Regina estava nervosa. Muito nervosa. Mas porque, afinal? Seria apenas um jantar. Um jantar com Emma e o marido dela. Nada para se preocupar, certo? “Droga, porque você tá sentindo isso, Regina Mills? Sua vida já não é difícil o suficiente? O que você menos precisava agora era se apaixonar por uma mulher casada e...”. Seus pensamentos foram interrompidos quando Neal abriu a porta. Ele estava sorridente.

- Olá! – ele disse, dando um beijinho no rosto de Regina quando ela passou por ele. – Ual, você tá linda!

- Obrigada – ela disse com um sorriso discreto no rosto. – Ah, adivinha o que eu trouxe! – a morena ergueu a mão direita, onde carregava um grande buquê de lírios.

- A Emma vai amar, é a flor favorita dela – Neal pegou o buquê e logo Emma apareceu no final da escada. Correu até os dois e envolveu a cintura de Neal com o braço direito, deixando que ele abraçasse seus ombros.

- Oi – ela e Regina disseram juntas. – Vem, vou te mostrar o nosso sofá – Emma disse empolgada puxando os dois para a sala de estar.

- Nosso belo e caro sofá... – Neal lamentou.

- Não se pode economizar nesse tipo de coisa – Regina deu de ombros.

- Viu só? Ela pensa como eu – Emma mostrou a língua para Neal enquanto se sentava no sofá.

- Vem cá, Regina, você acredita em reencarnação ou algo do tipo? – ele perguntou. – Porque a Emma jura que, de alguma maneira, vocês já se conhecem.

- Ah, não foi exatamente isso que eu disse... – as bochechas de Emma ficaram vermelhas e ela tentou justificar, envergonhada.

- Eu me lembraria – Regina interrompeu com um meio sorriso nos lábios, olhando nos olhos verdes da loira. – Eu com certeza me lembraria.

                Emma sorriu um pouco constrangida, mas sentindo-se inundada de felicidade ao ouvir as palavras de Regina.

- Bom, me deixa colocar seu casaco num vaso com água e pendurar essas flores – Neal brincou, fazendo as duas rirem, e Emma pegou as flores e o casaco dizendo “pode deixar que eu faço isso”. Enquanto ela arrumava as flores dentro de um vaso de cristal, Neal e Regina conversavam no sofá.

- Então, o livro que eu queria escrever é basicamente um guia para o lugar mais propício para cada momento – Neal colocou um pouco de vinho tinto em cada uma das duas taças que estavam na mesinha de centro. – Por exemplo: se for fevereiro, o Carnaval no Rio, e assim vai. Se você quiser férias festivas, é só abrir o livro e tá dá – ele gesticulou teatralmente, então entregou uma taça para Regina e segurou a outra em uma das mãos.

- Você já visitou o Rio ou qualquer outro lugar que pensa em colocar no livro? – Regina bebeu um pequeno gole de vinho.

- Esse era o plano... – o rapaz olhou para baixo, triste, mas logo voltou a olhar para a morena. – Mas eu me casei, estou construindo uma vida a dois... E também tem o trabalho...

- Algum dia, então – Regina sorriu para ele, que concordou.

- Mas e você, Regina? – Neal se ajeitou no sofá. – É casada? Já foi casada, ou quer se casar...?

                Ele deixou a frase por terminar para que ela pudesse responder. Ela engoliu em seco e deu um sorrisinho discreto.

- Se mudarem as leis, talvez – ela olhou rapidamente para ele e então bebeu outro gole de vinho, dessa vez maior do que o anterior, quebrando qualquer regra de etiqueta existente.

- Como assim? – ele perguntou visivelmente confuso.

- Eu sou gay – Regina disse tranquilamente. Com o passar dos anos havia se tornado mais fácil de admitir... Mas a reação das pessoas ainda era exatamente como a que Neal teve naquele momento. Ele riu, mas ao olhar para a seriedade estampada no rosto de Regina, seu sorriso desapareceu.

- Hm... Ótimo! – ele exclamou constrangido. “O que vou dizer agora?” pensou e se puniu mentalmente pelas palavras que saíram de sua boca: - Que bom né?

                Regina franziu a sobrancelha e um sorrisinho surgiu em seus lábios. Ela geralmente se divertia com esse tipo de situação; a outra pessoa sem saber o que dizer, o que fazer, para onde olhar... Era engraçado. Quando o silêncio estava começando a se tornar constrangedor, a campainha tocou.

- Deve ser o Killian – Neal se levantou rapidamente e foi atender a porta.

- ótimo, o Killian veio... – Regina virou os olhos e bebeu mais um gole de vinho.

* * *

                Tudo que os quatro sentados à mesa do jantar conseguiam ouvir era o barulho dos talheres batendo nos pratos.

- Han, Neal... – Killian falou terminando de mastigar, com dificuldade, o pedaço de carne que tinha na boca. – Isso aqui... Isso aqui tá horrível.

- Sério? – Neal perguntou preocupado.

                Regina, Emma e Killian começaram a rir.

- Tá péssimo – Emma disse e Regina concordou. Neal ficou desapontado, mas logo em seguida se juntou a eles nas gargalhadas.

- Tá, eu tenho uma curiosidade – Killian atraiu a atenção de todos. – Já fazem três semanas, então eu quero saber... Como é o sexo depois de casados? – Os outros três riram, mas Killian continuou. – Ei, é sério! É que eu já fiz sexo com mulheres casadas, e elas disseram que é incrível. E aí, Emma, muda algo?

- Não sei – ela deu de ombros. – Case-se e descubra.

- Não mesmo! – ele ergueu as mãos teatralmente. – Eu não sou homem de uma mulher só.

- Ele não aguenta a mesma mulher nem por duas semanas – Neal disse e Killian concordou. – Mas pense bem, Jones, a sua cara metade pode estar por aí.

- Ou por aqui – Emma indicou Regina discretamente e deu uma piscadela para Killian.

- Amor... – Neal tentou interrompe-la, mas ela não deixou.

- O que? Tem muitas mulheres lindas nesta sala! – ela disse. Regina apenas ergueu uma das sobrancelhas e riu baixinho.

- E eu estou tentando dormir com todas que eu puder – Killian riu.

- E você nunca falha, não é? – Neal bebeu um gole de vinho e olhando divertidamente para o amigo.

- Claro que não – ele se vangloriou. – Elas aprendem muito comigo.

                Regina riu quando ele lambeu o garfo numa tentativa falha de seduzi-la.

- Tudo vai mudar quando você encontrar a pessoa certa – Emma falou.

- E como vou saber que a conheci? – Killian quis saber.

- Você não vai saber assim de cara – Emma continuou. – Você só vai se sentir bem e confortável... Aí resolve arriscar, e antes que perceba vai dizer “é, eu acho que é amor”.

- Eu concordo – Neal sorriu para sua esposa e segurou sua mão.

- É, deve ser – Killian admitiu e então começou a recolher os pratos, mas parou assim que Regina começou a falar.

- Eu não concordo – ela disse atraindo a atenção de todos. – Você sabe imediatamente e tudo o que acontece depois só prova que você estava certo desde o início.

- Na verdade eu concordo com ela – Neal disse e foi acompanhado por Killian. – Então, quem quer sobremesa?

- Eu quero – Regina sorriu.

- Não – Emma disse com as sobrancelhas franzidas.

- Não? – Neal pareceu triste.

- Você... Acha que todos que não encontram isso estão se satisfazendo com menos? – a loira se dirigiu à Regina que rapidamente esclareceu.

- Não foi isso que eu disse.

- Não com essas palavras – Emma a desafiou.

- Ela falou de uma forma mais bonita – Killian se intrometeu.

- Ahn... Sobremesa? – Neal falou com uma tigela grande de pudim nas mãos.