Leucemia. Não se podia fazer mais nada. Tentaram, de todas as formas reverter o processo da doença. Inútil. Como todos os dias, tomou suas doses de remédio, uns 6, para ser precisa. Ela queria mais números do que provavelmente iria ter. Infelizmente, ainda frequentava o colégio. Penteou seus cabelos negros, e se olhou no espelho. Tudo o que viu foi uma criatura estranha, ela já não se reconhecia mais. Pele pálida, e suas veias colorindo seus braços magros e ossudos. Grandes olheiras nos olhos azuis, devido à insônia... ela gostava de ler pela madrugada. Quando terminou de se arrumar, pegou a mochila, e saiu acenando para sua mãe. Chega no colégio, e como sempre, atraia olhares de todos. Apesar de sua doença, Lucy era uma garota bonita. Mesmo com sua palidez, cabelos negros com cachos caindo pelas costas num rabo de cavalo alto. Ela era bonita mesmo sendo tão triste. Mesmo sendo tão solitária. Ela estava morrendo, e sabia disso. Pouco tempo de vida lhe restava. Tentava aproveitar cada momento com sua única e melhor amiga, Katherine. Tentava aproveitar cada momento porque sabia que não lhe restava mais tempo. Ficou imaginando coisas impossíveis, pensamentos absurdos durante a aula, como sempre fazia. Num breve momento, a professora McGonagall dispensou a classe. Hora do intervalo. Ficou sentada lendo, com Katherine do lado, como todos os dias sempre fazia. De repente sente tudo girar. Como se seu cérebro estivesse derretendo, e tudo em volta girando, girando...

- Você está bem, Lu? – Kat pergunta, preocupada.

- Eu vou morrer agora. – Ela disse, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

- O quê? – diz ela.

- Eu vou morrer agora, Katherine. Já esperava por isso.

- Você... você não pode me deixar aqui. Por favor, não vá...! Eu amo você.

- Eu também amo você, infinitamente, mas agora, estou partindo, e não, não vou lhe d-deixar s-só. Eu estarei a-aqui. – Ela diz apontando para o peito de Katherine.

- Eu sei, você vai sempre está comigo, mas não vá agora, por favor...! – Katherine diz, com lágrimas já descendo pelo seu rosto.

- Eu só quero que você saiba que t-tudo o que n-nós já vivemos até hoje, vai s-sempre estar guardado dentro de m-mim. Eu amo você. Eu amo você. Mas eu preciso ir agora. Chegou minha hora, minha adora...

Lucy cai, Katherine a segura, impedindo-a de cair no chão. Ela não queria que esse momento chegasse nunca. Nunca.

- Não me deixe agora, Lucy. Não diga adeus. Somente diga até breve, minha princesinha linda... por favor, por favor, por favor...

- Olhe, Kat, as estrelas! Eu posso ver as estrelas, Kat. – Lucy diz, fechando os olhos que nunca mais irão se abrir.

- Eu amo você. Não, por favor, não! – Katherine abraça a amiga, agora mais pálida e gélida do que antes, com os olhos fechados. Ah, aqueles lindos olhos azuis elétricos que nunca mais iriam se abrir.

E assim, Lucy se vai, em meio a uma manhã, totalmente nublada, sem um raio de sol. Ela fará falta? Sim, fará. Somente para Katherine, e não para todos que estavam envolta das duas, pois aqueles nunca tiveram a oportunidade de ao menos conversar com a menina que acabara de morrer. Apenas curiosos. E Katherine continua lá, caída do chão, com o corpo de sua eterna princesinha linda. Aos prantos, ela sussurra, na esperança de que Lucy possa ouvir:

-Para sempre. Eu amo você.