Passado um dia após a exposição, Ken voltou a ir para a escola como de costume. Ele era um garoto muito estudioso e costumava ficar na dele, pois o resto da escola desrespeitava o rapaz. Só algumas pessoas davam o valor que ele merecia.

Na aula de Química ele estava muito concentrado, como sempre. Ouvindo as palavras de sua professora com muita atenção:

–Alunos, hoje teremos uma companheira nova na nossa sala, deem as boas-vindas para a senhorita Jessica Drew!

O garoto ficou espantado ao ver Jessica. Apavorado, ele abaixou a cabeça e ficou pensando no que iria fazer. Jessica chegou ao seu lado e perguntou:

–Oi, posso me sentar aqui?

Ken levantou a cabeça rapidamente e disse:

–Sim, claro!-Na esperança de não ser reconhecido-

–Parker?! Oi! Você estuda aqui, também?!

–Ahh, oi Jessica! é, desde os seis anos de idade! Hehe!

–Sério? Que legal! Ah, posso me sentar aqui?-Ela perguntou novamente-

–Claro, pode sim.

–Ah, obrigada.

E então, os dois ficaram calados, apenas ouvindo as palavras da professora:

–Vocês irão fazer um trabalho em dupla de acordo com as pessoas que estão sentadas ao seu lado!

Os dois olharam um para o outro e começaram a rir, pois aquilo parecia ser ironia do destino. Após a aula, o rapaz foi andando para casa, pensando como seria a pesquisa, e eles ainda tinham que escolher um tema. Lógico que Ken já tinha um tema em sua mente, sua paixão: Aranhas!

Distraído, o garoto atravessou a rua sem olhar para os lados e então, de última hora, ele ouviu o barulho do carro e deu um enorme salto e conseguiu cair de pé no chão. O motorista saiu do carro apavorado e perguntou:

–Meu Deus, você está bem?!

–To sim, desculpa, a culpa foi minha, é que eu ''tava'' distraído.

–Garoto, como ''cê'' fez isso?- perguntou o motorista, espantado-

–Ah, é que eu sou do circo!

–Hunf! Se cuida, moleque!

Ken estava extremamente surpreso com a reação de seu corpo, sua agilidade foi sobre-humana naquele momento. Sem contar com sua habilidade de dar aquele salto gigantesco, coisas que poucos humanos saberiam fazer, ou nenhum. Mas o garoto foi para casa como se nada tivesse acontecido e ainda tentava entender como poderia ter feito tais coisas.

Quando chegou em casa, não disse nada a seus pais novamente, pois sabia que eles ficariam preocupados, e também porque ele não tinha explicação lógica para o que estava acontecendo com ele. O garoto passou horas estudando sobre coisas impossíveis e fez uma pesquisa enorme sobre a parte sanguínea das aranhas. Ken pensou em mil maneiras daquilo se tornar possível, fez uma lista de coisas estranhas que já haviam acontecido consigo, pesquisou na internet se algo parecido já havia acontecido com outras pessoas, entrou em vários sites. Desde medicina até os sites que falavam de acontecimentos sobrenaturais. Apesar dele não acreditar muito nessas coisas, então o jeito foi procurar uma explicação científica. Sem obter nenhuma resposta, ele voltou a olhar a pesquisa do sangue das aranhas e se lembrou do acidente na exposição e do arranhão. E também achou estranho não estar sentindo nenhuma dor em sua perna. Então, quando ele puxou a calça para conferir se o arranhão era algo preocupante, notou que ele tinha sumido. Nenhuma cicatriz tinha ficado e ele soube que estava precisando de uma ajuda profissional, mas ainda ficaria calado sobre o que aconteceu.

Mais um dia havia passado e nenhuma explicação para o que estava acontecendo na vida do jovem Ken. Todas as pesquisas foram em vão e ele só ficou mais confuso ao ver que não existia explicação científica ou fictícia para o que estava acontecendo ou o que ainda poderia acontecer.

Sem obter resposta alguma, o garoto começou a pensar que poderia ter sido só um momento de sorte e de reação rápida de seu corpo. Pensou que poderia ter sido uma confusão de sua mente, e que talvez ele tivesse dado só um pequeno pulo para frente. E foi pensando assim que ele esqueceu essa história.

Após sair da escola, Ken viu na vitrine de uma loja de gibis, um livro do homem-aranha que mostrava várias entrevistas dele e contava também as aventuras do herói. Ele comprou o livro e começou a ler. Foi aí que ele viu uma parte em que o homem-aranha contava que quando recebeu seus poderes, começou a testá-los dando grandes saltos. Nesse momento, Ken se tocou que a aranha que tinha feito o arranhão nele era uma aranha radioativa, criada à princípio para ser como a aranha que picou o herói.

Ele foi para casa fazer mais uma série de pesquisas sobre aranhas geneticamente modificadas. A possibilidade de um humano sobreviver a picada de uma aranha radioativa era muito baixa, então, os cientistas descartaram a opção de haver um segundo homem-aranha, mas de alguma maneira Ken conseguiu sobreviver e o veneno da aranha causou uma mutação genética. Mas ele precisava ter certeza de que seu DNA tinha sido modificado, queria se certificar de que algo considerado cientificamente impossível teria se tornado possível.

Ele tentou fazer como o homem-aranha tinha dito no livro, então, para testar seus supostos poderes ele começou a pular de telhado em telhado. Ele se distraiu fazendo aquilo e ao olhar para frente viu um outdoor e sua única reação foi colocar a mão na frente para diminuir o impacto. Mas para sua surpresa ele ficou preso na parede como um enfeite de janela.

Ele se divertiu a tarde inteira pulando de prédio em prédio e se pendurando nas paredes. Quando viu que já estava ficando muito tarde, ele foi para casa e tomou um banho. Assim que saiu do banheiro, notou que sua musculatura estava diferente, seus músculos estavam grandes e seu corpo estava todo definido.

Ken sabia que provavelmente ainda tinha outras habilidades e que elas apareceriam depois ou ele poderia continuar a desafiar seu corpo para saber se seus dons eram iguais aos do lendário homem-aranha.

CONTINUA...