Caminhos escrita por Kiri Huo Ziv


Capítulo 1
Capítulo Único




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Há pouco tempo atrás, eu vivia em um Lugar Escuro e quase desprovido de pessoas. Essa é a história de como eu saí e alcancei o mundo. Muito do que vou contar aqui pode ser imaginação minha, mas como sei que essas são crônicas que contam as transformações que ocorreram dentro da minha própria cabeça, não vou me importar em separar o real e o imaginário.

Quero começar falando sobre o Lugar Escuro. Era um mundo preto e branco, onde nada me atingia com força. Não era extenso, por isso eu o conhecia muito bem.

Recordo que havia cerca de meia dúzia de mulheres ao meu redor, sendo a presença mais marcante a de uma mulher com longos cabelos ruivos – que mais pareciam negros em toda aquela escuridão – que se dedicava a cuidar de mim sempre que eu precisava de cuidados. Eu amava seus olhos, porque, mesmo naquele lugar preto e branco, eles emitiam um brilho que eu desconhecia então, que, depois, aprendi a chamar de cor, de azul.

Havia outra: Catline, a “pura”. Ela se destaca em minhas lembranças por ser a mais próxima, a que se juntava a mim em todas as travessuras e brincadeiras no Lugar Escuro. Ela não era muito maior que eu, mas ainda assim pensava em si mesma como superior. Seu nome, entretanto, parecia ser um carma para ela, pois era mais inocente do que eu jamais havia sido; e, quando me perguntam hoje, eu digo que acredito sinceramente que Catline nunca sairá do Lugar Escuro.

E também Flynn, o “ruivo”. Ele era o único que possuía algo tão brilhante quanto os olhos da Mulher Ruiva, os cabelos do pequeno eram tão avermelhados que expeliam o negro do nosso entorno. Ele era pequeno e redondo, mal conseguia se equilibrar sobre as duas pernas e falar uma dúzia de palavras, mas era muito sorridente.

Flynn era diferente dos outros, por alguma razão inexplicável. A princípio, eu achava que era por ser tão menor. Depois vi que não.

Havia também outros: uma velha que se sentava conosco, os chamados “pequenos”, e contava histórias que, então, eu acreditava que pertenciam à imaginação dela. Também outra pessoa que eu achava muito esquisita, mas de quem nunca me permitiram aproximar, o nome dele era Vaughan – mas eu só sabia disso porque espionava a Mulher Ruiva conversando com ele.

Quando não somos inocentes como Catline, há sempre um dia crucial em que tudo começa a mudar. Nem sempre ele começa de forma diferente dos demais dias.

O calor era o nosso maior inimigo no Lugar Escuro, era mais do que simplesmente incômodo, era quase insuportável. O dia em que comecei a enxergar a luz foi em um dos dias mais quentes de toda a minha vida.

No auge do calor, apareceu uma figura da qual eu e Catline sempre tivemos algum medo. Sempre que essa pessoa aparecia, ela causava uma mudança significativa na vida de todos do Lugar Escuro. Na última vez, por exemplo, a Mulher Ruiva inchara muito até que, de repente, desinchou; então apareceu o Flynn. Eu e Catline passamos muito tempo encontrar uma explicação para tudo isso, mas foi em vão.

Só então, naquela visita crucial, que percebi que o corpo daquela pessoa era parecido com o de Flynn. Depois aprendi a chamar as pessoas com essa aparência de homens, mas até então não existia uma palavra que eu conhecia para me referir a esse grupo. Nós, Catline e eu, dizíamos apenas “Aquela Pessoa” com um tom especial. Hoje, para mim, ele é apenas o Homem Grande, e é assim que vou chamá-lo, para que vocês que me escutam saibam que me refiro a ele.

Então, voltando ao fatídico dia: lá estava aquele Homem Grande; eu e Catline paramos o que estávamos fazendo logo que o vimos. Ele estava nu, como andávamos todos no Lugar Escuro, e consigo estava uma menina loira mais ou menos do meu tamanho. O Homem Grande olhou rapidamente na nossa direção e eu gelei, mas acho que não éramos importantes, pois logo voltou o seu olhar para a Mulher Ruiva.

A menina loira, por outro lado, nos olhou longamente. Seus olhos estavam marejados e ela parecia estar com medo. Minha vontade era de abraçar ela, como abraçava a Mulher Ruiva quando estava doente e queria carinho. Entretanto, o receio que sentia por causa da presença do Homem Grande me impediu de tomar essa atitude.

- Esta é Aine, “a brilhante”. Ela pertence aos nossos e a partir de agora vai viver com vocês. – Foi o que ele disse à Mulher Ruiva.

A voz do Homem Grande me assustava mais que sua aparência, era grossa e firme como eu nunca ouvira antes. Era uma voz de quem ordena; dura e fria, como uma rocha e, como tal, capaz de machucar.

A Mulher Ruiva pareceu zangada, o que fez com que o Homem Grande amansasse levemente a voz e sua expressão se abrandasse. Todos, até mesmo eu e Catline, às vezes tínhamos mais medo da Mulher Ruiva do que do Homem Grande; não era algo corriqueiro, mas, quando queria, ela sabia se impor.

- Ela foi gerada de mim em um lugar muito distante; espero que cuide dela, querida.

 A Mulher Ruiva suspirou e assentiu. Esse poder desconhecido que o Homem Grande parecia possuir até sobre a Mulher Ruiva me amedrontava, também. Até então, eu desconhecia a origem dele e isso me causava ainda mais medo; mas ainda depois de descobrir, por vezes, eu sentia medo do poder com o qual isso me dominava.

Durante aquela primeira noite, Aine chorou bastante. Eu, ainda me sentindo dominada por aquele estranho sentimento protetor, fui até a sua cama e a abracei com força, acariciando os cabelos dela, que no Lugar Escuro pareciam opacos e brancos, mas depois vi que eram dourados.

Aine foi eternamente grata a mim; primeiro por ter feito companhia a ela quando ela precisara, depois por eu jamais ter contato a ninguém sobre sua noite de fraqueza. O sentimento de superproteção que eu tinha nunca desapareceu, mas percebi posteriormente que ela raramente precisava dele.

Nós não nos separamos mais. Quanto mais adaptada ao Lugar Escuro, mais Aine se tornava ousada e buscava conhecer sua nova moradia. Sorrateiramente, ela foi conversar com Vaughan um dia, mesmo sabendo que havíamos sido proibidas. Vaughan tinha uma voz mais grossa do que a com a qual eu estava acostumada, ainda assim, era muito mais fina e desengonçada do que a do Homem Grande. Apesar do meu medo de ser pega, eu sempre acompanhava Aine e nunca me arrependia.

A maior das nossas aventuras, que mudou minha vida definitivamente, ocorreu quando Aine resolveu que se cansara de passar o dia inteiro confinada no Lugar Escuro. Disse-me que gostaria de ir a um lugar diferente.

Não me alarmei, imaginei que era como uma das aventuras fantasiosas que eu e Catline costumávamos ter de vez em quanto. Como, para mim, só existia o Lugar Escuro, eu sequer imaginei que a idéia dela era sair de lá literalmente.

No dia anterior ao combinado para nossa aventura, quando Aine descreveu seus planos e descobri que eles de fato nos levavam a uma porta (em um cômodo no qual eu fora proibida de entrar), eu me senti perdida entre dois sentimentos: o medo de sair do Lugar Escuro, o único lugar que conhecia e onde eu estava protegida sob os cuidados da Mulher Ruiva, e a vontade de conhecer lugares diferentes com Aine, a pessoa que eu mais admirava.

Claro que o segundo, somado ao fato de eu não querer brigar com Aine, me fez optar por sair do Lugar Escuro e conhecer algo além de tudo que eu conhecia até então. Por isso, me dediquei, por um tempo, a tentar convencer Aine que seria uma boa idéia levarmos Catline conosco. Entretanto, ela negou, e eu, que gostava tanto de passar algum tempo a sós com ela, não discuti.

Ela segurou a minha mão enquanto me guiava até a sala proibida na qual se encontrava a porta por onde sairíamos.

Eu acreditava, então, que era brincadeira de Aine; parecia-me absurda a ideia de “sair” do Lugar Escuro. Entretanto, meu coração não parecia compartilhar desse pensamento, pois ele batia forte e disparado.

Quando passamos pela sala onde Vaughan costumava ficar, ela estava vazia. Segundo Aine, essa era a hora em que ele costumava dormir. Naquele momento, pareceu-me que ela havia adivinhado isso com alguma magia, mas, depois, ela me contou que ele dissera a ela durante uma conversa.

Chegamos a uma sala desconhecida e ficamos diante da maior porta que eu já havia visto até então. Observamo-la por algum tempo; apertei a mão de Aine com força, com medo do que estaria por trás daquela saída. Nunca soube no que ela pensava naquele momento, mas ficou quieta enquanto eu tomava coragem para abrir a porta. Então, ouvimos passos e vozes se aproximando e abrimos a porta rapidamente.

Tudo o que eu vi antes de fechar meus olhos foi um clarão de luz enorme batendo diretamente em meu rosto. Ele não pareceu afetar Aine, que correu, me puxando com força para algum lugar bem distante do Lugar Escuro. Enquanto corríamos, eu fui me acostumando à claridade até conseguir abrir meus olhos definitivamente.

Ao meu redor, havia uma enorme junção de cores que eu nunca tinha visto antes: verde das folhas das árvores e da grama; amarelo e vermelho das flores, o dourado que eu nunca havia visto nos cabelos de Aine. Cores que existiam no Lugar Escuro, mas que eu nunca conseguira ver de verdade no preto e branco do meu lugar de origem.

E havia o azul. Ele apareceu com ênfase quando deitei sobre a grama ao lado de Aine, rindo de nossa grande aventura e nos perguntando a respeito de quando voltaríamos: foi quando eu olhei para cima e percebi o maravilhoso azul sobre nossas cabeças. Ele era retocado por belíssimas nuvens brancas, cada uma diferente da outra; e também havia o Sol com sua cor indefinida: amarelo, vermelho? Eu não sei e acho que nunca saberei; mas eu sabia que me aquecia e acariciava meu corpo com força e delicadeza simultaneamente.

Mas logo senti algo muito diferente acariciar meu rosto; algo ainda mais delicado que os raios do Sol: Aine havia levado uma de suas mãos ao meu rosto e fazia um suave carinho nele. Gostei da sensação; voltei-me para encarar os olhos dela, de um azul ainda mais puro que o céu, e, tomada por um conforto muito grande, meus olhos começaram a piscar cada vez mais lentamente.

Eu não queria dormir, por isso me ergui e olhei ao redor. As árvores eram realmente lindas naquela época do ano; as folhas esverdeadas como eu jamais poderia descrever; e havia flores por todos os campos e de todas as cores e espécies. Também podia ouvir o barulho de água corrente nas proximidades, provavelmente um rio.

Na verdade, por ter sido confinada ao Lugar Escuro durante toda a minha vida, eu desconhecia o nome de quase tudo o que estou citando nesse relato; apenas quando Aine me indicou seus nomes, pode reconhecê-los como tais. Para entender como eu me sentia, basta compreender que eu contemplava maravilhada tudo aquilo, sem esboçar qualquer reação e entender o que estava vendo ali.

De repente, senti novamente aquele toque suave; mas, então, na minha mão. Aine me puxou novamente para deitar ao lado dela. Escute os sons, disse-me ela naquele instante, e eu obedeci sem contestar.

Percebi o vento assobiando e se jogando contra as árvores, a grama e as demais plantas; os pássaros piando, cada um a sua maneira. Cada espécie possuía um canto especial, fazendo coro com os outros sons. E quantos pássaros devia haver ali! O som das águas do riacho batendo nas pedras ainda combinava com todos os demais sons. Juntos, eles formavam uma maravilhosa e única canção da natureza. Era como se todos quisessem nos receber na enorme casa compartilhada por todos nós (animais e vegetais): o mundo.

Perdida em meio à beleza dos sons, nem reparei quando Aine deitou a cabeça em meu ombro e eu, instintivamente, abracei-a. Aquele lugar me enchia de paz ao mesmo tempo em que a presença de Aine me causava uma felicidade pura e crescente.

- È bonita, não? – Perguntou Aine. Seus lábios estavam tão próximos do meu ouvido que senti sua respiração nele; e isso me provocou um conjunto de sensações que, ao mesmo tempo, me espantavam, atordoavam e me preenchiam ainda mais com aquela pura felicidade.

- Nunca ouvi nada tão bonito quanto isso, - falei, quando minha voz resolveu dar sinal de vida, novamente.

Ela passou as mãos pelos meus cabelos ruivos, como os de Flynn e da Mulher Ruiva. Acariciava-os tão suavemente que me provocava os mesmos arrepios que eu sentira quando sua respiração tocou meu ouvido.

Senti que ela estava tão perdida quanto eu quando ela segurou uma das minhas mãos com força; eu sabia que ela costumava fazer isso quando se sentia perdida. O que será que existe nesse mundo e nem Aine conhece? O que está acontecendo conosco?

Estávamos tão próximas que ouvi seu coração: ele estava disparado, como o meu, mas parecia compassado com toda a música ao nosso redor. Continuei atenta aos sons e percebi que, logo, meu coração entrou no mesmo compasso que o de Aine. Estavam unidos como nós.

- O que é aquilo? – Perguntei apontando para o céu. Eu estava muito receosa, mas a curiosidade falou mais alto do que a vontade de continuar a escutar aquele maravilhoso concerto da natureza.

Aine riu com gosto antes de responder que aquele era o céu, ele era azul tão claro porque havia o sol que ficava lá no alto iluminando tudo, inclusive nós. Por isso esse lugar não é escuro como aquele de onde viemos. Ela também me explicou a respeito das nuvens, disse que elas tinham o formato dos nossos desejos mais íntimos.

- Que formato tem as suas nuvens? – Ela me perguntou.

Eu olhei para o céu a fim de descobrir a resposta. O que percebi fez-me corar violentamente e, ao mesmo tempo, sentir-me confusa: a forma me fazia lembrar o rosto de Aine.

Disse a ela a resposta para sua pergunta, mas em lugar de rir de mim, como eu esperava, ela ficou mais séria do que antes e voltou-se para o céu, corando também.

- Eu também estou te vendo, Enat.

Ela falou tão repentinamente, que assustei e meu coração começou a bater rapidamente. Quando Aine se aproximou ainda mais de mim, segurando meu rosto para eu olhar nos olhos dela, achei que ele explodiria.

Até que ela finalmente tocou seus lábios nos meus; esse ato pareceu apaziguar meu coração repentinamente. Foi um toque muito suave e me pareceu rápido, logo Aine se separou de mim.

Eu tinha total certeza de que nunca havia feito nada como aquilo. Entretanto, a sensação era absolutamente familiar, como se eu a conhecesse desde o início dos tempos. Ao mesmo tempo em que Aine parecia querer fugir daquele lugar, toda a minha confusão anterior desaparecera completamente.

Eu a puxei para junto de mim e toquei seus lábios com os meus. Nunca havia aprendido como se fazia aquilo, mas tudo ocorreu tão naturalmente que soube que um guia não era necessário.

A sensação dos lábios de Aine sobre os meus era mais forte do que qualquer outra que eu já tivera. Era tão boa e intensa que, quando finalmente nos separamos e nos voltamos para o ambiente ao nosso redor, continuei abraçada com ela. Percebi, naquele momento, que estava escuro e o Sol desaparecera.

Quando perguntei a Aine sobre isso, ela me contou a primeira coisa que não me deixou excitada e pronta para vivenciar. Na realidade, eu fiquei imensamente triste quando fiquei conhecendo o tempo. Ela me falou sobre ele, sobre o dia e a noite, sobre as fases da vida do homem…

Até aquele dia, eu vivia conforme as minhas vontades e necessidades, não havia hora para dormir ou comer; na verdade, sequer existia a palavra “hora”. E eu escutei aquilo espantada, completamente desnorteada diante de tamanho fardo: o tempo.

Aine tentou me alegrar e contou sobre as estações do ano.

Primeiro, a primavera era maravilhosa; nela as plantas ficavam mais bonitas. Peguei-me pensando que, se as plantas já me pareciam lindas naquele momento, gostaria de ver na primavera. Passou-me pela cabeça se o som da natureza seria diferente na primavera. Aine me garantiu que sim, diferente em cada época, em cada lugar.

O verão, segundo ela, era a época mais quente do ano. Muitas vezes, o calor era tão forte que parecia que estávamos derretendo; em outras ocasiões, podia ser mais ameno e chuvoso. Apesar de incômodo, o verão era a melhor época para nadar e, segundo Aine me contou (e mais tarde pude comprovar), havia lugares ótimos para se fazer isso, como rios de um tamanho além da minha imaginação. Achei difícil acreditar, então.

Ela disse que não tinha certeza, mas achava que estávamos no verão.

Ela mencionou, feliz, que o inverno era sua estação do ano favorita, pois foi nela que nascera. Aine disse que era muito frio, mas, em compensação, havia neve. Nem precisei perguntar a ela o que era tal coisa, pois logo ela começou a me explicar rapidamente. Não entendi tão bem, mas pensei apenas que haveria um momento para descobrir aquilo no futuro.

Por fim, havia mais uma estação: o outono. Ela me contou que eu gostaria do outono tanto quanto gostaria da primavera, porque as folhas das árvores sempre ficavam amarelas ou vermelhas e caíam, cobrindo todo o chão. Era uma estação fria, mas não tanto quanto o inverno.

Depois disso, eu me senti melhor em relação ao tempo e novamente tomada pelo desejo de experimentá-lo. Contive a minha ansiedade e me pus a conhecer o nosso entorno agora que o mundo escurecera. Os sons eram muito diferentes, pois não havia pássaros cantando; havia um barulho que Aine explicou ser de uma criatura muito pequena chamada cigarra. Ela me contou que a cigarra fazia esse barulho o tempo todo, mas que a noite era mais silenciosa e era por isso que escutávamos melhor agora.

Havia também uma brisa gelada acariciando todo o meu corpo. Seu toque era suave como o de Aine.

- O que faremos agora?

A pergunta de Aine me pegou de surpresa. Eu nunca planejara nada em toda a minha vida, sempre fizera tudo conforme queria ou precisava sem pensar muito a respeito antes. Entretanto, eu sabia que agora essa liberdade chegara ao fim: eu precisava de um plano.

Aine colocou a mão no queixo, com uma expressão pensativa no rosto. Essa era uma expressão que eu já vira nela, mas eu gostava tanto que me esqueci de que deveria planejar nosso próximo passo e fiquei observando. Uns minutos depois, ela olhou para mim e sorriu:

- Vamos continuar andando por aí e vendo coisas novas, depois voltamos para contar a Catline e Flynn tudo o que vimos. O que acha?

A onda de felicidade que me invadiu foi indescritível. Eu dei a mão para Aine e nos olhamos por alguns minutos antes que nossos lábios se tocassem novamente.

Naquela noite, nós dormimos abraçadas. Creio que seja desnecessário dizer que nunca mais voltamos ao Lugar Escuro. Eu não sabia ainda, mas aquilo ficara para trás; sem saber, eu optara pela jornada da vida, sobre a terra e através dos oceanos. Nunca paramos quando nós somos nosso próprio lar.

Nunca me esquecerei do Lugar Escuro; mas, principalmente, nunca me esquecerei daquele primeiro dia e daquela primeira noite, quando, pela primeira vez na vida, eu senti que era feliz ao lado de alguém.

E estava livre. Daquele momento em diante, eu pertencia somente ao mundo e a mim mesma.


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Notas finais do capítulo

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