Londres, 19 de Maio de 2013.

Jane tinha acordado muito animada, pois ela, Darcy e Erik tinham concluído uma grande etapa do trabalho com as constelações dos diferentes mundos, então poderiam finalmente procurar jornais, revistas e sites que quisessem publicar, foi o que fizeram naquele dia.

Despediu-se de Thor pela manhã e foi com sua van buscar os outros dois. Ficaram a tarde toda rodando com o carro pela cidade tentando convencer as pessoas de que a matéria era mesmo verdadeira e que tinha muita relevância, mas ninguém se convencia, uns diziam que iam pensar, outros recusavam logo de cara e tudo aquilo começou a deixar Jane nervosa.

Estavam cansados de ir de um lado para o outro, então pararam o carro a algumas quadras de uma lanchonete, pois estava um grande trânsito. Desceram e viram que algo estranho tinha acontecido, havia um corpo estendido no chão, uma ambulância, muitas pessoas e jornalistas em volta, pelo que entenderam tinha sido um acidente de carro. Darcy tampava os olhos para não ver, Erik falava para elas ficarem calmas e Jane esticava o pescoço para conseguir ver algo mais, com isso foi ficando para traz e acabou se perdendo na multidão, quando foi abordada por um homem alto de cabelos loiros quase brancos, tinha um jeito meio estranho e lhe perguntou:

— Você é Jane Foster?

— É... sou eu mesma – espantada por ele saber o seu nome, afinal ela não era uma astrofísica famosa, pelo contrário, passava longe disso.

— Estou muito interessado no seu trabalho e no estudo que está realizando, quando podemos conversar melhor sobre isso?

— A, agora mesmo, estou com meus amigos Erik e Darcy, só precisamos acha-los!

— Eu preferia conversar outro dia, apenas com você, a real criadora do projeto, que tal amanhã?

— Bem... Eu acho que pode ser me ligue para confirmar... – retirou um cartão do bolso da camisa e entregou ao homem.

Jane achou tudo aquilo muito estranho, mas de qualquer maneira ele estava interessado e isso era bom, no entanto, achou melhor não contar aos amigos que ia conversar com ele sozinha, poderiam ficar chateados. Saiu do meio da confusão e reencontrou-os. Foram até a lanchonete e depois Jane voltou para casa.

Bateu na porta e foi recebida por Thor que lhe deu um beijo e depois percebeu que ela estava desanimada:

— O que houve?

— Hoje não foi um dia bom... – mas se lembrou do homem que queria conversar com ela e continuou – mas amanhã acho que vai ser melhor!

— A, que bom, tome um banho quente e vai se sentir melhor – deu-lhe um beijo na testa.

Ela subiu as escadas e o seu celular começou a tocar, ele estava em cima da mesa e Jane tinha dado permissão a Thor para atender quando não estivesse:

— Alô?

— Olá, eu gostaria de falar com Jane Foster.

— Ela não está, pode deixar o recado comigo, por favor – disse educadamente como Jane havia ensinado e arrastou o bloco de anotações.

— Seria só com ela mesmo.

— Por que só com ela?

— É um assunto particular.

— Pode tratar comigo! – começou a se irritar.

— Tudo bem, é sobre uma reunião a sós que teremos amanhã, queria confirmar se ela vai.

— É claro que ela não vai! – disse em tom alto.

Jane ouviu e voltou até a sala:

— O que está havendo?

Thor desligou o telefone.

— Um homem falando de encontro a sós com você!

— Era o homem que estava interessado no meu projeto! – disse ela irritada.

— Mas por que você vai sozinha se Erik e Darcy também fazem parte?

— Porque ele quer que eu vá sozinha!

— Jane, isso é muito estranho! Esse cara pode ser um maníaco, um feiticeiro!

— Nós não estamos em Asgard! Isso não existe aqui! Você acabou de estragar tudo! Eu vou ligar para ele e tentar me desculpar, aliás, vou adiantar esta reunião para agora! – disse gritando.

— Você não vai ligar pra ninguém!

— Você não manda em mim! Para com isso!

— Eu estou protegendo você! Eu não estou com um bom pressentimento! Sinto que coisas que não são da Terra estão aqui!

— Agora você “sente” as coisas? Eu não preciso de proteção! Não preciso que fique agindo como se fosse meu pai! Você foi embora por dois anos e não aconteceu nada comigo!

— Quase aconteceu, se você não se lembra! E eu disse que você não vai ligar! – pegou o telefone.

— Me dá, agora! – e começou a puxar o celular o unhando, deu um puxão forte que a fez esbarrar em uma mesinha e caiu junto dela, uns enfeites quebraram em seu braço e o cortaram. Thor viu tudo aquilo, jogou o celular em cima do sofá e estendeu a mão para ajuda-la a se levantar, mas a mesma empurrou sua mão, se levantou sozinha, ergueu a mão para lhe dar um forte tapa no rosto, porém parou o movimento a poucos centímetros . Thor foi até o sofá e se sentou com as mãos na cabeça.

Jane subiu as escadas, pegou um agasalho e desceu dizendo:

— Pensei que você quisesse que a minha pesquisa um dia fosse publicada! –saiu e bateu a porta.

Estava chovendo, ela ficou em pé vendo os relâmpagos. Já estava ensopada, quando Thor abriu a porta e disse asperamente:

— Entra! – e ela não se moveu.

— Entra, está chovendo muito forte, é perigoso ficar aí! Está dando relâmpagos.

— A é, é perigoso... Você não tem o poder de controlar a tempestade? Faça parar se você acha perigoso!

— Fique onde quiser! – entrou ele novamente e bateu a porta.

–--------

Passaram-se uns 30 minutos, Thor começou a achar estranho ela não voltar. Se levantou um pouco cambaleando, afinal eles nunca tinha brigado assim, ele estava com a imagem dos braços dela machucados por sua causa. Abriu a porta e não a viu, chamou pelo seu nome, mas ninguém correspondeu, saiu andando pela chuva procurando, algo lhe dizia que ela não tinha ido atrás daquele homem... Achou o casaco dela no jardim, engoliu em seco. Pegou o casaco e saiu correndo desesperado pelas ruas tocando as campainhas das casas para perguntar se alguém tinha a visto, mas ninguém atendia.

— Jaaane! – chamava ele, correndo em ruas desconhecidas.

Chegou a uma viela, olhou para os lados e viu Jane com os punhos com estranhas amarras e uma amordaça em seus delicados lábios, foi na direção correndo, contudo tinha algo errado, ela estava gritando alguma coisa que ele não conseguia entender. Uma figura negra vinha por trás dele, o elfo Malekith em busca de vingança. Enfincou o cetro em sua costela fazendo-o cair de joelhos. Thor olhou nos olhos lacrimejantes de Jane que conseguiu retirar o pedaço de pano de sua boca gritou:

— Thooor! – suplicante e com lagrimas escorrendo pelo rosto tentava desesperadamente se soltar.

Thor se levantou, olhou para suas mãos e viu que não estava com o mjolnir, começou a lutar do jeito que tinha aprendido com seu povo, porque ele era um guerreiro, mas sabia que não tinha chance nenhuma de vencer sem a sua arma, sentia a insegurança de não ser mais digno de segurar seu martelo.

—Você vai se arrepender de querer me enfrentar... – disse o elfo dando um murro na boca de Thor que começou a sangrar.

—Tudo o que tem será extinguido! – lhe deu outro soco, o rosto estava todo cortado e já estava zonzo. _ Eu vou fazer você mata-la, e viver com essa dor! – disse com rancor.

De repente, Malekith lançou-lhe uma magia, tudo ficou estranho, não sabia mais quem era, parecia fazer as coisas involuntariamente, não entendia porque, mas foi se aproximando da namorada, arrebentou as amarras que prendiam suas mãos, puxou-a pelos cabelos e agarrou seu pescoço esganando-a.

— Thor! Sou eu, Jane, agente se ama, não faz isso, por favor, você não é assim! Eu sei que não é você! – chorava sem ar.

Thor olhava impiedoso, mas com uma mera distração a moça conseguiu sair correndo, segurou os cabelos dele e bateu sua cabeça com força no muro ao lado, fazendo um corte, antes que o elfo pudesse intervir, Thor se abaixou de tontura e recobrou a consciência, viu Jane ao seu lado e logo percebeu que tinha sido enfeitiçado, abaixou a cabeça... Estendeu o braço direito e em questão de segundos o mjolnir chegou a sua mão, a armadura foi se encaixando no corpo, as mangas de metal se colocando em seus braços, a capa vermelha nas costas, Jane se afastou e eles continuaram a batalha, Thor colocava uma das mãos no ferimento na costela, que estava bem grande... Jane com medo olhava pasma quando Thor gritou:

—Jane vai! Corra!

Fez o que ele pediu, porém neste momento a passagem foi bloqueada por uma fumaça preta, e foi puxada por uma espécie de tentáculo negro, jogada para o alto e ficou flutuando como se a gravidade tivesse sido alterada, não podia se mover nem falar, o inimigo tinha total controle de seu corpo. Escutou a voz maligna no elfo dizer:

— Olhe bem o que acontece com quem quer mexer com coisas que não conhece... – Jogou Jane contra a parede, ela caiu com força no chão e começou a se sentir mal, isso despertou uma ira tão grande em Thor, que este estendeu o seu martelo, ouviu-se o barulho de trovões, os relâmpagos foram para o mjolnir e diretamente mandados no inimigo, que foi desintegrando.

Thor correu para Jane com dificuldade, abaixou no chão e perguntou:

— Você está bem? – colocou a mão em sua nuca.

— Não muito, acho que tem algo errado comigo...

— Jane, me desculpa por não ter deixado você ir... Isso tudo foi minha culpa, me desculpa por ter feito você se machucar... Eu não queria... Eu...

— Não foi culpa sua, eu fui muito estúpida com você, me desculpa... Foi tudo por minha causa... Você estava certo... Era ele... O homem que eu tinha conversado sobre o meu projeto. Eu saí andando pela rua e o encontrei, estava um pouco estranho, mas saímos conversando e quando estávamos passando por aqui se transfigurou nisto que você acabou de ver... Ele queria que eu viesse, para atrair você, sabia que me procuraria – Thor permaneceu estático e de repente abraçou-a.

Jane viu o ferimento na costela e colocou uma das mãos em cima em sinal de carinho, depois retirou e olhou o sangue em sua pele, os olhos foram fechando e desmaiou.