E exatamente como um demônio percorre todo o mundo por uma alma, eu estava desesperadamente querendo fugir da realidade que me acostava. E cada vez que eu ao menos chegava perto da porta de escape, mais longe eu estava; até mesmo fugir parecia impossível.

Sobrepondo-se à dor, a tristeza me abrasa. Inconsequentemente, a impulsividade trouxe consigo a frígida solidão, que em qualquer circunstância vive ao meu lado, como um cão fiel ao seu dono. Tapando as lacunas que há em meu coração com mentiras, subindo as barreiras do castelo, impedindo-me a visão do mundo lá fora, da realidade. A melancolia me abate, ou talvez seja a insanidade. Não sei, tudo o que há é escuridão...

Louco... Eu estou ficando louco...

Em um átimo, eu entrei na percepção de que a dor passou a ser minha fiel companheira. Nem toda a tristeza do mundo poderá, sequer, resumir o que eu sinto. Enquanto eu me afundo na amargura silenciosa que me consome, meu estado físico simplesmente decai junto ao meu psicoemocional, e eu me pergunto até quando essa decadência me assolará... Por quanto tempo eu conseguirei suportar a monotonia consumindo cada pedaço da minha sanidade? É algo indefinível. Afinal, eu nem mesmo sei se estou são.

No entanto, a complexidade que envolve os sentimentos melancólicos que eu tanto faço questão de manter, simplesmente me aparenta estar próxima à dimensão fictícia, e cada vez que eu tenho a plena certeza que estou enlouquecendo, mais eu me agarro à mísera possibilidade de conseguir salvar apenas um pedaço que me restou de sentimentos bons. Aquele que há tanto tempo está guardado nas profundezas, bem mais através dos segredos e erros irreveláveis da escuridão que encalça minha alma... O pequeno fragmento do sentimento mais ridicularizado e tão piegas, aquele que rouba corações e os embriaga com sua fragrância, o amor.

Entretanto, tentar salvá-lo é exatamente como tentar segurar a água com apenas um dedo, é como tentar compreender todos os mistérios que cercam a humanidade, é como alcançar o impossível e não ser capaz de compreendê-lo. Eu sou incapaz de sequer salvar os meus sentimentos ruins, imagine salvar algo que eu sou tão indigno, algo tão límpido... Eu sou a escória da humanidade, o que há de pior no mundo está reunido em de mim, e dentro de uma pequena caixinha há uma migalha de um sentimento cândido que não deveria habitar-me. Eu não posso me apaixonar... Pelo menos não agora...