Deuses & Monstros escrita por Lena Lopez


Capítulo 6
. Capítulo 04 – Nascidos da Água Negra (Madge M.)


Notas iniciais do capítulo

Que rufem os tambores pois as coias vão ficar muito feias, senhoras e senhores! Mas, voltando as notas, esse capítulo ficou enorme, mas, eu garanto, vale muito á pena! Boa leitura, tordos.



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– Onde vai ser o anuncio? – Grace perguntou para qualquer um que quisesse responder.

– Na praça principal, perto dos portões. – Kyle falou prestativo.

Logo, os quatro jovens chegaram a Grande Praça. O lugar estava repleto de outras crianças, algumas corriam descontroladamente, outras choravam poucas riam e algumas simplesmente observavam tudo ao seu redor. Madge podia sentir a tensão no ar. As pessoas estavam aflitas e nervosas, sem saber o que fazer, apenas aguardando o uma autoridade superior lhes dizer o que fazer e quem ser.

– O que você acha que vai acontecer? – Madge perguntou a Kyle.

– Não sei, mas, sei que não vai ser bom. – ele respondeu duramente.

– Olá, meninos e meninas, senhoras e senhores! – uma voz altíssima ecoou pela praça, chamando a atenção de todos para o telão principal. – Eu, sou Amélia Keating, sua governante! Bem, espero que todos vocês tenham feito uma ótima viagem e que tenham gostado de seus novos colegas e amigos! Enfim, como todos sabem o Instituto sempre precisa de novas mentes e vocês, meus queridos, são os escolhidos para fazerem parte dele. Em sua estadia aqui, vocês terão que gerir uma cidade apenas de vocês! Desafios e testes serão feitos para todos, mas não se assustem – ela falava entusiasmada – Então, escolham seus líderes, formem alianças e nunca se esqueçam do que tudo isso representa! Boa estádia e, acima de tudo, boa sorte. – e essas foram às últimas palavras de Amélia Keating antes de simplesmente desaparecer.

– Só isso? Nós vamos ter que governar isso aqui? – Scott perguntou indignado.

– Você acha isso simples? – Grace perguntou irônica – Não sei vocês, mas eu nunca tive nenhum contato com política e... – mas Grace foi interrompida antes de terminar sua frase por tiros de algum tipo de arma de fogo.

– Ai, seu bando de imprestáveis! – um garoto de cabelos pretos gritava de cima de um dos bancos da praça. Ele segurava a arma responsável pelos tiros – Prestem atenção aqui! – e disparou mais algumas vezes.

– O que diabos é isso? – Madge perguntou com as mãos nos ouvidos por causa dos tiros.

– Meu irmão. – Kyle respondeu sem jeito.

– Aquele cara é seu irmão? – Madge apontou para o garoto armado.

– Não, é aquele. – ele apontou para um menino que era auxiliado pelo atirador a subir no banco.

– Crianças e qualquer outro que esteja entre nós, eu sou Chase Stryder – disse o menino – Esse é Wade Blackthorne – falou se dirigindo ao garoto armado. – Essa é... – ele disse estendendo a mão para uma menina de roupas completamente negras na sua frente, ajudando-a a subir – Erin Slarter e aquele é Tyler Black. Bem é óbvio que nem todos aqui têm a capacidade de governar, então eu...

– Pelo amor de Deus, Chase! – Kyle gritou, chamando a atenção de todos, inclusive Chase. – Eu não acredito que você está fazendo isso.  O jogo mal começou!

– Fazendo o que, Kyle? – Chase perguntou surpreso.

– Tirando vantagem dessas crianças! – Kyle gritou, um pouco alto demais. Ele realmente queria que aquilo chamasse atenção.

– Tirando vantagem? Eu não estou tirando vantagem! Você sabe tão bem quanto eu que nós precisamos nos organizar se quisermos sair daqui vitoriosos, ou melhor, vivos. – ele avisou.

– Então que seja o voto de todos, não que você imponha a sua maldita opinião.

– Tudo bem então, garoto maravilha. – dessa vez, Wade quem disse – O que você propõe? – ele disse num tom desafiador, descendo do banco e andando até Kyle, ainda com a arma em punho.

– Eu não sei Blackthorne, que tal nós conversamos algumas pessoas dos grupos e decidimos o que fazer?

– Você acha que isso vai dar certo?  – Erin falou um pouco divertida com a situação – A maioria das pessoas aqui nem nunca atravessou a rua sem os pais.

– Kyle... Kyle está certo. – Madge encontrou coragem para dizer o que pensava – Precisamos nos consultar antes de decidirmos quem ira fazer o que. – ela falou um pouco encolhida. Percebendo seu medo, Kyle ficou a frente da garota, apoiando-a.

– Escolha dois dos seus. – Chase falou olhando diretamente para Kyle – Para aqueles que querem fazer parte da nossa... Conversinha, venha à igreja em dez minutos – ele disse desafiador. – Anda Erin. Tyler! – ele gritou enquanto descia do banco.

– Ninguém vai. – Madge afirmou.

– Alguém tem que ir, quero dizer, deve ter alguém que...

– Depois desse showzinho deles, eu duvido muito. – Scott falou. – Foi mal, Kyle, mas seu irmão têm sérios problemas.

– Não é só com ele que nós temos que nos preocupar. – Kyle disse apático.

– Wade. Erin. Tyler. – Grace disse.

– Então, vocês acham que eu devo ir? – Kyle perguntou.

– Não só deve cara. – Scott disse – Precisa. Você foi única voz dessas crianças contra esse louco.

– Tudo bem então. Você vem comigo, Madge? – Kyle perguntou olhando para Madge.

– Sim, claro que sim. – ela respondeu quase imediatamente.

– Grace? – ele tentou chamar a ruiva.

– Me desculpe, Kyle, mas eu prefiro não fazer parte disso. – ela se desculpou

– Tudo bem. Scott?

– Eu estou contigo, irmão. – Scott disse dando tapinhas nas costas de Kyle.

– Ok, vamos. – ele falou, tomando a frente do pequeno grupo.

Aos poucos, as crianças iam deixando a praça. Algumas iam para casa, outras ainda estavam muito atônitas para saber. Alguns grupos do setor Quatro estavam reunidos, tentando descobrir quem iria para a igreja fazer parte da reunião, mas ninguém realmente queria fazer aquilo.

A caminhada até a igreja foi bem curta, dando apenas tempo de Kyle explicar que seu irmão sempre fora do tipo controlador. Os dois tinham crescido juntos em Hexham, mas eram muito diferentes. Kyle também falou que já conhecia Wade Blackthorne. O garoto era famoso por seu jeito difícil, pavio curto e meios sádicos de conseguir as coisas, já os outros dois ele nunca tinha ouvido falar, mas, pelo jeito, nenhum deles parecia de Hexham. Para ele, não era surpresa eles terem colocado Wade e Chase no mesmo grupo.

– Então nós temos um louco controlador, sem ofensas, um sádico psicopata, uma garota muito gata e um cara esquisitão. Parecem ser ótimas pessoas. Será que querem tomar chá com a gente?  – Scott disse enquanto entravam na igreja.

– Sim, se nele tiver um pouco de sangue, quem sabe... – Erin falou de surpresa atrás de Scott, que quase gritou de susto. – Olha, os outros não tem senso de humor, então é melhor não deixar o Wade te escutar, ou melhor, não deixar ele te ver. – ela disse e foi dando pulinhos para perto de Chase e Wade.

Poucas pessoas estavam na igreja naquele momento, a maioria parecia assustada e com medo do que poderia acontecer. Quando Madge, Scott e Kyle entraram no recinto, todos os olhares se direcionaram para eles. Alguns pareciam preocupados, já outros um pouco mais aliviados e os olhares de Wade e Chase foram de puro ódio.

– Então, você veio! – Chase disse com falso entusiasmo – E trouxe... – ele se segurou para não rir – Seus novos amiguinhos.

Naquele momento, Madge quis gritar com ele, dizer que ele não passava de um garotinho mimado e sem consideração, mas se censurou. Ela queria começar uma briga na qual sabia que não tinha nenhuma chance de vencer.

– Pois é, são meus novos amigos. Diferente dos seus, eles não tem tendências psicopatas. – Kyle provocou – Wade. Pensei que estivesse preso.

– Maneiras, Stryder, maneiras. Não estamos aqui para brigar...  – Erin falou se aproximando de Wade, que até então só observava a situação.

– Ninguém está brigando, Slarter. – Kyle retrucou seco.

– Ninguém está brigando, ainda. – Chase corrigiu. – Escuta, eu sei que você tem essa coisa de “bom menino”, mas isto aqui é de verdade. Ambos sabemos que mais da metade dessas crianças não tem a mínima capacidade de se virar sozinha!

– Então o que você propõe? Abandonar esses garotos á própria sorte? Somos pessoas, não sádicos!  – Madge falou. – Só porque estamos jogando não significa que...

– Madge tem razão. – Kyle falou. – Não podemos abandoná-los.

– Tudo bem, vamos fazer do jeito de vocês. – Chase concordou. – O que propõem?

– Distribuição de tarefas. – Madge articulou – Podemos alastrar as tarefas para quem tem mais condições de fazê-las.

– Hm, entendo. – Erin murmurou. – Fazemos uma seleção das pessoas e escolhemos as mais qualificadas para realizar os serviços... É uma boa ideia.

– É uma única forma de sermos condescendentes sem perder nada. – Madge explicou.

– Okay. Vamos fazer isso. – Chase aceitou. – Então, você sabe como gerir uma cidade inteira, porque eu não tenho a menor ideia.

– Hm, nós vamos precisar de alguma pessoa maior, sabem, como um prefeito. Também é necessário algum tipo de polícia, serviços de limpeza, alimentação... – Madge falava. Ganhando mais confiança a cada palavra, a menina começava a se acostumar com a ideia de estar no Instituto.

– Certo então, menina maravilha. – Chase proferiu. – Wade! – ele gritou chamando o garoto que se localizava do outro lado da igreja. – A garotinha disse que iriamos precisar de polícia. Você será nosso o cara que cuida da lei e pode punir aqueles que te desrespeitarem. Faça-me orgulhoso, garotão. – ele disse dando tapinhas no ombro do amigo, que não ficou nada satisfeito.  – Quanto a serviços de gestão, não vejo ninguém mais adequado do que...

– A Madge, é claro. – Kyle interrompeu o irmão, que não gostou nada.

– O QUE? – Madge berrou – Não! Não, não. E-Eu não tenho a mínima condição de fazer isso.  Acho melhor termos algum tipo de conselho, com representantes de algumas equipes... – ela tentou mudar de assunto.

– Um conselho? Quem faria parte dele? – Wade, que tinha ficado calado até o momento perguntou.

– Ah, eu não sei... – as palavras começavam a se formar na boca de Madge, mas foram interrompidas por gritos horrendos.

– SOCORRO! POR FAVOR, ALGUÉM ME AJUDE! – uma voz feminina berrava do lado de fora da igreja.

Então, como um impulso coletivo, todas as crianças que estavam dentro do local saíram rapidamente de dentro templo, menos Chase, Wade e Erin, que não se incomodaram com as súplicas de ajuda. Quando chegaram à rua, Madge se  deu de cara com uma cena chocante. Grace estava deitada, imóvel no chão da calçada, rodeada de outras crianças que se perguntavam o que tinha acontecido com a menina.

Obrigando suas pernas a se moverem e acionando toda a sua velocidade, Madge correu para o corpo imóvel da menina. Quando chegou perto da amiga, Madge logo se ajoelhou ao lado dela e começou a chorar desesperadamente. A boca de Grace estava repleta de sangue que era expelido com dificuldade, dando mais espaço para o líquido vermelho. Os olhos verdades da garota estavam amarelos e seu corpo tremia ferozmente. Quando Grace começou a ter uma convulsão, outro grito de agonia foi ouvido.

– Tyler! TYLER! – uma das amigas de Chase chamava o amigo que acabara de desmaiar e bater violentamente a cabeça no chão de pedra da igreja. – TYLER! – a garota berrava tentando alguma resposta do garoto, que não fazia nada que não fosse se debater.

Quando Madge se deu conta, Grace e Tyler não eram os únicos a estarem naquele estado. Várias outras crianças começaram a cair e desmaiar onde estavam, enquanto outras gritavam por ajuda. Assim como Grace, muitos deles cuspiam sangue.

– O que está acontecendo aqui? – Chase gritou enquanto saia da igreja, acompanhado de Erin e Wade, que estavam pasmos.

– Kyle! – Madge chamou o garoto que olhava para tudo àquilo com pavor – Me ajude a tirar a Grace daqui!

– Claro. Scott! – ele gritou pelo amigo que chegou em segundos.

Apoiando o corpo magro de Grace nos ombros, os meninos e Madge carregaram a garota até a igreja, onde deitaram seu corpo num dos bancos frios do local.

– O que diabos está acontecendo? – Scott perguntou.

– Eu não sei. – confessou Madge – Mas, posso garantir uma coisa, isso vai ser só o começo.


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Notas finais do capítulo

Ah, pobre Grace, o que vai acontecer com ela? E o Tyler, será que vai sobreviver? Ah, isso só nas próximas semanas... Enfim, como todos já perceberam existem sim armas no Instituto. Por favor, não se esqueçam de fazer seus comentários e dar suas reviews, eles são muito importantes. Até a próxima!
Lena;