Andarilho escrita por nikden62


Capítulo 7
VII-Um Inominado homem maligno


Notas iniciais do capítulo

1) Os quatro G's
Giri significa 'obrigação, dever, justiça' um forte laço que une as pessoas. Gisei exprime 'sacrifício' e representa a dedicação ao trabalho, mesmo afastando-se da família, temporariamente. Gaman quer dizer 'tolerância, perseverança, resistência', é agüentar o que às vezes pode parecer insuportável. Gambaru exprime 'esforço, persistência', a capacidade de se envolver de forma profunda e determinada, manter-se firme e forte.

2) O Ken (visão) e o Kan (conhecimento)
Através da visão do futuro, clara e significativa, a pessoa pode vislumbrar melhor suas possibilidades, que, junto com o conhecimento do contexto e dos detalhes, ajudam a tomar as decisões mais sábias.

3) Melhoria contínua (kaizen)
O samurai está sempre treinando e buscando a perfeição para ser um guerreiro melhor hoje do que foi ontem.

4) Desprendimento (Mu)
O desapego tem fortes raízes na cultura Zen budista que influenciou o Bushido. Os interesses do grupo devem prevalecer, não do indivíduo.

5) Caráter
Outro princípio filosófico que o Bushido importou do Zen foi a idéia de que o trabalho deve ser visto como uma forma de engrandecer o caráter.

6) Atitude mental (Mushin)
O código dos samurais diz: 'É difícil derrotar os inimigos; é fácil derrotar a si mesmo'. Todo o treinamento se concentrava no autoconhecimento que gerava autoconfiança e a decorrente segurança nas decisões em momentos de crise e dificuldade.

7) Confiança (Amae)
Por natureza, o samurai acredita, em primeira instância, que as pessoas, de uma forma geral, são boas e honestas. O pressuposto básico que permeia todo início de relacionamento é a confiança. Compartilhar refeições, trocar presentes, participar de fases da vida são formas de construir o 'amae'.

8) Habilidades escondidas (Ude)
Ao contrário da cultura ocidental, na oriental é comum manter-se escondido mostrando um perfil modesto, restrito, contido e reservado, sem vangloriar-se ou exibir-se gratuitamente, deixando para revelar suas mais importantes forças no momento apropriado e de forma estratégica.

9) Intuição (Haragei)
Entre os samurais, esta característica é fundamental aos seus instintos. Haragei significa 'pensar com o estômago' e era um dos traços que famosos empresários japoneses como Konosuke Matsushita, Soichiro Honda ou Akio Morita compartilhavam. A observância a detalhes, a visão holística, o conhecimento tácito e a disciplina constante na educação fazem parte deste treinamento.

10) Harmonia (Enman)
Das artes marciais à cerimônia do chá, da culinária às manifestações artísticas, tudo o que permeia a cultura japonesa contém elementos que se traduzem em equilíbrio, harmonia. Nos negócios, a paciência é uma virtude que se traduz em longas rodadas de negociação e a busca da compreensão da posição do outro ajuda a encontrar soluções.
Código Samurai



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  O campo de mineração está vazio e silencioso a medida que amanhece, a poeira levanta. O Ronin surge na solitária paisagem, com suas roupas ensanguentadas e carregando a Katana de um soldado que havia sentido sua ira.

   O Ronin chaga até a cela de Heimachi e seus companheiros, que parecem estar apreensivos. O Ronin aparecendo do lado de fora da cela:

-Olhe ele conseguiu! Diz um dos homens

-Nenhum sobrevivente. Diz o Ronin

-Você matou todos eles?! Pergunta Heimachi surpreso

     O Ronin não responde, apenas abre a cela. Heimachi e os outros saem:

-Você é incrível, deve ter uma velocidade sobrenatural. Observa Heimachi

   O Ronin olha para o lado:

-Melhor tirar os outros. Diz ele sinalizando com a cabeça e entregando as chaves

    Heimachi vira-se para seus companheiros de cela, entregando a chave a um deles.

-Liberte-os.  Ordena Heimachi

    Os homens vão libertar os outros prisioneiros. O Ronin vira-se para Heimachi, com um olhar de quase desinteresse, o que é apenas aparente.

-O que vamos fazer com esses outros? Pergunta O Ronin

     Heimachi olha para os prisioneiros que vão saindo de suas celas.

-Nós temos planos para uma revolta já a algum tempo, os fortes que podem empunhar uma arma vão servir a nossa causa, os velhos, mulheres, feridos e crianças devem ir para longe do alcance de Tsubaki até que o mesmo seja morto. Responde Heimachi

-O que planejam exatamente? Pergunta O Ronin

-Nós vamos atacar com toda nossa paixão. Diz Heimachi num tom exaltado

   O Ronin sorri de forma irônica.

-Paixão não vence uma batalha desse tamanho, você não pode simplesmente invadir. Como passar pelas muralhas de Tsubaki sem armas de cerco? Pergunta o Ronin

-O que você recomenda, honorável guerreiro? Pergunta Heimachi

   O Ronin respira fundo, coloca a mão sobre o cabo de sua Katana e fala:

-Vocês tem equipamento imperial e eu matei todos os possíveis mensageiros. Tsubaki não sabe dessa revolta e está tranquilo em seu castelo. Podemos ir  fingindo ser um contingente localizado aqui, dizendo ter notícias urgentes. Quando entrarmos no castelo, nos revelamos e os pegamos de surpresa. Aconselha o Ronin

  Heimachi balança a cabeça em sinal positivo.

-Grandiosa ideia, você sem dúvida é um hábil guerreiro. Diz Heimachi

   O Ronin mostra pouca, para não dizer nenhuma, consideração pela admiração mostrada por Heimachi. Os homens chegam a Heimachi e entregam-lhe a chave.

-Poderia pedir para que todos se juntem? Perde Heimachi

-Sim, Heimachi-San. Responde o homem

   Todos os homens e mulheres, que acabaram de receber sua liberdade se reúnem. Heimachi, O Ronin e alguns outros homens estão na frente dos recém-libertos. Heimachi começa a falar:

-Nós ganhamos nossa liberdade, lutamos e nos esforçamos por ela, porém não é o suficiente. Se sairmos e tentarmos aproveitar nossa tão almejada liberdade agora, seremos perseguidos. Sem falar que acredito que todos nós, sem exceção, queremos a cabeça de Tsubaki presa num  Yari. Diz Heimachi eloquentemente

-Morte a Tsubaki e a todos seus soldados demoníacos! Gritam os ex-escravos

-Solicito a todos os homens fortes que desejam honrar suas famílias: Vamos arsenal e vamos pegar todas as armas necessárias a nossa vingança. Mas vamos nos passar por soldados de Tsubaki até estarmos dentro do castelo. Mas quando entrarem, não tenham piedade. Vamos mostrar nossa fúria a eles! Grita Heimachi

  Os Ex-escravos gritam e pulam, todos tem fúria e rancor daquele que os colocou naquela deplorável situação. Coloque armas nas mãos de pessoas assim e eles serão um exército ameaçador, e é com isso que Heimachi, e provavelmente O Ronin contam.

   Na metade de uma hora, os homens que participarão do ataque estão no arsenal, pegando suas espadas e armaduras. Heimachi está passando a mão na cabeça de um cachorro, ainda acariciando a cabeça do animal ele dirige a palavra ao Ronin:

-Isso não seria possível sem sua intromissão. Você trouxe esperança a eles, estavam numa situação desesperadora. Você é sem dúvida um grande e integro guerreiro.

   O Ronin baixa a cabeça, respira fundo e depois de alguns segundos levanta-a.

-Eu sou o homem mais malévolo de que já ouvi falar, eu e Tsubaki somos muito semelhantes. Responde friamente o Ronin

   Heimachi cala-se, não por decepção ou surpresa, mas por ter notado o peso que o Maltrapilho Andarilho carrega nas costas.

-É melhor colocarmos nossas armaduras. Diz Heimachi

     Cerca de duas horas depois, todos os escravos estão em posição  bem parecidos com os soldados. O Ronin, Heimachi e outros dez estão a cavalo.

-Lembrem-se, precisamos parecer soldados de Tsubaki , não falem sem permissão e não interrompamos a marcha. Os castelo de Tsubaki está a meio dia daqui. Vamos Homens! Diz Heimachi

   Heimachi vira-se com seu cavalo e fala ao ronin:

-Guie-nos, você arquitetou o plano. Diz Heimachi

   O Ronin parece relutante, mas vai para frente da tropa.

-Homens, vamos! Diz o Ronin sem vontade

    Os homens começam a marchar, caminhando como soldados, já enfrentaram tropas de Tsubaki e sabem como as mesmas se portam. O Ronin agora com uma barba média e um olhar determinado marcha frente aquela tropa, mas mesmo em sua postura determinada, parece alheio aos homens que o seguem. Três horas depois, no castelo de Tsubaki, o dito cujo estpa na varanda, com as mãos para trás, admirando o horizonte. Um de seus comandantes se aproxima:

-Senhor, um mercador Chinês está aqui. Diz o comandante

-Tem garantias de que ele passou despercebido? Pergunta Tsubaki

-Juro pelos meus ancestrais que sim! Afirma convicto o Comandante

-Traga-o aqui. Ordena Tsubaki

   Com pouco tempo, o comandante trás o comerciante Chinês:

-Ren-San, seus homens já pegaram a mercadoria? Pergunta Tsubaki

-Sim, deixei o devido pagamento com um de seus auxiliares. Diz o comerciante

-Deseja um chá? Pergunta Tsubaki

-Não, tenho de partir, preciso entregar essas pedras prontas para meu imperador e as autoridades aqui são rígidas quanto a comércio estrangeiro. Diz o comerciante

-Que assim seja. Concorda Tsubaki

    O comerciante é acompanhado por soldados. O comandante pergunta:

-Confia nos Chineses?

-Não é questão de confiar, estou vendendo pedras prontas para construção e outros minerais a baixo preço para eles, em breve terei ouro suficiente para financiar uma campanha ilitar que mudará este país. Dominaremos a Asia. Eu e Yoi seremos monarcas poderosos.

     Um soldado chega até eles:

-Senhor, uma tropa está nos portões, dizem ter notícias para o Oda. Diz ele

-Comandante, vá averiguar, faça o interrogatório padrão e mande o capitão da tropa relatar diretamente a mim. Ordena Tsubaki

-Eu obedeço. Diz o comandante

    Lá fora, nos portões, a tropa de escravos continua a fingir ser uma tropa de Tsubaki, ela espera a permissão para entrar, é inegável o nervosismo de muitos homens, incluindo Heimachi. Mas o Ronin parece confiante em seu engodo.


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Notas finais do capítulo

Yari-Lança Japonesa
Próximo Capítulo- Engodo



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