Feelings escrita por Emily di Angelo


Capítulo 1
ÚNICO


Notas iniciais do capítulo

Adorei escrever esta fic.

Ela simplesmente saiu, jorrou como uma fonte. Escrevi em duas horas, ontem de madrugada. Mas só postei hoje para poder revisar.

Espero mesmo que vocês gostem, porque eu adorei.



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POV SILENA

           

Abri a janela de minha pequena casa. O Sol brilhava alto e não compartilhava o céu com nenhuma nuvem, na minha frente, outras casinhas brancas iguais a minha brotavam do despenhadeiro que acabava no mar. E o mar, ah, o mar. Como era bonito, no horizonte era um azul marinho e quanto mais perto da costa mais claro ia ficando, até chegar a um azulzinho bem claro na beira da praia. Ao longe, creio que a menos de 5 km estavam três ilhas, que ficavam bem juntas, olhei com tristeza para elas. Eu e Charlie já tínhamos discutido sobre a possibilidade de tentar ir para a Ilha dos Abençoados, mas isso significaria largar a ótima vida, quer dizer, morte que estávamos tendo nos Elíseos. Teríamos que nos separar e não nos lembraríamos dos ótimos momentos que vivemos juntos. Por ora decidimos viver, digo, ficar nos Elíseos, estávamos muito felizes curtindo nossa morte juntos.

            Charlie roncou em algum lugar atrás de mim, mas continuei observando a paisagem. Os Elíseos eram um lugar muito bonito, logo atrás do despenhadeiro com as casinhas brancas estava um lindo campo verde, com colinas suaves e algumas árvores aqui e ali. O céu (uma ilusão feita pela névoa, já que estamos no mundo inferior) estava sempre azul. As pessoas eram muito boas e simpáticas, conheci e encontrei várias pessoas muito boas, que curtiam sua eternidade nos Elíseos e nem se preocupavam com a possibilidade de largar tudo isso para ir para a Ilha dos Abençoados.

            Já fazia três meses do final da guerra com os Titãs. Eu me lembro de ter chegado algumas horas antes do final da guerra. Logo fui recepcionada por Charlie. Nas horas seguintes, ficamos preocupados e rondamos todos os lados dos Elíseos procurando, vendo se nenhum de nossos amigos tinha perecido contra o Senhor Titã. Vimos muitos heróis novos chegando. As perdas tinham sido terríveis para o nosso lado, esperávamos que para o lado Titã também.

            Na manhã do dia seguinte o rumor já tinha se espalhado por todas as casas, a guerra tinha acabado, o filho de Poseidon tinha conseguido vencer Cronos. Eu e Charlie comemoramos muito.

            Mas lá estava eu, na minha janela, olhando para o lindo horizonte falso do mundo inferior, depois de uma ótima noite ao lado do amor de minha vida... amor de minha morte? Ah! Deixa para lá, vocês entenderam.

            Um movimento chamou minha atenção, lá em baixo na praia. Não é possível!, pensei. Rapidamente coloquei um vestido branco, em estilo grego (era a única coisa que davam para vestir aqui), que estava ao lado da enorme túnica de Charlie, que parecia um lençol de tão grande que era o meu namorado.

            Na porta calcei as sandálias e desci as íngremes escadarias. Não era possível o que eu tinha visto. Talvez fosse outra pessoa muito parecida. Ou talvez seja mesmo ele. Mas eu não o tinha visto nos Elíseos ainda. Não sei como, já que eu e Charlie estamos sempre explorando este lugar.

            Quando cheguei na base do penhasco eu confirmei o que vi. Era ele. Na frente dele, se projetava uma mensagem de Íris, onde ele assistia um casal que passeava em uma bela paisagem de Outono do Central Park. Chegando mais perto percebi que eram Percy e Annabeth na MI, finalmente eles tinham ficado juntos. Eu vivia falando para o Charlie que eles eram feitos um para o outro. Minha mãe deve estar dando pulinhos de alegria no Olimpo.

            Mas voltando ao rapaz. Eu não acreditava que ele estava aqui. Me aproximei mais. Não tinha nenhum medo, afinal já estava morta, o que de pior poderia acontecer comigo?

            O garoto não percebia minha aproximação, mas eu vi que tinha lágrimas nos olhos, ele estava triste. Quando eu estava a uns três metros dele eu chamei:

–Luke? – ele me olhou assustado, e tratou de secar rapidamente as lágrimas. Meu instinto de filha de Afrodite aflorou e eu sentei ao lado dele.

–Olá, Silena. – falou. Um leve vento bateu, fazendo nossas túnicas tremularem.

–Como...?

–Eu sei, deve ser confuso para você. Da mesma forma que é para mim. Hades achou melhor me poupar, várias pessoas que chegaram aqui naquele dia não iam ficar satisfeitas vendo a pessoa que causou a morte delas entrando nos Campos Elíseos como herói. Ele me acomodou no castelo até a poeira baixar, muitos que morreram na guerra já renasceram para tentar a Ilha dos Abençoados.

            Isso Luke tinha razão, eu e Charlie já tínhamos nos despidido de muitos amigos que escolheram renascer.

–Não me surpreende que você e Beckendorf ainda estarem aqui. É um lugar seguro, onde vocês vão poder ficar juntos e felizes para sempre. Parece conto de fadas, sua mãe ia gostar.

            Eu abri um sorrisinho, mais uma vez ele tinha razão, os Campos Elíseos eram um sonho para a maioria dos casais de Semideuses, tirando a parte de que você está morto, tudo é maravilhoso, não tem monstros, os vizinhos são ótimos e é um lugar lindo de morrer... Desculpem o trocadilho.

–Nós resolvemos ficar aqui. É o melhor para a gente.

            Um olhar triste surgiu em Luke.

–Você não guarda ressentimentos de mim, Silena?

            Foi como levar um soco no estômago. Luke tinha me usado como espiã, prometendo que Charlie não seria ferido. Logo depois que Charlie morreu eu fiquei com tanta raiva de Luke, pois ele me tinha feito prejudicar meus amigos em troca de uma promessa falsa. Porém, eu sabia que não tinha sido ele.

–Não era você Luke. De Cronos eu guardo muito ressentimento.

            Uma lágrima escorreu pelo rosto, percebi que sua cicatriz tinha desaparecido.

–Luke, sua cicatriz...

–Eu sei, fico melhor sem ela, não é mesmo? – disse abrindo um pequeno sorriso.

            Concordei com ele. Luke parecia tão melhor, estava mais forte, tinha o olhar mais vivo e parecia mais jovem sem a cicatriz. Antes de fugir do Acampamento, ele estava completamente mal-humorado, seu olhar era vazio e sem vida, parecia ter só raiva no coração.

            Mais uma vez sua expressão mudou, de novo parecia triste.

–O que te aflige Luke?

–Será que eu mereço estar aqui? Eu prejudiquei tanta gente, tantas pessoas perderam a vida por causa do que eu fiz. Você, Beckendorf, Thalia, Annabeth, Percy. Você são pessoas tão boas.

–Se você está aqui é por algum motivo. Você não fez só coisas ruins na sua vida, eu tenho lembranças de coisas muito boas e que ajudaram muitas pessoas. Principalmente Annabeth. – falei, apontando para a MI que ainda mostrava ela e o Percy, mas agora os dois estavam tomando um chocolate quente em um café perto do parque.

            Luke pareceu pensar um pouco.

–Você já pensou – comecei – como teria sido a vida de Annabeth sem você?

            Isso que eu falei pareceu causar mais dor do que ajudar em alguma coisa. Luke gemeu, se encolheu e começou a chorar compulsivamente.

–Luke, não fique assim.

–Eu acabei com a vida dela, Silena! – gritou. Me ajeitei na areia, chegando mais perto do filho de Hermes. O abracei, senti suas lágrimas escorrerem pelo meu pescoço.

–Você não fez isso, Luke. – falei séria – Ela só está viva hoje por sua causa.

            Ele se desencostou de mim e me olhou profundamente com os olhos vermelhos de tanto chorar.

–Você acha?

–Tenho certeza. – disse com convicção, juro que não usei charme – Você foi uma das pessoas mais importantes da vida dela. Era mais que um amigo, era um irmão, um companheiro. Você foi o pai dela Luke, durante muitos anos, você cuidou dela como pai, se preocupou e tomou para si a responsabilidade de ajudá-la a crescer.

            Ele me olhou emocionado.

–Luke, nunca vou me esquecer quando você me perguntou se deveria conversar com Annabeth e pedir permissão a ela antes de começar a namorar a irmã dela. Nunca vou me esquecer quando você, no meio da madrugada, bateu no Chalé 10 me procurando, com Annabeth chorando no seu colo, com cólicas fortíssimas quando ela ficou menstruada pela primeira vez. Nunca vou me esquecer, quando, duas semanas antes do Percy chegar ao Acampamento, você me procurou preocupado achando que Annabeth estava apaixonada por você. Você se lembra o que eu te disse?

–Sim.

–Eu te disse que ela te amava. Te amava, sim. – falei enfática – Mas não da forma como você estava pensando. Te falei o que eu te disse agora. Te falei que você era muito importante para ela, que você era o verdadeiro irmão dela, o pai dela, o exemplo a ser seguido.

            Lágrimas escorriam pelo rosto de Luke, mas agora não eram mais de tristeza e sim de emoção. Ele olhou para a MI, eles estavam de volta ao Central Park, Annabeth brigava com o Percy, mas ele mantinha um olhar travesso. Ele se aproximou e beijou Annabeth. Se separaram sorrindo, os dois. Annabeth o olhou com desconfiança, enquanto por detrás dela, Percy controlava um fino filete de água de uma fonte próxima, ele lançou a água bem na abertura do casaco de Annabeth, na parte da nuca que estava desprotegida. Ela pulou de susto e começou a dar tapinhas “amorosos” no braço do namorado. Se afastaram felizes.

–Será que era para ser eu ali? – perguntou Luke.

–Eu já te falei o que Annabeth sentia por você. – cortei o assunto.

–Mas ela mesma falou que estava confusa, e se eu tivesse cedido, será que seríamos felizes? Será que teríamos sido igual o que ela é com o Percy?

            Era uma pergunta muito difícil, só se tivesse acontecido poderia saber a resposta exata.

–Não sei te dizer. – falei – Mais quero que saiba que o que ela sente pelo Percy é muito especial e que você não precisa se preocupar com o futuro dela, se nada der errado, ela e o Percy serão muito felizes juntos. O sentimento entre os dois é muito forte.

            Ele não pareceu ficar decepcionado.

–Também quero que saiba que a confusão de sentimentos que ela teve por você se deve a grande parte ao que ela sente pelo Percy. Porque ela sempre tinha você por perto, o único garoto que realmente era próximo dela, tirando aquele irmão, o Malcolm, e do nada chega um garoto novo que faz o coração dela bater mais rápido. Foi complicado para ela. Antes dela ser sequestrada pelos seus capangas... Quer dizer, desculpe Luke...

–Não. Você tem razão, ela foi sequestrada por ordens minhas.

–‘Tá certo. – falei constrangida pela saia justa que eu tinha me metido – Bom, continuando, antes dela ser sequestrada pelos capangas de Cronos, ela veio conversar comigo sobre isso. Ela estava muito confusa, ela era muito menina ainda e digamos que relacionamentos amorosos não são o forte dos moradores do Chalé 6.

            Luke abriu um sorriso, concordando.

–É... Onde eu parei? Ah! Ela estava muito confusa, quando ela me contou o que ela estava sentindo, tive que usar um pouco de charme para orientar a pequena. Ela estava no meio de um turbilhão de emoções tão grande... Em todos os casos ela já começou a se encontrar no ano seguinte. Quando ela beijou o Percy no Labirinto de Dédalo e praticamente entrou em luto quando ele desapareceu por uma semana depois da explosão do Monte Santa Helena.

            Fiz uma pausa.

–Volto a afirmar Luke. Você e Annabeth até poderiam se tornar um casal, mas vocês estariam enganando vocês mesmos, com sentimentos errados de um para o outro.

            Mais uma vez ele não pareceu decepcionado, nem chateado. Na verdade estava aliviado.

–Mas e tudo o que fiz de ruim para ela não conta? Eu quase a matei. Quase matei a pessoa que ela amava.

–Luke, sendo sincera, mesmo depois de eu falar tudo isso que eu falei, eu não sei porque você está aqui. Não entendo.

            Ele ignorou meu comentário e encarou o horizonte.

–Será que algum dia ela vai me perdoar?

–Penso que sim. – disse simplesmente – O que ela sente por você, mesmo não sendo o amor romântico e sim o amor fraterno, é muito forte. Eu já te falei que ela te deve a vida, se você não tivesse a encontrado na Virgínia ela nunca teria chegado ao Acampamento viva.

–Mas Thalia teve de morrer para isso. Ou, dizendo melhor, perdeu muitos anos da vida dela transformada em uma árvore. – ele parou, pensou –  E Thalia, me perdoará um dia?

–Thalia já é um caso mais complicado. – falei medindo as palavras, não sabia se revelava a ele o que eu sabia ou não. – Eu não falei muito com a filha de Zeus para conhecê-la tão profundamente como Annabeth. Mas ela nutria sentimentos muito fortes por você, e não eram iguais o de Annabeth. Eu sei que quando Thalia acordou, ou saiu do pinheiro, não sei qual é o termo certo para isso, ela ficou muito decepcionada quando soube o que você estava fazendo. Posso afirmar que foi um dos motivos que a fez entrar para as Caçadoras de Ártemis.

            Ele ergueu a cabeça e me encarou surpresso.

–Você está dizendo que Thalia me amava?

–Eu tenho impressão que sim. Mas... e esse mas é bem grande... Eu não tenho certeza, porque como eu te disse eu não convivi muito tempo com Thalia.

            Ele parou um pouco. Luke precisava raciocionar.

            Na MI Percy e Annabeth estava retornando para casa, em Nova York a tarde já caia. Como aqui é Los Angeles e ainda por cima estamos debaixo da terra, o sol continuava na mesma posição de quando eu acordei. Olhei para trás, por algum motivo a cidade estava deserta, ninguém tinha acordado ainda. O que era muito estranho, já que nesse horário a feira que fica aqui na beira da praia era para estar apinhada de gente. Eu tinha a impressão que os deuses estavam dando privacidade para a conversa que eu estava tendo com Luke.

            Percy beijou apaixonadamente Annabeth, enquanto procurava as chaves do prédio onde morava. Luke observou o filho de Poseidon.

–Ele achava que era meu amigo. – falou – Eu o enganei, o usei e quase o matei trocentas vezes. Percy é um cara muito legal. Se eu não tivesse tanta raiva, se eu não tivesse me aberto para Cronos, talvez pudéssemos ter sido amigos.

–Você tem razão. Percy é uma grande pessoa. – falei triste, eu tinha recebido informações de uma fonte muito confiável de que o futuro de Percy e de Annabeth ainda ia passar por muitas provações. – Ele é muito generoso e tem um senso de fidelidade incrível. Dizem as más linguas, e você vai ver que tem muito delas aqui nos Elíseos, que a grande Athena falou para o Percy que ele destruiria o mundo para salvar os amigos dele. Este valor que ele carrega vai ser posto a prova em breve.

            Logo me arrependi do que falei. Ainda bem que Luke não estava prestando atenção.

–Eu estava aqui pensando. – falou Luke – E todos os meios-sangues que eu recrutei para o exército de Cronos? O que aconteceu com eles?

–Eu não sei Luke. Eu cheguei aqui antes de você. Eu morri ainda no auge da guerra, com o drakon que Cronos lançou contra o Exército do Acampamento.

            Ele me olhou triste, com um pedido sincero de desculpas no olhar. Falei que tudo estava bem. A conversa morreu (outro trocadilho...) por alguns minutos. Apenas observamos o belo mar, que lembrava o mar Egeu e o Sol que continuava parado no mesmo lugar. A cidade atrás de nós seguia adormecida.

–Eu tenho certeza que você está aqui por algum motivo. O tribunal não erra o julgamento nunca. Eu gostaria de saber o que você fez Luke. O que foi que recobriu e compensou tudo o que você fez.

            Ele me encarou mais uma vez. Parecia que ele tinha vergonha de falar que tinha sido um heroi.

–Você estava errada Silena. Eu falhei com Annabeth. – ele falou – A Grande Profecia falava de uma lâmina maldita que iria ceifar a alma do heroi.

–Sim, eu me lembro.

–A lâmina maldita era a faca de Annabeth. A faca dela era maldita pois eu falhei com ela. Eu falhei com Annabeth. – a voz dele fraquejou – Eu fiz uma promessa que não consegui cumprir.

–Qual foi a promessa?

–Que eu nunca abandonaria ela. Que eu não faria o que nossas famílias tinham feito conosco. E EU FIZ JUSTAMENTE O CONTRÁRIO. – gritou. Sua voz ecoou por todo o despenhadeiro.

            A dor dele era imensa, e mesmo depois de toda essa conversa, eu não tinha certeza se eu tinha conseguido ajudar em alguma coisa.

–Foi Annabeth que te matou com a faca dela? – perguntei. Ele negou com a cabeça.

–A escolha que a profecia se referia. Era a escolha do Percy. Ele tinha que escolher entre me dar a faca ou não. E ele me deu a faca. Cronos já estava quase em seu poder total, mais alguns minutos e eu teria explodido e Cronos venceria. Percy me deu a faca. Só eu conhecia o meu Calcanhar de Aquiles. Eu enterrei a faca no meu ponto fraco. Eu me sacrifiquei para salvar o Olimpo e todos os que eu amava, principalmente Annabeth e Thalia.

            Eu tinha lágrimas nos meus olhos. Eu não estava acreditando que Luke tinha feito aquilo. Depois de tantos anos odiando o Olimpo, querendo acabar com o pai dele. Luke havia tirado sua própria vida para salvar o mundo Ocidental e as pessoas que ele amava. Não tinha prova de amor maior do que esta. Luke mais uma vez chorou em meus ombros, mas desta vez foi acompanhado por mim.

–Oh! Luke. – falei, com a voz meio embargada de choro – Você tem todo o direito de estar aqui nos Elíseos. Você foi um heroi. Você salvou todos os nossos amigos. Você é um heroi.

            Ele me olhou, parecia melhor agora. Estava mais confiante, seu olhar estava mais vivo do que nunca (na medida do possível já que estávamos mortos).

Na nossa frente, através da MI, Percy e Annabeth estavam encolhidos no sofá, debaixo de um cobertor. Agora conseguíamos escutá-los.

–O que foi, Wise Girl? Você está tão pensativa.

–Estou pensando no Luke. – falou cautelosa. Percy sentou no sofá, um pouco tenso.

–O que você estava pensando dele? – perguntou Percy, consegui identificar um pouquinho de ciúmes na voz dele.

–Será que ele está nos Elíseos, Percy?

–Acho que sim. Afinal ele salvou a todos nós, não é mesmo? Era ele o heroi da profecia. Se não fosse por ele, nós não estaríamos juntos agora. Por isso que eu perdoo o que ele fez, afinal ele estava certo sobre os deuses.

–Sim, mas escolheu o caminho errado para confrontá-los. Mas agora está tudo certo, os semideuses que estavam no exército de Cronos estão bem no Acampamento, os deuses estão respeitando o tratado e reclamando todos os filhos e eu já comecei os projetos para os novos chalés para os deuses menores.

–Exatamente como o Luke queria.

            Annabeth concordou com a cabeça, os olhos dela estavam cheios de lágrimas, mas como toda filha de Athena ela lutava para não deixar cair nenhumazinha.

–Ele realmente foi um heroi. – disse Percy – Um grande heroi. Se Homero estivesse vivo escreveria uma grande Epopeia da história dele.    

            Annabeth olhou espantada para Percy.

–Nossa! Você está realmente muito entendido de literatura.

–Convivência. – falou, beijando a namorada.

            Olhei para Luke. Ele estava radiante de felicidade. Tinha um sorriso de orelha a orelha.

–Eles conseguiram. Semideuses não vão mais sofrer como eu sofri.

–Não.

–Todos vão ser reclamados.

–Vão.

–E Percy e Annabeth me perdoaram.

–Sim. Agora você se considera digno de estar nos Elíseos?

–Sim. Afinal eu sou um heroi. Eu sofri, eu errei, eu machuquei pessoas...

–Mas no final salvou a todos. E isso é o que importa. Você é uma pessoa boa Luke.

            Ele sorriu mais uma vez. Eu não tinha percebido, mas a cidade toda já tinha despertado, os feirantes arrumavam suas barracas, pessoas caminhavam pela beira da praia e desciam as ingremes escadarias do despenhadeiro.

–Silena! – gritou Charlie, em algum lugar atrás de mim. Ele se aproximou e me abraçou preocupado. Olhou tenso para o Luke.

–Estive procurando você a manhã inteira! Você está bem? – perguntou me olhando de cima a baixo procurando algum arranhão.

–Do que você está falando Charlie? Estava aqui na praia a manhã inteira.

–Impossível, eu passei por aqui mais cedo.

            É eu tinha razão, os deuses nos isolaram para conversarmos em paz.  Afinal acho que ajudei Luke, agora ele poderá aproveitar os Elíseos sem se sentir culpado, talvez até pense em renascer para tentar a ilha dos Abençoados. Charlie me puxava para longe de Luke, teria que contar para ele, mais tarde, sobre como Luke tinha salvado a todos os que ficaram no Acampamento. Mas por agora só deu para dizer:

–Bem-Vindo aos Campos Elíseos, Luke. Aproveite bastante.

–Talvez eu não fique por muito tempo. – respondeu, apontando para as três pálidas ilhas, no meio do mar turquesa.

            Eu ri, e vi que minha missão como filha de Afrodite estava cumprida.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?

bjus



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