A Filha Da Capital escrita por Sekhmetpaws


Capítulo 41
O fim, só que de verdade dessa vez




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Sobrevivemos aquele inverno assim como muitos outro que seguiram. Nosso filho cresceu forte e saudável. Mantivemo-nos perto o suficiente do distrito por algum tempo, pois achamos que ainda não era crescido o suficiente para participar de viagens tão longas.

O ensinamos a viver na floresta e da floresta. Mostrei-lhe as plantas comestíveis e venenosas, mostrei como caçar. Logo se tornou tão bom quanto eu no arco e flecha (tudo bem, talvez eu nunca tenha sido muito bom).

O educamos em casa até os oito ou nove anos, mas logo nos vimos na obrigação de matriculá-lo na escola do distrito tanto para que ele tivesse alguma interação com as outras crianças do distrito como para não levantar suspeitas.

As escolas (do distrito doze pelo menos) sempre foram muito precárias. Maior parte da educação consiste em dizer que a capital é maravilhosa e todos são muito felizes por terem um governo tão bom e misericordioso.

Nosso único medo foi que o garoto fosse sorteado na colheita, nesse caso tudo estaria perdido. Passamos cerca de oito anos com os dedos cruzados, nunca deixando que ele pegasse téseras por mais difíceis que as coisas fossem. Por sorte isso nunca aconteceu. Por incrível que pareça as coisas funcionaram muito bem para todos nós naquele meio tempo. Algumas complicações aqui e ali, mas, nada que não pudéssemos resolver.

Ninguém que não soubesse quem éramos chegou a desconfiar de nossa clandestinidade. Se acaso um ou outro perguntassem plantávamos pequenas e inocentes mentiras que geralmente funcionavam.

O broche de tordo que havia nos causado tantos problemas (e viria a causar mais algumas décadas depois,quem diria,sendo o símbolo da revolução) reapareceu alguns anos depois durante um dos invernos mais difíceis que já vivencie. Os animais haviam hibernado ou migrado para áreas mais quentes, tornando a floresta uma fonte quase que escassa de alimento. A situação se agravou em níveis alarmantes quando um desmoronamento nas minas tirou a vida de varias pessoas.

O acontecimento levou o distrito mais uma vez para a grande cova de depressão para o onde o mesmo foge de vez em quando. Porem coisas assim acontece por lá com freqüência e a população sempre dá um jeito de seguir em frente.

Pois bem, voltemos a falar do broche. Com toda a situação, teríamos (assim como todo mundo) que economizar o pouco que tínhamos se quiséssemos sobreviver a aquele inverno.

Nosso filho tinha uma amiga na escola. A garota não era uma criança muito sociável, mas pó algum motivo meu filho a considerava uma pessoa incrível. Ela fazia aniversario e nós sabíamos que ela não ganharia presente algum. Seus pais não lhe davam muita atenção. Doces eram caros.

Mas, posso lhe dizer que ela ficou realmente muito feliz por ter ganhado o pequeno pássaro dourado e Pansy ficou ainda mais feliz por ter se livrado dele.

Alguns anos depois ela e eu fizemos as malas e deixamos o distrito. Deixamos nosso filho por aqui. Havia e tornado uma pessoa bem conhecida e seu desaparecimento atrairia suspeitas.

Nas primeiras tentativas “demos de cara” com portas fechadas e pessoas amedrontadas que se recusavam ouvir esta historia até o fim. Isso se sucedeu por ínfimos meses de fracassos e mais fracassos. Até que um dia começamos a ver resultados. Haviam sim em Panem pessoas (principalmente entre os mais jovens) dispostas a lutar.

Mas, o desenrolar dessa rebelião devia ocorrer de forma lenta e quase imperceptível. Como uma víbora comprida dando voltas e mais voltas ao redor da capital, esperando para dar o bote.

E foi assim que tudo começou. A historia foi repassada de boca em boca ( mesmo que a cada vez que era contada o narrador adicionava mais detalhes,mas, isso não fez mal algum). Pessoas estocavam armas em seus porões, traçavam planos aqui e ali. Aguardando por um estopim. O mesmo aconteceu de distrito em distrito.

Esperando, esperando...

O tempo passou. Surgiram rugas em meu rosto, meus cabelos se tornaram grisalhos, minhas pernas cansadas e minhas costas doloridas. As viagens não eram tão rápidas quanto antes. Mas, todo o esforço valeria a pena se conseguíssemos um dia derrubar a ditadura da capital.

Senti que pela primeira vez estávamos preparados. Maioria dos distritos havia acatado á idéia e um pequeno grupo de resistência que vinha crescendo a cada ano. Foi quando resolvemos voltar para o distrito 12 para ver como andavam as coisas por lá. Surpreendi-me ao encontrar meu filho não só casado, mas, pai de uma garotinha, com bochechas rosadas e pernas gorduchas de bebe. Sua esposa era uma mulher mais nova cuja família eu não conhecia. Cabelos loiros, boca fina, olhos fundos e tristes. Ela segurava a menina no colo.

Sorri ao contemplar a cena. Eu possuía uma família novamente. E também era avô! Essa poderia ser considerada uma sensação muito estranha. Mas, não ruim, é claro. Muito pelo contrario, era maravilhoso!

Pansy e eu permanecemos no local por algumas semanas, trocando historias. Porem, tudo que e bom dura pouco. Chegamos á conclusão que devíamos ir embora. A revolução não podia mais esperar.

Pansy sempre fora mais forte (psicologicamente) do que eu e a respeito muito por isso. Sempre fui uma pessoa... Podemos dizer... Sentimental.

Reunimos nossas coisas e outros suprimentos em sacolas, nos preparando para partir a qualquer momento. Despedimo-nos de nosso filho e de sua esposa (que confesso nunca ter aprendido o nome) com abraços e tapinhas nas costas. Seguimos em direção á cerca ao cair da noite. Mas, tive que voltar, pois havia esquecido minha bussola. Essa foi uma das melhores coisas que já me aconteceu (você já entenderá).

Voltei á casa, peguei a bussola e a enfiei no bolso. Já ia sair novamente quando algo surgiu na minha passagem. Minha neta, da qual não havia me despedido direito pois esta dormira no colo da mãe e eu não quisera incomodá-la, estava parada,sentada na soleira da porta, com os cabelos castanhos desarrumados, esfregando os olhos cansados. Avançou em minha direção com passos vacilantes abrindo e fechando as mãos gordinhas.

Não resisti.

Peguei-a no colo (sem muito jeito) sorrindo e me sentei numa antiga cadeira de madeira entalhada. E mesmo que talvez ela não entendesse ainda comecei a falar, para acaso não ter outra chance depois.

–Pois é pequena. -disse eu. São tempos sombrios esses que vivenciamos. Mas, temos que esclarecer umas coisas.

A menina rolou os olhos para cima me encarando, como se entendesse.

– A revolução está chegando. –continuei. Não sei quantas vezes já tive de repetir isso ao longo da minha vida-Você precisa ser forte. Lutar pelas pessoas que você ama...

Você promete...

Katniss?

.

.

.

.

.

Dessa forma chegamos ao fim.

Agora você sabe.

Sabe de tudo.

Passamos tanto tempo juntos para terminar com um simples adeus.

Gostaria que soubesse que a resistência precisa de gente como você.

E quem sabe transformemos esse adeus em um até breve?

O sucesso da nossa luta depende de pessoas como você.

Sou velho, não posso mais lutar.

Não há mais nada que eu possa fazer, sou apenas um contador de historias.

Permanece forte. Lute. A rebelião está chegando.


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Notas finais do capítulo

Chegamos ao fim da nossa jornada (demorou mas chegou!!!). Quase um ano de fic. me sinto tão orgulhosa e triste ao mesmo tempo. Pois bem agradeço a todos que acompanharam até aqui. Aos que favoritaram ou não favoritaram. aos que comentaram e não comentaram. Só gostaria de ter como ultimo pedido que escrevessem uma recomendação para mostrar que realemnte gostaram da fic ( ou pelo menos um comentario de recohecimento para os preguiçosos). por favor. Essa fic significou muito para mim. Á proposito,o que acharam do final? estão surpresos ou ja imginavam? Terminamos por aqui. mas, como dave ja disse na fic. Isso pode ser um adeus m até breve. depende de voces. feliz jogos vorazes e que a sorte esteja sempre a seu favor !



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