He's A God And My Best Friend escrita por sawada san


Capítulo 16
Humana com senso de humor deplorável e nada de magia


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas. Como podem ver eu não morri, continuo fã do Loki e por incrível que pareça ainda penso nessa história!

Bom, nesses dois últimos anos que não atualizo, li e reli a história, até chegar a conclusão de que: as pessoas que acompanhavam e recomendaram merecem estoques infinitos de sorvete (o que para mim seria o melhor prêmio do universo).

POR FAVOR LEIA AQUI, MUITO IMPORTANTE!!!

Então, com os sábios conselhos e ajuda de uma amiga, resolvi dar um recomeço a história da nossa pianista Anna. Porque eu realmente não sei onde esperava chegar em 2013-2015. O começo da história vai mudar, mas a essência continua a mesma: o que aproxima a Anna e o Loki é a música, especificamente a maneira que ela toca piano.

Aos que já acompanhavam a história, por favor deem novamente uma chance. Esse "He's a god and my best friend" 2.0 será:
• gramaticalmente adequado
• Raciocínio lógico
• Mais piano
• Construção melhorada dos antigos e novos personagens
• Títulos legais

Esse é o "novo" primeiro capítulo.

O link para a nova história está nas notas finais.



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Tudo o que eu queria era uma mudança. Nova cidade, novo colégio, novas pessoas. Talvez assim algo de diferente aconteça na minha vida. Sabem quão monótono é viver em um lugar durante 17 anos? Talvez não tanto, mas para alguém que tenha 17 anos é uma vida inteira.

Por toda minha vida estive na mesma cidadezinha, onde todos se conheciam. Toda semana era a mesma rotina. Todo ano a mesma programação. Eu ansiava por alguma mudança. A cidade foi reformada, novos prédios construídos, novas pessoas chegaram, mas a essência de tudo continuava a mesma. Então aconteceu, meus amigos mudaram. Isso teria sido algo maravilhoso, se eu tivesse mudado também, mas continuei a mesma. De repente não éramos mais tão chegados, o silêncio constrangedor surgiu, novos interesses aparecem no caminho. Eles tinham uma vida nova e eu só queria o passado novamente.

Resumindo tudo, minha mãe voltou a trabalhar fora e como meu pai sempre trabalhou viajando eu iria ficar sozinha, então decidiram me colocar em um colégio interno. Exatamente o que eu esperava, uma mudança grande, minha passagem de saída da pequena bolha em que morava.

Então cá estou, no SHIELD High School, o colégio interno mais seguro dos Estados Unidos. A S.H.I.E.L.D é uma organização tão forte quanto CIA ou FBI, se duvidar mais. O objetivo desse colégio não é criar agentes ou algo parecido, mas proteger os filhos de pessoas importantes como senadores, deputados, etc. e etc.. De quem eu seria filha? Ótima pergunta, também não entendi como estou aqui, mas tudo bem. Louco do jeito que o mundo está, ninguém reclama de estar seguro.

Minha maior preocupação com a mudança eram as aulas de piano. Onde eu morava era tão normal as pessoas tocarem algum instrumento, aqui já é algo bem raro. Quando minha colega de quarto descobriu ela ficou maravilhada, pedia para eu tocar umas musicas aí da rádio. O pequeno detalhe é que não é assim que funciona tocar piano, chegar de alegre e tocar qualquer coisa, do nada. Algumas pessoas tocam de ouvido, improvisam e outras usam partitura, estilo clássico. Se eu improvisasse estaria em Boston, me preparando para entrar na Berklee College of Music. Mas não improviso, sou dessas de partitura, compositores antigos, "músicas para velhos". Um dos motivos para vir para esse internato é porque ele fica aos arredores de Nova York, e em Nova York temos a Juilliard, minha futura faculdade. Mas para entrar nela preciso de um professor. Ser bom não é o suficiente para Juilliard, é preciso ser perfeito.

Na minha grande estadia de uma semana nesse colégio já encontrei meu lugar preferido, uma sala no segundo andar, praticamente no fim do corredor. Acho que era suposto ser uma sala de música. Não tem carteiras, são cadeiras organizadas em uma meia lua. De frente para elas têm uma lousa e parte da lousa é uma pauta. No canto tem um piano, ele está posicionado de maneira que o pianista fique de costas para a lousa, de frente para o grupo de cadeiras e meio de lado para o maestro, que no caso seria algum professor. Era um piano de armário, marrom escuro, bonito.

Ajeitei meu concerto no piano e suspirei, não adianta muito estudar e estudar sem ter quem vai me corrigir. Não tenho confiança em mim para julgar o que está certo ou errado. Deveria ter trazido na mala um metrônomo, pelo menos eu saberia o tempo certo. Desanimada para estudar? Sim. Desanimada para tocar? Nunca.

Posiciono minhas mãos sobre o teclado e fecho os olhos. Um sorriso involuntário surge em meu rosto só pelo pensamento da música que vou tocar: Memory, do musical Cats.

As primeiras notas soam e eu já sinto uma calma pairar sobre mim. Os pensamentos desaparecem e sinto meu coração desacelerar. Minha concentração está voltada totalmente para a música. Meus dedos vão se movimentando sem hesitar, a cada tecla formando uma nova harmonia.

Quando a última nota termina de soar, solto o ar. Tenho esse estranho costume de segurar a respiração enquanto toco, principalmente com músicas que gosto, parece que elas drenam mais minha energia do que outras. Obviamente não seguro o ar a música toda, só nos últimos compassos, eu acho. Não é como se eu fosse tirar meu foco das notas para a minha respiração.

Voltei meu olhar para o concerto no piano. Comecei o estudo, compasso por compasso, frase por frase, página por página. Após umas três horas eu já conseguia ler quatro das dez páginas que o concerto possui, num andamento bem mais lento. Obviamente essas horas alternam entre trocar durante uns minutos por uma música mais leve, levantar e dar voltas na sala a fim de não quebrar o piano e muito, mais muito "inspira e expira".

Como passei o final dessas horas torturantes de estudando, pretendia tocar as quatro páginas direto, mas há um "porém", preciso de alguém para virar a página se eu quiser tocar perfeito, sem atrasar o tempo.

Saio da sala murmurando xingamentos, está quase na hora do jantar, achar uma viva alma aqui seria um milagre. Ando pelo corredor olhando de porta em porta, paro quando ouço um barulho. Viro para uma sala onde parece que alguém está batendo contra um móvel, estranho.

Suspiro e crio coragem, claro que quero alguém para virar a página mas tenho um pequeno empecilho chamado vergonha. Então dou três batidinhas na porta e abro.

"Oi, é..." Minha frase morre quando vejo que não tem ninguém na sala, a sala que está impecável de arrumada.

Derrotada, na entrada da classe, não entendo como posso ter me enganado, minha audição é boa.

"Porcaria", murmuro de novo, "uma mísera pessoa é tudo o que eu preciso, para virar uma porcaria de concerto que vai tirar minha porcaria da sanidade."

Volto cabisbaixa para o piano, hoje as três primeiras páginas não vão sair perfeitas. Sento no banquinho e encosto minha cabeça contra a tampa do piano, estou cansada.

"Hey," uma voz vinda do nada me fez dar um pulo e quase cair "tá tudo bem?"

Olho para a dona da voz e vejo uma moça, parece um pouco mais velha do que eu, cabelos curtos e encaracolados e uma jaqueta militar, meio grande. Nunca tinha visto ela no colégio.

"Você surgiu do nada?" Pergunto para a moça, há alguns segundos atrás não havia ninguém no corredor.

Antes que ela respondesse uma outra figura apareceu atrás dela, dessa vez um cara alto e de cabelo escuro.

"Tem mais alguém pra aparecer? Um filhinho talvez?"

A moça riu com a minha segunda pergunta, já o moço bufou.

"Satisfeita? É só uma humana com senso de humor deplorável e nada de magia. Vamos." A voz do moço me deixou estática, parecia um sussurro alto, meio ameaçador.

"Ei, calma aí, bonitão. Você estava tão curioso quanto eu, nem adianta negar."

Eles estavam falando de mim e claramente me ignorando, quem eram aquelas pessoas? E "humana"? Desde quando isso é um xingamento?

"Desculpa por esse cara aqui," a moça falava enquanto puxava seu amigo para dentro da sala e sentava em uma cadeira, "ele se acha o rei do planeta, o que obviamente não deu certo." Ela piscou para ele e ele só bufou, se afastando dela e vindo para o piano.

A cada palavra eles pareciam mais estranhos, eu queria pessoas, mas não um casal de malucos.

"Que tipo de escrita é essa?" A voz do moço soou atrás de mim e quase tive um ataque cardíaco. Virei em direção a ele, que encarava fixamente as partituras.

"São notas, é uma partitura. Tipo música e tal." Minha resposta saiu com ar de óbvio. Mesmo quem não toca algum instrumento conhece partituras.

"Toque." O moço ordenou.

Olhei confusa para a moça, ela tinha um sorrisinho de lado e alternava o olhar entre ele e eu.

"Claro," me voltei novamente para ele "se você virar a página para mim." Coloquei uma condição, não é como se eu fosse simplesmente obedecer um cara que julga "humano" como xingamento.

"Não sou seu servo." Dava para sentir a irritação em sua voz.

"Nem eu a sua."

Nos encaramos por alguns segundos, até eu desviar. Os olhos dele eram verdes. Muito verdes, mas ameaçadores, no estilo "faça o que eu quero ou do contrário te mato".

"Ok," dou de ombros "mas se você não virar a folha eu vou simplesmente parar, levantar e ir embora."

Deslizei as mãos sobre o teclado e encarei a partitura, respirei fundo antes de tocar a nota mi, dando início a peça "Winter Wind", Chopin Op. 25, No 11. Os quatro primeiros compassos são fáceis, o problema começa no quinto. Sinto minha mão começar a tremer e tento me concentrar somente na música, não nas pessoas que estão observando. Algumas notas são trocadas, mas continuo mesmo assim, desistir no meio é pior que alguns errinhos.  Quanto mais me aproximo do fim da segunda página mais penso se o cara vai virar a partitura, eu quero continuar a tocar, mas não quero ser submissa a vontade do moço.

Viro para ele e aceno com a cabeça, esperando que a página seja virada. O moço simplesmente me ignora, cruzando os braços e concentrado seu olhar nas teclas.

Calmamente meus dedos vão parando de tocar e retiro minhas mãos do piano. Um silêncio paira no ar e sinto os olhos verdes me fulminando. Junto minhas partituras, levanto e saio da sala. Minhas mãos tremiam de nervoso e raiva, mas principalmente de cansaço.

Saio apressada do prédio da escola, minha colega de quarto deve estar tendo um treco. Eu pedi para ela me esperar para o jantar, mas acabei ficando tempo demais no piano. Com sorte não perdemos o jantar.

Antes de entrar no dormitório, sou surpreendida por um ser que me agarra e começa a me arrastar para o refeitório.

"Não é possível que você passou esse tempo todo estudando! Nenhum adolescente perde a janta para estudar!  Tem que ter um garoto nessa história aí, não pode ser só um piano" Belle dizia exasperada, num misto de indignação e incredulidade.

Até estar sentada na mesa, com um prato a sua frente, Belle não tinha parado de reclamar e falar que a culpa seria minha se ela morresse de fome.

"Hoje um casal apareceu lá, tipo, bem estranhos," comecei a contar para Belle.

"Anna, você é musicista, você perde sua adolescência na frente do piano e eles que são estranhos?"

Dei de ombros, Belle não estava completamente errada, mas eles eram diferentes.

"De qualquer forma, eles não fazem diferença na minha vida."


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem.

Aqui o link para a "He's a god and my best friend" 2.0

https://fanfiction.com.br/historia/747406/Hes_a_god_and_my_best_friend/



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