Londres, 02 de junho de 1960.

Cidade dos Anjos.

 Cidade dos Anjos é um vilarejo de pescadores da região costeira de Londres. Não se sabe por que se pôs este nome na cidade, a única certeza é que lá não há nem um anjo. Sou a filha mais nova e tenho sete irmãs. Os Macbele vêm de uma longa linhagem de negociantes. Meu pai negocia mercadorias no porto, não somos ricos, mas temos uma boa vida. Meu nome é Rosane Macbele.

_Rosane! _Seu pai a chama.

 Como sempre, ela está sentada na beira do penhasco da baía dos Deuses, assistindo o sol se por, se fundindo até sumir por detrás de uma imensidão de água salgada.

_Vamos Rosane.

_O senhor tem que ver isso, é lindo!

_Vamos embora menina, assim nunca vou conseguir te arrumar um noivo. Parece uma doida. _Segui meu pai, em silencio. O assunto principal em minha casa é casamento. Sempre.

_Sua irmã Miranda tem uma novidade para te contar. _Na minha família ter uma “novidade” significa está noiva. Coitado do meu pai, que vive a procura de pretendentes, para suas sete filhas. Até agora ele tem feito um bom trabalho, já conseguiu quatro. Minha irmã é um ano, mais velha que eu. Logo meu pai irá querer arrumara um pretendente para mim. Mal ele sabe que meu coração já tem dono.  

_Chegamos. _Meu pai gritou. Seguimos até a cozinha onde todas estão preparando a jantar.

_Finalmente Rosane! Venha, ande me ajude aqui. _Minha mãe ordenou.

_Conte a novidade a suas irmãs. _ Falou minha mãe.

_Eu estou noiva. _Disse Miranda. Todas deram gritos histéricos e riram, dando os parabéns a ela

_Quem é o felizardo? _Perguntei.

_È um dos filhos do senhor Maclay. _Meu sorriso se desfez. Enquanto minha mãe, irmãs e meu pai comemoram. Ninguém percebeu, mas a simples lembrança do sobre nome Maclay me trás sentimentos profundos e fortes, que tento ocultar de todos.    

 Depois de ajudar minha mãe e minhas irmãs a fazer o jantar, limpamos tudo e fomos dormir, todos menos eu. Levantei-me colocando um casaco, saindo na penumbra da noite correndo pela floresta em direção à clareira. Perto do penhasco.

Chegando à clareira, avistei Jonathan. Ele está tenso olhando para a fogueira. O abracei por trás e fiz uma trilha de beijos em seu pescoço. Ele se rendeu inclinando sua cabeça para trás. Fizemos amor fervorosamente como se nunca mais fossemos nos ver de novo. Conheço Jonathan desde pequena seu pai é um dos comerciantes mais ricos de Dos anjos, mas dinheiro não me importa. Nos apaixonamos quando eu tinha 14 anos. Estou perdidamente apaixonada por Jonathan. Vimos-nos pela primeira vez no penhasco.

_Menina, o que está fazendo ai? _ Perguntou Jonathan.

_Meu nome não é menina. _Respondi com raiva.

_Sim, eu sei. È Rosane Macbele, não é?

_Sim. _Voltei minha atenção ao mar.

_O meu é Jonathan Maclay.

_Sei quem você é. Estou olhando o mar, que ver comigo? _Ele se sentou ao meu lado, juntos ficamos olhando o mar. E desde então não nos separamos mais.

***

_Rosane? _Ele sussurrou em meu ouvido, passando suas mãos em meus longos cabelos chocolates. Vire-me e olhei dentro de seus olhos.

_Preciso te contar algo. _Falou sério.

_Pode contar, meu amor.  _ Sorri tocando seu rosto.

 _ Vou me casar, com sua irmã Miranda. _Meu sorriso se desfez na hora. Quando minha irmã disse que ia se casar com um dos filhos do senhor Maclay, me assustei um pouco, mas nunca achei em nem um momento que Miranda se referia a Jonathan. E sim o seu irmão Cole.

_Diga-me que é mentira. _Sentei-me. Sentindo lágrimas escorrerem em meu rosto. Salgadas, como as palavras de seu amor.

_Meu pai acha, que ao me casar com uma das filhas do senhor Macbele, isso fortalecera seus negócios na baía dos Deuses.

_Então se case comigo, Jonathan. Seja meu, assim como me prometeu. _Segurei seu rosto com minhas mãos, encostando minha testa em sua testa. Implorando, em minha cabeça, para que a resposta fosse “sim” e que ele desista dessa loucura.

_Te amo. _Disse, entre o beijo.

_Eu também te amo. _Disse ele sem fôlego, por causa do beijo. _ Mas dei minha palavra a meu pai. Não posso voltar a trás Rosane. _Levantei-me e sai correndo.

 _Rosane! _Escutei Jonathan gritar ao fundo, enquanto corria sem para pela floresta em direção ao penhasco.  Me sentido suja, usada e enganada. Todos na cidade comentam sobre os romances de Jonathan. Sei que não sou a única, mas me contentava ao pensar ser a última.

Chegando ao penhasco. Olhando para baixo, avistei a queda que me aguarda. O mar revolto e o céu estrelado. A lua está brilhante e cheia. Fechando meus olhos, sentiu a brisa do mar bater em seu rosto e em seus cabelos. Como um toque gelado em meu rosto. O cheiro da maresia, que tanto conheço. Meu lugar favorito. Agora parece ser um ótimo lugar para meu fim trágico e solitário. Preparando-me para pula. Fechei os olhos e dei um passo pra frente.

_Rosane! Rosane...! _ Alguém sussurrar em meu ouvido, me chamando. Abri os olhos, a procura de que me chamou. Quem sabe Jonathan? Não avistei ninguém.

_Rosane...! _ Novamente, sussurra meu nome.

_Quem está ai? _Gritei, assustada.

_Eu sou Lótus, deusa do renascimento.  _Em minha frente surgiu uma mulher flutuando. Usando um longo vestido branco, com as barras rosa claro. Pele pálida, cabelos loiros como o sol que vão até sua cintura, olhos verdes esmeralda e lábios rosa. Nunca em toda a minha vida vi um ser tão bonito e maravilhoso quanto este.

_O que quer? _Perguntei.

_Eu já amei, um humano. Você sabia?

_O que isso importa? _Disse com raiva.

_O nome de era Gabriel Wileter, ele era pescador. Um dia decidiu pescar em um lago, o lago dos anjos, por isso o nome da cidade. O avistei de longe pescando, mas como ele era lindo, alto, cabelos negros, olhos azuis como o céu. Fiquei hipnotizada com tamanha beleza, logo eu uma deusa. Um dos seres mais belos do universo. Todos os dias eu o admirava de longe, mas em certo dia não aguentei então eu nadei completamente nua até seu barco. Ele não teve chance alguma. Ficou maravilhado com minha beleza assim que me viu. Todos os dias ele ia até o lago à tarde para me vê. Eu o amava muito, contei tudo a ele, quem eu realmente era, e onde eu morava, até lhe falei sobre uma antiga lenda de um homem que se matou pulando de um penhasco e sendo o seu sacrifício puro e por amor ele entrou na cidade dos deuses. Gabriel estava loucamente apaixonado por mim. Achou que se pulasse desse penhasco entraria na Cidade dos Deuses, e ficaria comigo para sempre.

 _E o que aconteceu? Ele conseguiu?  _Perguntei, curiosa.

_Não, ele simplesmente morreu e foi para o purgatório. _ Disse tristemente.

_Vejo um pouco dele em você. Esse amor que sente e tão puro, tão... Belo.  

_Esse amor não tem nada de belo.

_Está tão cega de raiva, por Jonathan não poder ser seu, que não vê.

_Ver o que? Que fui enganada? Que ele e minha irmã irão ser felizes juntos. Quem irá se casar comigo, agora que sou impura? Dei tudo de mim a ele._Lágrimas brotaram em meus olhos.  

_Olhe pra mim Rosane Macbele. _Ordenou. _ Diante de ti está à própria, Lótus deusa do renascimento. Ofereço-te uma nova chance. Peça qual quer coisa a mim e eu a farei.

_Não quero nada, só quero acabar com essa dor.  

_Então peça e eu a tirarei.

_Não posso, tenho que sofrer com ela. Se esquecê-la nunca lembrarei o que ele fez comigo. È com a dor que aprendemos. _ Olhando para baixo pulou. A deusa Lótus ficou furiosa, por uma humana tela desprezada como Rosane fez. Que a amaldiçoou.

_Eu Lótus a amaldiçoou, Rosane Macbele e toda a sua descendência. Se e a dor que quer, então é dor que terá. A partir de agora eu a torno um anjo negro, aprisionada na dimensão de Caelum Tenebris. Sentenciada a arrastar almas feridas a um fim igual ao seu. Corrompendo a mente, o e coração desses pobres inocentes. Só a sétima filha de um Macbele poderá quebrar tal maldição. Esta terá a minha marca.    

[ne1]Dimensão onde os anjos negros estão condenados a ficar, presos.  Tradução: do latim. Sign. Céu escuro.