Elli iria ficar uma semana na casa dos meus tios. Greg estava tentando ser legal. Ele era legal, quando não era um idiota e tentava ratar o namoro. 

Todos jogávamos Banco Imobiliário na sala, riamos e acabamos esquecendo o jogo. Uma ideia se formou em minha cabeça, eu iria levá-los para sair. Eu, Elli, Ian, Blame e Greg. Contei a ideia para eles.

-Sair? - Greg falou desanimado para me irritar - Eu estou com preguiça hoje.

-Não quero saber Gregory, você vai! - dei um tapa de leve nas costas dele e ele riu - Quero que conheçam uma pessoa. 

-Humm.... uma pessoa é? - Elli riu e eu taquei uma almofada na cara dela. 

Greg pareceu incomodado então saiu da sala falando em irmos nos arrumar logo então. Ian foi atrás dele. 

-É uma ótima ideia, irmos nos arrumar. - Elli disse se levantando e subindo as escadas. 

Fiquei sozinha na sala de TV. Peguei meu celular em cima da estante e disquei o número de Blame. Começou a chamar então ouvi a voz grave e tímida dele.

-Oi. - ele falou.

-Oi. - fiz uma pausa - O que vai fazer hoje? 

-Nada. 

-Vamos sair? - eu sabia que seria difícil convencer ele de conhecer gente nova - Uns amigos meus vieram da minha outra cidade, eu queria muito mesmo que você os conhecesse.

-Não sei...

-Eu sei que é difícil, se não quiser tudo bem, não vou te forçar a nada. É só que...seria bom. 

-Eu vou. 

-Tem certeza? 

-Claro. - ele fez uma pausa - Vou me esforçar,  por você. Prometo.

Mesmo que ele não conseguisse ver, um grande sorriso se abriu no meu rosto. 

-Então tudo bem, passa aqui em uma hora? -falei.

-Passo, até. 

-Até. 

Nós desligamos e eu subi para me arrumar. 

**

Saí do banho e me dirigi ao guarda-roupas para escolher algo. Peguei um vestido azul de linho e um sinto dourado. Dessa vez, não poderia usar meu coturno então coloquei uma sandália. Prendi meus cabelos para trás com um arquinho dourado. Confesso que não combinava muito comigo mas eu precisava variar um pouco. 

Passei um pouco de maquiagem e logo estava pronto. Aquela roupa era feliz, e eu estava feliz. Queria que todos soubessem disso, pois era a primeira vez em semanas que eu me sentia feliz de fato.

Desci as escadas e já estava todos reunidos na sala. Todos muito arrumados. Greg estava muito bonito, tenho que admitir, e Elli usava uma saia que a deixava com um ar mais elegante. 

-Nossa carona já vai chegar. - falei.

Ficamos conversando um tempo até a campainha tocou. Fui correndo atender imaginando ser Blame, bem , não era.

-Oi Vini. - falei sorrindo e ele sorriu também.

-Uau, oi. - ele riu sem graça e eu também - O Brandom está? 

-No quarto dele. - fiz sinal para que entrasse e ele o fez.

Parou um pouco e me observou. Depois balançou a cabeça rindo. 

-Está muito bonita hoje Page. - ele disse e eu fiquei vermelha. Vini ainda não tinha notado a presença de todos na sala, então quando finalmente notou se assustou um pouco - Oi, pessoal. 

-Oi. - disseram em um coro.

-Sou o Vini. 

-Esses são, - falei apontando enquanto falava os nomes - Elli, Greg e Ian. Meus amigos de outra cidade. Esse é o amigo do Brandom, gente. 

Todos acenaram e Vini continuou andando. Mais uma vez se virou para trás, antes de subir as escadas e sorriu. Senti meu rosto queimar novamente. 

Quando e ia fechar a porta, vi um carro preto estacionar, Blame chegara. 

-Gente, nossa carona. 

Meus três amigos e eu andamos para fora da casa e fomos em direção ao carro. Lá dentro estava um Blame aparentemente nervoso e a beira de uma crise. 

Dei a volta no carro e e abaixei na janela do motorista. Toquei o rosto dele tentando o acalmar. 

-Ei, tudo bem ok? Eles são legais. 

-Ta. - vi que ele mexia com os dedos, suas mãos tremiam - Podemos conversar a sós? 

-Tudo bem, - falei - por que a gente não sobe e eles entram no carro?

-Legal. - ele ainda estava nervoso.

Blame abriu a porta do carro e segurou minha mão ao descer. Sem olhar para o rosto de ninguém ele gaguejou simplesmente.

-O-oi. Sou o Blame, amigo da Page, se nos dão licença vamos conversar. - ele falava como uma metralhadora - Fiquem a vontade no carro. 

Ele saiu rápido me puxando para dentro da casa sem olhar para cima. Senti suas mãos suando e quando estávamos nos pés da escada o puxei e o abracei.