O Cuidador Do Fogo escrita por Larinha


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Gatinhas :D
Esse é o ultimo capitulo, mas não se apavorem.
Amanhã eu irei postar o epílogo e ele será esclarecedor ao titulo da fic.

Espero que gostem e aproveitem.
Boa leitura.



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Os dias passaram como um borrão.

Só assim consigo descrever como os dias escaparam de minhas mãos antes que eu pudesse notar. O resto de semana até o encerramento do treinamento foi intensa e cheia de tarefas. Eu e Dimitri intercalamos entre o treino pesado e as aulas ministradas no curso. Eu o acompanhei nos dias que se seguiram e tive que, educadamente, dispensar Eric e Bernard que tentavam a qualquer custa me convencer de sair com eles uma ultima vez, antes da partida.

Dimitri, é claro, odiou a ideia! Eu não sei o que aconteceu para que ele tivesse essa antipatia gratuita pelos meninos, mas eu não ousei perguntar. Estávamos felizes demais para ser verdade e eu jurei a mim mesma que ia aproveitar o momento, sem interferências. E posso te falar que estava sendo tudo maravilhoso. Mesmo com o trabalho árduo, sempre arrumamos um jeitinho para estarmos juntos, o que está deixando Lissa puta da vida. Não é como se eu fosse troca-la definitivamente por Dimitri, mas qual é eu tenho que recuperar o tempo perdido!

Balancei a cabeça para livrar-me dos devaneios que me cercavam e encarei o espelho a minha frente. Meu cabelo estava preso em um alto rabo de cavalo, cheio e volumoso. Eu usava um uniforme de treino e deveria estar me aquecendo para lutar com Dimitri, mas simplesmente não conseguia me concentrar. Não é como se perder fosse uma coisa ruim, mas eu só queria provar para ele que eu era capaz de vencê-lo em uma luta.

Girei o pescoço para relaxar a postura e apertei minhas têmporas em uma tentativa vã de esvaziar minha cabeça. Nesse momento Lissa já devia estar acomodada em um camarote especial e meus amigos já deviam estar todos no ginásio, afinal a minha luta com Dimitri já era a próxima e a última. Tomei um gole de água e molhei minha nuca enquanto ia em direção à porta do vestiário. Fui silenciosamente em direção à entrada interior do ginásio, aquela que daria acesso direto ao centro, onde estava acontecendo o evento.

Aproximei-me e encarei as arquibancadas lotadas e por um momento me deu um frio na espinha, como se qualquer movimento errado fosse crucial e determinante em minha vida. Observei que Hans estava sendo homenageado e recebia prêmios de excelência e prestação de serviços ao mundo Moroi e bla bla bla. Alberta falava alguma coisa ao microfone e todos o saudavam com palmas e referencias. Eu ignorei as solenidades e procurava entre os milhares rostos um que fosse conhecido, até que senti ser abraçada por trás.

– Com medo? – Dimitri sussurrou no meu ouvido me fazendo arrepiar em reação ao susto e ao contato repentino com ele.

– Jamais!

Dimitri sorriu e me virou para um beijo rápido e não demorou muito para que ouvíssemos nossos nomes soarem pelas caixas de som. Senti-me tremer, mas rapidamente coloquei minha mascara de guardiã, afinal de contas eu estava ali como um exemplo a ser seguido. Dimitri apertou minha mão e saiu na frente acenando a todos e fazendo uma respeitosa referencia a Hans, que sorria orgulhoso em sua direção.

Respirei fundo e fui em direção ao centro do ginásio. Eu estava receosa em levantar a cabeça e encarar aquela multidão de pessoas, mas quando eu ouvi um coro aclamando meu nome eu me senti minimamente mais confiante. Ergui a cabeça e pude encarar diversos rostos conhecidos. Alguns não eram tão bem vindos, mas posso afirmar que a maioria eram amigáveis. Sorri e acenei a esmo, até que vi um casal de pé aplaudindo no canto esquerdo da arquibancada.

Abe Mazur estava finamente vestido em um terno cinza de lã fria. Pendia sob seu pescoço um cachecol roxo que não combinava em nada com suas joias caríssimas que ele fazia questão de mostrar. Janine sorria, e estava formalmente vestida em uma calça social e uma camisa preta de botões. Não era o tradicional uniforme dos guardiões, mas como sempre, ela optava por ser prática e elegante, usando seus cabelos presos em um coque que lhe faziam parecer mais jovem. Sorri feliz, me sentindo completamente segura e protegida, mandei um beijo na direção de meus pais e, assim como Dimitri, cumprimentei Hans de forma respeitosa e por incrível que pareça ele pareceu aceitar minha postura.

Ao chegar ao centro, dei alguns pulinhos no lugar em aquecimento.

Alberta leu um breve histórico de nossas vidas e eu me senti em um ring de UFC. Ela falou dos ataques, a quantidade de Strigois que cada um havia matado e na trágica, embora feliz, volta de Dimitri do mundo dos mortos. Todos aplaudiram e Alberta saiu do centro nos dando espaço para começar a luta. A hora era agora!

Encarei Dimitri e notei um sorriso escapar-lhe dos lábios. Tomei isso como um desafio e não hesitei em ser a primeira a partir para cima. Acredito que quase o peguei de surpresa, tendo em vista que atingi com êxito um golpe naquele rosto perfeito. Quando pousei meu pé no chão, colocando minha guarda em posição de defesa. Dimitri analisou-me com cuidado, escolhendo o movimento certo a fazer.

Eu ouvia ao fundo os gritos e tentava me esquecer deles, já que por instinto, cada vez que gritavam o meu nome eu sentia uma vontade incontrolável de olhar para trás. Dimitri aproximou-se de mim vorazmente e quando levantei meus braços para proteger meu rosto, senti meu corpo voando livre pelo ar, indo em direção ao chão ao desequilibrar-se por conta de uma rasteira inesperada. Apenas tive tempo de jogar meus braços para frente para proteger meu corpo. Quando vi Dimitri já estava em cima de mim tentando aplicar técnicas para me imobilizar.

Bom, ele ia precisar de muito esforço e teria trabalho. Eu já não era mais aquela Rose, sua aluna inexperiente que não tinha nada além de força. Agora eu tinha técnica e com isso aproveitei sua deixa ao esforçar-se em prender minhas pernas e dei-lhe um soco no rosto, fazendo com que ele se distraísse o suficiente para que eu invertesse nossas posições. Eu não sei quanto tempo demoramos ali naquela troca constante e luta por domínio. Sei que os gritos a nossa volta já não faziam muita diferença comparada a minha proximidade com Dimitri.

Eu já estava cansada de tentar imobiliza-lo. Não porque não tinha habilidade suficiente para isso, e sim porque Deus, o homem é grande! Eu já não sentia mais a dor dos chutes e dos socos que levava, e eu sabia que Dimitri já lutava também no piloto automático. Não sei o que aconteceu, mas em um deslize Dimitri olhou para o lado me dando a oportunidade de aplicar uma chave de braço. Ele olhou para mim assustado e eu me aproximei de seu pescoço, pronta para declarar que ele estava morto e que enfim, eu havia vencido a luta.

Mas antes que eu pudesse prever, Dimitri agiu totalmente por instinto e me jogou longe, e quando assimilei os fatos ele estava novamente em cima de mim. Droga!

– EI! ARRUMEM UM QUARTO! – Ouvi a voz de Christian soar no ginásio e muitas gargalhadas se seguiram adiante. Eu senti meu rosto esquentar de vergonha e acabei por me render. Acho que Dimitri não notou minha expressão corporal, ou talvez estivesse apenas achando que era algum truque meu, já que permaneceu me imobilizando. As vozes aumentavam e eu ouvi Alberta declarando empate e pedindo que nos levantássemos.

Eu simplesmente não sei o que estava acontecendo, mas estávamos travados na mesma posição. Até que uma voz alta e protuberante invadiu o ginásio e nós acordamos do transe ao qual estávamos submetidos.

– Sai de cima da minha filha! – Abe gritou e eu virei o rosto para encara-lo furioso enquanto Janine ao seu lado olhava para baixo em balançava a cabeça em sinal de desaprovação. Rapidamente Dimitri voltou a sua posição original e deixou-me estirada no chão úmido e sujo.

Aos poucos fui voltando ao normal. Peguei o microfone, agradeci a todos pela presença e quando tudo acabou saí em direção ao vestiário. Quando alcancei meu destino notei que Abe estava parado em frente à porta, com sua postura rígida e imparcial. Sorri indo em sua direção e ele retribuiu enquanto eu via minha mãe aparecer atrás dele.

– Ei – abracei-o brevemente e voltei para abraçar também minha mãe. – O que faz aqui?

– Estou esperando Belikov.

Direito e reto! Fiquei olhando para ele que não movia um centímetro de seu rosto, enquanto encarava uma figura que se aproximava de nós por minhas costas.

– O que pretende? – Perguntei receosa pelo o que Abe poderia fazer com Dimitri e recordando-me da “conversa” que ele teve com Adrian no dia do exame final na St. Vladimir.

– Não se preocupe filha, eu não vou fazer nada que não seja de meu direito. – Abe sorriu perverso e diminui a distância entre ele e Dimitri puxando-o para uma conversa particular de homens. Janine virou os olhos e saiu atrás de Abe enquanto eu entrava no vestiário.

Tirei minhas roupas e peguei minha toalha indo em direção ao chuveiro para tomar um banho rápido quando ouvi uma voz conhecida preencher o silêncio.

– O que foi aquilo? – Me virei para encarar Lissa que estava divertida e vinha em minha direção ainda com aqueles trajes formais da realeza.

– Eu não sei Liss... Só aconteceu. – Apoiei minha mão na cabeça e ela riu me puxando para um abraço enquanto eu tentava assimilar os fatos.

– Chris é um bobo Rose, ele a atrapalhou quando você estava prestes a derrotar Dimitri. – Ela falou franzindo o cenho fazendo um biquinho enquanto olhava de forma orgulhosa para o nada. Sua atitude me fez gargalhar já que ela lembrou-me de quando éramos crianças e ela torcia por mim quando eu e Mason brincávamos de chãozinho.

Mason! Eu sentia tanto sua falta. Por um momento um vazio me preencheu e eu imaginei como seria se ele estivesse aqui conosco. Ele ia pirar só de imaginar a Lissa sendo rainha, imagina a vendo como tal?! Sorri tristemente e senti algumas lágrimas quentes correrem livremente pelas minhas bochechas.

– Ei Rose? Porque está chorando? Hoje é um dia tão feliz! Pense, Hans vai se aposentar, Alberta vai ficar mais próxima de nós e temos certeza de que estamos mandando guardiões qualificados para a nossa escola, para o nosso lar. O que te entristece?

Encarei seus olhos verdes cor de jade e enxerguei tranquilidade neles. Paz! Lissa finalmente sentia-se em paz com tudo que estava acontecendo a nossa volta. Sorri confiante e realmente percebi que estávamos em fase de comemoração e que nada poderia nos abalar. Mason estaria feliz aqui conosco, mas tenho certeza de que ele também está em paz qualquer lugar que ele esteja. Ele seguiu em frente, e agora sem problemas eu estava pronta para também seguir.

– Não é nada de mais Liss. Já passou... Agora, acho que preciso de um banho, uh? – levantei-me limpando minhas lágrimas e voltando o percurso até o chuveiro. – Você vai me esperar ou nos vemos no jantar? – Perguntei mudando de assunto.

– Nos vemos no jantar. Certifique-se que Dimitri saiu vivo da conversa com Abe e não se atrase. – Ela gritou e ouvi bater a porta. Bom, hora do banho!


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O jantar passou tranquilo, leve e descontraído. Lissa ofereceu um banquete no palácio real e todos estavam presentes. Confesso que dei muitas risadas recordando-me de histórias antigas e casos que Alberta resolveu contar a meu pai e eu me surpreendi ao saber que minha mãe sabia de todas elas.

Recordamos da época em que Lissa e eu fugimos e eu senti saudades daquela fase da nossa adolescência. Era incrível como eu me achava adulta e plenamente capaz de proteger Lissa de todo o mal que estavam a nossa espreita. Hoje, consigo entender que tudo tem um propósito e que no final de contas ter fugido apenas fez parte da construção do que hoje eu chamo de presente.


Eu estava de mãos dadas com Dimitri, caminhando pelos jardins da Corte e sentindo a brisa gelada que anunciava que era tarde da noite para os Morois. O sol já brilhava no céu e fomos até um banquinho para podermos apreciar o calor que emanava de seus raios. Ficamos um tempo em silencio, apenas observando a beleza e a cor que a luz do sol dava a tudo que estava ao nosso redor até que por fim eu resolvi quebrar aquela quietude.

– Não vai mesmo me contar o que Abe lhe disse, camarada? – Bati de leve em seu ombro e Dimitri me encarou divertido, percebendo a curiosidade que eu tinha em saber o que havia acontecido entre eles.

– Nada de mais... – ele deu de ombros e voltou a admirar o céu azul que pairava sob nossas cabeças.

Eu puxei seu rosto para baixo e o obriguei a me encarar.

– Ei, eu falo sério! O que ele te disse?! – Minha voz soou mais nervosa do que eu pretendia, mas com isso Dimitri pareceu considerar meu pedido.

–Hum... Algo sobre não quebrar o coração da sua princesa, não abandona-la, não fazê-la sofrer e sobre tomar cuidado com o lugar onde coloco minhas mãos.

Gargalhei, não pelas palavras de Abe, mas sim pela expressão de Dimitri. Ele parecia realmente ter levado a sério e estar incomodado com as ameaças do meu pai.

– E você levou a sério? – Dimitri ficou em silencio confirmando minhas suspeitas. – Assim, eu até concordo com a parte de não me abandonar, não me fazer sofrer e tudo mais. Mas não é como se ele tivesse realmente direito sobre dizer o que devo ou não devo fazer com meu namorado.

– Namorado? – Dimitri perguntou confuso e eu coloquei minha mão sobre a boca me amaldiçoando silenciosamente.

Eu e Dimitri tínhamos reatado, mas ninguém havia falado nada sobre estarmos namorando ou algo assim. Estávamos juntos, e para mim isso era suficiente. De repente senti um medo de que Dimitri não fosse querer namorar comigo e então eu pensei que estivesse arruinando tudo entre nós ao dizer aquelas palavras.

– Desculpe, eu... – comecei a falar, mas Dimitri levantou-se rapidamente me colocando de pé junto com ele.

– Achei que fossemos algo mais do que isso. – Ele me olhou sério, meu coração bateu mais forte no peito e eu me senti aliviada enquanto ele me puxava para um abraço apertado e protetor. Ele nos afastou levemente e me deu um sorriso lindo, aberto e único. Aquele de tirar o fôlego e que apenas ele era capaz de dar. Ele tirou uma caixinha preta de veludo de dentro do bolso e ajoelhou-se a meus pés enquanto eu tentava assimilar os fatos e lutar contra as lágrimas que escapavam de meus olhos. – Roza... Você aceita se casar comigo?

Travei por um instante diante da palavra que eu sempre temi em minha vida. Casar! Eu nunca sonhei em casar, usar vestido branco e ter uma família feliz. Isso sempre foi o tipo de vida que eu imaginei para Lissa. Para mim, eu sempre imaginei uma vida de lutas e glórias. Eu queria ser a melhor guardiã do mundo Moroi, temida e reconhecida por proteger Lissa de todos que ousassem a atravessar o seu caminho.

Mas no momento eu não tive medo ao me imaginar ao lado de Dimitri, o homem que eu amo. Eu realmente pensei em como poderíamos ser feliz juntos, e lutando com um único propósito. Nós não poderíamos ter filhos, devido à genética, mas eu esperava sinceramente que Dimitri não se importasse em adotar. Mas isso era assunto para o futuro, eu devia pensar no agora, na decisão que eu estava prestes a tomar. Encarei Dimitri e percebi que ele me observava ansioso e algo em sua postura me dizia que ele estava pronto para fugir, com medo de minha rejeição.

Sorri abertamente e o puxei para cima tomando-o em meus braços e beijando-o profundamente. O beijo era calmo e apaixonado, e eu tentava por meio dele transmitir todos os sentimentos que estavam impregnados em minha alma, em todo meu ser. Mais do que nunca, eu tive a certeza de que eu havia nascido para Dimitri. Separamo-nos para tomar fôlego e então eu pude dizer à resposta que ele tanto aguardava.

– Sim, eu aceito me casar com você.

Dimitri sorriu triunfante, como se fosse o vencedor do premio mais valioso e cobiçado do mundo. Pegou-me pela cintura em um abraço de urso e saiu girando pelo jardim. Aquele definitivamente era o dia mais feliz da minha vida. Finalmente eu poderia considerar que teria um final. Talvez não fosse o mais feliz do mundo, mas definitivamente seria um fim.

– Finalmente, teremos o nosso fim, não é camarada? – Perguntei encarando seus profundos olhos chocolates, que pareciam mais sábios e experientes do que sua idade realmente revelava.

– Fim? Que fim Roza? – Ele me encarou divertido e colocou-me no chão. – Eu espero que você esteja preparada, pois esse definitivamente não será nosso fim.

– Não? – Perguntei confusa, imaginando se algo ousaria nos atrapalhar.

– Não! Isso é apenas o começo. O começo de uma longa e linda vida que iremos construir juntos.

E mais uma vez Dimitri Belikov estava certo. Bem, se não fosse nosso fim então que seja o começo. Eu aceito o desafio, e dessa vez eu tinha um pressentimento, de que nada nesse mundo iria nos atrapalhar.


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Notas finais do capítulo

O que acharam deste começo/fim?

Amanhã sem falta tem o epilogo, então não percam e aproveitem para falarem suas impressões, sobre o que acharam da fic e tudo mais.

Se tudo der certo, posto o link amanhã da fic que eu comentei que vou começar, que será um short e terá vários POV.

Beijos e até o próximo.



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