O Cajado Dos Magos escrita por Erik Alexsander


Capítulo 3
O Plano Infalível




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Capítulo 3

O Plano Infalível





Renly e Karina ficaram de boca aberta e sem pronunciar uma única palavra ao longo da história que Ryan lhes contava. Quando. Por fim, terminou suas expressões não se alteraram e Ryan ficou preocupado com o silêncio de seus amigos.



– E então? Vão me ajudar ou eu vou ter que fazer isso sozinho? – Só de pensar que seus amigos não poderiam ajuda-lo na fuga, lhe dava um mal estar.

– Ryan, pensa direito. – Renly falou – Por mais que a gente queira que você não vá embora, você precisa... - engoliu em seco - Você tem que ir com sua família! Se for verdade o que disse sobre seu pai, então você não estará seguro longe dela.

– Ele está certo. – disse Karina – E... Pelos Deuses, Ryan! Se seu pai é um mago, seja do bem ou do mal, tanto faz, isso faz de você um mago também!

Ryan ainda não tinha pensado por esse lado. A única coisa com que se importara desde a descoberta de sua origem era o seu pai. Karina podia ser a mais corajosa e mais brincalhona do trio, mas também era a mais inteligente e séria em momentos como este. E estava totalmente certa á respeito de ele ser mago.

E agora que tinha percebido, ficou imaginando as inúmeras coisas que poderia fazer.

– Eu sei, eu sei! Mas eu preciso encontrar meu pai! Preciso fazê-lo desistir dessa vingança!

– Tudo bem Ryan. Mas como você vai fazer isso? Como vai fugir? E mesmo que consiga fugir, como vai fazer pra encontrar o seu pai e ir até ele?

– Por enquanto eu tenho um plano pra fugir, Quanto ao restante do que você falou... Eu não faço a menor ideia. Mas depois eu penso sobre isso.

– E que plano é esse? – Renly perguntou desconfiado.

– Bom, minha mãe ainda está planejando sair do vilarejo pra outro lugar, o que significa que não vai ser perto. Porém, com certeza vai demorar pra ela achar este lugar, o que me dá tempo para arrumar minhas coisas. Então, de acordo com meus cálculos, partiremos na próxima semana.

– E... ?

– E vocês ficarão sabendo só no dia.

– Você tem certeza de que isso vai dar certo?

– Mas é claro! Meu plano é infalível!

– Nossa!

– O que?

– Já estou vendo muitas falhas nesse seu plano. – disse Karina.

– Não se preocupe! Vai dar certo!

* * *


Uma semana havia se passado. E o inverno permanecia mais frio do que nunca. O pouco sol que tinha não era capaz de derreter a grossa camada de neve do chão. Em frente á casa dos Salvatoriam estavam parados dois cavalos carregando uma carruagem coberta. Estavam inquietos, pois começara á nevar muito forte e logo a visibilidade da estrada se tornaria falha. Era possível ver pela fresta da carruagem, que estava cheia de coisas.


Mary e Myrna estão ao lado de fora com longos casacos á espera de Ryan. Ele saiu de dentro da casa com uma mochila.

– O que estava fazendo Ryan?

– Fui pegar isso. – e mostrou um colar do pescoço com o desenho de um pequeno dragão.

– O colar que seu avô te deu. Vamos?

Ryan concordou colocando o colar por debaixo da roupa. Olhou para as carruagens.

Eram duas no total, uma grande para levar roupas, comidas, utensílios domésticos entre outros pertences, e na outra, que era a menor, cabiam apenas sua vó e sua mãe, e no cavalo que guiava os compartimentos, estava seu padrasto Hank.

Seu coração acelera, e um sentimento de tristeza toma conta do seu corpo fazendo-o tremer. Na noite passada ficou imaginando sua mãe chorando desesperadamente pelo seu filho ter desaparecido. Ás vezes o sonho mudava e via sua mãe em uma fúria descontrolada e lançando diversos feitiços nele gritando “Porque Ryan?”. Sentiu vontade de vomitar, e uma lágrima desceu pelo seu rosto. Subiu no compartimento da carga e lá ficou.

Pela pequena abertura Ryan podia ver praticamente todo o vilarejo com as mãos acenando, dando um ultimo adeus. Entre eles Karina e Renly, a razão das grossas lágrimas descerem. Mas iria vê-los em breve. Quando o plano desse certo.

E a carruagem pôs-se a andar. Por um longo momento o único som existente era o dos cavalos trotando calmamente pelo caminho na estrada. O vilarejo ficou cada vez mais longe até se perder de vista atrás das enormes montanhas.

O caminho que seguiam dava á volta por toda grande parte da montanha que cercava o vilarejo, passando por uma imensa floresta quase totalmente branca, imersa pela neve.

Passadas longas cinco horas, estavam se aproximando de uma enorme ponte atravessando uma enorme vala sem fundo á vista. Ryan, que acompanhava o percurso por uma fresta da carruagem nos fundos, fazia uma ultima revisão na pequena trouxa que havia preparado durante a viagem. Já estava pronto.

– É agora ou nunca Ryan. – sussurrou pra si mesmo.

Quando estavam próximos de chegar à ponte, Ryan empurrou a porta, sentiu o frio arranhar seu rosto, fechou os olhos e saltou. De repente várias coisas aconteceram ao mesmo tempo.

Ryan caiu de cabeça na neve e sentiu uma dor excruciante, e uma sombra negra passou por ele como um jato seguido de uma explosão da carruagem. Quando Ryan levantou a cabeça pra ver o que havia acontecido, ele viu sua mãe e sua avó em pé, em posição de defesa. Mas defesa? Por quê?

A carruagem estava em chamas e elas estavam com alguns ferimentos e com as roupas chamuscadas. O cavalo estava caído, morto e Hank não estava presente. Do meio das chamas surgiu um ser abominável e amedrontador.

Um homem que tinha os olhos vermelhos escarlates, os dentes pontiagudos e uma pele tão pálida que se fundia com o branco da neve, e vestia uma longa capa preta ondulando nas suas costas conforme andava.

– Como pôde nos trair? – sua mãe disse em voz alta. As mãos abertas como em uma luta marcial.

– Ora querida! Não fique assim! – disse ele se aproximando. Ryan estava caído ao chão, mas começava á se levantar.

– Afaste-se de nós! E o deixaremos ir vivo! – ela disse. Nunca ouvira sua mãe dizendo aquilo. Mas a situação parecia ser séria mesmo. Mas o homem não se intimidou perante sua ameaça. Continuou se aproximando pelas chamas, sem se preocupar.

Inesperadamente, sua mãe fez um movimento com as mãos, fazendo um círculo no ar. Suas mãos ficaram azuis, envoltas por algum tipo de coisa que Ryan soube na hora que era um feitiço.

– Afaste-se querido! – disse sua avó empurrando-o para longe com uma força extraordinária. Começou a ficar com medo, nunca as vira agir dessa forma.

Mary apontou as duas mãos para o estranho e dois enormes raios azuis fluíram de suas mãos em sua direção. Mas ele nada fez para evita-los, apenas um movimento repentino com a mão fez os raios voarem longe e caírem na enorme vala.

– É só isso que pode fazer? Esperava mais da filha do mais poderoso.

– Ainda não te mostrei tudo o que posso fazer. – disse Mary. Ele estava próximo dela já, ela teve que recuar.

Ergueu uma das mãos e um enorme objeto cilíndrico, como uma vassoura, veio á sua mão no ar. Um cajado.

– Quer brincar? – disse sorrindo, mas logo seu sorriso se tornou em uma raiva descontrolada. Ele materializou no ar um cajado parecido com o de sua mãe, mas este era preto e com um diamante grande e vermelho na ponta. – Então vamos brincar!

Fez um movimento com o cajado cortando o ar e um feitiço roxo saiu da ponta do diamante avançando contra Mary, que por sua vez, fez jogou o feitiço para longe e atirou um com a mão livre.

A expressão no rosto do homem mostrou que aquilo não era uma boa coisa. Mas ele não fez um simples movimento para dissipar o feitiço, desta vez ele teve que lançar um feitiço para anular o de Mary.

Antes que Ryan percebesse, os dois saltaram e não desceram mais para o chão. Estavam em pleno ar lançando raios vermelhos e azuis uns nos outros.

– Sy'n dinistrio – ele berrou apontando o cajado para Mary.

– Flammis – ela gritou como respostas imitando o movimento dele.

Os feitiços se chocaram no ar. Um raio verde saiu do cajado dele e do cajado de Mary, chamas vivas. A capa do homem esvoaçava atrás dele com o ar que se desprendia do choque entre os feitiços. O cabelo de Mary se soltou.

Ryan vislumbrou o homem usar sua mão livre para fazer um feitiço.

– Mãe! Cuidado! – gritou Ryan alertando-a, mas percebeu, tarde demais, que só atrapalhou, pois ele conseguiu lançar o feitiço, que atingiu Mary no peito e caiu lá de cima.

– NÃO!

Antes que ela chegasse ao chão, Myrna aparou-a com um feitiço invisível, que fez com ela diminuísse a velocidade na queda. Ryan correu bem á tempo de pegá-la. Estava com um corte profundo no rosto. E estava pálida.

– Mãe! – Ryan chamou trêmulo.

– Ela não vai acordar. – disse o homem descendo e pousando no chão. – Pelo menos, não agora.

Ryan chorava muito. O que ele quis dizer com isso? Ele estava se aproximando e não podia fazer nada para pará-lo. Se ao menos soubesse como usar seus poderes.

– Pare aí mesmo.

Ele parou e quando se virou viu a vó de Ryan, Myrna pronta para o combate. Ele riu.

– Você? Uma velha? O que você pode fazer? Crochê? – e riu mais.

– Posso estar velha, mas sou capaz de derrotá-lo.

–Então vamos ver se isso é verdade.

Ele avançou. Sua avó não tinha nenhum cajado. E Ryan começou á ficar preocupado. Sua avó não tinha forças, disso ele sabia e tinha certeza.

Ela lançou a mão esquerda para frente e não foi um jato que saiu, mas um jato de água clara e azul. A água cobriu o homem, em uma bolha no ar.

Ryan viu sua avó fazendo movimentos com as mãos com os olhos fechados e a boca pronunciava palavras desconhecidas aos seus ouvidos.

Quando ela abriu os olhos, estavam azuis. Mas ele não viu pupila alguma, seus olhos estavam completamente azuis. E quando apontou para a bolha de água, na qual prendia o homem, um ar braço saiu e encobriu a bolha. Uma enorme bolha de gelo se formou, prendendo o homem á menos de um metro do chão. Sua avó caiu no chão, enfraquecida.

– Vó! – gritou.

– Estou... Bem. – ela respondeu se levantando e indo até Ryan e Mary.

– O que ele fez com ela?

– Não sei. Mas temos que sair daqui antes que...

Suas palavras foram interrompidas por pequenos sons. Sons de gotas d’água. A bolha de gelo estava derretendo. O mago estava usando o cajado para sair de lá, emitindo fogo do grande diamante vermelho.

A bolha se desfez em agua e o homem caiu no chão de quatro, molhado da cabeça aos pés. Tossindo e botando toda a água que engolira pra fora.

Ainda tossindo e sem fôlego. Virou-se para eles.

– Você vai pagar por isso sua velha. – disse arfando.

Myrna se levantou pronta pra enfrenta-lo novamente. Mas Ryan sabia que ela estava demasiada fraca para outra batalha. Não conseguiria imobiliza-lo, que dirá derrota-lo.

Ele ergue seu cajado e lançou um jato roxo. Ela foi atingida e caiu á uns três metros ao lado de Ryan.

Estava perplexo. Não sabia o que fazer. O homem empurrou Ryan com um feitiço. Pegou sua mãe nos ombros e depois sua avó.

– Ei! Solte-as... AGORA! – Ryan urrou.

Isso não fazia parte do seu plano. Nada que fizesse isso acontecer fazia parte de seus planos.

Estava sentindo uma raiva descontrolada ao vê-las machucadas. Ao vê-las desprotegidas. Lutando para protegê-lo. Uma forte dor na cabeça estava deixando-o mais nervoso. A incapacidade de saber se proteger sozinho.

O homem deu a volta para ir embora, mas Ryan havia conseguido ficar de pé. Uma fúria cresceu dentro dele e aos poucos seus olhos ficavam rosados, e em seguida vermelhos. Uma forte aura escarlate formava-se em sua volta. A consciente estava deixando-o, partindo para o vazio absoluto até que a aura o dominou por completo.

– SOLTE ELAAAS! – berrou. Estendeu a mão e um raio de luz, mais forte que o da outra vez surgiu e lançou-se na direção do homem pálido que não fez nada, pois o raio foi repelido rapidamente, apesar da força e entrado em choque com umas das árvores ao redor fazendo-as pegar fogo.

O homem olhou perplexo para Ryan.

Ryan andou em direção á ele com passos firmes e pesados.

– Ora, ora, ora. Quer dizer que você já sabe controlar seus poderes garoto. - E retornou na direção do Ryan.

– EU FALEI PRA SOLTÁ-LAS! – estendeu a mão oura vez e mais um raio voou na direção do homem. O jato o atingiu no peito, Mary e Myrna caíram no chão e ele voou para dentro da floresta, quebrando todas as arvores no caminho.

Seguindo a trilha de arvores partidas, Ryan encontrou-o caído. Mas já se levantava e um fio de sangue apareceu no canto direito de sua boca. Limpou com a manga da roupa.

Ryan soltou mais um de seus feitiços, mas desta vez a reação do homem foi mais rápida e inesperada. Repeliu o feitiço de Ryan e lançou um raio roxo na direção dele, que não teve reação com a agilidade do desconhecido e foi lançado á cinco metros de distância de volta pela trilha.

Ryan perdeu o fôlego ao cair de costas na neve. Tossiu e ao abrir os olhos. Já não eram mais vermelhos. Estava consciente novamente.

– Nunca mais tente me enfeitiçar se não quiser morrer garoto. – vociferou o homem. – E se quiser ver sua mãe novamente, você deve ir até o Vulcão Strombolli. Se é que você vai conseguir, pois não vai ser nada fácil chegar lá.

Recuperou Mary e Myrna do chão e pulou na enorme vala, sumindo na escuridão vazia e gelada e retornando com velocidade, voando para o céu que se tingia de um azul cobalto e sumindo de vista. Ryan viu tudo girar ao seu redor e tudo se apagou.































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