Just Like Heaven escrita por Vitória C


Capítulo 56
I can't tell where the journey will end But I know where to start.


Notas iniciais do capítulo

OI!Então, é nesse clima de despedida e fim de ano que termino minha história. Tenho que dizer que foi uma honra e tanto passas estes meses com você leitoras lindas



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Parada em frente ao espelho, eu via a mim, usando um vestido que ia até o joelho. Tinha uma saia rodada e era azul escuro e entre minha cintura, antes de começar a saia, havia um cinto dourado. Eu usava sapatos dourados e o cabelo preso em um coque muito sofisticado que Elli fizera para mim. Nas costas do vestido, havia um grande decote coração.

Elli estava parada ao meu lado. Ela não parava de dizer o quanto eu estava bonita. Mas ela estava linda também, muito linda. Ela estava com um vestido vermelho também rodado e de renda. Seus cabelos estavam soltos e caído acima dos ombros.

Sorri para ela através do espelho, não havia como eu estar mais feliz do que isso. Suspirei e a abracei. Nosso momento "own" foi interrompido por batidas na porta.

–Meninas. - era o Ian - Vamos! O baile é daqui a pouco e vocês estão se arrumando faz umas duas horas. Por favor!

–Tá bom. - Elli gritou indo em direção à porta e abrindo-a.

No momento que Elli o atendeu, Ian pareceu ter visto um fantasma, ou um zumbi. Ele estava boquiaberto diante da beleza que sua namorada se encontrava. Elli fechou o queixo dele com o dedo.

–Quer um babador, querido?

–Não obrigado. - ele riu desconfortável - Uau, estão lindas.

–Obrigada. - falei - O Blame já chegou?

–Já sim. - ele sorriu - Está esperando faz uma hora. Eu tentei puxar assunto, mas ele meio que não respondeu. Está lá mexendo na estampa do sofá desde que chegou.

Respirei fundo, seria um pouco difícil fazer ele ficar no meio de um monte de gente que odeia ele. Na festa de Halloween foi diferente, ele não tinha nada contra ninguém em específico e na escola era totalmente diferente.

–Ele não é muito de falar. - disse - Com licença, vou acalmar ele.

Passei pelo Ian os deixando sozinhos. Desci as escadas apressada e encontrei Blame retraído no sofá. Me sentei ao lado dele e toquei sua perna.

–Oi. - falei sorrindo.

Ele olhou para mim e ajeitou os óculos, depois me deu um beijo e olhou para baixo de maneira tímida.

–Você está muito linda hoje, Page. Muito mesmo.

Me lembrei da vez que fomos jogar boliche e ele disse isso também olhando para baixo. Foi lá que demos nosso primeiro beijo estando sóbrios.

–Diga isso olhando para mim. - fiz igual havia feito naquele dia e a cena surpreendentemente se repetiu. Ele me beijou.

–Você está muito linda hoje Page.

–Você também.

E de fato ele estava, usava um terno todo preto com uma grava também preta, uma camisa branca por baixo. Olhei para baixo e vi que ele usava um All Star. Eu ri. Esse sim era o Blame. Ele também estava de óculos, o que era lindo. Seus cabelos estavam bagunçados e ele sorria fervorosamente.

–Vamos? - chamei.

–Claro. - ele se levantou e pegou minha mão - E quanto a seus amigos?

–Eles vão no carro do Brandom.

–Ah.

Nós seguimos para fora e depois para o carro. Percebi uma tensão em Blame e antes que ele pudesse ligar o carro toquei seu braço.

–Está tudo bem?

–Vou ficar - ele sorriu - Prometo.

**

A escola estava cheia de adolescentes dançando de formas peculiares. Tinham pares que surpreenderam a todos. Algumas patricinhas com nerd's. Olhei mais em volta, a decoração estava linda, mas não me surpreendera muito já que eu havia perdido a tarde de quinta arrumando tudo. As meninas enfim haviam escolhido o meu tema: o clássico baile de formatura, sem temas enfim. Elas me deixaram cuidar de tudo para provar que não tinham pegadinhas por trás.

Escolhemos uma mesa e ficamos esperando todo mundo chegar, quando chegaram, se sentaram com a gente e conversamos.

–Então, - Elli falava - Minha mãe começou a tomar uma pílulas e é tipo muito estranho! Ela ficou agressiva e às vezes enxerga gnomos na parede da cozinha.

–Elli, - falei - ela está tomando remédios, não LSD.

Todos riram, inclusive Elli, ela sempre falava coisas engraçadas sobre a mãe dela, grande parte era verdade. A mãe dela não tinha muito juízo. Blame parecia à vontade no meio de todos, eu me virei para falar alguma coisa mas uma musica começou a tocar.

Era Just Like Heaven do The Cure. Eu sorri e o chamei para dançar, essa música era a minha música. Bem, não minha, mas quase isso.Puxei Blame pela mão e fui para a pista de dança. Ele pôs as mãos delicadamente na minha cintura e pus na sua nuca. Sorri para ele enquanto dançávamos e sorríamos.

Ele pôs a testa na minha e sentia sua respiração se misturar com a minha. Seu sorriso era tão grande que não consegui conter o meu.

Olhei ligeiramente para o lado e vi o Vini dançando com a Mason, ele olhava para mim mas quando eu o olhei ele desviou. Voltei a atenção para o Blame, não queria perder meu tempo preocupada com o Vini.

Senti Blame segurando minha puxando pela mão para fora do ginásio. Protestei.

–Ei. - chamei - Pra onde vamos?

–Quero falar com você. - ele continuou andando até que estávamos em uma fonte numa praça em frente à escola.

–O que foi? - sorri.

–Tenho uma surpresa. - ele olhou para baixo - Aluguei um apartamento para nós. Fica perto do campus, os alojamentos até são legais mas são separados e eu quero ficar com você.

–Eu te amo. - falei.

Ele abriu o bolso interior do blazer e pegou uma foto imprimida, me entregou. Na foto, havia uma sala de Tv pequena mas aconchegante, dava para ver um corredor que se dividia em duas portas, pensei ser o banheiro e o quarto.

Morar com alguém era um grande risco, mas eu estava disposta a corrê-lo. Sorri mais amplamente e o beijei de uma forma muito intensa. A fonte gotejava atrás de nós e Just Like Heaven ainda tocava.

O desejo de seguir em frente me retirou um peso do corpo, aquele peso que faltava para que eu seguisse. Parar de agir como se meus pais fossem voltar. Dizem que o destino age de maneira dolorosa e agora, em meio àquele beijo, eu via que uma grande dor me levara até algo muito bom. O amor.

Seja com um cara autista, nerd, magro e tímido. O amor nunca escolhe ninguém simplesmente acontece. E apesar de todas as dificuldades e crises com as quais eu conviveria, eu estava muito disposta a viver isso tudo. Queria ajudar Blame a melhorar, e se controlar. Na verdade, acho que ele é controlado o suficiente, o fato de ele ser autista não diz nada. Acho que eu é que precisava desse controle e dessa ajuda para melhorar.

Eu não sei dizer onde a jornada termina, mas eu sei onde começa.


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Notas finais do capítulo

Ownnnnn