Dexies escrita por Audrey R


Capítulo 5
5. Shannon


Notas iniciais do capítulo

Demorei porque esse capítulo não estava exatamente do jeito que queria, mas acho que é importante também haha Espero que gostem. Leitores fantasmas aparecem por favor!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/393851/chapter/5

Era frequente e de uma maneira quase paranoica, Maddie levantava em plena madrugada para beber leite. Pode parecer simples de início, mas ela fazia isso todas as noites e quase sempre no mesmo horário — entre as duas até as quatro da manha, geralmente— e se não tivesse leite ela ficava muito nervosa e não voltava a dormir.
Ela levantou, abriu a geladeira e bebeu da garrafa mesmo, já que o que sobraria deixaria na tigela do Elvis. Ao abaixar para dar ao gato, derrubou o pote de vidro no chão, fazendo um barulho estremecedor.
O gato se assustou, mas continuou bebendo, e ela limpou rapidamente, mas estava preocupada com a possibilidade de ter acordado o pai que tinha insônia e dificilmente dormia profundamente. Então depois de jogar todos os cacos no lixo, foi conferir se o pai estava muito incomodado.

— John? Desculpa pelo barulho.

Ela falou, mas continuou silêncio total então ela deu de ombros e foi a caminho ao seu quarto, até que se lembrou de um fato e se sentiu estupidamente idiota. Ele havia ligado na casa de Zac, e logo em seguida na mesma para avisá-la que não chegaria muito cedo. Ele tinha dito que ia jantar fora com os amigos após o trabalho, e não era para ela se preocupar, mas Deus do céu já era três e cinquenta da manhã e agora, Maddie perdera o sono.

Desceu as escadas e sentou no sofá, logo o gato a acompanhou e sentou no seu colo. Não estava escuro, pois as janelas de sua casa eram de totalmente de vidro e as persianas abertas iluminavam o tempo todo. Mas de qualquer modo, a cena era um pouco grotesca: uma adolescente de cabelos loiros e escorridos com lápis de olho borrado e um gato preto sentados no sofá de uma sala não iluminada. Além do mais, esperando o pai solteiro e quarentão que avisara sua ausência seis horas antes.
“Ok, isso não é paranoia. Ele é meu pai, eu tenho que estar preocupada”.
Olhou para a estante que refletia as luzes da rua, havia uma foto de John a segurando no ar com um pouco mais de seis anos. Ela sorria, confiante de que o pai nunca a deixaria, mesmo pouco tempo depois de perder a mãe. Olhar aquilo só a fazia lembrar de que o pai era focado a duas coisas: trabalho e filha. Era estranho pensar que ele tinha amigos para sair depois disso.Ela até os conhecia desde da infância quando ia acompanhar o pai no trabalho e tal, mas ele não saia frequentemente com os amigos. Aquilo era bem repentino, por isso a deixava desconfiada.

Depois de uns dez minutos que Maddie sentara (e nesse momento, quase adormecia), seu pai abriu a porta e sem notar a presença da filha, foi em direção ao banheiro. Ela esperou na porta, e teve que ouvir aquele barulhinho irritante de xixi no vaso até ele sair dali.

— Bu!

— Maddie! — ele levou um susto e quase caiu para trás. — Meu Deus, o que está fazendo acordada agora? Não tem escola amanhã?

— Tenho... Mas eu perdi o sono quando acordei e não te encontrei.

— Ah. — ele falou com um sorrisinho um pouco incomodado e começou a subir as escadas, ela foi atrás.

— Mas então, onde vocês foram jantar?

— Hm, fomos a um bar de comida australiana.

— Uau. — Ela falou na porta enquanto o pai tirava o jeans e a camiseta social na suíte. Depois que ele saiu ela correu e pegou a camiseta no cesto, a cheirando de um jeito estranho.

— Mas o que...

— Não tem cheiro de bebida. Então porque você demorou tanto, pai? — ela perguntou mas ele só soltou um “hm?” que ela compreendia muito bem: era usado quando você precisa inventar uma resposta — Além do mais, comida irlandesa? Você nunca gostou de comida estrangeira, e nenhum amigo seu também.

— Ai meu Deus, Maddie. Não acredito que você está enciumada.

Eu não estou com ciúmes, apenas estou curiosa, mas já que você tocou no assunto... Tem uma moça, não tem?

Era estranho pensar na possibilidade de John estar saindo com alguma mulher que não fosse a sua filha, até porque ele não tinha tempo para isso. Mas de repente, ela lembrou-se que não era a primeira vez que ele saía com uma desculpa um tanto suspeita.

Ele parou no corredor e tentou ficar sério, mas logo abriu um sorrisinho.

— Tem, né? Eu sabia, desde aquele dia em que você... — Maddie quase pulava de alegria. Apesar de ser um tanto estranho, ela queria muito ver o pai feliz novamente.

— É, é. Não é nada muito sério, mas ando saindo com a Shannon, a do design gráfico.

Shannon. O nome não era estranho.

— Uma ruiva? — Maddie lembrou-se de quando ia para a editora com o pai quando ainda era criança e ficava na parte dos desenhos e edições. A maioria das pessoas puxava seu saco por ser filha do diretor, mas entre alguns funcionários ela conhecia pessoais legais que não forçavam nada, assim como uma moça bem arrumada que a deixava desenhar nos grandes blocos de papel. — Acho que me lembro dela, era uma mulher muito simpática.

— é, vocês se davam bem. E você era amiga da filha dela, Elizabeth.

— Ah sim, — Ela lembrou de Liza, que de vez em quando ia para o trabalho da mãe também e ficava brincando com Maddie. Ela tinha uma mecha verde, e para ela, aos oito anos aquilo era muito rebelde e legal. — Ela era bem divertida.

Maddie ficou aliviada de saber tudo de uma vez e ficou contente pelo pai e seu relacionamento com uma moça tão gente boa. Ela temia alguma decepção, mas naquele caso ele parecia bem pé no chão então talvez ela estivesse o subestimando.

Quando ela já caminhava em direção a sua cama, John a chamou.

— Escuta, Maddie... — ele parecia estar muito nervoso e contando as palavras. — Eu sei que é muito cedo para esperar alguma coisa, mas tenho um carinho muito grande pela Shannon. Ela se divorciou há pouco mais de um ano, mas sempre foi muito legal comigo e com você e... e quero saber se você estaria apta a aceitar... você sabe...

— O que? Pai... — Maddie o olhou, incrédula. — Não acredito que você acha que vou ficar nervosinha por ter uma madrasta, mesmo que ainda seja muito cedo. Eu estou muito feliz por você, de verdade.

— Ufa. — ele sorriu. — Estava com medo de você estranhar.

— Não, isso seria um tanto infantil da minha parte. Eu só fiquei confusa porque não imaginava isso de início, mas agora tudo faz sentido. — ela sorriu de volta. — E de coração, espero que dê tudo certo para vocês. Tenho certeza.

— Bom, então fico aliviado porque ela virá almoçar aqui amanhã.

— Ótimo, vai ser legal reencontrá-la. Boa noite.

Maddie voltou a cama e ficou minutos se revirando, até que resolveu reler alguns gibis velhos e finalmente caiu no sono. No dia seguinte acordou atrasada para a escola e percebeu que não conseguiria chegar a tempo, por isso desceu a cozinha para avisá-lo que não iria, o encontrou no telefone rindo. Olhou para o relógio. Nove e dez da manhã. Ele estava atrasado, mas ria bastante.

“Ele me mandou as cópias e eu só consegui dizer que ele era muito idiota. (voz séria) Não! Shay, você realmente falou isso?! (começa a rir e se jogar para trás da cadeira) Haha, tirou as palavras da minha boca. E... (olha para a porta) Só um momento, a Maddie está aqui. (tampa o telefone com as mãos) Oi, não vai para a escola?”

— Pai, são nove horas.

— Nossa, nem percebi. Estou no telefone com a Shannon, acho que agora ambos estamos atrasados. — ele sorriu.

— É, mas nem adianta eu ir então, não me deixariam entrar.

— Hm... Ok.

Maddie deu de ombros e foi ao banheiro, mas a conversa do pai ultrapassava as paredes.

“Maddie vai faltar hoje. É. É mesmo. Ela também está. (risadinhas) Sério? Mas ela não está com o pai? Traga ela aqui, então. Não, não. Seria legal as duas se reencontrarem. É. Então nos vemos daqui a pouco.”

Quando Maddie saiu o pai arrumava a camisa e pegava suas coisas na sala, ainda com um sorrisinho no rosto, por isso ela revirou os olhos e foi preparar alguma coisa para comer. Mas na geladeira só tinha enlatados e algumas massas que não pareciam muito ideias, por isso resolveu comer cereal.
Quando o pai ia saindo, gritou da sala.

— Maddie, você faria o almoço antes que Shannon chegue?.

— OMas não tem nada aqui.

— Deixei quarenta dólares no vazo, passe no mercado e compre algumas coisas saudáveis. Agora vou indo, meio dia estaremos aqui. Até mais.

Ela estava incrédula. Como John poderia marcar as coisas e esperar que ela realize assim, em ultima hora? Tudo bem que ela sabia, mas achava que ele fosse encomendar comida australiana ou qualquer coisa do tipo. Antes que o pai fechasse a porta, ela cruzou os braços.

— Não! Eu tenho ensaio hoje, não vou ter tempo para cozinhar para você.

— Mas... Não sabia que as líderes de torcida treinariam hoje. Desculpa Maddie. — ele disse e coçou a cabeça. — É uma pena, queria que você a conhecesse.

— Não... Não estou mais na equipe.

O pai a olhou, impressionado. Nesse último verão John não parou no trabalho e eles tiveram pouquíssimo tempo para deixar as “novidades” em dia, e ele nem fazia ideia das coisas que estavam acontecendo na vida da filha.

— Sério? Por que?

— Várias coisas pai, não valia mais a pena.

— Mas então que ensaio você tem hoje?

— Um ensaio na casa do Zac — Ela sentou no sofá e lembrou-se que não tinha comentando com mais ninguém a respeito da Dexies. — eu estou cantando em uma banda independente, pai.

Ele estava tão confuso que na hora esqueceu-se que estava atrasado e sentou ao lado da filha.

— Banda? Caramba Maddie, por que você não me conta mais as coisas? E quem é Zac?

— Eu tenho outras amizades agora pai, desculpa se não te contei, mas realmente não tive a oportunidade.

— Não é questão de oportunidades, mas você tem que me falar as coisas. Você está chegando tarde em casa sempre e eu não falo nada porque acho que é algo relacionado a equipe de líderes e agora imagino que estava com essas amizades que eu nem conheço. — ele parecia mais chateado do que bravo. — Você tem que me falar as coisas, entendeu?

Maddie respirou fundo. Ela não tinha contado nada porque realmente não conversavam mais, porém ela não era a única culpada da história. Em nenhum momento ele tentou estabelecer algum contato.

— Você também tem que me contar as coisas, John.

Ele pareceu surpreso.

— Tudo bem, o que você quer saber?

— Você entendeu o que eu quis dizer. Se não fosse eu ontem a noite, você nem me diria dessa moça. E quer saber de uma coisa? Eu acho que está muito cedo para ela vir almoçar aqui, quero dizer, vocês mal se conhecem e...

— Não, Maddie. Estamos saindo juntos há três meses. — ele a interrompeu e ela o olhou chocada. Então por que ele havia mentido? Ele parecia envergonhado, então encarou o chão. — Desculpe, não queria que você soubesse que estava escondendo isso de você, até por causa desse seu ciúmes.

Ela continuou em silêncio e ele coçou o cabelo castanho, o deixando totalmente bagunçado, como sempre fazia quando estava preocupado.

— Então achamos que estamos quites, certo? — ele tentou fazê-la sorrir, e conseguiu apenas uma carinha sarcástica.

— Se uma mudança de atividades e um relacionamento escondido tem a mesma importância para você, acho que estamos mesmo. — ela levantou e foi em direção a escada.

— Maddie! — ele levantou. — Ei filha, desculpe! Maddie! Quando ela já havia subido alguns degraus respondeu:

— Não se preocupe pai. Vou fazer o almoço para a Shannon e sei lá mais quem.

— Você não é obrigada e...

— Não, eu realmente quero conhece-la. Vamos tentar ajeitar as coisas dessa vez, está bem? — ela disse e foi para o quarto.

Depois de uma hora que o pai saiu, Maddie tomou banho e foi para o mercadinho que tinha perto de casa. Não sabia muito o que cozinhar, afinal, o pai sempre almoçava no trabalho e ela comia na escola, então resolveu fazer alguma coisa mais simples e garantir que não ficasse uma gororoba. Comprou algumas cervejas para o pai e polpa para suco.
Viu que ia sobrar alguma graninha então pegou alguns chicletes.
Quando chegou em casa começou a cozinhar logo enquanto passava um documentário sobre o R.E.M na televisão, por isso quase queimou o frango.

Quando finalmente limpou tudo e sentou no sofá para prestar atenção, o telefone tocou e ela levantou bufando para atender.

— Maddie? Oi, é o Zachary.

— Zac? — ela falou sentando na mesa. — Você tem o número de casa? E espera, por que não está na escola?

— Na verdade peguei com uma líder de torcida lá. Você não foi a aula hoje, está tudo bem? Tinha educação física e eu realmente não estava a fim, então estou na casa do Noah.

Maddie riu.

— Tá tudo bem, perdi o horário. E pare de matar aula.

— Não ria, eu fiquei preocupado. Você nunca falta em cursos avançados, então não consegui me concentrar. — ele disse em um tom engraçado. — Você sabe que consigo ser neurótico quando quero.

— Eu sei, somos dois! — Ela riu, mas logo ficou séria. — Acabei dormindo tarde pois meu pai chegou de madrugada e adivinha por quê? Ele está namorando uma moça do trabalho dele.

— Ele te disse isso ontem?

— Sim, e de surpresa ele a trará aqui hoje para almoçar. E também adivinhe quem teve que cozinhar?

— Você?

— Gênio! — ela brincou. — Ele acha que eu estou com ciúmes e coisa assim, mas na verdade estou nervosa. Ele está escondendo isso há meses.

— Então você deve estar...

— Não, não é isso. É que eu não gosto de ser a ultima as saber das coisas. Principalmente quando envolve pessoas importantes.

— Bom, mas agora você sabe, certo? — Zac disse de um jeito calmo e ela concordou. — O que você fez para o almoço?

— Frango refogado. Quer vir aqui?

— Acho que você esqueceu que eu não como frango. — ele riu e ela se desculpou. Nesse exato momento a campainha tocou e eles tiveram que se despedir. Enquanto Maddie ia caminhando a porta notou que o coque estava totalmente desarrumado, e sua cara inchada. Mas não tinha como se arrumar a tempo, então abriu a porta correndo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Achei que ficou com muito diálogo, sei lá. O que acharam? Opinião, critica, sugestão seja lá o que for, comentemmmm!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dexies" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.