Seasons escrita por Evye


Capítulo 10
Primavera sem Sol


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, antes de mais anda, desculpem por ter dado a mancada de ficar uma semana sem postar! De verdade, gomen!!! Mas é que a vida me virou de ponta cabeça e me chacoalhou toda! ç.ç! Enfim, cá estou eu, com mais um capitulo pedindo perdão pela ausencia! (Sim, a sociedade está tentando me derrotar mas eu to firme e forte, beijos! -na medida do possivel...). Bem, nem vou enrolar muito aqui para ngm me odiar em excesso "^-^...
Aproveitem a leitura, espero que gostem!!



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-Isso já está virando o caos! Cinco dias seguidos com essa tempestade, que merda!

-O que você esperava, Milo? Não é nada comum e nem ao menos algo desse mundo...

-Tsc...

Camus desviou o olhar do livro de culinária francesa que repousava em seu colo há algumas horas para observar o amigo que caminhava irritadiço de um lado ao outro do templo, parando, de tempo em tempo, perto da saída para a décima segunda casa, murmurava alguma coisa incompreensível e voltava a andar como se isso fosse mudar o fato de estarem presos na mesma casa há cinco dias.  Revirou os olhos tentando concentrar-se nas palavras que compunham como preparar uma maravilhosa eclair de chocolate, mas era uma missão impossível com um escorpiano inquieto perambulando pelo seu templo, reclamando do clima, da indiferença do guardião do local, do quanto "aquele lugar parecia uma geladeira", e outros. Suspirou pesadamente  fechando o livro, apoiou o rosto na mão esquerda analisando o comportamento do outro que continuava com sua rotina diária de reclamações.

-O que há com você Milo?

-Comigo? Ora, olha só que porre que está isso aqui! Está todo mundo preso dentro de casa não podemos sair e nem mesmo lutar! Até quando vamos ficar assim?

-Não sei.

O ruivo deu os ombros voltando o olhar para a saída que levava aos templo abaixo do seu, a neve caia com graça e sutileza escondendo seu real poder, suspirou novamente, estavam naquela situação há dia e sem previsão para uma mudança, obviamente ninguém se atrevera a baixar a guarda mas também estavam encrencados caso resolvessem atacar o santuário. "Afinal, não estamos todos nos devidos lugares."

-E onde está aquele viado fresco?! Nesses cinco dia não senti o cosmo dele uma vez sequer!

-Pelos deuses Milo, você é fissurado nele! -Revirou os olhos menosprezando as palavras do companheiro. -Caso não tenha notado, o cosmo do Afrodite está vindo da sexta casa.

-Ahn? O que diabos aquela coisa fresca está fazendo no templo de Virgem?

-Não sei, não me importa.

-Não consigo imaginar o que aquela criatura dos infernos estaria fazendo com o Shaka e...

-Milo.

-O que?

-Qual o seu problema com ele?

-Ahn? Que pergunta é essa?

-Eu sei que você o odeia e etc , mas isso já está ficando doentio... Você e Peixes sempre soltaram faíscas mas agora... Desde que voltamos do, bem, enfim... Está cada vez pior.

-O que quer dizer com isso?

-Não é óbvio? É Afrodite para lá, Afrodite para cá... Estou apenas tentando entender quando seu "ódio saudável" se tornou essa paranoia.

-Eu não sou paranoico por ele! Enlouqueceu, Camus? Esse frio deve ter congelado seus neurônios! -Os lábios crispados mostravam a nítida indignação com as insinuações do aquariano. -Eu o odeio como sempre odiei.

Camus passou as mãos pelos longos cabelos avermelhados jogando-os para trás, sua face tinha um ar cansado e os olhos felinos se dirigiam diretamente ao outro que mantinha-se olhando para o lado. Milo arriscou breve olhar de soslaio ao colega de batalhas, engoliu em seco ao ver Camus ajeitar o cabelo impacientemente aguardando ser observado diretamente para darem continuidade a conversa, era impossível se manter calmo naquela situação. "Ele não tem ideia do quanto é perigosamente sedutor."

-Me explique.

-O que? 

-Esse ódio.

-Há, não fale como se adorasse o Afrodite, você entende muito bem, idiota!

-Milo, quando for me xingar ao menos me olhe diretamente e não, eu não entendo o seu ódio por ele.

-Ah não?! Pois pelo que vejo, não me parece que vocês são muito amigáveis um com o outro.

-Meu caro, há uma linha tênue entre odiar alguém e desgostar, caso não tenha notado, estou ao lado do desgosto, não aprecio a companhia do meu vizinho e por isso não fico perto dele, porém não passo metade dos meus dias planejando a morte dele como se fosse meu objetivo de vida, entende?

O moreno bufou irritadiço, virou as costas para o dono do local caminhando até uma das pilastras encostando-se ali e remoendo seus sentimentos. 

-Essa sua loucura pelo Afrodite está te deixando tão chato e carrancudo quanto Saga na época que tinha o cargo de Grande Mestre.

Virou abruptamente encarando com raiva e fúria o amigo que agora sorria triunfantemente, tinha certeza que tocara em um dos pontos fracos do amigo, Milo jamais admitiria ser comparado a uma pessoa "chata", afinal ele era praticamente a personificação da farra. 

-Bata na madeira Aquário, os deuses que me livrem de me tornar algo assim!

-Pois bem, está quase no nível dele.

-Tsc...

Levou uma das mãos até a nuca coçando o local, estava constrangido. Recordou da época que Saga era considerado um cara legal, um velho companheiro de bares, bebidas e festas e depois de um tempo, tornou-se tão amargurado e chato quanto poderia ser. "Será que posso por a culpa disso nele, também? Afinal, foi só depois que o louco duas caras virou Grande Mestre que eles começaram a passar mais tempo juntos..."

-Novamente, o que há de errado Milo? O que é esse ódio?

As mãos do escorpiano fecharam-se em punho e o gosto amargo de sangue espalhou-se por sua boca ao morder, involuntariamente, o lado esquerdo da bochecha.

-Você sabe o passado dele? Você sabe quem e o que ele foi?

-Não. O que sei é que somos órfãos.

Um riso amargo e ácido saiu de Milo, este permanecia encostado na mesma pilastras os olhos verdes encarando diretamente os azuis a sua frente, brilhando em fúria, desgosto e ódio, muito ódio.

-Um prostituto.

Camus não pode deixar de impressionar-se com as palavras que saíra asperamente dos lábios do colega, prostituto? Tentara apurar os ouvidos parar ter certeza do que ouviu, juntou as sobrancelhas em uma tentativa falida de associar e compreender completamente o que acabara de escutar.

-O que...?

-Você entendeu da primeira vez Camus, sim, um prostituto, não apenas um órfão. 

-Isso... É... Bem... Ainda sim, é o passado Milo, não deveria incomodá-lo.

Os olhos verdes o miraram com a fúria que antes era destinada apenas ao guardião da décima segunda casa, desacreditando nas palavras do outro, como assim não deveria incomodá-lo?! Mordeu o lábio inferior contendo-se pára não voar no pescoço do aquariano que levava todas as informações tão levianamente.

-Pelo deuses Camus estamos falando de um Cavaleiro de Atena!

-Oh, Milo... Isso não é desculpa, afinal, até mesmo alguns de nós frequentamos locais que Afrodite trabalhou, inclusive você.

-Ainda assim!

-Não é apenas isso, você não está incomodado com o fato de um Cavaleiro de Atena ter um dia vendido o corpo, certo?

O silêncio que se seguiu continha palavras misteriosas e ações contidas, Milo estava cabisbaixo demais e Camus excessivamente sério. "Há algo de errado aqui e ele não quer me dizer."

-Você... Você diz que costumo ir aos prostíbulos, e de fato vou, eu, Shura, alguns de prata, até você nos acompanha as vezes...

Um sorriso de canto desenhou-se no lábios vermelhos, porém sem sarcasmo ou maldade, sem ironia nem mesmo acidez, na verdade... Parecia sutilmente deprimido, o tipo de sorriso que jamais imaginaria que um dia veria nos lábios de Milo de Escorpião.

-Mas... Alguma vez me viu ficar com alguém de lá?

Os olhos verdes ergueram-se para observar os azuis que o encaravam com tanta astúcia, porém não teve conseguiu deter-se sob aquele olhar por muito tempo, virou o corpo baixando a cabeça a rumando a saída do templo, arriscaria enfrentar a tempestade que agora caia com força.

Camus tinha a expressão branca, os olhos levemente arregalados e a boca formando um discreto "o", quando saiu de seu transe pessoal notou estar sozinho pela primeira vez em cinco dias, passou as mãos pelos cabelos um tanto desesperadamente, ergueu-se rapidamente caminhando até a saída de seu templo observando as casas abaixo da sua, não havia nenhum sinal de Milo.

Fechou os olhos encostando-se em uma das pilastras à sua direita, a mente trabalhando a mil, a consciência tomando nota e compreendendo o implícito por trás do ódio, finalmente vendo algo que jamais imaginaria...

"Ah... Deuses..."

~

-Oh de casa...?

-O que está fazendo aqui ainda, Aldebaran?

-Haha! Sabe o que é, Mask?! Eu até tentei descer alguns degraus mas começou uma ventania terrível e...

-Tsc, é a vigésima vez que você tentar ir até seu templo nesses cinco dias... Eu já desisti de me livrar de você, então apenas sente aí e fique quieto.

-Certo!

Jogou-se no sofá mais próximo esticando braços e pernas até tomar todo o espaço existente no objeto, um grande sorriso brincava em seus lábios, os braços repousados confortavelmente ao lado do corpo e as pernas largadas sob o o couro vinho. Máscara da Morte revirou os olhos com a cena, não se conformava coma  folga de seu mais novo "hospede", obviamente tentou diversas e diversas vezes expulsar o tourino de sua casa mas ele sempre voltava, pelo jeito, brasileiro não tinham imunidade contra o frio...

-Tire esses pés imundos do meu sofá.

-Opa! DesculpE! Hei, onde você guarda as cervejas?

-Cervejas? Tsc, terceira porta do armário a direita, agora cale a boca, pelos deuses, você não consegue se calar um minuto?!

-Foi mal, é que sabe, eu não tenho o hábito de ficar sozinho sempre faço visitas ao Mu ou então ao Afrod-...

A frase parou bruscamente, voltou o olhar discretamente para a poltrona que o italiano ocupava, ele prensava o apoio para as mãos furando o tecido,seus olhos miravam o outro lado da sala, mas sem esconder a raiva que o tomara ao simplesmente ouvir a menção da palavra "Afrodite", Aldebaran suspirou pesarosamente, sentia-se como se estivesse lidando com uma criança de cinco anos que não aceitar perder no vídeo game, voltou seu caminho sentando-se novamente onde estava,dessa vez não havia sorrisos fáceis e nem expressões alegres, estava sério, como raramente ficava. Odiava a ideia de "assuntos sério" e sempre que podia resolvia seus problemas com uma grande e satisfeito sorriso na face morena e rústica.

-Hei.

-Eu já disse, terceira porta do armário a direita.

Revirou os olhos, teria que ter a paciência dos deuses para lidar com ele e, sinceramente?! Pedia que aquela tempestade terminasse o mais rápido possível.

-Eu já disse, não? Você tem que falar com ele.

-Cale a boca. -As palavras saíram entre dentes e pode notar que as unhas afundaram ainda mais no tecido escuro.- Eu não tenho nada a falar com aquele viado estúpido.

-Não fale assim... Ouça, ele preza muito a sua amizade e...

Angelo ergueu o olhar o encarando com ódio.

-Preza? Há, não me faça rir Aldebaran, você não sabe metade da história! Não saia falando coisas presunçosamente como se soubesse de tudo, eu tenho meus motivos para querer que aquela putanna morra!

-Então me conte.

-E porque demônios eu faria isso? -O tom de voz era debochado e um tanto indignado o corpo esticou-se instintivamente para trás como se o colega exala-se algum cheiro ruim. - Isso não é do seu interesse, Touro.

-Tsc... Eu... -Balançou a cabeça negativamente, as palavras fugiam de seus lábios. -Eu... Sei como se sente...

-Sabe?

A risada que ecoou pelo salão era triste e sem vida, preenchia os cômodos momentaneamente sumindo logo em seguida para deixar no ar apenas a sensação de vazio que existia no local, e por que não dizer, no próprio dono do templo.

-Então, está me dizendo, meu caro Aldebaran, que sabe como eu me sinto?

-S-sim... Quer dizer... Eu também sei como é se sentir rejeitado por quem se quer ser próximo e se tratando dele... Eu sei o quanto nós estamos longe de sermos bons-...

-Não!

-Ahn?

-Não... Você não sabe nada Aldebaran. -A raiva que exalava do canceriano era palpável, seus olhos índigos brilhavam em fúria, suas mãos fechadas ao lado do corpo que agora estava postado a sua frente. As sobrancelhas juntas e os lábios fechados em um linha fina, a face morena pelo sol avermelhando-se conforme o ódio fervia seu sangue. -Você não tem nem ideia... Você não pode nem mesmo imaginar o que eu sinto Aldebaran... 

O brasileiro encostou totalmente o corpo no sofá, os grandes olhos castanhos arregalados observando curiosamente o jovem que mantinha os lábio abertos como se tivesse algo mais a dizer mas simplesmente não conseguia expor as palavras. Prensou as unhas na palma da própria mão olhando com desprezo o cavaleiro abaixo de si, era uma absurdo imaginar que tentara sem amigável com alguém assim. "Sempre dizendo que quer me ajudar... Não poderia ser mais presunçoso".

-Fique até que ache possível sair do templo, mas não fale comigo. Sob nenhuma circunstância.

Saiu sem olhar para trás, deixando um temeroso e aliviado Aldebaran de Touro escorregar pelo tecido de couro, ficando com o corpo totalmente relaxado. "Deuses... Como ele é teimoso..."

~

Os dias passaram e o fim do inverno parecia nunca ter acontecido, havia algumas semanas que a primavera havia começado porém a tempestade de seu primeiro dia continuava a cair torrencialmente, os noticiários não falavam de outra coisa senão a inesperada nevasca primaveral, as pessoas evitavam ao máximo sair de casa e escolas e empresas continuavam com as portas fechadas. Aos poucos percebeu que em determinados períodos do dia a neve se tornava mais  branda e naqueles raros momentos poderia-se arriscar a tentar ir até sua casa. 

Andava cuidadosamente entre a neve gelada que praticamente chegava a sua cintura, estava há mais de vinte minutos tentando sair do templo de Câncer e só agora começava a perceber que estava realmente perto de Gêmeos. 

"Talvez eu tenha que passar um tempo por lá antes de seguir totalmente até meu templo... Ah, droga..."

Arrastou-se por mais alguns metros até estatelar desastrosamente em frente ao terceiro templo, pediu permissão para entrar com o cosmo mas o local parecia vazio, adentou cautelosamente, conhecia o guardião do local bem o suficiente para saber que ele não gostava de invasores mal educados.

-Saga?

A voz ecoou no vazio sem nenhuma resposta aparente, voltou o rosto para trás tentando enxergar a quarta casa que havia acabado de sair, porém a nevasca retornara com força total e as paredes brancas do templo mesclavam-se nos flocos que neve que saiam violentamente.

Suspirou dando os ombros e caminhando até a saída de Gêmeos, obviamente não seria idiota o suficiente para sair com aquele tempo, seria loucura! Ainda mais para alguém tão desacostumado a neve e frio, mas iria ficar perto de um dos portais para caso Saga aparecesse por ali saber que ele não estava tentando invadir seu templo nem nada,mas que estava apenas de passagem. 

As horas foram passando e o clima continuava o mesmo, aos poucos as pálpebras começaram a pesar e o corpo escorregou até o chão sentando-se desajeitadamente encostado a uma das paredes do local, a cabeça pendendo para o lado e a boca levemente aberta deixando a calma respiração sair como quisesse, absorto nos próprios pensamentos mal percebeu quando foi guiado ao mundo dos sonhos, no começo, sonhos bons e alegres que o fazia murmurar coisas enquanto dormia, mas, sem que notasse estava a caminho de um terrível pesadelo.

A visão do lugar era embaçada e não sabia dizer exatamente onde estava, uma chuva forte caia e era noite, provavelmente por isso já tinha tropeçado em várias coisas pelo caminho (mesmo que não soubesse dizer o que eram), corria desesperadamente, ofegando e olhando para trás o tempo todo, percebeu, fugia de algo. Mas, o que? De repente seus pés pareciam flutuar e seu corpo agora vagueava em um local totalmente branco olhou para cima e uma luz forte brilhava quase o cegando, esticou uma das mão tentando alcançá-la, estava perto, conseguiria tocá-la... Faltava tão pouco, tão pouco... Caiu novamente, agora, de volta ao primeiro local, a chuva continuava forte e torrencial, porém sua visão melhorara um pouco... "Um corpo?"

Aproximou-se da pessoa estirada no chão, forçou os olhos para reconhecer o homem logo a frente, mas ainda estava longe demais...

"Talvez se eu chegar um pouco mais perto..."

Estava há alguns centímetros do corpo e cada vez mais a silhueta ficava mais nítida  estava próximo e logo poderia dizer que era aquela pessoa que jazia em meio ao caos do lugar que se encontrava. Mais três passos e estaria ali, ao lado dela,  poderia finalmente saber que era e porque ver aquele corpo estirado lhe causava um mal estar tão grande e uma dor no peito. "Apenas mais três passos... Um.... Dois... Tre-"

-Aldebaran?

Pulou ao ouvir sua voz, acordando e deparando-se com um Saga próximo a si chacoalhando seu corpo.

-O-o que...?

-Está tudo bem? Estou te chamando há cinco minutos!

-O que eu... Me desculpe Saga, eu não achei que estivesse aqui e... Deuses... Minha cabeça...

-O que houve? Eu cheguei aqui e vocês estava tremendo e se debatendo... Achei até que estivesse passando mal...

-Eu... Dormi... Acho. Eu estava me debatendo?

-Sim, além disso, murmurava alguma coisa como: "Não, por favor, não". Acho que até algo mais mas não consegui entender direito...

-Deuses... Acho que tive um pesadelo.

-Aparentemente sim, sobre o que era? Afinal, não é qualquer coisa que deixa um homem de quase dois metros tão assustado! -Falou divertido na esperança de tirar a expressão séria do cavaleiro a sua frente.

-Ah, eu não me lembro... -Franziu a testa esforçando-se para recordar o que sonhava, não sabia o porquê mas sentia-se mal, seu coração batia acelerado e uma dor no peito o fazia querer curvar-se. -Me desculpe pelo trabalho Saga, eu estou apenas esperando a tempestade amenizar.

-Entendo... Não se incomode. Fique a vontade, pelo jeito, vai demorar até que possamos sair daqui.

-Sim... E nem tivemos a oportunidade de armarmos uma estratégia com Atena, essa nevasca obviamente já é algo de Hades.

-Sim...

Ambos ficaram em silêncio observando a neve que insistia em cair cobrindo as camadas e camadas de gelo que se amontoavam do lado de fora.

-Você veio da onde Aldebaran?

-Hm? Ah! -Riu, lembrando-se que ainda estava na companhia do ex-Grande Mestre e que não deveria se entreter tanto e ignorar a presença do outro, seria muita má educação. -Me desculpe, acabei me distraindo! Estava no templo de Cancer, estou há dia tentando voltar para Touro! Alias, anunciei meu cosmo aqui mas ninguém respondeu e...

-Como não? Eu senti quando seu cosmo pediu permissão e concedi também... Alias, ele havia sumido e eu achei que você tinha ido embora, e então, quando subi o encontrei nesse estado.

-Sumido? Mas como é possível? Estive aqui o tempo todo.

-Isso é suspeito.

-Deuses... Será que essa neve...?

-Eu não sei... Mas estou pensando agora... Quando estamos em dias normais podemos sentir os cosmos de todos os cavaleiros, mesmo que bem de leve... Mas agora... Eu sinto apenas o seu!

-Deuses! Tem razão! Como não notamos isso antes? Quer dizer... Agora, parando para pensar, eu posso contar nos dedos, enquanto estive com Máscara, as vezes que senti o cosmo de outros cavaleiros que não fosse o dele!

-Tsc... Isso é mau... Se um de nós formos atacados não saberemos se o outro está vivo... Além disso, não consigo sentir nem mesmo Atena! Temos que arranjar um jeito de nos reunirmos.

-O ideal seria no templo dela, não?

-Mas como chegaremos lá? Quer dizer, é o último templo! Se ao menos Afrodite estivesse lá para avisá-la nós poderíamos...

-O que?

-Hm?

-O que você disse?

-Sobre...?

-Afrodite, onde ele está?

Havia um sutil tom de desespero nas palavras do grego, o que não passou despercebido pelo brasileiro, estreitou os olhos tentando entender a expressão fechada e os olhos enigmáticos que o encarava esperando sua resposta. 

-Ele está em Virgem, na verdade, acho que está lá desde que começou a tempestade, agora que notei algumas vezes pude sentir o cosmo dele e de Shaka juntos, mas...

-O que ele está fazendo lá?

Aldebaran ergueu uma das sobrancelhas observando com curiosidade o homem ao seu lado, um meio sorriso constrangido desenhou-se em seus lábio e uma das mãos passeou por seus curto cabelos castanhos.

-Eu... Não sei... Mas, quando senti os cosmos dos dois estavam muito harmonizados então, talvez, eles tenham ficado amigos, não sei...

Uma risada sádica e cruel saiu da boca do outro que curvou-se pressionando a barriga para conter o acesso de riso do qual fora tomado, o taurino não pode deixar de sentir-se incomodado com a visão parecia que Saga estava sendo tomado por sua personalidade insana e essa não era uma ideia agradável, ainda mais quando estavam a sós e sabia que mais ninguém sentia seus cosmos; recuou meio passo mantendo-se atento a qualquer tipo de vestígio de que deveria se proteger.

-Ha... Ha... -O gêmeo de Kanon ofegava tentando controlar o riso eufórico, jogou a longe cabeleira para trás levantando o rosto com uma feição de genuína satisfação pessoal, Aldebaran não gostou em nada daquela expressão mantendo-se com o cosmo tranquilizado sem mostrar hostilidade, mas pronto para atacar caso julgasse necessário. -Me desculpe, Aldebaran... Mas, isso é uma piada, não?! Shaka de Virgem sendo amigo de Afrodite de Peixes? Há, isso é hilário demais!

-Bem, sinto decepcioná-lo mas... Não é piada alguma, há um tempo que percebo o cosmo de ambos em sintonia.

A face que antes se deliciava na própria compreensão das palavras alheias ficou séria e fechada no mesmo momento que ouviu a frase, Touro sentiu-se levemente satisfeito por ter tirado aquele sorriso arrogando e carregado de desprezo dos lábios do outro, mas não podia negar que sentia-se incomodado com os olhos azuis que o miravam com firmeza.

-Entendo. Bem, em todo caso, temos que bolar um jeito de sairmos daqui.

-Hei.

-Sim?

-Por que você...?

-Hm?

-Esquece.

Saga retirou-se silenciosamente fazendo um gesto para que o colega o seguisse até a parte da moradia de seu templo, comentou algo sobre uma passagem secreta para o templo de Mu e como poderia usar o teleporte do amigo para que contatassem a deusa, o geminiano continuava a dissertar sobre a ideia que tinha para reunir os dourados. Porém Aldebaran se perdera na metade do plano e agora somente seus pensamentos preenchiam sua cabeça enquanto as palavras do outros reuniam-se vagamente em seus ouvidos, seus olhos focados apenas na expressão indiferente que o portador da armadura de Gêmeos mantinha. 

"Ele parece absurdamente calmo."

Parou de caminhar observando o homem ao seu lado chamá-lo algumas vezes para que continuassem seu caminho; porém, os olhos castanhos ignoravam os gestos e a carapuça vazia que movimentava-se a sua frente, encarando os olhos azuis do outro, mas não a parte superficial que mantinha teatralmente a mais pura indiferença, mas ao fundo, como se mergulhasse em um poço de limbo, oh sim... Finalmente via algo, por trás de toda aquela pose de indiferença e descaso, sim... Havia algo...

"Ele está irritado..." 

Sim, havia algo... Por trás daquele corpo vazio e falso, forrado de mentiras... Havia inveja, havia fúria, mas, principalmente...

"Ciúmes... Ele está com ciúmes."

Havia ciúmes.


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Notas finais do capítulo

Calma! Nao me espanquem! Eu sei que vcs deve estar pensando: Sua inutul, me some por uma semana e ainda me volta com um capitulo que nao aparece nem um pouquinho do Shaka e do Afrodite?! Vou te matar!!!!
MAS, me justifico... A intençao inicial nao era esse capitulo acabou acontecendo... Mas, nao temam, prometo compensar no proximo capitulo ( e nos proximos tbm!)!!
Agradeço a todos que se deram ao trabalho de ler, agradeço mesmo, muito obrigada! Espero que tenham gostado e nao deixem de comentar! (pode me xingar que eu sei que mereço ç.ç), e preparem-se para rios de lagrimas nos proximos capitulos! xP!
Obrigada queridos! Até semana que vem! Beijos!

Tia Evye