O Cuidador Do Fogo escrita por Larinha


Capítulo 5
Capítulo 5 - Dimitri POV


Notas iniciais do capítulo

Gatas do meu coração.
Capitulo novo e vamos ver o que vocês acham...
Eu não gostei muito dele mas achei necessário para que vocês entendessem o lado do Dimitri.
O proximo será POV Rose a partir do abraço, pra gente poder ver o que rolou depois de tudo isso e bla bla bla.

Espero que gostem, boa leitura ;D



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De todos os momentos mais marcantes da minha vida, apenas um cortava e feria meu coração de uma forma insuportável. Dizer que eu estava arrependido de ter feito o que fiz com Rose era pouco. Eu estava acabado por dentro. Não apenas por vê-la sofrer por mim, mas por saber que aquilo também me destruía por dentro. Mas infelizmente não havia nada melhor a fazer. Cada vez que meus olhos cruzavam com os dela, cada vez que sentia seu toque e seu perfume eu entrava em desespero. Um sentimento de culpa me invadia e eu não me achava digno de estar em sua presença. Como depois de tudo ela ainda era capaz de me amar? Que mulher era essa, piedosa e cheia de compaixão, que não enxergava o monstro que eu fui? Talvez seja culpa dessa sua atitude compreensiva. Minha vontade era que ela fosse capaz de me odiar, de me xingar e de me culpar por tudo que eu lhe fiz. Assim eu me sentiria consideravelmente melhor...

Conforme o tempo foi passando eu a vi cada vez mais se afundar na solidão. Por um momento Rose ficou calada, triste e recolhida. Eu não a via com os amigos e nem nos treinos pela manhã. Não duvidava que ela se escondesse em seu quarto todos os dias após suas obrigações de guardiã. Eu não tinha noticias dela e todos que eu perguntava se negavam a me responder. Eu era o vilão da história, mas não iria voltar atrás na minha decisão. Era melhor para todos, e nós sabíamos que estávamos vivendo uma ilusão. Nosso amor jamais poderia ser real e eu estava apenas encurtando nosso sofrimento. Pelo menos era o que eu pensava, mas todo dia essa ideia era colocada em prova.

Mesmo não estando mais junto de Rose eu prometi a mim mesmo que iria cuidar dela sem que ela soubesse. Confesso que fiquei feliz quando percebi que sua vida social estava engatinhando e que aos poucos ela voltava a participar das áreas de convivência na Corte. Ela mal olhava na minha cara, mas eu não me sentia digno de seu olhar. Eu achava justo e merecido tudo o que eu estava passando e não eram as melhores coisas. Eu era ignorado pelos altos membros da sociedade Moroi pela minha condição atual de ex-strigoi, os guardiões estavam sensibilizados com a situação de Rose e me julgavam por isso, cada dia que passava eu sentia o gosto amargo do ciúme ao ver minha amada se apegando àquele homem que não esconde o quanto a ama.

Lord Ivashkov sabia bem como tratar uma mulher, e não era nada tímido quando a mulher em questão era aquela que um dia foi minha. Sua provocação era aberta e ele gritava aos quatro cantos que jamais a faria sofrer e prometia que seria o responsável por tira-la do sofrimento. Era tudo para me atingir, eu sempre soube. Ele queria jogar na minha cara e provar a mim como Rose, a minha Roza, poderia ser feliz ao seu lado, e bem... Ele provou da pior forma possível. Era evidente a todos que Rose não se envolvia romanticamente com ele, ela o tratava apenas como bons amigos e confesso que ficava aliviado com isso. Mas era evidente o quanto ela amava sua companhia. Com Adrian, Rose participava das melhores festas da Corte regadas a bebidas finas e até mesmo algumas drogas ilícitas. Eu a seguia escondido, para ter certeza que ninguém a faria nenhum mal, e a via chegar trôpega em seu dormitório quase todas as noites.

De inicio ignorei sua atitude, achei que seria uma fase que não tardaria em passar. Sendo assim, achei que deveria arrumar uma companhia, alguém que me livrasse dessa obcessão e que me fizesse enxergar que eu era capaz de ser feliz sem ela. Então investi em Tasha Ozera, uma velha amiga que eu sabia que gostava de mim. Foi covardia eu confesso. Sabia que seria fácil ela aceitar minha proposta então joguei baixo e comecei a namora-la escondido. Ela insistia que devíamos sair da Corte e ir morar na Europa, mas minha condição para que ficássemos juntos era que fosse secreto e que não nos mudaríamos dali. Ela não teve alternativa a não ser aceitar. Nos primeiros momentos era bom, Tasha é uma mulher agradável e sabia o que eu gostava, inclusive na cama. Mas depois de um tempo eu me via pensando em Rose novamente, e então percebi que desde o primeiro momento, eu estava com Tasha fantasiando que era Rose, então secretamente voltei a investiga-la.

Confesso que me assustei quando dei de cara com Rose no corredor de seu dormitório. Estava visivelmente mais magra, com muitas olheiras e eu podia sentir o cheiro do álcool que exalava de seus poros. Tenho certeza que ela havia me visto naquele dia, mas como sempre ela nada disse. Em alguns dias de observação, pude perceber que ela começou a descumprir seus compromissos e sua fama entre os caras voltou a reinar. A bela Rose Hathaway estava de volta, solteira e disponível para quem se arriscasse tentar. Ela passou a fumar narguile com Abe e eu me assustei com o próximo passo que ela seria capaz de dar. Não que narguile fosse algo abominável em comparação a outras coias que ela tinha a sua disposição, mas a coisa que ela mais repugnava era cigarros e fumaça, e essa atitude mostrou-me como ela realmente não estava se importando com nada. Nem mesmo Lissa fazia parte de sua lista de prioridades.

Resolvi que era hora de interferir no dia que Alberta me informou que ela havia se atrasado para reunião que definiria os últimos detalhes da Coroação. Como nunca havia visto, Alberta estava transtornada e jogou na minha cara que a culpa era minha e dela, já que desde o principio eu não deveria ter envolvido com minha aluna e que ela não deveria ter concordado com a situação. Com isso, foi instaurada uma reunião de ultima hora, antes que Rose fosse guinchada de seu quarto até a administração, para me darem a noticia que eu estava longe de esperar. Lissa, Alberta e Hans resolveram enviar-me missão fora do país, com a missão de recrutar os melhores guardiões de todo o mundo que após um treinamento seriam enviados a St. Vladimir para substituir a equipe de Alberta, que agora era a nova chefe dos guardiões na Corte. A decisão por minha ida era unanime, já que seria melhor para mim e para Rose um tempo afastados para os ânimos acalmarem.

Decidi então que antes de partir eu teria uma conversa com Rose. Essa era minha oportunidade de finalmente tentar viver em paz com Tasha, e embora fosse um período curto, eu sabia que talvez fosse possível conseguir ser feliz com outra pessoa. A presença de Rose e sua atitude rebelde não me permitiam seguir em frente, seus atos faziam com que eu me sentisse responsável e cada vez mais eu tinha vontade de cuida-la. Mas infelizmente, para meu azar, no mesmo dia em que tomei essa decisão surgiram boatos que eu estava com Tasha. Possivelmente a fofoca surgiu da minha decisão de optar por leva-la como minha acompanhante na missão. Era óbvio que até a hora baile Rose já estaria sabendo, o que dificultaria uma conversa civilizada. Eu a conhecia muito bem e sabia que ela não seria fácil de lidar.

Por conta disso, durante o cortejo eu e Tasha fomos dispensados para que pudéssemos preparar as coisas para partirmos antes do por do sol. Seria antes do fim do dia para os humanos e poucas pessoas nos veriam sair da Corte. Assim que minha pequena mochila estava pronta segui para o salão principal que ainda estava vazio, pois a coroação ainda não havia terminado. Adrian estava bem na entrada, elegante em um smoking preto e eu poderia jurar que seu cabelo estava estrategicamente bagunçado. O cumprimentei com um breve aceno de cabeça e ele respondeu a mesma altura. Resolvi sentar-me em uma mesa distante e tomei uma cerveja bem gelada para dar uma relaxada nos músculos. Não demorou muito para Tasha chegar vestida em belo vestido vermelho, que lhe caía bem apesar de não fazer o seu tipo. Ela sentou-se ao meu lado segurando uma taça de champagne e começou a comentar as roupas dos convidados que timidamente aproximavam-se do salão. Eu fingia prestar atenção, o que era mais difícil quando meus olhos estavam ocupados em encontrar apenas uma pessoa, que parecia não chegar nunca.

Após um momento, que me pareceu bem mais uma eternidade, vi Rose adentrar o salão. Estava bela, em um longo vestido preto que possuía uma grande fenda na perna esquerda. Ele mostrava o suficiente e a fazia parecer mai sexy do que naturalmente já era. Seus longos cabelos caiam em ondas sobre suas costas, e pareciam tão macios que eu poderia jurar que sentia o seu cheiro. Apesar de sua beleza estonteante e que ofuscava as demais mulheres naquele salão, Rose parecia uma ave triste e recuada. Ela parecia ter chorado e isso fez com que meu coração encolhesse dentro do meu peito. Tasha pareceu notar o meu olhar e ficou calada por um tempo. Sua cara não era das melhores e eu estava com vontade de deixa-la sozinha, já que minha paciência estava esgotada. Ela reclamou de dor de cabeça e insistiu para que eu a acompanhasse até seu quarto. Fiquei furioso por alguns instantes, mas não imaginei oportunidade melhor para livrar-me dela e então poder conversar com Rose sem preocupações ou intromissões. Beijei levemente seus lábios e rapidamente saímos do salão sem sermos notados.

Deixei uma Tasha chorosa e melancólica dentro do quarto, o que não me deixou arrependido, pois não estava com paciência para teatros e dramas infantis. Somos adultos e não precisamos simular nada para conseguir o que queríamos, e dessa vez eu faria a minha vontade. Voltei para o salão e percebi que Rose estava muito mais descontraída. Ela dançava com Adrian e sorria abertamente, e eu senti uma pontada de ciúmes acender dentro de mim. Notei os dois se afastarem em direção ao bar e imaginei que iriam pegar mais bebidas. Aproveitei a deixa para ir ao banheiro e quando retornei percebi que iriam sentar-se à mesa de Lissa e Christian, e então aproveitei o momento para chamar Rose para conversar. Para ser sutil, pedi licença a Adrian para poder dançar com Rose e me surpreendi quando ela prontamente aceitou meu convite.

Rodopiamos pelo salão e apesar de estar visivelmente bêbada, Rose ainda estava hesitando. Ela aprecia com medo e na verdade eu estava com a impressão que ela não via a hora de se livrar de mim. Assim que terminou a musica, senti ela me evitar e tentar soltar seu braço de meu aperto, mas não dei oportunidade para que ela fugisse e então a levei até as mesas da área externa. Digamos que nossa conversa não foi nada amigável. Rose estava nervosa, sensível e a qualquer momento parecia que iria chorar. Eu não tive a oportunidade de falar o motivo real que motivou nossa conversa. No fundo no fundo, eu queria me despedir, pois não sabia ao certo quando a veria de novo. Apenas a bombardeei com minhas lições e eu tentava sem sucesso enfiar algum juízo em sua cabeça. Joguei todas as responsabilidades em cima dela e a acusei de ser infantil e impedir que eu seguisse minha vida. Eu sabia que o verdadeiro culpado era eu. Se eu não tivesse destruído seu coração e sua felicidade, ela não estaria com tantos problemas como agora. No término de nossa briga, já que definitivamente não tivemos uma conversa, ela finalmente pôs um ponto final em nossa história. Suas palavras ainda ecoavam em minha mente enquanto eu andava sem rumo pelos jardins da Corte.

– Eu queria ouvir você dizer que me ama. Mas ok, ok... Não dá pra ser assim afinal, você já deixou bem claro quem você quer ao seu lado. – A vi limpar bruscamente uma lágrima que ousou cair de seus olhos, enquanto meu coração se contorcia em meu peito – Tudo bem isso passa. Boa sorte pra você, você está livre pra seguir em frente, é o fim do nosso amor! – A imagem não saia de minha cabeça. Sentei em um banco, encolhi e abracei minhas pernas como uma criança emburrada. O que eu havia feito? Bom... Essa era a minha deixa, finalmente eu estava livre para seguir meu caminho. Não era isso que eu queria? Minha vontade não era que Rose me odiasse para que eu pudesse seguir em frente? Agora que eu tinha conseguido parecia que um buraco negro havia sido aberto em meu peito. Com dificuldade comecei a aceitar que na verdade eu nunca quis que ela me odiasse. Eu a amava e a cada segundo ansiava por estar ao seu lado. Definitivamente eu era um babaca, mas agora não havia mais conserto para a burrice que eu havia feito. Eu tinha certeza que após essas palavras, Rose seguiria seu próprio instinto e faria de vez o que eu tanto lhe implorava para fazer: Esquecer-me e tirar-me da sua vida. Quando conclui por fim o resultado do que um dia foi nossa felicidade, lembrei-me de todos os momentos bons que passamos e de tudo que eu havia aprendido com ela. Senti meu rosto esquentar e apesar de lutar contra a vontade eu me entreguei ao meu próprio desabafo silencioso diante do triste nascer do sol.

E então eu chorei!

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Deixar a Corte não foi fácil embora na verdade eu acreditasse que o que estava mesmo sendo difícil era aceitar deixar Rose para trás, no passado. Não era mais uma opção minha, então eu reuni minha coragem, coloquei minha mascara de guardião e segui o cronograma segundo minhas obrigações. Não tínhamos um roteiro definido, e era minha responsabilidade passar pelos locais que eu julgasse mais adequados. Visitamos vários países e a seletiva era demorada. Pelo menos duas semanas para que os melhores das academias e dos centros de treinamento fizessem testes de resistência, paciência, força, domínio e técnica. Complicado, mas alguns guardiões da Corte e Sidney, uma alquimista conhecida de Abe, foram designados para me auxiliar já que era uma seleção de extrema importância.

Além do trabalho desgastante e massivo, eu ainda tinha de passar meu tempo livre com Tasha. Não que eu não apreciasse sua companhia, afinal, eu a havia escolhido para viajar comigo. O complicado mesmo era que ela fazia questão de participar de todos os processos seletivos, e isso me atrapalhava muito. Ela parecia sentir ciúmes de toda guardiã que me olhasse e ainda reprovava e procurava defeito na maioria das que eram escolhidas para uma próxima etapa. Isso me irritava, pois ela fazia questão de deixar claro seu desprezo pelas dampiras. Ela queria que todas estendessem bem o seu recado: Não se aproxime que esse tem dona. E bom... Eu detestava ser tratado desse jeito, pois sou um homem com minhas próprias opiniões e não um objeto capaz de ser manipulado. Sendo assim, minha amaldiçoei diversas vezes por ter feito uma escolha tão tola de leva-la comigo. Mas confesso que não me incomodava quando a noite ela retribuía minha paciência de uma forma especial.

Não teve uma noite em que Tasha e eu não fizemos sexo. Muitas delas eu não estava com vontade, mas ela sabia me dobrar de um jeito e sinceramente acho que essa é sua maneira de tentar me conquistar. Era uma pena que eu estivesse agindo como um cafajeste e que na maioria das vezes eu fechava os olhos e imaginava outra pessoa, bem mais baixa e muito mais curvilínea. Eu até me arrependi nas primeiras vezes, mas passei a relaxar e aproveitar o que tinha para o momento. Tasha não é mais criança e sabia muito bem o que eu queria. Se ela estava disposta a se entregar eu não iria negar. Então eu fiz questão de aproveitar até o ultimo minuto, até quando chegasse o dia de retornar para Corte.

Quando entramos no avião, que partiria do Canadá, eu senti uma ansiedade me abater. Eu sabia que em poucas horas eu estaria mais próximo de quem eu senti tanta saudade. Olhando aquele avião com pouco mais que trinta guardiões, em sua maioria homens, eu me dei conta de como três meses haviam se passado rápido e me coloquei a pensar em Rose. Tasha tentava conversar comigo, mas eu não estva com muita paciência. Limitei-me a sentar e fechar os olhos em uma tentativa de ter um pouco de paz e acabei por adormecer. Quando dei por mim estava sendo chacoalhado por mãos impacientes que pareciam estar tentando, sem sucesso, me despertar a algum tempo.

– Dimka, que coisa! Será que não da para acordar?! – Abri os olhos preguiçosamente e ergui a cabeça para situar-me. Percebi que o avião estava vazio e lembrei-me que já deveríamos ter chegado a Corte.

– Oh Tasha – minha voz saiu rouca devido à falta de uso – Acho que peguei no sono...

– E que sono. Já têm uns dez minutos que estou tentando te acordar. – ela disse de cara amarrada para mim. Levantei-me e peguei minha mochila no bagageiro não me preocupando em ser cavalheiro com Tasha, pois sua enorme mala havia sido despachada e provavelmente estaria em seu quarto antes mesmo que fossemos capazes de desembarcar. Então apenas segui em direção à porta dianteira com ela em meus calcanhares.

– Que horas são? – Perguntei meio perdido por conta do fuso horário e pela quantidade de horas gastas com meu sono.

–Quase 03h. – Ela sorriu abertamente antes de começar a descer as escadas. Ainda no topo, vasculhei a região procurando por Rose. Meu coração esperava vê-la por ali aguardando ansiosamente minha chegada. Eu não sabia como ela poderia estar, e por um momento pensei que talvez estivesse pior do que antes. Acenei de cabeça em cumprimento ao piloto da aeronave e segui em direção a Eddie e Mikhail que sorriam abertamente para os recém-chegados.

– Como foi de viagem Belikov? – Eddie perguntou educadamente enquanto trocávamos um aperto de mão.

– Foi ótima... Deu para descansar um pouco. – Sorri cúmplice para Tasha que parecia ansiosa para ir para sair dali.

– O que acham de descansarem um pouco? Lissa havia nos dito que estariam dispensados pelo dia de hoje e que apenas haverá compromissos para vocês daqui alguns dias. – Mikhail informou e Tasha pareceu relaxar ao meu lado.

– Então vamos Dimka. Vamos dormir um pouco! – Ela começou a puxar minha mão, mas eu continuei em meu lugar. Não poderia deixar apenas os dois guardiões com um grupo tão grande.

– Pode ir na frente Tasha, vá para seu dormitório e descanse. Amanhã nos vemos. – Falei enquanto acenava para o condutor de um dos carrinhos para que viesse até nós e levasse Tasha ao seu destino.

– Dimka, você não pode descansar um pouqui... – Tasha comçou a reclamar, mas eu tratei de cortar antes que eu me irritasse.

– Tasha vá. Depois nos vemos. – Quando o carrinho se aproximou, sorri sem humor e virei minhas costas para ir em direção a cobertura onde Eddie e Mikhail aguardavam com o grupo. Eles haviam feito uma divisão em três grupos e imaginei que um seria designado a mim. Enquanto eles aguardavam pela chegada de mais carrinhos, tirei meu guarda pó, pois o calor estava intenso mesmo no meio da madrugada humana, e resolvi entrar pela porta automática onde provavelmente teria um banheiro. Quando avistei a placa de indicação vi Sidney saindo de uma porta que eu presumia ser o feminino, mas ela não parecia muito bem. Ela tentava chamar a atenção de uma pessoa que até então eu não havia notado.

Rose estava do outro lado do grande local, e segurava uma coca-cola na mão. Sua postura estava rígida e a vi amassar um pouco da lata, como se precisasse de força para o que viria a seguir. Ela estava linda como sempre, seus longos cabelos estavam soltos caindo sobre seus ombros e sua expressão estava leve, descontraída. Havia um brilho em seu olhar e pude perceber que ela estava feliz. Seu lindo corpo cheio de curvas estava bem marcado em uma justa calça jeans e em uma camiseta preta básica com decote V, que acentuava o tamanho de seus seios. Vi Sidney se aproximar-se e puxa-la pela mão até uns banquinhos que estava por ali. Fui me aproximando aos poucos, receoso pela sua reação. Rose sentou-se, abaixou a cabeça e por um instante eu pensei em desistir de falar com ela, mas empurrei meu orgulho e caminhei hesitante até parar em sua frente. Por um momento Rose pareceu engasgar com o gole de coca que estava ingerindo e Sidney me lançou um olhar de repreensão. Ignorei sua expressão chocada e resolvi que era hora de falar antes que ela se mandasse dali.

– Guardiã Hathaway, quanto tempo. – Vi Rose encarar o chão e por alguns segundos parecia que ela evitava respirar. Ela pareceu refletir um pouco, decidindo-se o que seria melhor a fazer. Talvez me ignorar fosse a melhor e sua primeira opção. Já estava me preparando para afastar quando a vi se levantar e encarar-me de uma maneira intimidadora.

– Qual é camarada – ela socou levemente meu braço e eu me surpreendi com seu bom humor repentino – desde quando se refere a mim com tanta formalidade? – Sorri leve e tímido por ter imaginado que Rose me trataria com indiferença. Quanto mais o tempo passava mais eu aprendia que Rose era capaz de ser imprevisível e mais encantadora. Uma sensação magnífica e carregada de sentimentos invadiu meu peito e eu me senti feliz por ver que Rose estava bem, muito bem por sinal. Como eu estava cheio de saudades dessa sua leveza e espontaneidade... Vi Rose cruzar os braços sobre o peito, como se aguardasse uma reação minha e então coloquei minha mochila no chão e soltei o guarda pó sobre ela. Cortei o pequeno espaço que nos separava, senti meu coração vacilar pelo o instante de uma respiração e então eu a abracei.


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Notas finais do capítulo

E ae?
Como me sai escrevendo do ponto de vista masculino.

kkkkkkkkkkk tive que ralar para não parecer muito gay.

Beijos e até o próximo.



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