Capítulo 1

歓迎

Bem- Vinda

A vila permanecia tranqüila e imperturbada, com seu tempo primaveril tornando os ares agradáveis. As crianças brincavam pelas ruas, as mulheres trabalhavam nos afazeres de casa, os jovens rapazes estavam em missão e finalmente Konoha poderia afirmar que viviam em paz.

Isso graças ao temido Sasuke Uchiha, que bravamente e sem motivos aparentes assumiu a ANBU , vencendo a guerra que estava declarada contra a frágil e familiar vila.

Apesar de sentirem medo, os moradores também eram gratos a tudo o que o fechado e sério rapaz havia feito por aquele povo. Todos os respeitavam, o admiravam, mas dificilmente se atreviam a confraternizar com o mesmo, exceto algumas poucas espevitadas que caiam de amores pelo belo e robusto moço que não lhes davam a mínima.

Mas algo estava lhe irritando profundamente naquele dia; Não gostava de ser chamado no gabinete de Tsunade — ainda mais depois de uma missão de nível elevado da qual acabara de chegar — estava irritado, cansado, machucado; realmente não tinha tempo a perder com os discursos e conselhos moralista que ela adorava discorrer, e que ele dispensava com gosto.

Sem bater na porta entrou, esperando vê-la atrás de uma mesa tomando sua habitual cachacinha, mas não...

Desta vez ela estava conversando alegremente com uma moça nunca vista antes em Konoha. Ela estava de costas para si, conversando distraidamente com a mulher a sua frente, Sasuke sempre conseguia entrar e sair dos lugares sem ser percebido, até é claro capturar os olhares com sua beleza rara e chamativa. O que não foi diferente dessa vez...

A moça de cabelos róseos e compridos que tomavam-lhe todo o comprimento das costas, em meio a uma risada virou o rosto sendo atingida pela visão de um rapaz alto e forte, que trajava roupas oficiais e a intimidava com seu olhar negro estarrecedor.

Analisou a pele levemente suada e incrivelmente pálida, os cabelos emaranhados e sentiu o coração dar cambalhotas dentro do peito, nunca tinha visto um ninja com tal porte e beleza.

Por sua vez, Sasuke que não se dava ao trabalho de gravar ou admirar as feições das moças de Konoha, sabia que estava diante de uma nunca vista antes e apesar de internamente se perguntar e ansiar por saber de onde aquela criatura de vestes brancas e expressão angelical surgira, apenas permaneceu com sua máscara de indiferença e tédio.

— Como vai Sasuke, esta é a... — Tsunade começava com as apresentações quando foi interrompida por Sakura.

— Céus! Precisamos cuidar disso, você... Está machucado!— disse perplexa quando finalmente reparou nos ferimentos que Sasuke carregava em seu corpo. Ela correu pra alcançar uma maleta dentre suas coisas, retirando dali os produtos necessários para os curativos.

Sasuke ficou olhando-a sem entender. Todo aquele disparate por causa de uns arranhõezinhos? Pensava consigo, afinal ele suportava bem a dor, seu autocontrole era invejável e bem superior a de todos os outros ninjas, todos já sabiam disso menos a garota de cabelos rosados que neste mesmo instante ousou lhe tocar...

Sim, ela lhe tocou o braço, logo arrastando-o para uma cadeira que estava no caminho, com a feição aturdida sem fazer a menor idéia que o homem a sua frente não admitia ser tocado a menos que estivesse machucado o suficiente a ponto de não poder rancar-lhe o braço fora do corpo, caso alguém tentasse.

Mas sentiu-se estranho com o toque preocupado e desprendido de intenções que não fosse à de lhe aliviar a dor do qual ela lhe dava.

— Seja bonzinho ao menos desta vez e deixe que ela cuide de você, ok? — perguntou Tsunade, dando-lhe um aviso prévio de que não se comportasse mal. — Esta é a médica Sakura Haruno que tanto você insistiu pra que eu trouxesse à Konoha. — Disse-lhe a mulher recebendo dois olhares imediatos.

"Desde quando insisto pra que me façam alguma coisa?" " Esta velha está chapada a esta hora?" — Perguntava-se internamente o líder da ANBU. Ele se quer conhecia aquela garota, só podia estar de brincadeira com sua cara!

Em contrapartida, os pensamentos de Sakura eram de surpresa e inquietação, sim... Seu coração novamente se agitou quando escutou que era do desejo do rapaz que ela viesse a Konoha, mas... Por quê? — perguntava-se pra si mesma inquieta.

— Ora, não me olhem com essas caras! Sasuke sabe muito bem que tem feito o trabalho de quatro ninjas sozinho, e quando os demais se ferem faz o papel dos demais também. Sua solicitação de alguém com habilidades médicas foi atendida, trouxe a de melhores recomendações, uma que já tive a oportunidade de ensinar e conhecer de perto o excelente trabalho... Senhorita Sakura Haruno. — disse Tsunade, percebendo as bochechas avermelhadas da jovem médica a sua frente.

Sakura mesmo sendo dócil, extremamente competente e estar acostumada a este tipo de tratamento, recusava prontamente os elogios, não gostava deles, pois geralmente deixavam suas bochechas num estado deplorável.

— Sakura participará de algumas missões com você e estará sobre sua vigília e segurança, ela sem dúvidas será de grande ajuda em suas missões. — Continuou Tsunade, vendo Sasuke assentir brevemente. — Enquanto cuidam disso, irei dar uma olhada nos demais... Não precisam me esperar, assim que terminar estão dispensados. — Disse preparando-se pra sair, mas ao se lembrar de algo virou-se novamente.— Ah, aqui está o endereço da moça que lhe falei... Ela te indicará um lugar para ficar senhorita Haruno. — disse vasculhando um cartãozinho no bolso do avental e entregando-lhe. — Seja bem vinda à Konoha!

Sakura fitou por um tempo o papel em mãos e assim que escutou o bater da porta lembrou-se do que deveria estar fazendo. Levantou o rosto encontrando novamente aqueles olhos, que estavam atentos em si, não sabia o motivo, mas se quer conseguia sustentar aquele olhar, pra ela fixar os olhos era um gesto de dignidade e um sinal de quem não tem nada a temer, mas simplesmente não conseguia se quer pensar no moralismo agora.

— Senhor Sasuke... Preciso que tire a camisa, por favor... — Pediu docemente. Isso não era problema para ela, ou não deveria ser, uma vez que estava completamente habituada a ver homens sem a camisa. Mas aquele homem lhe atordoava.

Sasuke lhe achou patética por ter o chamado de "senhor", seu ar educadíssimo e doce lhe oprimiam, pois por mais que tivesse um estoque de grosserias e mal-criações na ponta da língua para afastar a médica e mostrar-lhe quem realmente é, isso o desarmava e acabava com seu plano habitual que geralmente era ser rude e desagradável.

Retirou a camisa rapidamente e Sakura franziu o nariz danando a piscar os olhos, alternando algumas mexidas em seu cabelo. A vergonha lhe fazia sentir uma otária, o constrangimento de não conter um olhar sobre o abdômen levemente suado e definido, lhe fazia sentir a pior moça que já pisou na Terra. Sem saber onde colocava a mão, e isso soava patético, diga-se de passagem, uma vez que ela é uma médica e não deveria estar atrapalhada desta forma. Encheu o pulmão de ar e dirigiu-se a ele.

— Certo... Isso não dói tanto assim. Serão só alguns anticépticos e um ponto que preciso dar bem aqui. — ela disse tocando sua costela e Sasuke deu uma risada sarcástica. O que a fez lhe encarar. — Do que está rindo, senhor Sasuke?

— Primeiro... Não me chame de senhor. Segundo, acabo de chegar de uma missão de doze dias, se puder ir rápido com isso, me ajudará bastante. E depois, faça o que for necessário pra terminar e não se importe se vai ou não doer. Isto é comigo, estou acostumado à dor. — despejou sobre ela. Direto e reto.

E é claro que ela entendeu bem, que deveria ficar calada. Continuou os procedimentos, por fim pegou uma tesoura para romper a linha da recém costura que fizera.

— Prontinho. — Disse e Sasuke levantou-se, fazendo-a sentir-se bem inferior. Não só pela altura e massa muscular que ele possuía, isso era mesmo assim e ela não era uma exceção. O Uchiha trazia em suas veias a superioridade, seu falar, seu andar e principalmente o seu olhar, exalava força, domínio e comando. Todos se sentiam intimidados com sua presença, ainda que não demonstrassem.

Sasuke pegou suas armas e deu as costas sem se quer murmurar um "obrigado" à jovem médica.

— Sasuke... — chamou-lhe incerta. Ele parou sem se virar. — Sei que está muito cansado, mas seria muita impertinência minha se lhe pedisse para explicar-me como posso chegar a este endereço? — perguntou-lhe esperando alguma atenção ou orientação, mas apenas o ouviu responder.

— Vamos. — disse e continuou andando, com Sakura praticamente correndo para alcançar seus passos.