Andarilho escrita por nikden62


Capítulo 1
I- A marcha demoníaca de Tsubaki-Oda


Notas iniciais do capítulo

"Quando um samurai diz que fará algo, é como se já o tivesse feito. Nada nesta terra o deterá na realização do que disse que fará."
Código Samurai



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Noite numa casa isolada na Terra Do Sol Nascente. Um Homem e sua esposa estão à mesa fazendo a refeição noturna. Todos estão sentados no chão em volta da Chabudai. O homem come atenciosamente levando o recipiente com a comida próximo a boca e com o auxilio dos Hanshis os colocando dentro da boca de maneira quase animalesca, como se tivesse passado dias sem comer. Por outro lado sua esposa come tranquilamente, come como alguém de classe elevada.

A casa é simples, construída de Alvenaria, com dois dormitórios e uma saleta.

–Por que Tobei não veio jantar a mesa? Pergunta o Homem

A mulher coloca os Hashis na mesa com delicados gestos:

–Ele tem febre, não está em condições de vir a mesa, preferiu ficar no seu recanto. Diz ela dirigindo-se a ele

–Amanhã o leve a cidade e compre algumas ervas. Diz o Homem

Um barulho na entrada da casa, batidas na porta fazem a madeira da parede próxima tremer.

–Quem será a essa hora? Pergunta o Homem

A mulher, mostrando submissão não responde. O Homem levanta e vai até a entrada. A esposa para se jantar e escuta o barulho de um corte feito por uma espada, seguido do som de um corpo morto caído no chão. A mulher muda sua feição, parece assustada. Um Ronin entra no modesto recinto, com seu rosto encoberto por sombras.

Algum tempo depois, numa pequena Aldeia. Pacatos Aldeões trabalham nos campos. Todos trabalham coletivamente semeando, arando, colhendo, armazenando e levando o que foi produzido a cidades maiores para vender. Todos os lucros são divididos igualmente entre todos os Chefes De Família que colaboraram com seu suor nos arrozais. Eles vivem dessa forma a 150 anos e nunca houve desentendimento algum entre eles. Porém, já a a uns 10 anos eles permitem visitas de clãs militares que secretamente invejam o abundante ciclo produtivo dos arrozais da aldeia.

Nessa pacífica aldeia vive a Família Nagito, que tem como patriarcas o sábio ancião Kurenai Nagito e sua esposa Natsumikan Nagito. Eles são genitores de Yoi, sua única filha. Yoi é conhecida por sua beleza, seu rosto com traços delicados e seu lindo e inocente sorriso capaz de encantar até o pior dos homens. Sua doçura a faz ser admirada pelos rapazes e odiada pelas jovens moças, que temem morrer solteiras.

Kurenai Nagito chega a sua casa após um longo dia, sua filha corre até ele e o abraça. Sua esposa, Natsumikan o espera as portas de casa.

Alguns minutos depois os três estão em volta da Chabudai tomando a refeição noturna. Uma comida simples, algumas porções de arroz e peixe. Todos comem em silêncio aproveitando o sabor da humilde refeição. Yoi, com sua pressa tradicional da juventude termina mais rápido:

–Yoi, poderia ir para seu recinto? Eu e sua mãe temos assuntos a tratar. Diz Kurenai

–Sim, Otou-Sama. Responde ela respeitosamente

–Mas não durma, pode acabar se transformando numa vaca se dormir após uma refeição. Aconselha Natsumikan


Yoi se retira e fecha-se em seu quarto:

–Tsubaki Oda mandou um mensageiro. Disse que se eu não lhe desse Yoi em casamento, todos na aldeia pagariam. Diz Kurenai

–Aquele homem não é humano, é um Oni. Diz Natsumikan

–Os homens com poder sempre revelam seus monstros interiores. Diz Kurenai

–O que fará? Pergunta Natsumikan aflitivamente

–Não posso entregar nossa filha, nossa única e doce filha não pode terminar num destino tão amargo. Eu disse Não a oferta. Responde Kurenai

–Mas e se o que ele diz for verdade? E se ele invadir a aldeia? Pergunta ela

–A única escolha plausível foi feita, minha esposa, a sorte foi lançada. Responde ele

O silêncio toma conta do ambiente:

–Vamos tentar dormir, apesar de todas as adversidades eu sou um lavrador. Diz Kurenai

Eles vão para seu quarto. Enquanto dormem a noite passa e dá lugar ao sol. Todos saem para os arrozais. Os homens caminham calados com seus chapéus de madeira e ferramentas. O dia está nublado. Um dos Homens olha para cima:

–Olhem.

–O que?

Todos olham para o céu acinzentado:

–As nuvens furiosas num dia de plantação. Isso é um mal presságio.

–Você realmente acredita nisso?

–Sim, as palavras da minha avó nunca falham.

–Então por que você continua solteiro?

Todos riem, exceto Kurenai que olha para cima com uma feição apreensiva.

–O que foi Kurenai-San? Pergunta um dos lavradores

Kurenai baixa sua cabeça, olha para os dois lados de forma ansiosa e responde:

– Eu apenas... Pensava que isso poderia ser verdade

–Não acredite nessas baboseiras contadas por Kaito-San, esse garoto viaja em seus próprios pensamentos.

–É talvez tenha razão. Responde Kurenai

Repentinamente o som do sino de alarme é tocado, surpreendendo a todos. Vários Guerreiros a cavalo estão entrando na aldeia. Todos os Lavradores correm, incluindo Kurenai que apesar da idade mostra vigor perante a tragédia.

Ao chegarem a aldeia, os lavradores empunham suas ferramentas e avançam contra o covarde inimigo. Kurenai corre para sua casa. Ao entrar na casa fecha-a rápido:

–Natsumikan, Yai peguem suas coisas rápido e vamos partir!


Yoi sai do seu quarto:

–Qual a necessidade disso, Otou-Sama? Pergunta ela

–Minha filha, não há tempo para responder. VÁ!


Eles pegam rápido tudo que possam precisar e vão pela parte de trás casa, que é voltada para uma floresta relativamente densa. Porém, ao saírem se deparam com Cavaleiros. A casa estava cercada, os cavaleiros descem de seus cavalos e levam os três para o centro da aldeia, onde todos os lavradores estavam rendidos ao lado de suas famílias e o armazém estava em chamas. Tudo que havia sido produzido estava perdido, a calamidade caiu sobre a pacata aldeia.

Um homem de meia idade, com uma pesada armadura desce do cavalo e ao ver Yoi tira o capacete.

–Yoi-Chan. Até o mais sangrento cenário se torna belo mediante sua presença.

–Tsubaki-Oda! Retruca raivosamente Kurenai

–Nagito-Sama, eu lhe enviei presentes, pedidos, recados e todo tipo de aviso e acordos pacíficos. Mas você insistiu em negar aquela por quem eu mataria até o próprio imperador.

–Não pode toma-la de nós assim! Diz Natsumikan desesperada

–Honotável Natsumikan, aqueles que dizem não a Tsubaki-Oda devem pagar. Aquilo que me pertence cabe a minha pessoa decidir.

Tsubaki olha para Yoi e começa a acariciar seu rosto. Ela parece sentir repulsa.

–Doce Yoi, a mais linda mulher dessa maldita ilhota. Você será mais do que uma rainha ao meu lado. Diz Tsubaki

–Guarde a poesia barata, Tsubaki. Não ouse tirar minha filha de mim! Exclama o enfurecido Kurenai

Tsubaki sorri sarcasticamente para Kurenai, que mantém um olhar enfurecido e cheio do mais profundo ódio.

–Coloquem-na na carroça. Ordena Tsubaki

Os homens levam Yoi, que grita histericamente. Kurenai tenta bruscamente se soltar enquanto sua esposa chora inconsoladamente. Um dos Guerreiros soca a barriga de Kurenai, que cai no chão inconsciente.

Kurenai acorda, cerca de uma hora depois, dentro de sua casa, acudido por outros Lavradores.

–Ele acordou! Grita um dos Lavradores

Kurenai levanta a parte superior de seu corpo. Está assustado e desorientado:

–Onde está a minha Yoi? Pergunta ele

–Sinto muito, Kurenai-San. Sinto muito. Diz um dos Lavradores tentando consola-lo em vão


Natsumikan corre até Kurenai e o abraça.

–Onde está minha Yoi? Pergunta Kurenai incessantemente


Natsumikan e Kurenai pranteiam juntos, lamentando, pois sabem que talvez nunca mais vejam sua filha, que sequer merece estar numa situação tão desesperadora.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo-Trevas luminosas.



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