“Acho que eu não estou entendendo muito bem. Por que raios eu fiquei horas sendo torturada por uma equipe de cabeleireiros malucos se o meu corpo estaria totalmente coberto? E ao mesmo tempo eu me sinto nua!”

                “Fique calma querida” Respondeu Emicca, minha estilista. “Ainda não terminamos. E de qualquer forma você precisa de polimento para a entrevista, os treinos e a própria arena,” Ela falava muito devagar, como se eu tivesse algum problema para entender o que ela dizia. Seu cabelo tinha um corte bem curto e uma bizarra cor prateada, que combinava com seus olhos, mas o mais assustador em sua aparência eram as dezenas de argolas e brincos espetados em sua pele.

                Pela hora já deveria estar escurecendo, porém não havia janelas no cômodo para que eu pudesse ter certeza. De manhã nos mal pisamos na plataforma da estação ferroviária e fomos arrastados até o centro de treinamento, um prédio alto, embora nosso apartamento ficasse logo no terceiro andar. O alojamento era luxuoso, mas não tive tempo para apreciá-lo. Caleb e eu fomos levados ao centro de transformação e cercados pela equipe de preparação durante o dia todo. Não sei o que fizeram com ele, mas eu fui esfregada, depilada (de longe a parte mais dolorosa) e então me cobriram de óleos e loções, pintaram minhas unhas e cortaram meu cabelo. Só então pude almoçar e conhecer meu estilista.

                Dei uma olhada no espelho largo que cobria uma das paredes. Estava vestindo um macacão cor da pele que se grudava ao meu corpo e o cobria de cima a baixo. Suspirei impaciente e me virei para a responsável pelo traje. Ela não devia ter tido muito trabalho para desenhá-lo.

                “Ande, venha cá”. Cheguei mais perto e ela virou meu pulso. Emicca pressionou um botão preto que eu não havia notado ali. Imediatamente a roupa transformou-se. Um brilho azulado emanava do traje e imagens se juntavam e se afastavam no tecido, formando desenhos que eu não conseguia identificar. A estilista apanhou um chapéu de aba larga e colocou-o na minha cabeça, ele também foi ligado e então o meu rosto refletia a luz. A mulher apagou a lâmpada da sala e o efeito foi impressionante, mesmo no espelho eu parecia um feixe de energia que poderia eletrocutar qualquer um com um toque.

                “Distrito três, tecnologia.”