A Bela e o Caçador escrita por Machene


Capítulo 2
Senhora




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Cap. 2

Senhora

Uma nova manhã nasce na Rua das Rosas. Porém, não é uma mera manhã. É o aniversário da jovem Katrina Karita, a moradora mais amada do condomínio Beija-flor. Em plenas seis horas do domingo, a campainha toca incessantemente a mando de um convidado exigente de atenção. A bela loira corre para atender, descendo a escada em espiral por dentro da parede, ao lado da alta e larga bancada da TV, mas se detêm ao ver uma sombra produzida pelos raios de sol do leste.

Um riso envergonhado de mulher sugere à Katrina que Korapaika já conheceu Mench, sua vizinha de longa data. Quando ela surge por trás do ombro esquerdo do rapaz, a mulher amplia o sorriso e a moça imagina se a amiga não sabia que seus dentes já estavam bem à mostra.

– Katrina, querida! Eu vim trazer uma tortinha de maçã. Eu mesma fiz. – a loira nota o seu presente nas mãos do colega e sorri de volta.

– É claro. – Korapaika dá passagem para as duas se abraçarem – Muito obrigada Mench. Os biscoitos que você preparou no ano passado estavam divinos, então estou certa de que esta torta é mais um de seus fabulosos caprichos culinários.


– Obviamente, apenas o melhor para minha amiga predileta!

– Você é um doce, mas não precisava se incomodar em vir tão cedo. Vai se atrasar.

– Ora, não se preocupe! É “Culinária da Mench”. Não pode começar sem a estrela principal, certo?! – as duas riem – Até mais fofa. Ah, adorei conhecer você Korapaika!

– O mesmo. – ele sorri e Mench se afasta acenando – Amiga antiga?

– Sim. – Katrina responde ao abaixar a mão depois de perder a vizinha de vista e entra – Ao primeiro sinal de uma nova vida no condomínio, Mench veio me trazer Brownies.

– Que gentil. – ele fecha a porta e a segue para a cozinha, depositando a torta na mesa – E o que era aquela conversa sobre “Culinária da Mench”?

– Bem, por enquanto é um programa local, mas ela pretende ampliar a audiência.

– Então ela é dona de um programa de culinária?

– Sim. – Katrina começa a vasculhar as gavetas da bancada da pia até encontrar uma faca – E Mench cozinha muito bem. Você vai ficar com água na boca!

– Veremos. – o loiro toma a faca das mãos dela e corta um pedaço da torta, levando-o para a boca e degustando devagar – Tem razão, é uma delícia.

– Eu disse. – a donzela ri – Mas deixe-me provar meu presente agora. – ela toma o talher.

– É um presente comum ou tem algum motivo em especial? Você citou biscoitos.

– Bem... – Katrina sorri envergonhada e olha para a vasilha de vidro sobre a mesa – É o meu aniversário, então é provável que hoje você se incomode muito com a campainha.

– Seu aniversário? Ah, meus parabéns. – a moça põe uma mecha de cabelo atrás da orelha e sorri envergonhada – Poderia ter me avisado. Agora me sinto bobo.

– Não, por favor, esqueça isso! Eu sinto muito por ter colocado você nessa situação.

– Quis dizer que me sinto bobo porque não pude comprar um presente para você.

– De qualquer forma, por favor, não se incomode! Eu devia ter avisado sobre o dia de hoje.

– “O dia de hoje”? É seu dia, mas parece estar tratando tudo de uma forma banal.

– Bem, eu não comemoro o meu aniversário. – ela suspira e se senta na cadeira próxima – A minha existência é um tanto desgraçada. Eu costumo atrair muitos problemas para as pessoas na minha roda de amizades. De certa forma, minhas amigas sabem disso e não se importam.

– Que desgraças uma garota jovem, bonita e gentil pode atrair? – a moça ergue os olhos por breves segundos e explora o olhar fixo e sincero do loiro de pé a sua frente.

– Se você ficará morando aqui por toda a primavera, acho justo que saiba mais sobre mim.

– Não precisa me contar nada se não quiser. Você não é obrigada. – de repente Korapaika se encolhe e cobre a orelha direita com dor nos olhos.

– Tudo bem? – Katrina se levanta e tenta alcançar a orelha dele, mas o rapaz recua.

– Está sim, desculpe. Foi uma pontada, mas eu estou bem.

– Tem certeza? Surgiram pequenas ruguinhas entre sua testa e o nariz. – ela ri.

– Tenho sim, estou bem. – ele tenta suavizar a expressão e a loira acena.

– Ok. Bom, eu vou guardar a torta antes que os gafanhotos tentem se aproveitar dela.

– Eu tinha me esquecido de perguntar; no que você trabalha Katrina?

– Sou florista. Tenho uma lojinha de flores na cidade, “Flower Power”.

– E não abrirá hoje? – os dois saem da cozinha, dão a volta na sala e passam para a sala de estar, se acomodando no sofá mais próximo da porta do quarto de hóspedes.

– Tenho obrigações com o conselho do condomínio. As oito eu me encontrarei com todos na casa de Neon e discutiremos os últimos detalhes para o desfile de primavera.

– Neon? Neon Nostrad? – as pupilas dele se dilatam.

– Oh sim, esqueci que você já trabalhou como guarda-costas do pai dela, certo?! Então vocês devem se conhecer. Neon é a moradora mais nova do Beija-flor, se mudou... – ela pausa e o rapaz parece suar frio – Pensando bem, ela se mudou exatamente há um mês, depois daquele roubo que houve no banco de York Shin. O senhor Nostrad e outros investidores saíram prejudicados e todo o conselho de anciões resolveu adiar o leilão, não é?! Foi por isso que se demitiu?

– Sim, foi por isso. – ele engole em seco – Mas não sabia que Neon tinha fugido para cá.

– Acho que “fuga” é o termo mais apropriado. Embora ela pareça aborrecida com o interior, ainda assim conversa com todos e sai muitas vezes para fazer compras no shopping da cidade.

– Vocês são amigas? – Katrina torce o nariz, despertando um sorriso no rosto dele.

– Neon está longe de ser o tipo de garota cuja companhia me agrada. Ela é fútil...

– E superficial. – Korapaika completa com um sorriso de canto.

– Você já a conheceu, não é?! – a moça rapidamente ri e se corrige – É claro! Você trabalhou com o pai dela, então deve ter tido oportunidade de conhecê-la bem.

– Nem tanto, mas sei que Neon é uma menina mimada e inconsequente. Vir para o interior sozinha é uma prova disso. O senhor Nostrad certamente gostaria de saber onde ela está.

– Vai delatá-la? – a pergunta da loira veio sem segundas intenções, seja de proteção ou com tom de apoio ao ato, o que o rapaz toma como mera curiosidade.

– Não. Não trabalho mais com a família Nostrad, então não tenho motivos para fazer isso.

– Bom... Neste caso, não gostaria de ir comigo na reunião do condomínio? Será divertido.

– Divertido como? – Katrina toca a bochecha com o indicador.

– Faremos intervenções contra o que achamos errado e vamos discutir sobre o desfile. Você é um visitante, mas sempre estamos dispostos a ouvir uma opinião. E hoje é meu aniversário, então os membros do conselho serão obrigados a aceitar meu hóspede com convite aberto! – eles riem.

– É gentileza sua. Eu aceito ir sim. – a moça se levanta no pulo.

– Bem, então eu vou limpar a casa. Provavelmente receberei alguns convidados hoje.

– Quer ajuda? Afinal, estou morando de favor aqui.

– É gentileza sua. Eu quero sim. – eles voltam a rir.

É com graça que os dois começam a arrumar a casa. A linda Katrina preparando dois baldes com água e sabão e se dispondo a lavar as janelas do lado de fora enquanto seu agradável hóspede usa a flanela do lado de dentro. Ao som de uma música agitada e romântica, eles se dividem para passar a vassoura e o esfregão na casa, tirar a poeira dos móveis e lustrá-los, colocar a roupa suja na lavadora e organizar as pilhas de livros espalhados pelas mesas. Por fim, a loira sente saudade.

São as rosas que estão faltando para enfeitar a mesa de jantar e estrear o vaso novo de belos linces. Sem tempo para colhê-las do roseiral, o casal vai se arrumar para a reunião de condomínio. Caminhando ao lado do misterioso jovem, Katrina se dá conta de que as vizinhas olham com mais atenção na sua direção em relação aos outros dias. Korapaika é atraente, bondoso e tranquilo. Ela passa a se perguntar se ele não teria uma companheira e se priva do pensamento quando param.

A casa de Neon é uma das mais chamativas, cor rosa e com um portão de ferro alto. Os cães no extenso jardim rosnam sempre quando alguém entra, mas já reconhecem Katrina. Porém, por algum estranho motivo, não estão reconhecendo hoje. Eles rosnam sem sair do conforto da sombra de um frondoso carvalho, o que acaba fazendo o casal parar de andar em direção à porta. Em feliz coincidência, a anfitriã os vê pela janela e corre para recepciona-los ao lado do mordomo.

Sendo nove e meia, todo o conselho do condomínio já está presente na sala, conduzido pelas melodias suaves do piano de uma das moças contratadas por Neon para lhe fazer companhia dia a dia nas compras e jogos de grupo durante o inverno pesado. A senhorita pausa sua corrida ao ver o rosto sério e muito familiar do rapaz ao lado da vizinha.

– Quem é esse Katrina? – ela o analisa de cima a baixo – Tenho quase certeza que o conheço.

– E conhece. Ele é o Korapaika. Trabalhou um tempo com o seu pai.


– Ah sim, você era o meu guarda-costas, não era?! – Katrina reduz o sorriso.

– Ah... Você patrulhava as costas de Neon? – ele maneia a cabeça.

– Por um tempo, mas depois eu passei a servir ao senhor Nostrad. Como vai senhorita Neon?

– Bem. Ai, e pode parar com essa formalidade que eu não gosto! É muito falsa!

– Está bem. Eu vim morar por um tempo com a Katrina.

– Morar com ela? – quase grita – Sério? Por isso aquelas malas quando você chegou?

– Como sabia sobre as malas se nem o tinha visto?

– Eu já disse que os vizinhos se preocupam com a vida alheia. Principalmente as vizinhas! – Neon ri com a mão direita sobre o queixo – Vocês já se conheciam de algum lugar?

– Ela é amiga da esposa de um amigo meu. – a senhorita Nostrad torce o nariz.

– Ah é? Então tá. Bom, vamos entrando. Tava todo mundo te esperando Katrina. Mench já chegou. – os três passam pela porta e imediatamente recebem os cumprimentos do grupo reunido.

– Você é de York Shin?! – um dos senhores presentes puxa a atenção após todas as devidas apresentações serem feitas e bebe um gole de chá – Que interessante. E qual o seu interesse nesse leilão? Isto é, se não se importa que eu pergunte. Às vezes sou muito curioso. – Katrina analisa a reação do convidado cautelosamente e suprime um riso travesso atrás da sua xícara ao vê-lo preso num leve sorriso protetor para o desconforto, pela ousadia do senhor Satotsu.

– Eu almejo comprar um artigo raro e valioso. É claro, a peça a ser leiloada não me é valiosa por dinheiro e sim pelo valor sentimental. Mas não tenho vontade de dizer o que é, sinto muito.

– De modo algum. Eu me desculpo pela intromissão.

– Então, vamos começar a reunião. Eu acredito que todos os preparativos para o desfile de primavera do Beija-flor já estejam prontos. Em que pé as suas flores estão Katrina?

– Eu as finalizei ontem senhor Netero. Korapaika fez a gentileza de me ajudar, colando as bijuterias nas pétalas. – todos se voltam ao envergonhado rapaz e Katrina volta a reprimir o riso.

– Você é realmente um rapaz habilidoso. Ninguém aqui consegue formar esses enfeites tão bem quanto a Katrina. Isso é uma surpresa.

– Ah senhor Satotsu, não me envergonhe! O que Korapaika vai pensar?!

– Que com certeza você é abençoada por ter pessoas que te adoram.

– Eu gostei de você realmente. – sorri o senhor Netero – Está ouvindo Katrina? Não precisa se sentir envergonhada. – ela suspira e ri.

– Não tenho vergonha por ser cercada de ótimas pessoas, mas por passar vergonha com elas! – o grupo retorna aos risos até um som alto interromper a alegria.

– Desculpe pessoal. Eu comi pouco no café da manhã. – Mench resmunga irritada.

– Ai Buhara, cinquenta dos meus canapés são apenas para você! Precisa fazer um regime!

– Eu não me importo de ser como eu sou.

– Tudo bem Buhara. Eu trouxe alguns pãezinhos com patê de frango. – Katrina ergue uma cestinha de palha e retira o pano vermelho xadrez de cima antes de entregar a Neon.

Após o pequeno lanche, o grupo se reúne de volta na sala com um clima diferente. Katrina é a única que parece não perceber. O senhor Netero conversa algo com Neon e a moça se apressa ao arrastar a loira para fora de casa, com a desculpa de irem ver as flores artificiais produzidas para as crianças no desfile. Quando as duas somem de vista, Mench faz um sinal de positivo e ri.

– Bem, então agora vamos ao assunto mais importante de hoje: a festa surpresa de Katrina.

– Festa surpresa? – Korapaika arqueia uma sobrancelha diante o sorriso do senhor Netero.


– A jovem Katrina não gosta de comemorar o seu aniversário, mas nós gostamos muito dela e queremos surpreendê-la com uma festa surpresa.

– O senhor Netero está sendo modesto. É um festão! – Mench abre os braços.

– Já que você está morando com ela por enquanto, pode nos ajudar a distraindo pelo resto do dia. – Satotsu se endireita na cadeira – Alguma chance de irem para a cidade?

– Ela disse que não pretende abrir a sua loja de flores, então...

– Isso não será problema. – se pronuncia um homem de dedos finos e grossos óculos – Eu de pronto tomei a liberdade de organizar um jogo para distraí-los enquanto arrumamos tudo.

– Um jogo? – Korapaika ri com desdém – Eu não costumo usar o videogame.

– Talvez não, mas seus amigos sim. Eu já me comuniquei previamente com eles e disse onde você estava. Além disso, as amigas dela chegarão aqui em pouco tempo. – o loiro franze o cenho.

– Muito bem, qual é a armação? Eu não pretendo me envolver em seus jogos, senhor Rippo.

– Ora, e por que tanta revolta, rapaz? – o senhor Netero sorri e alisa a barba – Os presentes aqui aceitaram ficar perto da jovem Katrina por um tempo sem levantar suspeitas. Brevemente, assim como você e os seus amigos descobrirão, Caçadores habilidosos entrarão em suas vidas para ensiná-los muitas coisas, mas este condomínio também ficará cheio de interesseiros atrás do poder da moça, sem dúvida. Não seria natural nos envolvermos nos seus eventos do dia?

– Ajudar com um desfile é uma coisa, mas fazer uma festa de aniversário? Ela se envolverá demais conosco e isso vai dificultar a despedida no fim. E por que o senhor Satotsu falou do leilão?

– Nós concordamos em ajudar para que ela confie em você. Não é segurança dela? Proteja-a!

– Parece bem fácil falar, senhor Rippo. Ela é uma garota inocente, de fato, mas é esperta ao mesmo tempo. Achei surpreendente que não tenha associado antes a Neon a mim por esses meus antigos serviços à família Nostrad. Embora eu nem desconfiasse que ela houvesse fugido, de todos os lugares do mundo como opção, logo para cá.

– Parece realmente uma peça do destino. Neon é a única que não sabe sobre o nosso trabalho. Fico imaginando qual seria sua reação se descobrisse que os antigos examinadores e o presidente do teste para caçador estão reclusos, morando no subúrbio, com a mera intenção de vigiar a líder da lendária tribo Karita. Mas creio que o seu choque não seria tão forte quanto foi para nós.

– Não podemos fazer nada senhor Satotsu. – Mench diz – A pobrezinha está sendo visada, e logo pelo grupo de assassinos Genei Ryodan. – Korapaika abaixa os olhos por um momento.

– Eu fui contratado por vocês para cuidar de sua segurança e fui aceito pelo próprio primo dela, que também me confiou essa tarefa de finalmente capturar o Genei Ryodan. – ele ergue seu olhar e suas pupilas lampejam em determinação – Eu não vou recuar. Irei protegê-la com minha vida e acabar com esses desgraçados de uma vez por todas!

– Assim é que se fala! – Netero ri – E então? Está disposto a nos ajudar com a distração?

– Esperem aí... Ela me disse que não gosta de comemorar aniversário porque sua existência é “desgraçada”. Mas, embora “atraia muitos problemas”, suas amigas não ligam. Por que isso?

– Você saberia se a deixasse ter se explicado hoje de manhã! – Mench grita num rádio e ele puxa a escuta em seu ouvido direito – Da próxima vez, não a pare! – ela põe o aparelho de lado.

– Talvez ela estivesse falando da família. – uma moça interrompe – Desculpe a intromissão, mas eu vim com a senhorita Neon como uma de suas empregadas e pude observar bem de perto o gênio da senhorita Katrina. Ela é gentil com todos, mas evita se enturmar. Algumas vezes pude ver as amigas de quem ela fala. As três a visitaram já faz duas semanas e, a meu ver, são o trio de moças mais estranhas da região. Elas quase parecem crianças, mas amam muito a amiga.

– Sei... – o senhor Rippo alisa o queixo – É um fato que a tribo Karita ganhou sua fama por vários motivos, um deles por terem se instalado em uma das regiões mais férteis do mundo, a Ilha Rosa Cercante, conhecida pela sua imensa coleção de rosas exóticas e pedras preciosas.

– Isso é motivo suficiente para muitas pessoas ruins quererem invadir o lugar, mesmo essa ilha sendo protegida como reserva ambiental. – Buhara completa.

– Olhando dessa forma, eu também acho natural que ela se sinta culpada. – senhor Satotsu cruza as pernas e apoia as mãos no joelho esquerdo – Pelo que consta nos relatórios, a família dela precisou sair da reserva uma vez quando ela tinha doze anos e passou muito mal. Ao que parece, existe uma doença que aflige as mulheres da primeira linhagem da tribo por contaminação de um antigo grupo de turistas. Um dos homens se envolveu diretamente com uma das antepassadas da moça e a sua filha nasceu com o corpo muito fraco.

– Sim, eu também conheço esses boatos. – continua o senhor Rippo – Se, de alguma forma, a filha da família principal, o que remete à Katrina Karita, sofrer alguma forte emoção, ela desmaia e seu corpo pode reagir lhe infligindo dores e até mesmo uma febre mortal. Mas existe uma cura.

– Qual é? – Korapaika se apressa em perguntar.

– Pelas informações que você recebeu do próprio primo dela, apenas as mulheres sofrem com este mal, e se elas se casarem cedo podem anular a doença.

– Foi o que ele me disse, mas não entendi o significado.

– Veja só, como ele é ingênuo! – Netero ri e o rapaz fica emburrado ao se envergonhar – Isso tem um sentido único. Também pode ser interpretado como: para ela se curar, precisaria perder a flor de sua inocência, assim como você. – Korapaika arregala os olhos em pura surpresa e timidez.

– Sério? Ela só precisa perder a virgindade? – Mench ri incrédula – Parece simples.

– Sua falta de sensibilidade neste assunto te faz menos feminina Mench.

– Ah, qual é senhor Satotsu! Quero dizer que resolver essa situação é bem simples; Katrina só precisa se casar! Se ela arranjasse um marido, nem seria mais tão útil ao Genei Ryodan. Eles ainda poderiam captura-la para tentar descobrir a localização da tribo Karita, mas sem a posse da sua “inocência” não teriam controle sobre os membros. – o loiro franze o cenho e Netero pigarreia.

– O que Mench está querendo dizer é que vale muito para os Karita preservar as mulheres da sua tribo até o casamento. Se Katrina fosse sequestrada por pessoas que soubessem disso, seria muito fácil chantageá-los ameaçando desgraçá-la, o que para eles é algo pior do que a morte.

– Claro. Se fosse uma questão de liderança, ela poderia ser substituída. – Buhara concorda.

– Mas não podemos nos esquecer de que Katrina é muito querida. – comenta Satotsu depois de bebericar o último gole de chá – Com certeza seria lamentável para os Karita perde-la, de uma forma ou de outra. Ela é a senhora de todos. Mais do que isso, algo em seus olhos chama atenção.

– Se me permitem dizer – a empregada começa ainda retraída atrás do sofá onde Korapaika está -, as amigas da senhorita Katrina talvez possam ajudar. Elas parecem mesmo dispostas e com coragem a enfrentar qualquer coisa por ela. – os outros se entreolham.

– Qual o seu nome, minha jovem? – o senhor Netero junta suas mãos.

– Eliza, senhor. – ela faz uma reverência.

– Bem Eliza, você gostaria de nos ajudar em nossa missão? – todos olham surpresos para ele – Você teve iniciativa de dizer o que pensa e deve estar disposta a ajudar a senhorita Neon, não é?!

– Sim senhor. Eu sirvo como uma de suas acompanhantes, mas não posso me calar diante a uma situação como esta, especialmente se minha mestra vier a correr perigo.

– Pois muito bem. Você bem sabe que Neon não tem nenhum tipo de conhecimento sobre os Karita, a jovem Katrina ou mesmo sobre nós. Eu quero pedir a você que continue sendo assim, é o melhor para o nosso serviço, e se caso a sua chefa descobrir mais alguma coisa da moça venha nos informar imediatamente. Está bem? – Eliza concorda com a cabeça e logo a conversa acaba diante a entrada brusca de Neon, que irrompe porta adentro e cruza os braços em aborrecimento.

– Nossa, eu mal pude conversar com a Katrina de novo!

– O que aconteceu Neon? – Mench se pronuncia e ela para de andar até a cozinha.

– Chegaram uns garotos acompanhados de um cara alto na casa dela. Disseram que eram os seus amigos. – ela aponta à Korapaika antes de sumir pelo corredor, acompanhada das criadas.

– Pelo visto eu serei mesmo obrigado a contracenar nesta peça do senhor Rippo. – o loiro ri.


Continua...


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