Um Encontro Na Tempestade escrita por Carol di Angelo


Capítulo 4
Frio que aconchega


Notas iniciais do capítulo

Esse ficou grande hein XD
Espero que goste, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/396064/chapter/4

Em seu pesadelo, Nami estava correndo. Ela não sabia de que, mas sabia que não queria parar para descobrir. O caminho a frente parecia infinito, e seu perseguidor começava a lhe alcançar. De repente ela tropeçou no vazio e rolou pelo chão, e quando tentou se levantar descobriu que, para variar, suas pernas não se moviam. Começou a entrar em pânico enquanto a escuridão tomava seus pensamentos e ficou certa de que esse seria seu fim quando, como uma luz, alguém surgiu ao seu lado. Para sua surpresa, esse alguém era Luffy. Ele lhe estendeu a mão e disse:

– Venha comigo, vou te tirar dessa.

– Lu...Luffy? O que você está fazendo aqui? E onde é aqui? - perguntou Nami assustada.

Ele sorriu de um modo tranquilizador e disse:

– Apenas confie em mim.

Ela sabia que algum tipo de perigo estava chegando, mas ao ver aquele sorriso tranquilo e familiar, seu medo começou a se dispersar, e ela não hesitou mais nenhum segundo em pegar a mão de seu amigo e ser levantada por ele. Nesse instante o pesadelo virou sonho.

Estava em um ambiente que parecia cercado de nuvens, onde tudo era branco. Estava à sós com Luffy, ainda segurando sua mão, quando ele começou a se aproximar até estarem cara a cara. Ele tocou seu rosto e iria dizer algo, mas bem na hora Nami acordou.

Estava de volta à conhecida caverna. Enquanto as lembranças do dia anterior iam passando por sua cabeça, ela ouviu um rugido que veio do nada, o que a fez pular de susto, principalmente porque ele veio direto debaixo de sua cabeça. Quando olhou para baixo logo entendeu de onde aquilo veio. Primeiro pensamento: não foi um rugido, e sim um ronco do estômago esfomeado de Luffy. Segundo pensamento: ela dormiu o tempo todo com a cabeça no colo dele.

Isso a fez corar um pouquinho, coisa que ela não entendeu. Por que diabos ela ficava nervosa perto dele ultimamente, se o conhecia a anos e nunca havia se sentido assim? Ficar perto dele lhe dava uma sensação de segurança, seu sorriso idiota lhe deixava calma e tranquila, e quando ele lhe tocava... bem, ela sentia pequenos arrepios, além de ficar com o rosto levemente vermelho. Por que tudo isso, ela se perguntou. Será que... Não, fora de questão. Não era possível que alguém pudesse se apaixonar por uma pessoa tão estúpida e desligada como aquele cara. Ela estava sempre batendo nele, com raiva de sua irresponsabilidade... mas mesmo assim ele nunca hesitou em arriscar sua vida para salva-la de algum perigo. Como ontem no navio, ela se lembrou. Talvez aquele sonho não tenha sido coincidência.

Depois de viajar em seus pensamentos por tanto tempo, ela "acordou" com um sobressalto ao ouvir mais um ronco daquela barriga sem fundo. Nami suspirou, pensando no longo dia que teriam pela frente com busca de comida, descobrir sua localização... "Mas não estou sozinha" pensou ela olhando para aquele rosto adormecido. Ela não pode negar que ele era realmente bonito quando estava relaxado, as feições calmas. Nami notou que havia um pouco de baba escorrendo por um canto em sua boca, e com uma risadinha ela se espreguiçou e se levantou para explorar o local.

A caverna não era realmente muito grande. Eles haviam adormecido há alguns metros da entrada, e a partir desse ponto a caverna continuava por mais uns 6 metros até o teto começar a descer e se encontrar com o chão no fim da gruta. Nami caminhou até a borda e olhou para o mar a frente. A tempestade continuava, mas não com a mesma fúria de antes. A navegadora se arrependeu de ter ido lá fora, pois voltou encharcada de água do mar e da chuva. Puxou Luffy para mais fundo, tentando evitar que ele também ficasse molhado. Enquanto era arrastado, sua cabeça sem querer esbarrou em uma pedra pontuda, dando um fim ao seu sono incrivelmente pesado.

Seus olhos se abriram para encontrar os de Nami, seu rosto debruçado sobre o seu:

– Ah, me desculpe Luffy, você está bem?

– Hã? A cabeça? Sim está tudo ok.

– Ah... - ela pigarreou - então levante logo seu preguiçoso. Se quiser comer, vamos ter que encontrar algo.

– Comidaa... - seu estômago roncou concordando - aah, o que faremos sem a comida do Sanji?? - ele disse fazendo um biquinho desapontado.

– Não tenho ideia - disse Nami, pensando com um sorriso em como o cozinheiro devia estar louco procurando por ela - mas vamos descobrir.

– Yosh! - Luffy levantou num pulo - já sei, vamos pescar!

Ele caminhou alegre em direção à entrada da caverna, mas como se estivesse esperando por isso, a tempestade mandou uma rajada de vento bem em sua cara, fazendo-o cambalear e tropeçar para trás, esbarrando em Nami que estava seguindo-o. Ela perdeu o equilíbrio e tentou se segurar em algo, nesse caso Luffy, e acabou abraçando-o pelas costas. Tão rápido quanto isso aconteceu eles se separaram. Nami virou imediatamente e já começou a se desculpar:

– Me desculpe... eu não queria--

– Tudo bem - ele a interrompeu. Foi impressão dela ou ele parecia nervoso? Mas voltou a falar normalmente. - Bem, parece que não poderemos pescar sem cair no mar.

– É, não estou nada afim de ter que te carregar na água de novo, idiota - ela retrucou tirando sarro - Então, como vamos fazer para seu amigo ai ficar quieto? - ela apontou para sua barriga.

– Boa pergunta - disse ele passando a mão sobre o estômago - não tem nenhum tipo de planta crescendo nessa caverna?

– Não, eu já olhei - respondeu Nami - e mesmo que tivesse, precisaríamos do Chopper para saber se seria comestível. - ela suspirou - Nossa, somos realmente dependentes um dos outos.

– Por isso precisamos encontrar nossos companheiros o quanto antes. Vamos esperar, quem sabe eles não estejam demorando porque estão preparando carne pra nós? - disse ele sonhador.

– Francamente, como você pode ser tão criança? Aliás, eu não acho que eles encontraram uma maneira muito melhor de se mover nessa tempestade.

– É, é tudo culpa dessa tempestade estúpida - disse ele olhando para fora - nem aqui ela nos deixa em paz.

– Não mesmo - Nami sentou e abraçou suas pernas. - Esse frio está me dando nos nervos.

Ela estava realmente tremendo, afinal só usava uma calça e a parte de cima do biquíni. Depois de alguns minutos hesitando, Luffy começou a tirar sua blusa (o que fez o coração de Nami acelerar), até que entregou-a a ela.

– Aqui, pegue - ao ver confusão no rosto da amiga, ele explicou - você deve estar realmente com frio usando só isso. Talvez meu casaco te esquente um pouco.

Ela jurou que viu seu rosto corar, mas disse:

– Eu não posso usar isso, dai você é que vai virar um cubo de gelo! Além disso, não quero me melecar com sua baba.

– Eu não... Baba?

– É você não sabia? Você baba enquanto dorme. - ela disse rindo.

– Ah que frescura é essa? Vamos, pegue, eu não tenho tanto frio assim - ele riu e ofereceu o casaco mais uma vez.

– Bem, parece que vou ter que desistir e pegar seu casaco babado - ela tentou usar o sarcasmo para disfarçar o quanto estava grata, e vestiu a blusa. Estava molhado e era bem maior que ela, mas vesti-lo já esquentou seu corpo.

– Yosh - Luffy se levantou.

Nami olhou de esguelha para seu peito agora nu e se surpreendeu em como o físico de um garoto de 19 anos podia ser belo, com abdômen e músculos definidos e--

– O que fazemos agora? - ele interrompeu seus pensamentos.

– Bem, não podemos sair daqui. O melhor a fazer é... sei lá, tentar dormir de novo?

Luffy pareceu gostar da ideia.

– Pode ser.

– Vamos para o fundo da caverna, lá a chuva não nos alcança - Nami deu um impulso e caminhou para adentro da gruta.

O que ela não percebeu foi que Luffy também reparou em seu corpo. Afinal, quem não repararia? Era um tipo violão mais que perfeito. Mas, milagrosamente, ele foi discreto e ficou quieto.

Sentaram-se um do lado do outro, mas o frio só parecia piorar. Nami teve uma ideia.:

– Acho que devemos dormir próximos - ele olhou-a nos olhos fazendo a corar - digo, para nos mantermos aquecidos.

– Genial - ele deitou-se de costas para ela - esperando o que? Estou com fome, então quanto antes eu pegar no sono mais rápido eu esqueço - ele riu.

Nami seguiu seu exemplo. Logo estavam os dois deitados, costas juntas e tentando evitar tremer.

– Boa noite - disse Luffy, apesar de estar de dia.

– Boa noite - respondeu ela - e veja se não baba dessa vez hein?

Ele respondeu com um ronco.

Ela sorriu, puxou seu casaco mais forte, e sussurrou em seu ouvido:

– Boa noite, Luffy.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eai, como está ficando? Estão gostando? :D
Aguarde o próximo capítulo!

PS: algum semideus sacou a parte do "você baba enquanto dorme"?? o/

https://mail-attachment.googleusercontent.com/attachment/u/0/?ui=2&ik=fcb261b09c&view=att&th=1403662023584ee4&attid=0.2&disp=inline&realattid=f_hjsz8wxr1&safe=1&zw&saduie=AG9B_P9auoB-YFTdoNXWGFAypeZr&sadet=1375476449264&sads=P8VNjLIfL1v5ysKAnTwq1nTyMYI&sadssc=1

/\ fanart que eu fiz desse capítulo \o/