Indevorável escrita por Katheriiine


Capítulo 6
Capítulo 6




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Os cacos de vidro estavam cortando minha pele e eu gritei, tentando desesperadamente me livrar da mão que me segurava. Foi quando aconteceu. Uma luz branca, semelhante a do dia em que eu conheci ET, saiu como um raio de minha mão e acertou em cheio o homem de preto em minha frente. No momento em que ela o acertou minha visão se tornou negra, como se eu estivesse cega, e eu arfei. Com a mesma rapidez que ela apareceu, a luz desapareceu, me deixado fraca e meu joelhos cederam. Quando minha visão voltou, eu notei, com satisfação, que o homem havia sido arremessado longe pela minha luz e parecia desacordado.

Jack, que observava tudo perplexo, recuperou seu controle e se lançou como um gato janela a fora. Ele acertou em cheio um outro homem de preto que vinha em nossa direção, derrubando-o no chão e acertando um soco em seu rosto. O homem rugiu e mostrou os dentes para Jack, mas ele não o deu muito tempo para reagir, logo acertando outro soco. E depois outro. E outro. Até que o homem cedeu desacordado. Jack então se levantou e veio em minha direção.

– Você consegue se levantar? Tem mais deles vindo. Precisamos sair daqui.

Eu tentei, mas eu não conseguia me levantar, eu estava fraca. Era como se a luz tivesse sugado minha energia. Jack percebeu isso antes que eu pudesse responder e me ajudou a atravessar a janela, praticamente me pegando no colo.

Eu finalmente consegui atravessar a janela e dar alguns passos dolorosos com Jack praticamente me arrastando, mas nós não conseguimos ir muito longe antes que eles nos achassem novamente. Um dos homens acertou Jack na cabeça, que deu alguns passos para trás e me soltou antes que ele pudesse cair em cima de mim. Meus joelhos cederam novamente e eu levantei meu rosto para ver nosso agressor. Haviam três homens de preto nos cercando agora. Dois dele foram em direção a Jack e o outro veio em minha direção. Ele estava tentando me colocar de pé quando sua visão se desviou para algo em meu braço e ele congelou. Eu segui seu olhar e vi os cortes que haviam sido causados pelos vidros da janela enquanto eu lutava contra um dos homens. De repente, seus olhos começaram a ficar vermelhos e duas presas surgiram em seus dentes.

Eu já havia assistido filmes o suficiente para entender do que aquilo se tratava, assim como meu corpo, que rapidamente reagiu a ameaça. Meus pensamentos viraram uma confusão, como se alguém alguém tivesse acionado um alerta de vampiro dentro de mim, e o único pensamento que eu conseguia formar era o de que eu precisava me livrar dele. Eu consegui recuperar minha força o suficiente para empurrar o vampiro para longe de mim. Ele cambaleou alguns passos para trás surpreso e voltou novamente o seu olhar, mostrando seus dentes para mim e vindo em minha direção. Eu gritei e tentei me afastar dele, mas eu não era rápida o suficiente.

Foi quando um barulho de tiro ressoou. Eu me virei bem a tempo de ver o pai de Jack, vulgo Zeus, segurando uma arma no maior estilo Chefe da Marfia Americana. É claro leitores, a esse ponto da história eu acredito que vocês já possam dizer qual seria a trilha sonora perfeita para esse momento. Acertou quem disse Sexy Back. É o que dizem, tal pai, tal filho. Mas meu alívio em ver o pai de Jack durou pouco, pois o tiro, que havia acertou o meu vampiro, não apareceu sequer lhe deixar um arranhão. Ele desviou sua atenção de mim e se voltou para o pai de Jack.

– Jack, tire-a daqui, rápido! Eu e sua mãe lhe daremos cobertura. Siga o plano! - gritou o pai de Jack. Eu estava tão concentrada em minha pequena reunião com o vampiro e o pai de Jack que acabei esquecendo de Jack. Quando eu consegui o ver, ele ainda estava lutando contra os dois caras de preto, mas agora sua mãe estava ao seu lado. Eram dois contra dois. Jack lançou um olhar para sua mãe que lhe respondeu com um aceno de cabeça. Ele então veio em minha direção, me colocou no colo e começo a correr, eu em seus braços.

Quando nós já estávamos camuflados pela escuridão das casas que cercavam o prédio de escola, ele nós girou para que pudéssemos ver se alguém havia nos seguido. Não havia ninguém. De longe, eu pude ver que o pai de Jack agora lutava contra os três homens sozinhos. Eu procurei por sua mãe e pude vê-la deitada ao chão, sua cabeça em uma posição estranha. Morta. Eu desvie meus olhos da cena e afundei meu rosto no peito de Jack. Eu fique extremamente grata quando ele se virou novamente e recomeçou a correr. Não foi muito tempo depois quando ele parou em uma das casas. Ele me colocou de pé e começou a procurar por uma chave. Ele finalmente a encontrou embaixo de um duende que enfeitava um pequeno jardim que ficava perto da entrada da casa. Ele destrancou a porta e nós entramos. Ele acendeu a luz do celular e ao localizar a geladeira foi em sua direção. Eu, que a esse ponto já estava toda despenteada, ferida e cansada, escolhi um lurgarzinho confortável no sofá.

A esse ponto nessa noite, eu não deveria me sentir tão mal em destruir o sofá de alguém com meu vestido, que agora mais parecia ter saído diretamente de um caminhão de terra para mim, mas eu me senti. E muito, muito, muito mal, por assim dizer.

Jack voltou pouco tempo depois com uma vela, água e alguns salgadinhos. Eu fiquei com medo de encontrar seus olhos, então apenas me encostei no sofá, olhando fixamente para a chama da vela e brincando com o pingente do colar que Brad me deu. De repente, Jack ficou de pé em um salto, arrancou o colar de meu pescoço e o jogou no triturador da pia, ligando a água logo depois, para que os restos pudessem escorrer cano abaixo.

– O que você pensa que está fazendo? - eu perguntei. Minha voz estava muito baixa, então eu não tinha certeza se ele havia me ouvido.

– Isso - disse ele apontando para o pó que antes foi um fofo e lindo colar - é um rastreador. Eu estou fazendo o que eu já deveria ter feito a muito tempo.

– Mas o meu colar não era rastreador nenhum! Brad me deu esse colar! Para que ele colocaria um rastreador nele?

– Para nos achar. - respondeu em um tom calmo, como se estivesse falando com um criança raivosa. Seu tom me fez encolher no sofá.

– Ele não faria isso.. Isso é um absurdo.

– E não é o que essa noite toda foi? Um absurdo. Nós suspeitávamos que eles haviam te encontrado e mesmo assim eu fui burro a suficiente para convencer meu pai de que não havia perigo algum em lhe levar para esse estúpido baile e olhe agora onde estamos, como estamos agora.

Desviei meus olhos dos seus e o ouvi caminhar e sentar novamente no sofá. Quando eu falei novamente minhas palavras eram tão baixas que mal passavam de um sussurro.

– Por que um grupo de vampiros estava atrás de mim?

– Eles não são vampiros, não exatamente. - ele suspirou e se recostou no sofá. - Eles são demônios.

Eu não consegui falar por um longo tempo. Eu podia sentir os olhos de Jack em mim, o que fez me sentir um pouco desconfortável. Havia tanta coisa que eu queria perguntar, tanta coisa que eu precisava saber, mas a imagem da mãe de Jack continuava reaparecendo em minha mente. Ela estava morta e era minha culpa. Ela estava morta por minha causa. Uma lágrima escorreu pela minha bochecha e eu lutei para recuperar minha voz.

– Eu...sinto muito... por sua mãe... E bom... Por tudo... Eu... - tentei falar, mas minha voz continuava falhando, então eu fiquei grata quando ele me interrompeu, colocando sua mão na minha.

– Não foi sua culpa, Tiffany. Minha mãe morreu por uma causa justa. Ela morreu como uma heroína. Assim como meu pai.

"Assim como meu pai". Essas suas palavras fizeram eco em minha mente e eu me senti ainda pior. É claro que seu pai também estava morto, ele não iria conseguir lutar contra três seja-lá-o-que-aquelas-coisas-eram sozinho por muito tempo. Eu não conseguia falar, muito menos encontrar seus olhos. Eu apenas fiquei lá olhando nossas mãos entrelaçadas. As dele estavam muito machucadas, mais do que que as minhas. Havia corte nos nós de seus dedos e também em suas palmas, alguns profundos e outros não. Eu não sei como ainda era possível, mas eu me sentia cada vez pior. Eu fiquei cariciando, desejando que eu o pudesse curar assim como eu fiz com ET, mas eu não sabia como. Então, eu só fiquei lá sentada acariciando suas feridas até que uma luzinha surgiu na ponta de meus dedos e, assim como aconteceu com ET, suas feridas desapareceram. Eu levantei meu rosto para que eu pudesse olhar em seus olhos, eles estavam arregalados de surpresa.

– O que eu sou? - eu perguntei tão baixinho que mal passou de um sussurro.


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Notas finais do capítulo

Heeeeeeeey, lindos e lindas, espero que tenham gostado! Deixem suas sugestões e críticas nos comentários ;)