Lança-de-vento escrita por Stalker


Capítulo 4
Capítulo 4- Descanso


Notas iniciais do capítulo

Desculpe pela demora, o pc bugo.



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 Apesar de sua ferida na perna, Hoth caminhava com tranqüilidade os últimos metros da estrada que chegava ao portão oeste de Ergellion. Um portão extremamente adornado com as heras, já naturais das muralhas de Ergellion, e escudos reais sobre as janelas das guaritas. O rei havia ficado pasmo e orgulhoso com a vitória sobre os Argores, conseguida por Dário e ordenara que o povo se preparasse para a chegada do mais novo general-mor de Aenor.

 Ainda que Dário não soubesse de sua promoção, ele caminhava com um sorriso estampado no rosto já havia três dias, simplesmente pela antecipação de ver sua esposa e seu recém nascido filho. Ele conseguiu vencer não só uma batalha por seu reino, mas também por sua vida e por uma nova oportunidade de cumprir seus objetivos, dentre eles, ver seu filho crescer. Ele sabia que não poderia estar sempre acompanhando o garoto, mas sempre que pudesse, demonstraria o quanto seu filho lhe era precioso.

 

 O rei aguardava em seu trono por Dário e seu segundo em comando, Hoth, com um rosto que transparecia seu orgulho por eles.

 Ao entrar no castelo, nem Dário nem Hoth foram detidos por nenhum guarda para a remoção de armas, o que nunca havia acontecido com ninguém em todo o reino. Dário e Hoth se entreolharam sem entender mas prosseguiram. Ao entrar na sala do trono, foram recebidos com louvor e palmas pelo rei, que estava de pé e pelos nobres e conselheiros que ali se encontravam.

 _ Dário, o filho que nunca tive! _ Disse o rei, se levantando.

 Dário e Hoth começaram a se curvar para uma reverência, mas o rei não os permitiu. Eles não precisavam se curvar diante do rei. Não enquanto sua memória se permitisse lembrar daquela batalha. Mas em alguns instantes o rosto do rei se transformou de um rosto alegre para um mais sério enquanto ele pedia silêncio, que logo conseguiu.

 _ Dário... Você foi motivo de orgulho não só para mim, mas para todo o povo de Ergellion e de toda Aenor, assim como os nossos aliados, os Tévios. Por isso eu nunca te esquecerei, mas você deve continuar sua campanha contra os Samithenos, antes que estes se recomponham e deve também eliminar a nova ameaça dos Argores. Você terá um mês para que possa descansar, e depois partirá com seu novo exército. Como recompensa por seus serviços e sua lealdade, receberá posse total do forte de Dunilan, que você mesmo construiu e de todos os novos homens que o guardam e também será promovido... Você será o primeiro general-mor de Aenor, o que lhe dará a liberdade de organizar campanhas sem necessidade de burocracia, dirigindo-se diretamente a mim e também terá controle sobre o recrutamento e o uso de nossas forças, exceto por dois exércitos que ficarão sob meu controle para a proteção de Ergellion e de toda Aenor. Uma nova vida o aguarda Dário, aproveite-a. _ Disse o rei com um novo sorriso no rosto.

 _ Meu senhor, não sei como agradecer por tal generosidade... _ Gaguejou Dário, não sabendo se ficava feliz pela promoção ou triste por ter que se afastar de sua família tão em breve.

 _ Não preciso de agradecimentos meu caro. Mas você deve estar querendo ver sua família. Vá e aproveite o dia de hoje, amanhã nós nos reuniremos novamente para decidirmos tudo. Está dispensado, tenho uma reunião agora e você, uma família para receber... A propósito, seu filho será um grande guerreiro, ele nasceu forte como o pai. Espero que se orgulhe. _ Disse o rei.

 Dário e Hoth, mais por costume do que por necessidade, fizeram uma reverência e se retiraram. Ao chegar na porta do castelo, se despediram e cada um seguiu para sua própria casa.

 

 Enquanto caminhava em direção a seu lar, Dário observava o quanto sua cidade havia mudado. Praças novas haviam sido feitas e ruas haviam sido pavimentadas e isso, misturado com o ar festivo que envolvia a cidadela, o fez se sentir leve enquanto seguia seu caminho. Ao chegar na rua de sua casa, uma rua que era simples, mas muito bela, Dário pode avistar ao longe, sua esposa carregando um pequeno fardo de pano, que ele julgou ser seu filho. Ao avistá-lo, Sarah começou a caminhar em sua direção ao longo da rua enquanto ele já corria para seu abraço. Após um longo e caloroso beijo, Dário olhou para baixo, em direção ao pequeno fardo, o que confirmou suas suspeitas, era seu filho! Um garoto realmente forte como havia dito o rei, e que agora dormia nos braços da mãe, envolto em vários cobertores para a proteção contra o frio do inverno. Juntos eles se dirigiram em direção ao lar.

 _ Nós precisamos dar um nome a ele, Dário. _ Disse Sarah, com um tom doce e suave em sua voz, coisa que Dário não ouvia a mais de oito meses, a não ser em seus sonhos.

 Num impulso, Dário puxou Sarah e novamente a beijou. Depois se abaixou um pouco e deu um beijo na testa de seu filho, que respondeu com um pequeno movimento da cabeça e um gemido baixo.

 _ É bom estar de volta em casa! Mas vamos primeiro entrar, eu preciso de um longo banho e um jantar com minha mulher. O nome dele surgirá com mais facilidade quando eu estiver vivo novamente. _ Disse Dário, dando uma gargalhada de felicidade, que provocou um olhar torto de sua mulher, pois havia acordado o bebê.

 

 Hoth já estava quase em sua casa, quando dois dos seus melhores amigos o viram da porta de uma taverna e correram gritando seu nome. Quando se encontraram, trocaram um olhar de felicidade e então sua rota sofreu um desvio em direção a uma mesa que o aguardava com um pedaço grande de pernil e uma caneca enorme de hidromel, sua bebida favorita. Mas Hoth comemorou com seus amigos de infância durante pouco tempo. Ele estava cansado e queria ver sua esposa, logo foi se despedindo com promessas de retorno e se dirigiu ao lar, que ficava a menos de cem metros dali.

 Ao chegar em casa se deparou com um lugar fechado e escuro. Seria possível que sua mulher o tivesse abandonado? Não, havia uma luz fraca vinda de dentro de seu quarto e ele logo entendeu o que estava acontecendo. Hoth seguiu apressadamente, se esquecendo de fechar a porta. Ao abrir a porta do quarto se deparou com Cecília, uma mulher de corpo muito bem estruturado e cabelos ruivos, uma mulher que tinha um ar sensual, ainda mais sob o efeito de velas aromatizantes e vermelhas como ela já se encontrava de antecipação, uma mulher que era sua. Hoth rapidamente fechou a porta com um sorriso malicioso no rosto e enquanto se despia viu que o lençol havia escorregado um pouco para baixo, revelando os seios bem definidos de Cecília, que não demonstrou nenhum sinal de preocupação com isso, o que o deixou ainda mais excitado. Hoth logo pulou em sua cama, que já se encontrava quente, do corpo de Cecília, e começou a beijá-la, enquanto acariciava um de seus seios com a mão esquerda e puxava sua perna com a mão direita. Cecília já estava completamente nua e só faltava a Hoth, remover suas calças, o que foi feito em instantes, com um forte puxão que as rasgou. Cecília já não se agüentava mais e com o auxílio de sua mão, segurou firme a carne rígida de Hoth e lentamente a colocou entre suas pernas. O movimento dos dois era como uma magia que em minutos sugou a força de ambos, que ficaram ofegando, deitados nos lençóis molhados, se acariciando. E em minutos já estavam dormindo, sem trocar uma palavra sequer.

 

Pouco antes de o sol nascer, Dário já estava de pé, acordado pelo choro de seu filho alguns minutos atrás, olhando para o pequeno jardim de sua residência. Um jardim bem elaborado em seus mínimos detalhes, com estátuas nas bordas, uma fonte que jorrava água em seu centro e com caminhos feitos com pequenos azulejos vermelhos. Era uma vista que agradava muito a Sarah, mas que Dário não gostava tanto, ele preferia ver as plantas livres e moldadas apenas pela natureza a modificadas pelo homem. Mas mesmo assim, aquilo lhe dava uma certa paz pela manhã fria de inverno, que trazia uma pequena brisa gelada e revelava que alguns flocos de neve haviam caído na noite anterior.

Dário vestiu sua roupa de civil, que não era usada a tanto tempo e, depois de comer um leve desjejum foi em direção a sua nova oficina, que ficava no centro de Ergellion. Depois que havia conseguido fazer algum dinheiro no exército, ele havia construído uma nova oficina, já que a sua antiga foi destruída no ataque Samitheno de anos atrás.Ele havia ensinado a arte de ser ferreiro a três jovens que agora faziam todo o seu serviço em troca de apenas um vigésimo do lucro conseguido, apenas para manter sua esposa enquanto ele estivesse longe.

 Ao avistar ao longe o prédio de sua nova oficina, Dário viu que ela ainda estava em boas condições. Na verdade ele se surpreendeu ao ver que ela estava da mesma forma que estava quanto havia acabado de ser construída, mesmo depois de tanto tempo.

 Ao chegar próximo à oficina, Dário notou que já estavam acendendo os fornos e uma leve fumaça já saía das chaminés. Ao entrar, o cheiro familiar de carvão queimado e o som de metais batendo o fez arrepiar-se em um momento de nostalgia.

 _ O que você faz aqui? _ Disse Ferdinando, um dos seus ex-aprendizes.

 _ Não reconhece mais seu antigo mestre, Ferdinando? _ Disse Dário abrindo um sorriso e um abraço para seu melhor aluno, que recebeu o cargo de líder da equipe de ferreiros.

 _ Ah, me desculpe, é que o senhor está um pouco diferente. _ Disse Ferdinando envergonhado.

 _ Hehe... Não há o que desculpar, só te reconheci pelo seu lenço, que não sai do seu pescoço. Mas chega de confusões e desculpas. Como anda o trabalho por aqui? Vejo que tem se esforçado para deixar tudo impecável... E onde estão Yatlan e Dorian?

 _ Aqueles loucos? Ainda não chegaram senhor. Eu vim mais cedo para acender as fornalhas e terminar um serviço que deixei incompleto ontem. Mas eles já devem estar chegando. Entre, podemos tomar um chá enquanto os aguarda.

 _ Não Ferdinando, eu só queria matar a saudade desta oficina e de você, aqueles dois podem esperar mais um dia, eu vou dar um passeio pela cidade, quero ver o que andou mudando aqui. Diga a eles que amanhã virei e que vou inspecioná-los. Foi bom ter te visto novamente, até amanhã.

 Então Dário saiu da oficina, feliz por ver que um pouco de sua antiga vida ainda estava contida naquele lugar.

 Enquanto se dirigia ao mercado da cidade, Dário pode notar que a vida tinha melhorado para muitas pessoas em Ergellion, parecia-lhe que toda a cidade gozava de beleza e prosperidade, ao contrário do que vira da última vez, quando um número maciço de imigrantes lotava os bairros externos da cidade em uma superlotação desorganizada. Agora haviam ruas pavimentadas e água para todas as casas, até mesmo as mais externas, e também, uma terceira muralha havia sido erguida para proteger a todos. A cidade estava realmente diferente e isso lhe causava certo estranhamento ,mas também um alívio, o rei não era tão frio quanto parecia em suas longas campanhas. Ele se preocupava com os Aenorianos. Pelo menos com os que habitavam Ergellion.

 

 A cama ainda estava quente quando Hoth acordou, mesmo estando vazia. Ele se levantou e foi para a cozinha, onde estava Cecília, olhando para a rua com um copo de chá na mão enquanto esperava por um pão que assava no forno. Hoth a abraçou, beijando seu pescoço, e finalmente disse algo.

 _ Você está cada vez mais linda, enquanto eu só ganho mais cicatrizes. Me alegra saber que ainda me quer.

 _ Seu bobo, não me venha com essa, precisa inovar suas cantadas. _ Disse Cecília, com um sorriso maroto no rosto. _ Sente-se, o pão está quase pronto e eu fiz chá também.

 _ Sinto muito querida, vou ter que provar seu pão mais tarde, eu queria correr um pouco pela cidade antes que o caos do meio-dia tome conta das ruas.

 _ Vá então, mas volte para o almoço.

 _ Estarei aqui. _ Disse Hoth enquanto já alongava os músculos e se aquecia para a corrida.

 Com o ar frio da manhã, Hoth saiu em sua corrida matinal, cumprimentando rostos conhecidos e desconhecidos, revelando uma fama que não sabia que possuía. Hoth corria com leveza pelas ruas em direção ao mercado, já planejando encontrar Dário.

 Ao passar pelo arco de madeira que demarcava o perímetro do mercado, Hoth pôde ver que um estranho artefato se localizava em seu centro agora. Uma pequena torre com uma esfera branca, que continha setas apontando para seu exterior em direções sem sentido, algo novo para ele. Sem prestar tanta atenção ao estranho artefato se dirigiu à fonte, onde Dário estava parado, em pé, olhando para as pessoas que iniciavam seu dia de trabalho com rostos sonolentos.

 _ Bom dia, meu senhor. _ Disse ele.

 _ Bom dia Hoth, mas por favor, esqueça de que somos militares pelo menos enquanto estivermos aqui. Você aqui não e nada mais, nada menos que meu amigo, meu irmão. Vamos comer algo.

 

 Já era meio-dia quando Dário chegou em casa após seu longo passeio matinal, que continuou mesmo quando Hoth foi para sua casa. Sua esposa preparava o almoço na cozinha, com o filho no colo.

 _ Tuor... É um bom nome para nosso filho. _ Disse Dário enquanto se sentava à mesa, provocando um pulinho de susto na esposa, que estava distraída com os afazeres.

 

 Mais tarde naquele dia, Dário e Hoth se engajaram em uma longa e enfadonha reunião com os nobres de Aenor para discutir sobre o futuro do país. Logo após a reunião, uma festa os aguardava do lado de fora da corte, onde os velhos e novos amigos os aguardavam.

 _ Dário, meu mestre! _ Disse Yatlan que, junto com seu irmão Dorian, correram derramando toda a bebida de suas canecas, em direção a Dário. Ao ver aquilo, Dário pensou, no primeiro instante, estar sofrendo um atentado e já ia levando a mão à cintura quando reconheceu o sorriso amarelo de Dorian.

 _ Vocês... _ Começou Dário, mas não teve tempo de terminar, pois logo foi arrastado para o interior da festa. No caminho, Dário pôde avistar mais de seus velhos amigos, que estavam quase todos sentados à mesma mesa, esperando-o.

 Dário estava exatamente onde queria estar, e o melhor, dessa vez estava livre de qualquer obrigação por um bom tempo. Então resolveu aproveitar aquela noite como se fosse a última, pegou logo uma enorme caneca e a encheu de rum do barril que passou a carregar consigo depois do primeiro gole. Aquele rum descia como elixir ao seu estômago e o animava ainda mais. Vários bardos tocavam músicas que lhe lembrava seu tempo de infância e de seus pais, mas não lembranças ruins, apenas as melhores, assim como lembranças do tempo em que trabalhava como ferreiro em Carid. Aquecido pelo rum e pelas musicas, Dário se pegou contando sobre seu passado enquanto se deliciava com a atenção de seus antigos companheiros.

 _ Depois de uma semana de trabalho árduo em cada uma das sete relíquias, apenas a que mais me atraía foi levada para a segurança de meu lar. A lança-de-vento, é claro. Mas parece que por obra do destino, aquele maldito Muufir, que agora finalmente encontra-se preso nos calabouços de meu novo forte, saqueou minha querida vila, apenas duas noites após o termino do meu difícil serviço. Minha oficina, assim como todos os estabelecimentos econômicos da vila e também algumas casas, foi saqueada e destruída enquanto não podíamos fazer nada a não ser esperar pelo fim. Por sorte, minha lâmina estava comigo no momento e eu pude usá-la quando um dos fedidos Samithenos veio a atacar minha casa. Foi aí que eu percebi as propriedades que aquele minério possuía. A lâmina penetrou a carne daquele homem como se ele fosse feito de manteiga e eu a manejei com tamanha facilidade que eu não havia notado, já que entreguei a um garoto para que mandasse afia-la e entregar em minha casa na semana anterior, quando ela tinha acabado de ser forjada. Naquele momento, eu lembrei de todos os outros artefatos... Não pensei duas vezes. Fui logo saindo de minha casa e matei os dois primeiros Samithenos que se meteram em meu caminho e enquanto corria para minha oficina outros me avistaram, mas eu estava louco de raiva e o que se seguiu foi algo muito sinistro. Eu não pensava em mais nada a não ser salvar os outros artefatos para que pudesse testa-los e então destrocei os homens que entraram em meu caminho, arrancando-lhes braços e pernas e em seguida suas cabeças, sem sequer me preocupar com os berros de dor dos que sobreviviam...

 _ Então foi aí que conseguiu essa sua vontade louca de se meter entre a vanguarda... _ Disse Hoth, com uma gargalhada seguindo suas palavras.

 _ Parece que sim, Hoth, e me parece também que essa minha sede foi passada a você, não é? _ Mas Hoth não disse nada, somente tomou um longo gole de seu hidromel e sorriu de volta. _ Voltando à história. Quando eu vi que minha oficina já havia sido saqueada, fiquei muito triste e revoltado. O ataque acabou poucos minutos depois, sem que mais ninguém me percebesse ali e todos os Samithenos partiram com seu saque em direção a Lortigon. Depois desse incidente, fiquei apenas mais alguns dias em  Carid e então parti em direção a Ergellion, já em busca de uma forma de recomeçar minha vida como ferreiro. Mas sem dinheiro e sem ajuda, não havia outra forma de sobreviver senão a que segui. O exercito. Mas foi lá que conheci meu irmão de armas, Hoth e mais tarde também, outros dos que hoje são meus oficiais, como Eldion, o cego. Eldion agora é o portador do elmo que faz parte do grupo dos sete artefatos, elmo que possui também certas características especiais que ele diz serem uma melhora no equilíbrio físico e uma melhora considerável na capacidade de seu olho restante, e por isso, eu decidi apelida-lo de elmo da águia. Mas voltando à história. Quando completei um ano e meio de serviço militar, eu já havia juntado dinheiro suficiente para abrir uma enorme oficina e começar a ensinar alguém para que a oficina não ficasse parada enquanto eu estivesse em campanha. E eu selecionei apenas os melhores: Ferdinando, o filho bastardo de um nobre Aenoriano, que agora é alguém muito mais importante para mim do que era para seu pai, e os irmãos Yatlan e Dorian, os dois loucos do distrito externo da cidade, que sempre tiveram grandes capacidade e sede de aprendizado. E com isso minha vida foi melhorando, eu consegui várias promoções no exercito durante minhas campanhas e no meu tempo de folga, acabei conhecendo a mulher da minha vida, Sarah, com quem só consegui me casar depois que virei general, alguns meses atrás. O resto da história vocês já sabem. Eu gostaria de propor um brinde a todos vocês, que fizeram da minha vida, algo mais do que caçar os meus artefatos, que fizeram da minha vida, uma vida digna de se viver!

 Então todos se levantaram e com um sorriso, levantaram seus copos e canecas em direção ao céu e, após um grito de comemoração, ingeriram todo seu conteúdo.

 

 Era a manhã do vigésimo nono dia das férias de Dário e ele, a muito custo, saiu de sua cama com um ar de tristeza. Após todo aquele tempo lutando ele tinha apenas um mês de descanso! Era injusto, mas era seu dever para com o rei.

 Após tomar seu café da manhã, Dário saiu de sua casa e andou pelas ruas em direção ao palácio, onde o rei o aguardava com suas novas ordens. Hoth já o aguardava no mercado, ao lado do estranho monumento que, mais tarde descobriram ser um novo tipo de invento chamado por seus inventores de relógio, o único em todo o reino.

 Juntos, Dário e Hoth foram então para o palácio. Ao chegarem, o rei sem cerimônias já foi lhes dizendo:

 _ Amanhã vocês partirão para continuar sua campanha por Aenor. Dário, eu lhe peço que tome por definitivo a cidade de Jikur, a capital de Samith e ensine aos malditos Samithenos o que acontece quando eles mechem com nosso povo. Mas antes de vocês irem para Jikur, eu quero que você convoque forças de nossos aliados da floresta. Eles serão de grande ajuda contra nossos inimigos e já que não possuem homens suficientes para formar um exército próprio, eu quero que os guie em batalha, eles estarão sob seu completo controle, eu já conversei com o rei Fimbol sobre isso e ele acha que pode ser uma ótima forma de nos agradecer por protegê-los dos Argores. Eu não quero tomar muito do pouco tempo que ainda lhes resta, portanto já podem ir aproveitar seu último dia aqui em Ergellion.

 

 Em sua última noite em Ergellion, Dário e Hoth não quiseram fazer mais nada além de se despedir de suas famílias e amigos. Já era quase manhã quando as duas famílias saíram da taverna de volta para suas casas. Todos cambaleando, com exceção de Sarah, que não bebeu muito, com medo de que seu filho sofresse algum acidente por sua culpa.

 Dário acordou e percebeu que já havia passado de meio-dia, ele então se levantou lentamente e seguiu para a cozinha, onde sua mulher punha seu prato à mesa, olhando-o com o rosto entristecido. Logo após o almoço, Dário deu um longo beijo em sua amada esposa, que não veria por um longo tempo e observou orgulhoso seu filho, que brincava com uma madeixa de sua mãe enquanto olhava para o pai, entretido. Dário mal podia acreditar que estava partindo novamente e já acreditava que sua campanha não seria fácil nem curta para que ele visse sua esposa novamente em menos de dois anos. Ele então foi até seu quarto, onde sua armadura o aguardava, agora limpa e polida por sua esposa. Ele vestiu-a então e, com o elmo embaixo do braço, saiu pela porta da frente sem olhar para trás, como se tivesse vestido uma capa que o protegesse de lembranças do passado. Sarah o observava da porta com seu herdeiro nos braços e lágrimas nos olhos.

 Hoth já vestia sua armadura quando Dário bateu à porta. Sem responder, ele se dirigiu à sala de sua casa e viu que sua esposa havia saído. Ele não podia esperar por sua volta, então deixou apenas um pedaço do pano de sua roupagem militar, como sinal de que havia partido.

 

 Juntos agora, todos os oficiais Aenorianos reluziam em suas armaduras à frente do exército, que aguardava em colunas da largura exata da rua principal de Ergellion. Dário deu o sinal para que partissem e então, toda a massa se mobilizou em direção ao portão principal da cidade. Quando o campo a frente da cidade já podia ser visto por todos, Hoth pôde ver em meio à multidão, que Cecília o encarava com o tom maroto, comum em seu rosto.

 _ O que faz aqui? Eu te procurei em casa e você tinha sumido. _ Disse Hoth.

 _ Eu vim me despedir de você. _ Disse Cecília e, antes que Hoth pudesse impedir, ela saltou em seu pescoço e lhe deu um beijo, arrancando alguns gritinhos sarcásticos dos outros oficiais. _ Volte para mim, não importa quando, desde que volte. _ E então se afastou de volta para a multidão que abria alas para o grande exército que partia.

 Dário deu um longo suspiro ao sair pelo portão frontal da cidade, numa sensação que parecia misturar nostalgia e pesar ao mesmo tempo. Todos marchavam imponentemente, porém, quietos.


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