Lá estava Hazel, com seus cabelos castanhos um tanto avermelhados voando por conta do vento, ela estava sentada numa colina e pensando em seu amado Rei... 

"Idiota, é isso que eu sou!", pensava a garota, "eu apenas trabalho no castelo como pude achar que ele realmente estaria gostando de mim? Tola, tola, tola, mil vezes tola!"

Algumas horas antes...

Ela estava no salão de festas como uma das serventes, colocando a mesa para que todos ali pudessem sentar-se a mesa com os reis e jantarem. Havia uns murmurios e boatos que um dos reis anunciaria seu casamento hoje, ela pensou que seriam Pedro e Elizabeth, já que havia alguns meses que estavam juntos, como um casal oficial. 

A garota não poderia prever o que estava por vir...

Todas as serventes já tinham arrumado a mesa e posto a refeição nos pratos e o vinho nos copos, tudo saía como planejado; elas estavam junto a porta; Edmundo, um dos reis e também seu melhor amigo, nem ao menos a olhava. O que ela achara estranho já que ele odiava esses jantares e sempre fazia caretas para a moça.

Ele olhava intensamente para a Princesa que estava ao seu lado e conversava animadamente com esta, o que fazia Hazel sentir uma pontada em seu peito, mais precisamente em seu coração. Ela nunca havia sentido isso por ninguém e também não entendia o que era aquilo.

Depois de cerca de quarenta em cinco minutos Rei Pedro - que estava de costas para a porta, se levantou e isso fez com que todos o fitassem com atenção e as conversas pararam, ele olhou para Rei Edmundo que também se levantou na outra ponta da mesa.

_Meu irmão tem algo a informar-lhes..._Pedro disse e voltou a sentar-se.

A garota gelou e sentiu um frio passando por si, um choque elétrico que ia dos seus pés, passava pela sua espinha e ia até sua cabeça; o que a fez tremer.

_Fico feliz em dizer-vos que estou noivo da mais bela princesa deste imenso reino!_Todos bateram palma, só Hazel que estava pasma demais para bater palmas, sorrir, ou qualquer coisa assim. Ela o olhava boquiaberta quando a garota - que não era tão bonita assim - se levantou e selou seus lábios com o do rei.

O coração da garota parou por um segundo e o bolo de lágrimas a impediam de fazer qualquer coisa, ela tremia; só "acordou" quando uma das servas que estavam ao seu lado bateu em seu ombro e falou para ela bater palmas.

E foi o que ela fez, bateu palmas para o casamento do garoto que amava, exclamou felicidades ao casal mesmo com o coração partido, sorriu mesmo tendo uma vontade imensa de chorar, por fim retirou os pratos da mesa e sabia que assim que ficasse só deveria retirar os cacos do seu coração partido e estraçalhado do chão e junta-lo com calma.

Depois de duas horas fingindo sorrisos ela, enfim, pode se retirar. Porém a garota não foi para seus aposentos, pelo contrário, saiu  do castelo por uma das portas laterais e com uma capa com gorro escondeu seu rosto de todas aquelas pessoas; pôs-se a caminhar até o precipício que havia perto do castelo.

Não era bem um precipício, pois não chegada a ter nem ao menos 4 metros de altura, mas ali era isolado de todos, ninguém iria ali, somente a garota. Ela poderia chorar, gritar, berrar... 

Bem, é aqui que ela estava, chorando com a cabeça entre as pernas, não sabia nem ao menos a razão, poxa Edmundo era seu amigo, melhor amigo e deveria estar feliz por ele estar alegre, só que ela não estava e não sabia o porque.

Entretanto, como é natural de amizades entre sexos opostos, uma dessas pessoas ficara apaixonada pela outra. E essa pessoa no caso, seria Hazel, que chorava desolada sentada na grama parca e de verde vido que balançada levemente por conta da leve brisa que ali passava.

Nem ao menos percebeu que alguém sentara ao seu lado, só percebeu quando este colocou a mão em seu ombro, a menina ficou estática e por um instante as lágrimas pararam, o medo de alguém vê-la chorando fez engolir o choro e, como estava de capuz, conseguiu limpar seu rosto sem que a pessoa ao seu lado pudesse ver.

_Por que está chorando Haz?_disse a voz, ela pode reconhecer como a da rainha Elizabeth, a mais nova ergueu o olhar e abriu seu melhor sorriso.

_Não estou chorando Liz! De onde tirou essa ideia?

_Mas você estava soluçando, não tente me enganar... Está assim por conta de Edmundo, certo?_a rainha conhecia muito bem as pessoas, principalmente as que eram próximas dela.

_Não sei... Eu deveria ficar feliz, certo? Mas não consigo!

A rainha riu baixo e abraçou da lado Hazel, as duas se fitaram e então a mais velha fitou o céu.

_Você está apaixonada, querida_Hazel suspirou e deu uma risada fraca.

_Não posso estar apaixonada...

_Você está sim, não negue, é pior. Como dizem: "é melhor admitir o problema do que negá-lo e não enfrentá-lo".

_Ele é meu melhor amigo, não posso, ele vai se casar!

_E qual é o problema? Ele nem ao menos gosta dela Hazel! Isto é, ele aceitou porque não quis rejeitá-la, quero dizer, você a viu certo? Quem se casaria com ela?_ as duas riram.

_Ela é bem bonita!

_A beleza tem de estar dentro e fora da pessoa, a beleza exterior pode nos fazer olhar para a pessoa e pensar que esta não tem pecados, mas a beleza interior nos faz ter certeza que esta não tem pecados... Deveria falar com ele, Edmundo ainda está no salão; posso ir contigo até lá. Se não quiser falar o que sente não é necessário, só diga-lhe que, mesmo estando magoada por sua decisão, mas que tu queres que ele seja feliz...

_Não sei se consigo.

_Claro que consegue, Hazel! Quero que você seja minha futura cunhada, não aquela garota!_mais uma vez as duas riram, se levantaram e caminharam em direção ao castelo, chegaram à porta de entrada deste e suspirando ela abriram a porta._Estou contigo, não se esqueça!

E adentraram o castelo, estavam em um imenso corredor escuro, iluminado apenas por algumas velas penduradas nas altas paredes de cor de vinho. Andavam pelo carpete fofo de algodão avermelhado e chegaram até a entrada do salão, a mais nova parou passos antes da rainha, que olhou para trás perguntando o que havia acontecido.

_Não sei se quero fazer isso.

_Ele ficaria chateado, acho que está até por que a melhor amiga não o desejou felicidades no casamento, suspirando ela se virou para a escada que estava há alguns passos atrás da menina e sentou-se ali, logo a rainha sentara ao lado dela.

_Esse é o problema ele não me verá mais do que a sua melhor amiga, não posso entrar lá com uma feição perfeita e dizer à ele: "Fico feliz que tenha escolhido-a como a sua noiva; só espero que hoje as lágrimas que rolaram pelo meu rosto sejam as últimas e que este sorriso no meu rosto prevaleça, pois não quero chorar por conta de um coração partido, quero ficar feliz em ver meu melhor amigo casando; mesmo que eu não seja a garota de branco." Não consigo Liz, me perdoe...

Hazel se levantou e subiu as escadarias que antes estava sentada, logo chegou ao seu quarto, fechou a porta e correu para sua cama, onde se jogou e começou a soluçar de tanto chorar.

Na véspera do casamento...

Hazel fazia as coisas da forma mais rápida possível, para que pudesse sair dali e ir chorar em seu quarto, ela e Edmundo ainda se falavam; porém ela era fria com o garoto, que simplesmente não entendia a mudança brusca do jeito da menina.

Ela passou a preferir ficar sozinha do que cercada de seus amigos, preferiu fazer suas tarefas sozinha do que ter ficar cozinhando junto das outras pessoas, isso era estranho porque a garota era sempre alegre e adorava a presença das pessoas. Mas ela passou a se incomodar com a bajulação falsa, com as conversas, com a presença dos outros. Isolou-se em seu próprio mundo.

Terminou de arrumar o salão de festas do castelo de Cair Paravel, que seria onde a cerimônia ocorreria e correu as escadas em direção ao seu quarto, como sempre fazia, e deitou-se na cama de barriga para cima fitando o teto e inundada de pensamentos.

Alguém bateu à porta e decidiu não dizer nada, vai que a pessoa fosse embora a não ouvir resposta alguma, não deu atenção a porta, só prestou atenção nesta quando ouviu o estrondo dela batendo.

_Não me ouviu batendo?_disse Edmundo.

_Não_a garota deu de ombros e voltou a ficar na posição de antes._O que deseja?

_Saber a razão dessa sua mudança repentina! Você está tão diferente Hazel..._o garoto deitou ao lado dela, e por um momento a garota pensou que seu coração ia parar de bater... Ele apenas começou a bater mais forte.

Ela suspirou e percebeu que o garoto estava a encarando impaciente esperando uma resposta, ela sentou de frente para ele e decidiu contar a verdade.

_Quer a verdade ou uma mentira agradável? Sei dar as duas...

Ele a analisou curiosamente, como um pintor que contempla sua obra absorto nela por minutos, olhando cada detalhe, cada singular pincelada, cada traço do seu desenho.

_Nunca foi assim entre nós... O que há hein?

_Seu casamento há Edmundo! É isso que está havendo! Feliz?_ela gritara e estava em pé, andava de um lado para o outro; ele a fitava, não sabia o que dizer, só sabia que ele também não queria que seu casamento acontecesse.

_C-como assim?

_Eu... Eu te amo!

Ela estava com algumas lágrimas percorrendo seu rosto, que agora parecia de vidro, a qualquer momento que a tocasse aquilo poderia quebrar; a menina não sabia se chorava ou sorria.

O garoto apenas se levantou e a envolveu em um abraço.

_E eu aqui sofrendo, porque achava que não era correspondido!_ela o encarou sem entender, e sem mais nem menos ele selou seus lábios.

Quem é apaixonado e já beijou a pessoa que ama sabe como é o sentimento de sentir os lábios da pessoa nos seus, então não preciso descrever as penas bambas, o coração acelerado...

Terminaram o beijo e encostaram as testas, como eram da mesma altura seus narizes se tocavam, eles sorriam.

_E o seu casamento?_ela perguntou.

Xx

Edmundo chegou em seu irmão sorridente, era o dia de seu casamento e ninguém sabia o que aconteceria de verdade, apenas Ed e Hazel, esta estava encostada na porta, sorrindo e Edmundo também sorria, mas era um sorriso travesso. Pedro estava ao seu lado; e assim que a noiva entrou e deu menos que dez passos Edmundo correu até a garota, sussurrou em seu ouvido e a menina empalideceu e começou a chorar, paralisada no mesmo lugar.

Ele saiu do salão, correndo, de mãos dadas com sua amada.

A única coisa que pode-se ouvir antes do feliz casal sair do salão foi a voz da garota gritando:

_E eu estou orgulhosa por ter arruinado o casamento!