Duas Vezes Amor escrita por glau_gaucha


Capítulo 12
Capítulo 12-A verdade é que...


Notas iniciais do capítulo

Ahe entao todos estao duvidando da coragem da Gisele é? rs
Bom como disse minha prima hoje o capitulo nao está gigantesco como semrpe, apenas gigante
Beijoss Obrigada por lerem



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- Henrique, eu preciso te contar uma coisa... Não, por favor, não me interrompa. É algo bem difícil de ser dito a essa altura, mas eu preciso falar.  Eu sou sim aquela garota que você namorou, a mesma Gisele. – Eu admiti sentindo as palmas das minhas mãos suando. Como essa ultima frase soava mais pesada quando dita em voz alta e não na minha cabeça. Eu me virei para encarar o seu rosto, ou melhor, a sua imagem que eu formulava na minha cabeça enquanto discursava de frente para o espelho.

           Eu fiquei parada olhando o meu reflexo que demonstrava puro medo e insegurança.

           - Vai dar tudo certo. – Eu disse tentando me acalmar.  Eu já estava arrumada, não tinha motivo para ficar enrolando em casa, então eu peguei a minha bolsa e segui para o meu trabalho.  Só foi sair de casa que eu já me senti melhor. Aquela casa estava lotada pela tensão.

               - Bom dia, Márcia! - Eu falei no meio da minha cantoria. - Hoje não está um dia lindo? - Completei admirada.

            - Só se for para você. Está um frio horroroso e o único tipo de café que temos aqui é gelado. - Ela falou inconformada.

            - Ah... É mesmo! - Eu disse ainda aérea. Hoje eu ia contar a verdade para o Henrique, o que será que ele ia achar? Pelo visto eu o atraía já que na sexta ele tentou me beijar. Sim, isso era um bom sinal, mas eu não deixei, o que prova uma boa imagem sobre a minha pessoa, e deve ter deixado ele perturbado.

             - Bom, eu estou indo para minha mesa, bye. - Eu me sentei e comecei a preparar os papéis que estavam lá. Andei dando uma olhada, e nem é tão difícil assim gravar as falas de um comercial. O que eu gostaria de fazer mesmo é um comercial de pasta de dentes, todo mundo parece ser tão legal com os seus dentes brancos, nadando na piscina de onda, isso sempre acontece, e para finalizar, um beijo com um modelo lindo. Fala sério, ser paga para rir e beijar um cara bonito, moleza.

              Deixa eu ver o que tem para hoje:

  Confirmar reuniões com:

·                    Chris Garnier (Inglês) 

·                    Diego Franch (Francês) 

·                    Ramires San Diego (Espanhol) 

               

               OK. Esses homens não são daqui, como eu vou aprender a falar três idioma? Eu estava concentrada nisso quando um tufão chamado Henrique passou por mim.

                - Bom dia. - Foi o som que eu pude ouvir dele. Estava com uma cara muito estranha. Ah, será que ele está com vergonha de mim? Oh, que fofo! O telefone está tocando, é a linha dele.

                - Sim? - Eu digo num tom profissional.

                - Hm... Gisele... - Ele fala, depois pigarreia. - Vou estar ocupado hoje, então, por favor, não gostaria de ser incomodado, cancele meus compromissos.

                - Mas e as reuniões? - Eu disse estranhando a atitude dele.

                - Marque para amanhã. Obrigado. - E só. Foi exatamente o que ele fez, e desligou o telefone na minha cara!

                -Mas... Mas... - Foi à única coisa que eu fui capaz de pronunciar. Que abusado! Se acha, só porque é o chefe. Se eu estivesse no comando jamais faria isso com os meus funcionários, isso faz eles se sentirem diminuídos. E falando nisso é bem assim que eu estou me sentindo agora.

                - Gisele! - A Márcia falou estressada.

                - Ai, que foi? Não precisa falar com essa brutalidade. - Que mulher chata.

                - Ah, é? Mas de que outro jeito eu poderia tirar você do mundo da lua? Eu estou te chamando e nada. – Oh, eu preciso ficar mais atenta. 

                - Aconteceu alguma coisa? - Eu perguntei. Quase acrescentando: “PARA VOCE FICAR GRITANDO ASSIM COMIGO?!”.

                 - Eu estou com um problema pessoal e preciso ser dispensada.  Será que você poderia avisar para o Henrique? É que eu preciso ser dispensada o mais rápido possível. Por favor. - Ela acrescentou com a voz num tom mais doce. É incrível como as pessoas mudam seu tom de voz para pedir alguma coisa.

                 - OK, eu vou ver o que posso fazer por você. - Enquanto eu discava para a sala do Henrique podia notar que a Márcia estava impaciente, tremendo a perna e olhando em seu relógio de pulso. Devia ser importante mesmo. - Senhor, a Márcia está com problemas em casa e precisa ir neste instante, ela quer saber se o senhor permite? Eu posso ficar com o trabalho dela, assim não vai ocorrer tanto atraso. - Ela sorriu para mim fazendo sinal de positivo com as mãos.

                - Sim, claro. Se você não se importa, pode sim, vai ajudar bastante. Ela está dispensada.

                -Tudo bem, vou passar o recado a ela. Obrigada. – Então me dirigi à Márcia. - Está tudo certo, pode ir. Assine aqui.

                - Obrigada! Depois eu retribuo o favor. São por apenas umas horas, daqui a pouco eu volto. - Ela disse satisfeita enquanto assinava o termo de saída, e logo sumiu feito fumaça. Que inveja, eu teria que ficar aqui e ainda contar toda a verdade para o Henrique.

                Eu me levantei para ir buscar os rascunhos dos scripts dos artistas. O que será que temos para hoje?

                - Bom dia, Paulo! - Eu falei ao chegar à sua sala.

                - Gisele? – Ele perguntou com uma cara não muito feliz. Bom, não foi bem como eu imaginei que seria recebida, mas foi. - Quero dizer, cadê a...? - Ele falou enquanto se endireitava, tentando parecer profissional. - A outra secretaria... Márcia. É assim que ela se chamar, certo?

                Eu estreitei meus olhos como se quisesse investigá-lo.

                - Sei... Você nem faz idéia do nome dela, né? Ela foi para casa, mas não disse nada demais, apenas que estava com problemas pessoais. - Ele não falou nada, ficou pensativo.

                - E eu vim quebrar um galho enquanto ela está fora. Preciso dos rascunhos.

                - Está por aqui... - O Paulo procurava no meio das papeladas. - Pronto.

                 - Obrigada. Tchau, Paulo. - Eu peguei os papéis e voltei para minha mesa.

                      

  Eu fiquei com as mãos doendo de tanto digitar e o telefone não parou de tocar. Mas o que me deixou louca foi que depois de todos esses dias, a Alicia voltou a ligar querendo falar com o Henrique.  Mas eu não passei a ligação, falei que ele estava ocupado. Não porque eu fiquei com ciúmes, mas porque o Henrique não queria falar com ninguém, ele deixou isso bem claro, e também porque ele falou da última vez para eu não repassar as ligações dela. Será que eles tinham voltado? Ah, não. Seria muito areia no meu caminhãozinho. Aquela mulher não desistia fácil.

         A Rebeca acenou para mim da divisória ao lado.

          -Vamos? O horário de almoço passa tão rápido que se você ficar aí sentada pensado não vai nem comer. – Ela disse num sorriso.

          -Você está certa.

          Caminhamos juntas com as outras meninas das divisórias até a lanchonete a qual sempre almoçávamos.

           - Gente está faltando a Márcia, alguém sabe dela? – Perguntou a Claudia olhando ao redor.

        - Ela precisou sair. Disse que estava com problemas pessoais e que voltava logo. – Eu informei.

        A Amanda franziu a testa.

         -Tomara que esteja tudo bem com o Caio. – Ela comentou.

          - Caio é o marido dela? – Eu tive que perguntar, por que, se eu ficava falando que o problema dela era falta de homem, pelo visto estava enganada.

           - Marido? – A Rebeca retrucou num tom um pouco revoltado. – Márcia não tem mais marido, aquele Carlos idiota a largou para cuidar sozinha do filho, o Caio. – Ela falou como se sentisse pena.  E foi o que eu senti também, como alguém pode abandonar o próprio filho e sua mulher? Talvez isso explicasse o porquê dela ser assim tão fechada. Mas eu ainda não entendo o modo como ela me trata.

           - Mas não conta nada para ela que você sabe, ela odeia que falem da vida dela. – A Aline avisou. Todas na mesa pareciam gostar muito da Márcia.

           - Tudo bem, eu não falo. – Eu prometi.

        - Bom, gente, vamos mudar esse clima “deprê” que está aqui. – Falou a Amanda. – O que você está achando sobre a viagem do final de semana? – Ela fez essa pergunta para mim.

 

           - Que viagem? – Eu perguntei rindo. – Eu só vou para a casa dos meus pais.

           - Ah, ainda não te contaram? Sábado é aniversário da empresa do Henrique lá em São Paulo, aí ele sempre renova contratos e faz reuniões, por isso, ele leva alguns funcionários daqui com ele. E isso inclui você que é a secretaria dele. – Eu fiquei parada, só piscando a encarando. Tipo: “como?”.

           - Mentira. – Eu falei ainda sem acreditar. – Nunca que eu ia imaginar. Isso é legal? Está nas leis trabalhistas? – Eu falei rindo.

           -Você leu seu contrato? - A Claudia indagou.

          - Mais ou menos. – Para não falar que eu só li a parte do pagamento.

           - Ah, você é louca! – A Aline começou a rir. – Bom, então procure se informar, ele deve te avisar no meio da semana.

           Eu concordei e continuei a comer minha torta de chocolate, só isso mesmo para me acalmar.

            Eu voltei do almoço e o Henrique não estava em sua sala, tinha ido para sala de reunião segundo o Paulo. Eu entrei na sua sala para deixar alguns relatórios na sua mesa.

             - Gisele. – Eu parei de andar assim que ouvi sua voz.

             - Sim? - Eu disse me virando. – Eu só vim deixar esses papéis. – Eu falei mostrando eles em minhas mãos.

             - OK, eu esqueci minha pasta. – Ele falou de modo esquisito, eu diria suspeito. 

             Eu a peguei e levei até suas mãos. E sorri.

             - O que foi? – Ele perguntou achando estranho a minha reação.

             - Nada, é que você não esta direito. Está parecendo até o Drá... – Eu dizia enquanto abaixava a gola de sua camisa. Que boba eu fui de pensar que ele havia esquecido de abaixá-la. – Drácula. – Eu terminei de falar. Aquilo que eu vi era um chupão no seu pescoço, que ele tentava ridiculamente esconder.

             - Er... Eu... – O Henrique tentou explicar, mas a única coisa que conseguiu foi ficar com o rosto corado.

             - Tudo bem. Os relatórios estão em cima da mesa. – Eu disse de modo educado e caminhei para a porta, parando apenas para dizer: - A propósito, boa sorte com a sua vampira. – Eu me retirei tendo a última visão do Henrique, ainda sem reação, surpreso por eu não ter me importado. Ah, coitado, achou o que, que eu ia fazer um escândalo na sua frente, ou então perguntar o que significava aquilo? Há há, até parece que eu estou ligando.  Em pensar que eu queria contar a verdade para ele, achando que ele merecia saber quem eu era porque estava sendo um doce comigo. Cachorro! Tentou me beijar e eu achei que me queria, mas o tempo todo eu seria só mais uma conquista. Só de pensar que eu achei que ele estava com vergonha de mim por ter tentado me beijar, quando na verdade queria esconder um chupão, me deixa possessa.

Ai, o que é isso? Um soluço magoado saiu de mim. Oh não, não acredito que quero chorar. Não vou chorar por esse idiota! Mais um soluço. Não vou chorar, eu brigava comigo mesma, lutando contra a turbulência que vinha do meu coração até meus lábios comprimidos, para não cair em desespero. Eu passei esbarrando bruscamente na Márcia que pelo visto já tinha retornado e perguntou o que estava acontecendo e nem respondi. Precisava urgente me trancar naquele banheiro, me faltava o ar. Eu fiquei em um dos reservados, sentada sobre o vaso sanitário fechado, e coloquei minhas mãos no rosto, então eu me permiti cair no berreiro. Não acredito que depois desses anos todo, o Henrique ainda conseguia me fazer chorar. Idiota, garota burra, bem feito, é para ver se aprende a não cair na lábia dele. Só levando muito na cara. Aposto que passou o final de semana todo transando com aquela babaca da Alicia, ao pensar nisso eu chorei mais alto ainda. 

- Gisele, está tudo bem com você?- Disse a Márcia, e eu pude ver a sua sombra no chão da cabine. Eu tampei minha boca, não queria que ninguém me visse assim, ainda mais essa mulher que provavelmente iria rir de mim.

- E-Eu estou ótima. Obrigada. Pode ir embora. – Eu tentei falar com a minha melhor voz, mas minhas lágrimas caiam descontroladas. 

 - Fala a verdade. Porque não abre essa porta? Talvez eu possa te ajudar.

- Ah, você? – Eu ri amarga. – Não precisa mesmo, é serio. O que eu estou sentindo já vai passar.

- Você quer algum remédio? – Para minha dor não tinha remédio nenhum, era apenas frustração e ciúme.

- Acho que já sei por que nenhuma delas dura... - Eu disse, depois de um tempo, mais calma encarando a porta.

 - Elas quem?

 - Você sabe Márcia, as secretárias.  Parece que ele de algum modo as encanta e as destrói. - Eu disse deixando escapar um gemido de tristeza.

 - ô, Gisele... É por causa do Henrique que você esta chorando? O que é que ele fez? - Ela falou de um modo que minha mãe com certeza falaria nesta situação.

 - Nada não. Ele só voltou para outra! – Eu falei desabando no choro de novo. Ai, como eu sou otária, não paro de chorar. Mas simplesmente não consigo ficar com isso dentro de mim.

 - E você acha que vale mesmo a pena ficar aí chorando por causa dele?

- Não é só por causa dele. Eu estou com raiva de mim também. – Eu sequei meu rosto depois de ter noção do que estava acontecendo. Quem diria que um dia eu estaria desabafando sobre o Henrique com a Márcia, a mulher que desde quando eu coloquei os pés nessa empresa tentou me expulsar.

Abri a porta do banheiro e meus olhos envergonhados passaram por ela rapidamente, e depois encararam o chão.

 - Obrigada. – Eu murmurei, e caminhei para a bancada para lavar meu rosto na pia.

- Você e o Henrique estavam juntos? – Ela me perguntou. Acho que qualquer um pensaria isso pelo drama que eu estou fazendo.

- Não, mas é que ele estava tão diferente comigo, sabe, que eu pensei... Deixa pra lá. – Eu preferi não continuar.

 - Eu não sei muito sobre o Henrique, mas o pouco que eu sei é que ele é bem confuso com esse lance de namorar. Ele não é uma pessoa ruim, Gisele.

 - Não parece. – Eu disse enxugando as lágrimas. - Eu tenho que voltar para minha mesa. Adiantei um pouco o seu trabalho, depois você passa na sala do Paulo para saber se tem mais alguma coisa, está bem?

 - Uhum. Obrigada.

- Só uma coisa, não fala para as meninas sobre isso que aconteceu aqui, certo? Porque isso não vai ser repetir, sabe como é, os problemas vão se acumulando, e quando a gente vê, está chorando por qualquer coisa. – Eu procurei falar descontraída, quando na verdade estava mentindo. A Márcia por incrível que pareça concordou, e eu saí mais aliviada daquele banheiro, porém com um pequeno peso na consciência. A Márcia tinha me visto chorar, e o pior, pelo Henrique. Ela não podia cogitar em falar com as meninas, eu não sei o que seria capaz de fazer se ela contasse.

            Eu peguei o celular a fim de ligar para o Ricardo, queria pedir desculpas pela nossa discussão, ele estava o tempo todo certo, só eu não enxerguei, Mas na sua secretaria eletrônica tinha uma mensagem dele falando que estava viajando sem prazo para voltar. Confesso que fiquei um pouco chocada, ele nem me avisou nada. 

           Precisava conversar com alguém. Só quero ver a reação da Fernanda quando souber que o amiguinho dela não vale nada. A Bianca foi a primeira a falar para eu tomar uma atitude, me vingar...

         O telefone tocou, era a linha do Henrique. E eu não queria atender. Ouvir sua voz era a última coisa que eu queria. Coloquei minhas mãos na testa, me preparando para agüentar tudo. O telefone parou de tocar, e eu me senti aliviada. Mas e se ele viesse até minha mesa? Eu poderia alegar que tinha acabado de retornar do banheiro. Pronto, reposta formulada. E bom, ele não veio.

 


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Notas finais do capítulo

Bom, voces estavam certas ela nao contou mesmo. :P