Evariny escrita por SabrinaMM


Capítulo 6
- O Maior Inimigo -


Notas iniciais do capítulo

Ok, disso os meu antigos leitores já sabem (lê-se Jair e Hilane), mas esse capítulo é mais "cuti" que os outros... Não me matem por isso, por favor, ainda quero ler Empire ;)



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Murtagh já não agüentava mais aquilo. Odiava Galbatorix com todas as suas forças, mas mentira para Eragon na Batalha da Campina Ardente, forçando-o a crer que ele gostava do que fazia. Na realidade, servia ao seu maior inimigo. É claro que gostava de Thorn, mas sentia falta da companhia dos Varden, de Eragon, e até mesmo de Tornac, seu cavalo. Tudo o que desejava era se livrar do maldito juramento que fora forçado a fazer. Odiava-se por ter servido como instrumento para a morte daquele velho cavaleiro que lutara bravamente em Gil’ead, mas teria de se acostumar com aquela vida: se era forçado a fazer isso ou não, todo o Império sabia de sua existência e o abominava.

Continuava perdido em pensamentos, até ver ao longe um lampejo colorido. Surpreso, tentou entender o que era, até sentir que alguém atacava furiosamente sua mente. Naquele momento, caiu em si, e percebeu se tratar do dragão sobre o qual Galbatorix andara falando.

Esse deve ser o dragão de Vroengard, e sua Amazona!

Ele se defendeu, e tentou penetrar na mente dela, mas nunca vira barreira mental como aquela, não possuía terreno firme onde pudesse concentrar suas forças, apenas uma estranha mistura de cores.

Se aproximaram dos inimigos a alta velocidade. Thorn emparelhou com aquele estranho dragão, semelhante a um prisma, refletindo todas as cores imagináveis. Em suas costas, estava uma guerreira de armadura completa e elmo, ocultando seu rosto. Na primeira oportunidade, atacou ela, mas foi repelido por ela, com uma espada semelhante ao dragão, brilhante e refletindo as cores. Ela contra-atacou com força e ferocidade sobre-humanas, surpreendendo-o. Continuaram lutando, ao mesmo tempo em que seus dragões trocavam mordidas. O jovem dragão inimigo levava vantagem por estar coberto por uma armadura estranha, translúcida. Ela atacou-o do lado, e ele se viu obrigado a se por de pé em Thorn, como ela já estava, para lutar. Dançaram de um dragão ao outro, mas então, enquanto ele tinha de saltar até a garupa do dragão dela, Thorn se separou do outro, deixando Murtagh preso junto com sua inimiga. Ele então pronunciou um encanto para ampliar levemente a sua voz, e disse a ela:

-Proponho que desçamos e lutemos em terra. Nossos dragões estão exaustos e feridos, e sabes como isso me machuca.

Percebeu que ela pronunciava o mesmo encanto, e se surpreendeu ao ouvir uma voz musical e encantadora responder na língua antiga:

-Aceito, desde que diga na língua antiga que não irá tomar proveito dessa situação.

-Tem a minha palavra – disse ele na língua antiga.

-Melhor sentar-se – disse ela – essa vai ser uma descida veloz.

-Eu... Não vou montar Thorn?

-Não. Ele voará ao lado de Nelow, mas não será montado por você.

-Certo – assentiu ele, de má vontade – mas você não se sentará também?

-Eu? – riu ela – para que sentar, se posso ir de pé?

Murtagh então reparou que ela usava uma sela adaptada, com tiras de couro para prender os pés no caso de ter de se manter levantada.

Desceram velozmente, e logo estavam no chão, seguidos de Thorn, que não conseguira acompanhar o ritmo de Nelow. Mal pousaram, o cavaleiro correu até seu dragão, que estava com um feio corte em uma das patas.

-Calma, amigo – disse ele, preocupado, pois sentia a dor de seu companheiro -, logo você estará bem. Waíse heill!

 

O ferimento se fechou, e a dor cessou imediatamente. Enquanto isso, ela curava seu dragão de pequenos ferimentos que poderiam incomodá-lo.

 

-Eu gostaria de saber contra quem estou lutando – disse ele.

 

-Contra mim – respondeu ela, irônica.

 

-Como posso ter certeza de quem é você se não sei seu nome? – persistiu ele.

 

-Chamo-me Evariny. E antes que pergunte, esse é Nelow.

 

-Evariny... em homenagem às estrelas, certo? – perguntou ele.

 

-Não acha que está perguntando demais? – disse ela, Mas ele notou um tom divertido em sua voz.

 

-Na verdade não. Você ainda está em vantagem – falou ele –: sabe meu nome, o nome de meu dragão, grande parte da minha história, sabe que sou humano... não sei nada sobre minha mais nova inimiga.

 

-Eu diria que não sou a mais nova... mas, em todo caso, sabe o suficiente... não lhe direi minha historia, pois seu mestre já sabe demais sobre ela. O que posso lhe dizer é que não sou humana, nem elfa, e nem nenhum dos seres que conhece. Sou única em minha natureza.

 

-Poderia me dizer...

 

-Poderia. Mas acho que não vou – riu-se a garota.

 

-Por favor – disse ele, curioso.

 

-Tire seu elmo e me mostre seu rosto e farei o mesmo, então poderá ver com seus próprios olhos.

 

Como ela dizia tudo na língua antiga, resolveu acatar o pedido. Tirou seu elmo, e percebeu que ela fazia o mesmo. Assim que terminou, reparou que ela já o tinha feito.

 

Perdeu o fôlego. Na sua frente, estava uma mulher magnífica, com orelhas de elfo, olhos verdes e puxados, mas com a pele escura como a da líder dos Varden. Os cabelos eram castanho-escuros, muito lisos, e estavam presos em um coque simples. Os pensamentos de Murtagh estavam confusos, ele só conseguia imaginar ela como alguma rainha de uma terra distante, ou uma deusa da guerra e da beleza. Seus traços eram delicados, e sua postura ao mesmo tempo majestosa e insolente, com o queixo levantado e o olhar docemente zombeteiro.

 

No instante em que seus olhos se encontraram, Evariny perdeu completamente o fôlego. Não imaginara que seu inimigo tivesse um olhar tão profundo e, estranhamente, delicado enquanto firme. Seu rosto era forte, e ao mesmo tempo inspirava tranqüilidade, emoldurado por cachos de cabelos castanhos que caiam soltos em torno da face. Parecia alguém que sofreu muito, mas nem por isso perdeu a vontade de viver, de reagir. Aquele era o homem que ela esperava odiar? Não, impossível. Ela não o odiava, mas tentava mudar isso.

 

-Já... já conversamos demais – falou ela, retomando o controle de sua respiração e pondo novamente o elmo -, devemos continuar a luta que paramos.

 

-Espere – exclamou ele -, você me disse que não era uma elfa.

 

-E não sou – ela disse, ainda confusa -, não completamente. Sou mestiça. Meu pai era elfo e minha mãe humana, e seu rei os perseguiu até a morte. Em guarda, filho de Morzan!

 

Ele repôs rapidamente seu elmo, e mal tivera tempo de sacar sua espada quando ela o atacou diretamente no peito. Ele desviou rapidamente, mas ela voltou a atacar, com uma ferocidade que superava tudo o que já fora visto por ele. Murtagh não tinha sequer uma oportunidade de contra-atacar, conseguindo apenas se defender, com dificuldade. A Cavaleira conseguiu atingi-lo de raspão no braço uma vez, mas nada além disso. Os pensamentos dele estavam lentos, ele não conseguia entender o porquê de não querer derrotá-la. Era seu dever matar Evariny, mas seu coração dizia o contrario.

 

Evariny estava fora de si. Sempre se considerara alguém forte, mas acabara de achar uma fraqueza: não desejava a morte de Murtagh, mais do que isso, se preocupava com sua vida. Teria de consertar isso, e a única forma era matando-o. Quando o atingiu no braço, foi como se tivesse se cortado, a dor em seu peito por pouco não a fez parar, mas ela continuou. Não podia pensar em Murtagh como algo diferente de um inimigo, ele era servo de Galbatorix, e apesar de saber disso, ela não o via como tal, não via o Cavaleiro a sua frente como alguém a quem se podia matar, ou mesmo tencionar tal objetivo.

 

Ouviram passos as suas costas, e Arya surgiu, distraindo Evariny. Murtagh percebeu que poderia tirar proveito dessa situação e matar ela naquele minuto, mas não conseguiu fazê-lo, e apenas atingindo seu braço, para ganhar tempo e subir em Thorn.

 

Levantaram vôo, mas no momento seguinte Nelow decolava, com ela em sua cela.

 

-Garjzla du Evarínia!! – gritou Evariny.

 

A última visão de Murtagh foi uma lágrima nos olhos de Evariny, antes que fosse completamente cegado pelo encanto.

 

***

 

Ela pousou, e foi imediatamente alcançada por Arya:

 

-Ele fugiu. –falou a Cavaleira - Não tenho como alcançá-lo agora, por causa desse ferimento, e curá-lo gastaria muita energia.

 

-Que pena que... Evariny, você está chorando?

 

-Não! – disse a garota – Eu só...

 

-Não minta pra mim! O que aconteceu? Não se preocupe, não te julgarei.

-Encontrei meu maior inimigo.

 

-Murtagh?

 

-Não – falou ela, quase às lágrimas -, meu coração.

 

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