Rosa Adormecida escrita por Kuroi Namida


Capítulo 13
O Segredo da Pedra


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem de mais esse capítulo! Gente se quiserem recomendar a fic eu agradeço! hehehe beijos



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 Quando o chá estava finalmente pronto Yeva colocou as duas xícaras sobre uma espécie de mesinha pequena de madeira junto com algumas rosquinhas açucaradas e se dirigiu a sala onde Dimitri estava sentado sobre o braço do sofá e com um dos cotovelos escorado no encosto olhando para o nada atrás do mesmo.

- Aqui está o chá querido! –disse Yeva depositando a mesinha sobre a mesa maior.

 Dimitri desviou o olhar de onde estava para a mulher enquanto esta fitava o mesmo lugar vácuo que o neto e depois dizia:

- Sinto tanto por não poder servir chá para três, eu adoraria conhecer Rose.

- Agradeça sua avó pela gentileza! –disse a moça da escada onde observava as fotos emolduradas na parede.

- Ela disse muito obrigada. –se manifestou Dimitri. – Agora pode voltar cá? –disse voltando a olhar a garota.

- Você ainda não me respondeu se o pirralho esganando o coelho na foto é você! –ela disse descendo os degraus.

- É o pirralho da foto sou eu sim, isso foi na antiga casa dos meus pais.

 - Uma foto adorável! –disse Yeva servindo o neto.

- Uma gracinha mesmo! Parece uma criança normal! –riu Rose parando nas costas do sofá e recebendo um olhar sério de Dimitri.

- Imagino que você tenha sido adorável. –ele disse erguendo as sobrancelhas.

- Na verdade eu era sim! Mas não era do tipo que brincava com bonecas. Eu sempre tive preferência por brinquedos de garotos!

- Isso explica o seu comportamento. –disse Dimitri se sentando adequadamente no sofá.

- Aposto que você brincava de boneca! –ela riu sentando-se ao lado dele com uma das pernas abaixo do traseiro.

- Eu não vou te responder por educação. –disse bebendo um gole de chá.

- Como era essa Eva? –Yeva apenas adoçava seu chá.

 - Como eu vou saber, ela sequer existiu. –respondeu em tom seco.

- Quem não existiu? –disse Yeva.

 - Eva.

- Rose quer saber como ela era? -disse se sentando no outro sofá.

- Ela é como gato curioso. –ele franziu a testa.

- Ela era sua namorada? –riu Rose debruçando o cotovelo no encosto enquanto mexia na única coisa que podia tocar, seus próprios cabelos.

- Claro, eu tinha uma namorada imaginária com cinco anos Rose. -ele respondeu meio injuriado.

- Dez querido. -respondeu Yeva. – Você tinha dez anos e não cinco. E nessa idade você já costumava espiar suas primas trocando de roupa... –riu a mulher.

 - Mas que safado! –riu Rose.

- Eu agradeceria se você não falasse da minha vida pessoal diante da minha paciente Yeva. –disse Dimitri assumindo uma postura social.

- Olha só, lá vem o doutor Dimitri Belikov se apossando do corpo dele de novo. –debochou Rose.

- Não vejo mal nenhum na sua paciente conhecer um pouco da sua vida querido. –disse Yeva enquanto Dimitri lançava um olhar mortal sobre Rose.

- Tá vendo? –disse a garota apontando o dedo indicador na direção da mulher.

- Só não acho que assuntos de família devam ser discutidos assim tão naturalmente na frente dela. –retrucou Dimitri.

- Ta falando igual a minha mãe. –disse Rose.

- Pobre Rose. –disse Yeva sacudindo a cabeça. – Tenho dó dessa menina de ter que aturar o seus dias de mau humor Dimka querido.

- Sábias palavras dona Yeva! Sábias palavras. –disse a garota.

- Você sabe o que fazer Rose, se minha companhia te desagrada basta não me seguir mais. –disse ele encarando a mesma com um olhar de canto.

 - Dimka. –repreendeu Yeva.

- Infelizmente você é o único que pode me ajudar então nesse caso agente vai ter que aturar um ao outro até que eu volte pro meu corpo. –respondeu Rose.

- Vou redobrar meus esforços pra que isso aconteça o mais breve possível. –disse ele deixando a xícara sobre a mesinha.

- Você é insuportável. –continuou Rose.

- Querem ouvir a razão de Rose poder se comunicar com você querido? –disse Yeva trazendo-os de volta a realidade. – Caso desejem continuar discutindo a relação eu posso subir, tomar um banho quente e esperar até que decidam. –disse imaginando a briga entre duas crianças grandes.

 Dimitri apenas franziu a testa sentindo-se um garoto sendo repreendido pela avó, exatamente como Rose, que embora não pudesse ser vista nem ouvida pela mulher tomou a repreensão para si ficando calada.

- Pois bem. –seguiu Yeva deixando sua xícara sobre a mesinha. – Eu tomei a liberdade de falar sobre seu caso querido, com uma velha amiga. A mesma que me cedeu à pedra de Ramandu. –ela se referia a pedra negra usada em sua pequena cerimônia e evocação.

- Poderia ter mantido essa estória constrangedora somente entre nós dona Yeva. –disse Dimitri.

- Pode fechar a boca querido, eu ainda não conclui meu pensamento. –disse a mulher em tom imponente botando respeito. – Como eu ia dizendo... Uma velha amiga chamada Rhonda me cedeu a pedra de Ramandu e segundo ela esta pedra possui poderes desconhecidos, mas que podem servir de interseção para qualquer ritual que envolva o espírito. Por esta razão eu decidi tentar evocar o espírito de Rose para que ela pudesse se comunicar comigo.

- E porque diabos ela se comunica comigo ao invés disso? –disse Dimitri.

 - Vai ver que a chamada se perdeu no caminho. –zombou Rose.

- Talvez a razão para que Rose se comunique com você e não comigo esteja ligado ao seu passado querido.

 - Eva? –ele ergueu as sobrancelhas.

- Rhonda acredita que se fizermos uma regressão na qual você relembre essa sua fase da infância com Eva possamos descobrir porque Rose escolheu você.

- Eu não escolhi, apenas aconteceu, foi um acidente. –resmungou Rose.

- Tá sugerindo uma daquelas sessões de hipnose? –disse o moreno.

- Rhonda é a pessoa mais preparada para isso e é de confiança. Já que não deseja falar sobre isso com mais ninguém.

 - Quando?

- Eu vou avisá-la de que você concorda e ela virá até aqui assim que você decidir que está pronto.

- Posso vir pra cá na sexta assim que encerrar meu plantão.

- Ótimo. Até lá teremos tempo para preparar tudo.

 - E o que eu faço com ela enquanto isso? –disse indicando o lugar onde Rose estava usando o dedo indicador.

- Você procura conhecer mais a Rose, falar com ela saber sobre a sua vida, isso pode ajudar. Talvez vocês consigam descobrir o que a prende naquele leito.

 - Tudo bem. –disse Dimitri escorando os cotovelos sobre os joelhos.

- Bem! Eu ainda quero tomar um banho quente, me livrar destes sapatos infernais e descansar um pouco. Tive um dia agitado. -disse se levantando. – Mas você e Rose podem ficar por aqui se quiserem, tem torta na geladeira, suco, frutas. Você conhece os cantos da casa. –disse se aproximando e dando um beijo na testa do neto. – Sua avó vai descansar um pouco querido.

- Obrigado pelo chá. –disse ele.

- Disponha. –dito isso ela seguiu até a escada de onde disse. – Até breve menina Rose!

 Rose permaneceu em silencio, escorada no encosto do sofá com os braços cruzados enquanto fitava a mesa a sua frente. Dimitri voltou os olhos para a garota e ficou encarando-a por um tempo depois se levantou e disse:

- Você tá legal?

- Queria uma rosquinha! -ela disse fazendo biquinho. – Parece deliciosa. Eu acho até que sinto o cheiro.

 - E eu pensando que essa sua cara de pastel estragado fosse por causa do que Yeva disse. –ele resmungou se afastando.

- Você que deveria ficar preocupado, foi você que recebeu atestado de doido quando tinha dez anos. –Rose se levantou seguindo-o.

- Minha única preocupação no momento é me livrar de você. –disse ele seguindo rumo a escada.

 - Aonde vai?

 - No meu quarto.

- Você tem um quarto na casa da sua avó? –disse ela subindo os degraus em seu encalço.

 - Eu morava aqui Rose. –ele suspirou.

- E por que não com seus pais?

- Por que minha mãe colocou um cara da minha idade dentro de casa, e meu pai vive na Rússia na nossa antiga casa.

- Sua mãe tem um namorado com a mesma idade do filho? -ela riu e recebeu um olhar fulminante do moreno.

- Por que não me fala da sua família perfeita? –ele rebateu enquanto a encarava com os traços retorcidos, seguindo em frente.

- Minha mãe você já conhece, e meu pai se você topar com ele diga que o espermatozoide que ele colocou no útero da minha mãe fecundou e virou um lindo bebê.

- Não conhece seu pai? –ele a encarou já no corredor.

- Janine sempre dizia que os homens são fracos e não assumem responsabilidades quando elas se apresentam a eles. Ela dizia que eu não precisava de um pai, que ela me ensinaria tudo que eu precisaria. Isso quando eu tinha dez anos...

- É nós temos algo em comum. –disse ele enquanto seguia rumo ao seu quarto.

- Uma família conturbada?

- Também fui criado longe dos meus pais.

- É, mas eu não tenho uma avó metida à bruxa! –ela riu. – E minha mãe não costuma atacar o berçário! –ela sabia que isso deixaria o moreno enciumado por conta da mãe e fez de propósito.

- Eu não sei por que eu abri minha boca. –disse abrindo a porta de seu quarto.

Dimitri abriu a porta do cômodo e logo entrou no mesmo sendo seguido por Rose que manteve o riso estampado no rosto devido às expressões zangadas do moreno. Por alguma razão tirar o médico do sério era algo que divertia Rose. Ela sabia que este era o seu maior dom, tirar todo e qualquer indivíduo por mais paciente que este fosse do sério com apenas algumas provocações, e ela adorava este poder que usufruía sobre as pessoas. Sabia que também que às vezes exagerava e acabava sendo chata, mas ela não ligava desde que fosse divertido pra ela mesma. Com esse pensamento ela se jogou sobre a cama de solteiro do rapaz encontrando sobre uma almofada um pequeno ursinho de pelúcia que chamou sua atenção.

- Que gracinha! –disse ela enquanto Dimitri procurava algo em seu guarda roupa. – Você dormia agarrado com ele?

- O que? –ele se virou encarando-a até ver o objeto fofinho sobre a cama. – Foi um presente Rose, não que isso seja da sua conta.

- Namorada?

- Ex. –ele voltou ao que fazia.

- Hum! Ela deve ser uma fofúra, dar um ursinho de pelúcia pra um homem do seu tamanho! –ela ria enquanto fingia mexer na gravata do ursinho de pelo dourado.

- Ele não vinha sozinho! –disse ele usando o mesmo ar de mais cedo na sala quando se referiu ao possível constrangimento de Rose.

Rose franziu a testa e começou e procurar algo diferente no bichinho peludo ao lado de sua cabeça, mas não encontrou absolutamente nada suspeito.

- Tá procurando o que?

- Você sempre foi curiosa assim, ou faz só pra me irritar? –ele se virou encarando-a com as sobrancelhas unidas.

- Ah... –ela revirou os olhos e fitou o teto. – Essa vai ser uma longa semana...

Dimitri sacudiu a cabeça e então voltou ao que fazia tentando ignorar a presença da garota deitada sobre sua cama...


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo teremos o momento da regressão do Dimka, isso vai revelar muitas coisas do seu passado, então será um capítulo extremamente sério (mentira), mas teremos um momento mais sério sim que deixará esses dois sem fala (acreditem Rose ficará sem fala)! Enfim, nos veremos no próximo! Beijos



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