseguir encarar Nagisa, com seu rosto em chamas. – Você nada muito, muito bem…

— Não estou falando de natação – Nagisa encarou-o como um predador frente ao seu alvo. Rei estremeceu – Você me acha belo? – ele repetiu, sem hesitar.

– A-a-ao invés de b-belo… eu diria… eu diria fofo… - ele respondeu, incerto, inclinando-se para trás para escapar da aproximação desmedida de Nagisa.

— Fofo… - Nagisa repetiu, voltando seus pés ao nível normal do chão, o que fez Rei conseguir voltar a respirar normalmente. Fofo não era bom. Rei amava coisas belas, não coisas fofas. Tinha diferença. – Mas… você me acha atraente? – ele inclinou a cabeça, com os olhos suplicantes.

— O q-quê? – Rei engasgou, recuando um passo. O guarda-chuva quase escorregou das suas mãos. Nagisa o soltou, mas manteve o olhar firme. Não estava certo de que aquele era o melhor momento, ou se não estava se precipitando, mas depois de começar, ele dificilmente voltaria atrás.

— Rei-chan… tem uma coisa que eu preciso falar pra você…

— P-pare de se mexer, você está ficando todo molhado… - uma tentativa válida para mudar de assunto logo. – Vai pegar um resfriado.

— Não, Rei-chan. Me escuta… - Nagisa cerrou os punhos, resoluto, sem ligar para os ombros úmidos ou os pés gelados. Fitou os olhos violeta de Rei, e decidiu exatamente naquele segundo, o que deveria fazer. Levado pelo impulso e pela vontade do seu coração, ele se preparou para falar. – Eu gosto de você, Rei-chan! Foi por isso que eu quis que você entrasse para o clube de natação, por que eu queria ficar mais perto de você! E cada vez, você me faz gostar ainda mais de você, e eu já não sei mais o que fazer!

— N-nagisa… - Rei se recusava a compreender aquelas palavras. Talvez estivesse entendendo tudo errado. Aquilo… não tinha chance de ser uma confissão! Não mesmo… - Q-quando você diz g-gostar…

— Eu estou dizendo que amo você! Simples assim! – Nagisa bradou, agora com mais vontade, desejando apenas que Rei entendesse logo isso, sem pensar nas consequências – Sem fórmulas perfeitas, sem teoremas aplicados, sem nenhuma teoria comprovada! Eu não tenho nem mesmo uma explicação para isso. Da mesma forma que você não consegue explicar como consegue nadar apenas borboleta, eu também não sei como fui me apaixonar por você… - ele baixou os olhos, e mordeu os lábios. Seus ombros pequenos tremiam.

Rei não sabia o que pensar. Nunca, em nenhuma única vez, ele havia visto Nagisa sem aquele brilhante e animado sorriso, que parecia conseguir iluminar todo o ambiente de uma só vez, como sol de verão. Ele parecia ainda menor agora, frágil, vulnerável… Rei tinha vontade de… protegê-lo? Nem sabia direito como responder àquela inesperada e chocante revelação, apenas desejava que Nagisa sorrisse novamente, para ele.

Hesitantemente, ele estendeu a mão que não segurava o guarda-chuva na direção do loiro, ainda sem saber direito o que fazer para consolá-lo, ainda mais quando o motivo para sua tristeza parecia ser ele próprio. Porém, suas divagações se provaram desnecessárias, quando em um movimento rápido, Nagisa ergueu-se novamente, e pulou para os braços de Rei, prendendo-o seguramente pelo pescoço. Firmando-se na ponta dos pés para compensar a diferença de altura, ele rapidamente eliminou todo e qualquer espaço entre eles.

Seus lábios se tocaram, e enquanto Rei os mantinha cerrados em uma linha rígida, ainda sem acreditar no que acontecia, Nagisa tratou de abrir passagem forçosamente com a língua, aprofundando ainda mais o toque, explorando a boca do maior por inteiro enquanto segurava o rosto dele com ambas as mãos. Se ia agir como louco e jogar tudo para o ar, então era melhor que aproveitasse tudo o que podia agora mesmo.

Rei lentamente cerrou os olhos, sendo absorvido pelo beijo de Nagisa em poucos segundos, eliminando qualquer resquício de realidade que pudesse fazê-lo se arrepender do que estava deixando acontecer. A mão que segurava o guarda-chuva cedeu, e ele segurou a cintura de Nagisa com força, correspondendo ao contato de maneira quase urgente, ainda que desajeitada.

A chuva abundante não demorou em encharcá-los, escorrendo pelos rostos colados, molhando seus cabelos e suas roupas, mas isso não os impediu de continuar daquela forma, por apenas mais alguns segundos. Mais rápido do que desejava, Nagisa se afastou, e recuou um longo passo.

Quando abriu os olhos, ofegante, os óculos de Rei estavam molhados, cheios de respingos de água nas lentes, que refletiam a pouca luz do céu, fazendo tudo no seu campo de visão cintilar. Através deles, Nagisa parecia brilhar ainda mais, quase como se não fosse real. Rei ofegou. Aquilo era… era lindo…

Sem nada mais a dizer, Nagisa seguiu em frente no seu caminho, correndo pelas poças de água até em casa. Rei o observou escapar, e também não encontrou sua voz para impedi-lo. Provavelmente não conseguiria responder seu próprio nome se fosse perguntado, e sua mente estava em completa desordem. Precisava pensar.




~













— Vocês não deviam ter saído na chuva ontem! – Kou ralhou com os dois garotos, cruzando os braços – Nós nem temos tanto tempo assim até o campeonato para treinar, e ainda vocês dois ficam resfriados ao mesmo tempo!










Nagisa e Rei estavam sentados no chão na beirada da piscina, debaixo do guarda-sol. Vestiam seus agasalhos esportivos, e estavam proibidos de chegar perto da água. O sol brilhava intensamente hoje, e estava quente – perfeito para nadar; Haruka e Makoto já estavam dentro da água, seguindo o programa formulado por Kou, mas os outros dois não podiam, pois haviam ficado resfriados ao mesmo tempo.




— Gomen, Gou-chan… - Nagisa lamentou, com a voz chorosa e arrastada de tanto espirrar.




— É Kou! – ela disse por reflexo, apesar de não ter certeza do que ele havia falado, afinal, ele estava com a voz fanha – E eu realmente não entendo como foi que os dois pegaram o resfriado! Leva algum tempo para os sintomas aparecerem, certo? Será que um de vocês já estava doente e passou para o outro? – Rei olhou para o outro lado, e Nagisa engoliu em seco. Sabiam muito bem como poderiam ter passado o resfriado um para o outro. Mas era melhor não fazer comentários sobre isso – Ah, vai ser um problema se isso se espalhar entre todos vocês… por enquanto, apenas fiquem afastados… - Kou terminou de falar, dando as costas para os dois, e indo se juntar à Ama-sensei do outro lado da piscina.

Um constrangedor e intenso silêncio se formou, enquanto os dois fingiam assistir ao treino de Makoto e de Haruka na água. Nagisa abraçava os joelhos, olhando de relance para Rei, fitando-o com o canto dos olhos. Rei também o observava. Os dois viraram o rosto para frente, ao mesmo tempo, embaraçados. Nenhum deles ousara tocar no assunto desde que se encontraram na estação de trem, e o clima era estranho e insuportável. Estavam naquela situação mal resolvida durante todo o dia, até que Rei decidiu encerrar de vez aquele voto de silêncio, e preparou-se para se pronunciar. Ajeitou os óculos da maneira usual, e pigarreou. Nagisa arrepiou-se com aquele som, com medo da reação dele depois de tudo. Ele costumava agir todo confiante e animado o tempo todo, mas qualquer um ficaria inseguro e temeroso depois de um ato tão inconsequente quanto atacar um amigo no meio da chuva de repente.

— Nagisa-kun. – Rei chamou, em voz baixa. Nagisa respondeu com um “uhn” fraco. Rei estava ligeiramente corado, e meio descompensado. As olheiras abaixo dos olhos mostravam que ele não dormira direito, ainda mais pelo resfriado, e ele fitava Nagisa um pouco de cada vez, vacilando o olhar a cada segundo. Ele cerrou os olhos então, numa tentativa, talvez, de parecer mais controlado – Sobre ontem, eu… eu pensei muito sobre o assunto…







— Eu vou entender totalmente se você não quiser mais falar comigo ou qualquer coisa assim!

—… E decidi aceitar os seus sentimentos e… oque?

— O que?




Nagisa o fitava incrédulo, porém assim que as palavras rápidas de Rei fizeram sentido em sua cabeça, um sorriso se formou. Ele sentiu toda aquela culpa e aquela sensação ruim que pesava em suas costas diluir-se lentamente, e mais do que imediatamente deslizou pelo chão, terminado com aquele espaço que ele mesmo havia colocado entre eles. Deitou a cabeça no ombro de Rei, de repente muito à vontade, vendo-o ficar todo perturbado com somente sua aproximação.

— Ahh… parece que apenas um beijo meu foi capaz de conquistar o coração do Rei-chan! Se eu soubesse teria feito muito antes! – ele entoou, emocionado. Rei engoliu em seco. Agora não tinha mais volta.

— Espero que entenda o que isso signifique, e assuma um compromisso real… - ele murmurou, virando o rosto para o lado oposto. Sentiu o corpo de Nagisa tremendo com uma risada.

— Um compromisso com você é o que eu mais queria… - ele sussurrou, erguendo o rosto ligeiramente, para soprar no ouvido de Rei. Ele corou imediatamente, balbuciando qualquer coisa ininteligível. Ah, ele era sensível! Isso era bom…

— N-não apenas isso, mas você também roubou o meu… meu primeiro beijo – ele admitiu, contrariado – Então, espero que assuma a responsabilidade por isso.

— Não só o primeiro, como também o segundo… - Nagisa cantarolou. Rei virou o rosto intrigado, pronto para corrigi-lo, mas mais uma vez o loiro foi mais rápido, puxando o capuz do seu agasalho, e escondendo seu rosto nele. Quase ao mesmo tempo, roubou seus lábios, em um doce beijo matreiro, rápido o suficiente para não ser notado. Rei corou. Ele nunca havia feito tanto isso quanto nos últimos dois dias. Seus vasos sanguíneos deveriam até mesmo estar se dilatando. – E então, quando vai ser?

— Quando vai ser o que?

— A nossa sessão de estudos. - Nagisa respondeu como se fosse algo óbvio – Você prometeu me ensinar matemática. Em troca, eu posso te ensinar a como se divertir… - ele piscou um olho, e Rei arquejou, subitamente se dando conta do quanto aquilo poderia ser potencialmente perigoso – Ah, se for na minha casa, eu faço cookies para você! – ele animou-se imediatamente, esquecendo até mesmo do resfriado ou o que quer que fosse. Abraçou Rei com força, aconchegando-se ao corpo dele confortavelmente. Rei não tinha alternativa a não ser retribuir ao abraço.

— Você sabe cozinhar…?

— Claro que não. Eu quis dizer que vou comprar cookies para você – ele encerrou a questão. – Mas… então, quando é que você vai… sabe…

— O que?

— Dizer que me ama! – ele sorriu abertamente, e Rei sentiu seu peito dar um solavanco. – Vai ser quando nós estivermos sozinhos? Porque eu mal posso esperar…

— Eu… eu não iria deixar você me beijar se não sentisse nada… - Rei explicou superficialmente – Você acha que eu sou esse tipo de pessoa?

— Uh-hm – Nagisa balançou a cabeça negativamente – Você tem que dizer apropriadamente!

— Eu amo você. – um tiro certeiro, e Nagisa ficou sem reação por quase meio segundo. Logo depois, agarrou-se em Rei, abraçando-o ao ponto de quase sufocá-lo.

— Ah, Rei-chan! Não me faça querer beijar você aqui de novo! – ele bradou, esfregando a bochecha no rosto de Rei como um filhotinho para adoção, quase derrubando seus óculos.

— Por favor, não faça isso!

— Heey, o que você estão fazendo aí! – do outro lado da piscina, o chamado fez os dois garotos se separarem rapidamente. Ama-sensei foi quem chamou, mas Kou já os encarava com aquela cara de quem sabia que algo estava acontecendo.

— Ah, Ama-chan-sensei! – Nagisa se ergueu de pé, acenando. – Eu estou caçando borboletas! – ele apontou para as pequenas mariposas que voavam ao redor da grade de proteção da piscina, e sorriu para Rei, antes de virar-se para elas novamente – Você quer vir até aqui também? Eu sou realmente bom nisso!

Rei espirrou mais uma vez, e ajeitando os óculos olhou para a figura sorridente, que o fitava inclinando-se levemente para o lado com as mãos atrás das costas. Ah, então era isso. Sem fórmulas, sem resultados precisos. Assim como quando resolveu nadar, Rei excepcionalmente não tinha reclamações quanto a isso. Estava perfeito dessa maneira, então. Talvez aquele garoto tivesse tido realmente a habilidade de mudá-lo – para melhor. Engraçado. Desde a primeira vez que o viu, e em todas as outras, desde que ele começara a persegui-lo para entrar naquele clube, tinha tido aquela impressão. A de que Hazuki Nagisa era capaz de fazer qualquer coisa que quisesse. E ele era.

Timidamente, ele roçou os dedos nos de Nagisa quando ele voltou a sentar. Entrelaçou com os seus, e sabia que apenas esse pequeno ato havia o deixado feliz, pois mais uma vez ele exibira aquele magnífico sorriso somente para ele. E ainda mais, a partir de agora, aquele seria o sorriso que ele queria ver… a voz que queria ouvir. Fizesse sol, ou fizesse chuva… nesse e em todos os outros dias.









(◕‿◕✿)... owari desu ...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 










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Notas finais do capítulo

Nyaha~~ eu estou querendo escrever uma fanfic desse anime desde que vi ele pela primeira vez! Não, desde que vi o PV promocional, meses atrás! OMG, estou tão feliz por ter tido alguma ideia, pra pelo menos uma one-shot do meu lindo OTP! :3
Como eu amo esses dois ♥ NagiRei é vida ヽ(゜∇゜)ノ !

Certo, por enquanto será essa fanfic improvisada de quem queria muito escrever qualquer coisa sobre esse casal lindo~ mas eu ainda vou escrever uma longfic, aguardem ヘ( ̄ー ̄ヘ) ~
Espero por reviews *u* vamos lá, não se acanhem, deixem-me saber suas opiniões ~~ eu tenho quase certeza de que pode ser que eles tenham ficado OOC, eu fiz tão rápido afinal -__-''' então, por favor, exponham o que pensam nos comentários!

Bye~ bye~~ ー( ´ ▽ ` )ノ