Ao aproximarem-se dos quatro, Sam cutucou o ombro de uma das moças. Ela tinha um longo cabelo com fios cor de mel, era alta, porém mais baixa que Quinn. Possuía um corpo bonito, o que deixou Sam desconfortável em relação à Quinn.

– Com licença, sou morador dessa casa e… – Sam ficou perplexo ao ver a mulher se virar. Não podia ser ela… Para o bem de todos, não podia ser a pessoa que pensava ser… – Você?!

– Sam! - gritou a moça, jogando-se sobre o loiro, que estava estático. - Que saudade, meu amor!

– Meu amor? Sam, quem é ela? - perguntou Q furiosa.

– Ai, que cabeça a minha! Meu nome é Jennifer, sou namorada do Sam. - sorriu cinicamente.

– Ex-namorada! - corrigiu Sam.

– Nós precisamos conversar melhor sobre isso! - disse Jennifer.

Quinn apenas observava a cena, estranhando o comportamento da tal garota.

– Nós não temos nada para conversar… - respondeu Sam friamente. - Vocês têm cinco minutos para sair daqui ou eu chamo a polícia!

– Calma, cara! - Brian, um dos rapazes, que inclusive causava um ódio enorme em Sam, se pronunciou. - A gente só quer curtir! Se você quiser curtir comigo, gatinha… - disse à Quinn.

– Eu já avisei! Se não saírem eu chamo a polícia! - Sam cuspia as palavras, com muita raiva.

O loiro saiu bufando e foi seguido por Quinn. Ao entrar em casa, Sam jogou-se no sofá e colocou as mãos na cabeça.

– Merda! - gritou.

– Meu amor, o que aconteceu? Por que está tão nervoso? E quem é essa vadia?

– Essa garota é louca! Completamente doente! - gritou.

– Sam, se acalme! Não adianta descontar a raiva em mim…

– Desculpa, Quinn. É que essa garota me tira do sério…

– Por que ela disse que era sua namorada?

– Nós namoramos e sempre que nos encontramos ela tenta voltar comigo…

– Você nunca falou nada sobre isso…

– Eu não gosto desse assunto… - Sam disse cabisbaixo. - Mas como minha namorada, acho que você tem o direito de saber sobre isso… É uma longa história… Preparada?

Quinn pousou sua mão por cima da de Sam e a acariciou, em seguida, balançou a cabeça em afirmação.

– Quando eu era mais novo, estava em uma festa e a Jennifer era melhor amiga da aniversariante. Nós ficamos, e desde então ela me persegue. Ficou obcecada por mim… - bufou. - Quando passamos a estudar na mesma turma, as coisas só pioraram. Minhas notas caíram, pois ela ficava me mandando bilhetes e me desconcentrando. Meu pai decidiu me colocar em um colégio interno, pois lá não havia meninas. Ele não sabia que era ela quem me perseguia e não o contrário. Na hora da saída, ela ficava do lado de fora do portão, me esperando, dizia que eu tinha que levá-la para casa. Quando eu me mudei para Lima, nunca mais tive notícias dela e vice-versa. Na época que meu pai foi transferido e voltei para Nashville, eu ainda gostava muito da Mercedes… E estava arrasado por ter tido que partir, e mais ainda por saber que ela estava gostando de outro. Uma vez, uma das garçonetes do Mike’s Ice Cream me pediu para substituí-la por algumas horas, pois não estava se sentindo bem.

– Mas o que isso tem a ver com a vadia da praia?

– Me deixa terminar, amor. - pediu Sam.

– Desculpa.

– Umas garotas chegaram e fizeram seus pedidos. Uma delas era a Jennifer, mas ela nem falou comigo. Eu estava estranhando, mas me sentindo aliviado por ela não estar mais daquele jeito… Quando elas despediram-se, a Jennifer disse que ficaria mais um pouco, pois teria um compromisso perto da sorveteria em pouco tempo.
Quando a garçonete que eu estava substituindo chegou, eu troquei de roupa e estava me preparando para sair. A Jennifer me chamou e disse que precisávamos conversar… Fomos para uma praça que havia perto dali e sentamos em um banquinho.

Flashback

– Sam! Que bom que você voltou! Precisava tanto falar contigo… - disse Jennifer. - Eu preciso pedir perdão por todas as minhas maluquices… Por favor, me desculpa! Eu mudei, posso te provar! Me perdoe e verá o quanto posso ser legal. - sorriu.

– Tudo bem, Jennifer.

– Amigos?

– Amigos!

Abraçaram-se e foram juntos até a rua que moravam. Contaram sobre suas respectivas vidas e apreciaram a companhia um do outro. Quem diria que Sam iria gostar de estar ao lado dela…

– Nós nos tornamos grandes amigos, ela prometeu me ajudar a esquecer a Mercedes… E dessa amizade surgiu um namoro. No início, éramos muito felizes. Eu imaginava que ela tinha um bom coração, pois apesar de eu estar muito pobre naquela época, ela nunca me julgou, mesmo sendo de uma família rica… Porém, era tudo ilusão… - suspirou. - A Jennifer se tornou muito possessiva, me ligava o tempo todo para saber onde eu estava… Uma vez, eu estava conversando com um amigo em um parque e ela chegou me acusando de traição, disse que eu era gay… E ainda armou um barraco com o meu amigo e, por esses motivos, ele não quis mais manter contato comigo…

– Nossa! Que ridícula!

– Isso nem foi tudo… - disse Sam com uma voz triste.

– O que mais essa garota fez, amor?

Sam olhou para a janela com um olhar distante. Ainda sentia uma tristeza imensa ao lembrar-se do acontecimento.

Flashback

Sam e Austin, seu amigo de infância, conversavam em sua casa. Mais uma vez, o loiro reclamava da namorada. Estava cansado de todas as confusões que ela estava lhe causando.

– Eu não aguento mais, cara… Ontem ela quase me fez perder o emprego! Eu estava no fim do meu expediente e a sorveteria estava vazia, havia apenas eu e uma garçonete. Começamos a conversar e estávamos rindo de alguma imitação minha quando a Jennifer chegou. Ela começou a gritar, me acusou de traição… Chamou a gerente e disse que eu e a garçonete transávamos em seu estabelecimento… Eu consegui explicar o que realmente estava acontecendo e a gerente não me despediu, mas foi por pouco…

– Nossa! Não sabia que ela era tão louca…

– Eu realmente achei que ela tinha mudado…

– Cara, quer um conselho? Termina com ela! Eu é que não aguento mais ouvir suas reclamações…

– Você tem razão…

– Sam, eu sou seu amigo e o que eu quero é te ver feliz. A Jennifer só está te fazendo mal… Resolve isso de uma vez por todas!

– Vou passar na casa dela amanhã, assim que os pais dela forem trabalhar.

Sam pensou bem no que o amigo lhe dissera e ele estava repleto de razão, de que adianta ficar sofrendo?
Porém, o loiro jamais imaginaria que Jennifer estivesse ouvindo a conversa. A garota de cabelos cor de mel havia ido até a casa do namorado, mas chegou em um péssimo momento. Jen voltou para casa indignada, não conseguia acreditar que Sam terminaria com ela… Precisava arranjar uma maneira de desfazer esse pensamento do loiro…

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Jennifer ligou para Brian, garoto com quem ela traía Sam, e pediu para que ele fosse até sua casa.
Brian morava na mesma rua que Jennifer, portanto não demorou a chegar.

– Seus pais estão em casa? - perguntou o surfista entrando na casa.

– Claro que não, seu idiota!

– Ainda bem! Vem cá! - disse puxando-a pelo braço e começando a despi-la.

– Para Brian! Eu não te chamei para isso! - gritou J.

– Para de frescura, Jennifer. Se a gente demorar, o Sam pode chegar e aí você vai perder seu namoradinho lesado.

– Eu não quero transar agora… E é justamente por ele ser tão burro que vai ser muito fácil enganá-lo! Eu já planejei tudo…

– O que aconteceu?

– Eu escutei uma conversa dele com um amigo e ele disse que terminaria comigo…

– Então ele descobriu sobre nós dois!

– Aquele ali não percebe nem se nos agarrássemos na frente dele…

– Ok! Mas qual seu plano para impedir isso? Eu estou nele?

– Claro! Vamos para o meu quarto, eu te explico melhor lá em cima.

– Você acha mesmo que eu vou fazer isso de graça? Tudo tem um preço…

– O que você quer, Brian?

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– Você! - disse desabotoando sua calça e agarrando Jennifer.

Na manhã seguinte, Sam acordou cedo, precisava “ensaiar” uma maneira de terminar com a garota de uma forma delicada, pois pelo gênio da namorada, era capaz dela agredi-lo…
Andava de um lado para o outro, em passos rápidos, estava nervoso com tudo aquilo, sabia que não seria tão fácil terminar com ela.
Ouviu seu celular tocar e foi até o quarto pegá-lo. Era Jennifer…

– Oi Jennifer… - disse sem ânimo algum.

– Sam, vem aqui, rápido! - a garota chorava.

– O que está acontecendo? Por que você está chorando?

– Sam, nós precisamos conversar… É um assunto muito sério… Eu preciso que você venha até aqui, não estou em condições para ir aí… - o tom de sua voz era de preocupação.

– Estou indo! - disse Sam apressadamente desligando o aparelho.

O loiro seguiu, em passos acelerados, até a casa de Jen. Havia ficado preocupado com a garota, ela parecia aflita…
Ao chegar à casa da namorada, deparou-se com ela chorando na sala.

– Jennifer! O que aconteceu?

– Sam, me desculpa! - disse Jen abraçando o namorado e deixando as lágrimas escorrerem sobre o ombro do loiro.

– Por que está pedindo desculpas?

– Sam… - suspirou e passou a mão no rosto. - E-Eu estou grávida… - disparou, voltando a chorar, dessa vez, ainda mais forte.

– Grávida? - perguntou Sam incrédulo.

Jennifer assentiu com a cabeça e ficou cabisbaixa. Sam estava apavorado.

– Nós sempre usamos camisinha! Eu sempre tive essa preocupação…

– Deve ter furado, eu não sei…

– Como que eu vou criar uma criança? Eu não tenho dinheiro nem para comprar roupas, muito menos para comprar coisas para o bebê, para os exames… - disse Sam nervoso, estava muito assustado com tudo isso.

– Eu sinto muito! Perdoa-me, por favor!

– Você não precisa pedir desculpas, Jen. Você não fez essa criança sozinha… Eu vou estar do seu lado o tempo inteiro! Passaremos por isso juntos! - disse abraçando a namorada.

– Obrigada, Sam! - agradeceu Jennifer, sorrindo de forma perversa sem que o namorado visse.

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Sam decidiu contar para os pais depois, não queria preocupá-los… Não queria deixá-los com o mesmo sentimento que ele. Estava aflito, não conseguia crer que seria pai naquela idade. Tinha apenas 16 anos…
Sempre tomou tanto cuidado… Nunca deixou de usar camisinha e nunca transou com qualquer uma…
Mas havia sido feito, e uma criança crescia na barriga da namorada, eles querendo ou não… Mesmo que fosse um acontecimento indesejado no momento, o loiro já amava o filho.
A cada semana, Sam levava metade da quantia que conseguia com seus trabalhos para Jennifer. Assim, ela poderia ter o atendimento necessário e todo o acompanhamento correto. Não era muito, mas não poderia tirar mais dinheiro, a situação em casa não era nada boa, a casa era antiga, e vez por outra, aparecia um problema na estrutura…
Era sexta à tarde, Sam estava em casa sozinho, guardando o dinheiro, que levaria para a mãe de seu filho, em um envelope, como sempre fazia.
Caminhou lentamente até a casa da namorada, agora não poderia terminar com ela, ela esperava um filho dele, seriam sempre ligados de alguma forma… O desânimo era visivelmente claro pela expressão do rosto de Sam.
Ao chegar à linda e moderna casa de Jen, notou que a porta estava destrancada. Provavelmente, os pais dela não estavam em casa, e ela devia ter chamado alguma amiga… Muitas vezes fazia isso, e como a gravidez era um segredo, tinham que mentir sobre o conteúdo do envelope.
Sam ouviu uma voz masculina vinda do quarto da namorada. Subiu e ficou enojado com a cena e com o assunto que falavam. Jennifer estava nua deitada sobre Brian, que apertava um dos seios dela.

– Meu plano deu certo, Brian! O idiota do Sam caiu direitinho… Coitadinho… - ironizou Jen em meio a um gemido.

– Me explica isso direito…

– Eu inventei uma gravidez e ele acreditou! Ele nem sequer tocou no assunto de separação. Além de ter desistido de terminar comigo, ainda me traz uma ótima quantia semanalmente. É perfeito!

– Nossa, que burro! Mas você tem que me agradecer, lembra que eu fiz parte desse plano?!

– O Sam pode ser favelado, mas a burrice dele compensa, ele faz tudo que eu quero! - riu. - Anta! E eu não tenho que te agradecer por nada, a única parte do plano, que era incentivar o Sam a ficar comigo, você não cumpriu. Decidiu viajar e me deixar fazendo tudo sozinha… Mas quer saber? Estou pouco me lixando para isso, o que importa é que eu estou ganhando dinheiro de um idiota que acha que tem o meu amor… Eu prefiro isso aqui! - disse sentando em seu colo e o beijando.

– Vagabunda! - gritou Sam, partindo para cima dos dois.

– Sam?! - assustaram-se.

- Como você conseguiu mentir tão descaradamente, sua vadia?

– Pega leve, mano! - disse Brian.

– Pegar leve? - debochou Sam. - Vê se assim está bom? – provocou, dando um soco forte no rosto do surfista.

Brian caiu no chão devido à força utilizada por Sam. Jen estava assustada com o loiro, não imaginava que o humilde e ingênuo rapaz pudesse ser tão agressivo…

– Enquanto eu trabalhava duro para ajudar o nosso filho, que eu acabo de descobrir que nunca existiu, você transava com esse cara ridículo, que dizia ser meu amigo… - Sam chorava.

– Eu sou teu amigo, cara!

– Uau! Grande amigo! - debochou Sam.

– Sam, eu posso explicar! Você entendeu tudo errado! Eu estou grávida sim, e o filho é seu!

– Eu tenho dislexia, não surdez! Eu ouvi muito bem… Você me enganou, vagabunda!

– Você veio até aqui para me xingar, na minha casa?

– Você não tem vergonha de se fazer de sonsa não? Você merece muito mais, porém, ao contrário de vocês, eu tenho respeito, por mais que seja uma vagabunda como você! Como eu fui burro em confiar em você, mesmo depois de tudo que me fez no passado…

– Quer saber, Sam? Cansei! Você foi sim muito burro! E tudo o que você disse é verdade: enquanto você trabalhava naquela boate de merda, eu e o Brian nos fodíamos loucamente!

– Piranha! - gritou segurando-a pelo braço. - Você vai me pagar caro, Jennifer! Vai me devolver cada centavo!

– Eu não preciso do seu dinheiro! Ao contrário de você, eu sou rica!

– Como você teve coragem? - indagou soltando-a no chão e colocando as mãos na cabeça. - A minha família está passando por dificuldades financeiras, por esse motivo, estou trabalhando como um escravo e tendo menos tempo para estudar. Você sempre teve tudo na mão… Nunca precisou batalhar por nada… Se quisesse um carro nesse instante, conseguiria. Porém, a vida não é assim com todos… Você não faz ideia do quanto dói ver seus irmãos sendo ridicularizados pelos colegas da escola por usarem sempre as mesmas roupas. Da dor nas costas que eu sinto ao levantar de um colchão que tem um buraco enorme, e saber que comprar um novo está no “final da lista”. Ter que tomar sopa todos os dias… Eu sei que é errado reclamar de comida, pois tem muita gente que não tem absolutamente nada para comer, mas o que me dá raiva é saber que, com o dinheiro que eu te dava por semana, eu poderia ter comprado alimentos melhores, que sustentassem mais… Mas sabe o que é pior? Dar o melhor de si para deixar os outros felizes, e te retribuírem com mentiras… Inventar uma gravidez… Quanta crueldade que há no seu coração… - suspirou e limpou as lágrimas.

– Terminou seu lindo discurso? - ironizou Jennifer.

– Não ouse olhar mais na minha cara! Eu não quero ter notícias suas! Sabe, a vida dá voltas… Você irá se arrepender muito, Jennifer… Pode ter certeza! - disse Sam, batendo a porta com força e saindo da casa o mais rápido possível.

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Quinn abraçou o namorado, que chorava timidamente.

– Entende agora por que eu tenho tanta raiva dessa garota, Quinny?

– Eu não imaginei que ela pudesse fazer algo tão cruel… A história é um pouco semelhante à do Mr. Shue.

– É verdade… Só que a ex-mulher dele não era tão psicopata… E ela aceitou se tratar… - afirmou Sam.

– Meu amor, vamos esquecer esse assunto… Eu te amo, e fico feliz que confie em mim para se abrir dessa forma.

– Eu tenho medo, Q.

– Medo de que?

– A Jennifer é capaz de qualquer coisa para conseguir o que quer… Custe o que custar… E se ela quer voltar comigo, ela vai dar um jeito de tornar esse desejo realidade...