Numa Noite Fria escrita por Vindalf
Sono de mãe sempre foi leve. Especialmente quando a mãe em questão estava sozinha, com um bebê pequeno e com o marido viajando. Por isso Dís ouviu perfeitamente os barulhos no quarto onde ela dormia, ao lado do bebê. A lareira interna crepitava e iluminava o quarto. Alguém andava pelo piso de madeira, com o máximo cuidado para não fazer barulho na noite gelada de inverno.
Alerta, Dís não moveu um músculo, ainda de olhos fechados, tentando calcular a distância e a localização do intruso. Quando o invasor soou próximo o suficiente, ela saltou para fora da cama e colocou-se de pé num único movimento, disposta a imobilizar quem quer que estivesse tentando roubar ou ameaçar seu bebê.
Qual não foi sua surpresa ao ver-se diante de Fíli, enrolado num cobertor, andando pé ante pé na direção do bercinho de Kíli.
Dís precisou de muito controle para não dar uma bronca no filho por tê-la assustado. Teve presença de espírito suficiente apenas para indagar:
— Fíli, meu filho. Você está bem?
O pequeno pareceu frustrado:
— Desculpe, mamãe, eu não queria acordar você.
Dís abaixou-se e o pôs no colo:
— O que foi, filho?
— Está muito frio, mamãe.
— Quer dormir na cama da mamãe, é isso?
— Não, eu fiquei com medo que o bebê ficasse com frio, ele é muito pequenininho e não sabe nem falar ainda. — Fíli mostrou o cobertor. — Eu ia dar o meu cobertor para ele.
Dís se derreteu diante do filho e beijou sua cabecinha, dizendo:
— Isso é muito lindo, meu filho, mas aí você não iria ficar com frio, se ficasse sem cobertor?
Fíli a encarou, como se estivesse espantado por ter que explicar.
— Mas mamãe! Eu sei falar. Kí é muito pequenininho e eu sou o irmão mais velho. Eu tenho que cuidar dele.
Dís abraçou o menino, concordando:
— É claro, Fíli. Vai ser bom Kíli crescer sabendo que sempre vai poder contar com o irmão mais velho para protegê-lo e cuidar dele.
— É! — disse ele, sorrindo. — Eu posso dormir na sua cama?
— Pode, filho.
— Posso dar boa noite pro Kí?
— Pode, mas com cuidado para não acordá-lo, está bem?
— Tá bom, mamãe.
Dís levou Fíli em seus braços até o berço de Kíli, que dormia a sono solto, totalmente alheio ao que se passava no quarto. Dís inclinou-se e ajudou Fíli a dar um beijo na testinha do bebê de cabelos bem pretinhos. Fíli também fez questão de cobrir o bebê com seu próprio cobertor.
Depois Dís ajeitou-o na sua cama, no lugar que era de seu pai, orgulhosa do filho. Menos de seis anos, nem um fiapo de barba no rostinho e ele já se sentia responsável pelo irmãozinho caçula!...
— Você sabe que eu vou sempre proteger você e seu irmão, não sabe, Fíli? Seu pai também vai protegê-los, sabe disso?
— Aham.
— Mas você vai crescer, vai ficar um homem e seu irmão também. Mesmo quando vocês foram dois guerreiros fortes, você sempre vai ser o irmão mais velho, e Kíli vai gostar muito de saber que ele sempre vai poder contar com você para cuidar dele.
Solene, a criança jurou:
— Eu vou sempre cuidar de Kí, mamãe.
— Eu sei disso, Fíli, meu querido. — Dís curvou-se para beijar a testa do filho. — Boa noite, meu filho. Que Mahal o proteja.
Fíli também a beijou, antes de ser coberto com carinho:
— Boa noite, mamãe.
Após um último olhar para ver se Kíli dormia tranquilo, Dís remexeu as brasas da lareira, pôs mais lenha e finalmente enfiou-se embaixo das cobertas, suspirando ao sentir o calor penetrando suas pernas e braços.
Então o corpinho de Fíli procurou se aninhar ao seu, buscando se esquentar. Dís sentiu um outro tipo de calor, totalmente diferente, a inundar sua alma.
E o inverno ficou lá fora, pois o quarto era quente e aconchegante.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Onde eu moro está muito frio. Aí o pequeno Fíli veio falar comigo e saiu uma shortfic.