Capítulo 11

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Sasuke não perdeu tempo em se levantar da banheira, Sakura sabia por que havia escutado o barulho da água caindo ao chão, pois seus olhos já haviam se fechado há muito tempo, uma vez que seu corpo não lhe obedecia quando simplesmente lhe mandava dar o fora daquela sala de banho.

— Importa-se em me ver nu Sakura?— perguntou sinicamente. — Porque não tira também as tuas vestes? Quem sabe não aproveita e tira também a tua máscara e passas a contar a verdade, quem sabe não para de esconder as coisas... — disse ferindo-a, humilhando-a.

Sasuke amarrou uma toalha na cintura passando por ela como se não fosse mais que um bocado de lixo no caminho, e dirigiu-se até o quarto, onde se vestiu enquanto Sakura tentava não chorar, controlando sua respiração e indo até ele. Sasuke estava novamente diante de sua janela... Olhando para a vista de Konoha.

Sakura não podia mais adiar o motivo pelo qual escondia-se ali e pôs-se a falar de uma vez por todas...

— A cidade onde eu nasci, Suna... Estava sendo atingida por um letal vírus. Lembro-me dos idosos, das crianças e jovens que eram infectados morrerem rapidamente, exceto os poucos que tinham dinheiro para comprarem o tratamento que prolongava um pouco mais a vida de quem o tinha. — fez uma pausa, precisava livrar-se deste peso que há tanto tempo carregara. — Escolhi fazer medicina para tentar salvar o meu povo, então aos cinco anos fui morar e ser treinada para tornar-me médica no instituto. Fui crescendo e fazendo combinações de ervas com chakra, o que acabou me levando até a cura... Tem noção do quanto fiquei feliz? Havia acabado de descobrir a cura do male que vinha matando a população que não tinha dinheiro pra comprar o falho tratamento! Então procurei Orochimaru, um dos governadores de minha cidade, dizendo-lhe o que havia descoberto e ele riu... Riu na minha cara. — disse a rosada tendo o rosto banhado por lágrimas.

Sasuke virou-se para lhe encarar, sem interrompê-la.

— Orochimaru era quem infectava o próprio povo, a fim de que comprasse o tratamento e enriquecesse a custa dos doentes. A indústria farmacêutica faturava rios de dinheiro a ele, e uma cura não era bem o que ele queria... Ele não os queria bem. Ele ofereceu uma fortuna em dinheiro para comprar a cura, revogando a possibilidade de ser utilizada por qualquer outra pessoa, propondo a compra ao conselho de medicina do qual Tsunade faz parte. Mas não concordaram, uma vez que isso vai de encontro à ética de salvar vidas. Eles forjaram minha morte, o que me permitiu ficar em segurança por algum tempo, mas logo ele voltou a fazer buscas por mim... Minha família tentou me proteger e como punição fora dizimada... Ele os matou e fez questão de espalhar a noticia pra onde quer que eu estivesse escondida ficasse sabendo... Desde então eu nada tenho, e só faço fugir, trazendo desgraça e morte por onde passo. Ele mata qualquer um que me ajude. — Disse a rosada aos prantos com a voz embargada, sufocada, sofrida pelas amargas lembranças.— Foi um erro ter vindo à Konoha, um povo que vive em paz... Como pude? Por um momento acreditei que conseguiria viver aqui, começar do zero, mas vejo que ele sempre dá um jeito de me amedrontar e destruir a quem me ajuda... Tem noção do que é ter a família morta, sem ter feito nada para merecer?— perguntou a rosada com indignação, e Sasuke lhe puxou olhando bem no fundo de seus olhos.

— Tenho. — Respondeu com um lampejo de dor em sua voz.

Sim, Sasuke tinha a perfeita noção do que era isso. Ele tivera sua própria família massacrada, e naquele momento, Sakura se deu conta de que ninguém em todo o universo poderia compreendê-la melhor que ele. E o fato de ter passado por tanto sofrimento, só a fazia acreditar que deveria sumir deixando aquele homem bom em paz. Era tolice pensar que poderia continuar vivendo este sonho ao lado dele, tinha de partir.

Fechou os olhos tentando comprimir o choro de alguma maneira.

— Só vim me desculpar e dizer que estou indo embora agora mesmo. — apressou-se em dizer antes que fraquejasse. — Quero dizer que fui feliz aqui em Konoha, mesmo que por pouco tempo... Quero dizer que te admiro Sasuke, você é um homem bom e rezo pra que um dia meu povo encontre um governador tão bom quanto você e...

— Você está sob a minha proteção e a minha vigilância, não vai a lugar algum. — Sasuke disse cortando-a, fazendo com que Sakura o olhasse nos olhos, completamente confusa.

— Sasuke, acho que não entendeu, eles estão vindo atrás de mim... — choramingou.

— Terão as cabeças decepadas. — disse determinado.

Sakura não pôde acreditar... Mesmo atraindo perigo para Konoha ele a queria aqui? Estava louca ou finalmente encontrou alguém que a amparasse? Alguém que estivesse disposto a pagar o preço para mantê-la viva, lhe trouxesse um pouco de sossego e paz? Pensou que seria escorraçada, apedrejada, queimada em praça pública ou qualquer uma das opções pela qual já fora ameaçada caso a encontrassem novamente...

A rosada se quer conseguia encará-lo, precisava lhe agradecer por lhe fazer tanto bem, mas simplesmente não conseguia. Sasuke segurou-lhe o rosto a fim de olhar dentro de seus olhos, queria que ela pudesse sentir a verdade através deles.

— Não tenha medo. — disse suavemente e foi abraçado pela rosada que lhe era grata e jamais poderia pagar esta divida. Jamais ficaria quite com o homem que ganhou sua confiança e o seu coração. Como poderia contestar os próprios sentimentos agora? Estava perdidamente apaixonada pelo Uchiha.

— Por favor, Sasuke... — pedia ao apoiar o queixo em seu peitoral, de maneira em que ele pode ver o quão bela ficava com o nariz delicado em tom vermelho, os olhos num verde claro pelo marejar de lágrimas, os cabelos róseos que ofereciam contraste ao belo rosto... — Prometi que não faria isto mais vezes então... Se esqueça disso amanhã, por favor. — pediu docemente ao colocar-se nas pontas dos pés a fim de alcançar os lábios do Uchiha que não se importou nem um pouco em agarrar-lhe ao devolver o gesto inesperado.

Sakura gostaria de beijá-lo sempre que pudesse, mas sabia que não devia, não só por seus princípios como também por desejar que ele tivesse uma pessoa que o merecesse, que fosse melhor que ela e quê não corresse risco de vida. Achava-se indigna do líder da ANBU, mas não se conteve fazendo uma nota mental pra que não quebrasse a própria promessa da próxima vez.

Um beijo ansioso que esforçava-se para ser terno, carregado de uma paixão que lhe enchia a alma.

Sentiu as mãos do Uchiha descer por suas costas, já estava perdendo o fôlego,lembrou-se de estar com ele em sua cama mais cedo e o quanto gostou, tendo um vislumbre do que aconteceria se não parassem. Então separou-se dele e saiu correndo daquele quarto adentrando rapidamente no que havia dormido da ultima vez, já era madrugada e sabia que teria de ficar por ali mesmo.

Atirou -se na cama colocando as mãos no coração acelerado e fechou os olhos com lágrimas de alívio escorrendo pelos cantos e um sorriso nos lábios.

— Boa-noite Sasuke... — sussurrou como se de alguma forma ele pudesse escutar e sentir o seu bem querer a ele. — Eu te amo...